"Mas Paulina, por que isso agora, logo agora que nos encontramos, que temos a oportunidade de ficarmos juntos!?" - Ele também pareceu angustiado por minha revelação.

Eu por minha vez tentei acalmar meu choro compulsivo, pois nem imaginava que minha reação fosse tão desesperada, mas tudo é porque tenho medo, esse maldito medo de não conseguir controlar a situação, de que tudo vá por água abaixo e assim me machucar profundamente.

Respirei fundo e após alguns segundos em silêncio o respondi com mais calma e controle, porém por dentro minha angústia e ele mais uma vez, o medo, me destroçavam:

– Meu amor, tenta me compreender por favor... Está doendo mais em mim do que em você, tenha a plena certeza disso, mas eu precisei tomar essa decisão porque preciso de um tempo sozinha, preciso me organizar, me preparar para a grande decepção que vou dar a Osvaldo! Você não sabe o quanto me sinto mal, o quanto eu não queria que as coisas fossem dessa forma, não sabe como eu queria estar com você, sentir o seu abraço para me refugiar dos problemas e dos meus medos, navegar em seus beijos e em sua mirada... Mas essa maldita consciência pesa a minha alma, pois o que fiz não está certo e quero reparar meu erro. Eu odeio traição, mentira e olha só, estou praticando com uma pessoa que realmente não merecia tudo isso e você sabe Carlos Daniel! - Desabafei tudo sem nem me importar com o fato de estar no telefone, agora já sentada novamente no sofá, esperei para saber o que me diria, ele estava quieto ouvindo o que falava atentamente e depois que terminei demorou alguns instantes até finalmente me responder:

"Preciosa, eu te compreendo mas não deveria se culpar tanto e muito menos se isolar, pois a culpa também foi minha, eu contribuí para tudo o que aconteceu. Porém nós apenas fomos impulsionados por nosso amor e Deus não vai te castigar por isso, porque ele sabe que sua traição não foi intencional, e quando dois corações batem um pelo outro, não há nada que impeça do amor acontecer!"

Meu coração vibrou com suas palavras, ele continuava sendo o mesmo príncipe impecável de sempre, sua última frase me lembrou um de nossos tantos sonhos e com isso me senti mais leve e segura para lhe responder à altura:

– Obrigada por me compreender, por me amar e por ser tão maravilhoso comigo, nem sei se mereço tanto. Me desculpe por chorar feito uma louca, mas eu precisava desabafar essa dor, essa falta que já sinto e vou sentir de você, por isso peço que seja o mais paciente possível, porque jamais poderia te esquecer, pois não se esquece quem é eterno.

"Que lindo minha princesa... Está bem eu serei, mas agora ficará mais difícil não sentir a sua falta, sabendo que você é real e nos amamos tanto quanto nos amávamos em nossos sonhos."

– Eu prometo te ligar assim que eu já estiver resolvido tudo. Eu te amo muito Carlos Daniel!

"Eu também Paulina, minha princesa dos olhos de Esmeralda."

– Isso não é um para sempre, é um até logo... Beijos.

"Até minha vida, beijos eternos para você!"

Desliguei e não conseguia sair do lugar, apertei meu celular com carinho descontando toda a alegria que se encerrou essa tensa ligação. Fechei os meus olhos absorvendo a paz que agora eu sentia por tudo até aqui ter dado certo.

Levantei para finalmente comer o macarrão instantâneo que já estava pronto sem eu ter dado conta, e levei meu prato para o quarto, não estava afim de sentar-me à mesa e também estava muito cansada. Ao terminar de comer, deixei meu prato em cima de uma mesinha e fiquei pensando em como e quando falaria com Osvaldo, até que depois de um certo tempo cheguei à uma conclusão.

Segunda-Feira...

*Carlos Daniel*

Passar todos estes dias sem saber nada de Paulina, me dava a sensação de vazio, agora que comprovei de perto o quanto ela era perfeita e minha, não poderia viver sem sua presença, porém em meio de tanto vazio, tive Adelina por perto para me dar ideias maravilhosas sobre o que faria quando finalmente estivéssemos disponíveis um para o outro.

Hoje é o dia da audiência do maldito processo que Estephanie fez contra mim, já estava pronto somente esperando a ligação de Osvaldo, e a primeira que recebi foi de meu irmão:

"Olá mano como tem passado esses dias?"

– Muito entendiado e triste, mas também esperançoso, creio que hoje dará tudo certo.

"Claro que sim irmão, você vai ver como vamos sair vitoriosos dessa! Então quer dizer que ainda está triste por seu afastamento com Paulina? – Rodrigo já estava sabendo de tudo sobre eu e minha princesa desde o começo até agora.

– Você quer dizer do afastamento dela comigo e sim estou muito triste por isso, mas compreendo seus motivos, sei que ela ficou em uma situação difícil, pois ela não achava que eu fosse real e por isso se envolveu com Osvaldo que agora é meu advogado. Tenho uma preocupação muito grande agora, porque já se passaram quatro dias e nada, temo que tenha acontecido alguma coisa Rodrigo!

"Mano acalme-se, tente não pensar nisso agora, hoje é um dia importante e você não pode se alterar, tem que se concentrar para conseguir ganhar esse processo!"

– Certo, vou tentar mas não prometo nada. Sabe ir aonde fica o fórum onde vai ocorrer a audiência? - Osvaldo já havia me feito uma ligação ontem para passar o endereço do fórum, depois liguei para Rodrigo lhe repassando e dando o horário da audiência.

"Sim, não parece longe e vou te esperar na entrada, ou prefere que eu vá até aí e vamos juntos?"

– Não, pode ir na frente, estou esperando o advogado ligar.

"Certo, então até logo mano."

– Até. - Encerrei a ligação e fiquei na varanda de meu quarto esperando a ligação de Osvaldo.

Desde que soube sobre meu advogado ser o namorado de Paulina, não consigo ter formalidades com ele, claro que não o vejo como rival, mas para mim é estranho ver que ele está me ajudando e ao mesmo tempo me prejudicando.

Aproximadamente cinco minutos se passaram e recebi a ligação dele, que me afirmou estar com tudo pronto e deu-me algumas orientações de como me portar, reagir a provocações e dar meu depoimento.

Em Alguma Outra Parte Da Mansão...

– Hoje o meu querido irmão vai ir para cadeia passar muitos e muitos anos pagando por ser um ingrato que foi capaz de matar a própria avó!

– Ainda acho que isso não vai dar certo!

– Não fale besteiras Willy! Ele não tem escapatória, não há solução para ele, todos somos testemunhas do que ele fez vovó passar e isso Carlos Daniel não poderá nos negar!

– Mas você não acha Estephanie, que se não houvesse mesmo uma solução para Carlos Daniel, ele não teria feito alguma coisa para esse processo ser cancelado?

– Meu irmão é um orgulhoso, nunca se humilharia para pedir ou implorar pelo cancelamento do processo, ele prefere ser um perdedor como sempre foi!

– Só digo que se der tudo errado, eu não vou sair perdendo, vou contar para Carlos Daniel e Rodrigo de seus planinhos com Leda, também me obrigando a fazer parte deles!

– Acha mesmo que ele vai acreditar num traidor morto de fome como você?! Não me faça rir maridinho, e ouse só me entregar para ele que eu logo dou um jeito de acabar com você!

– Olá, está acontecendo alguma coisa que ainda não sei?

– O que acontece Leda, é que meu querido maridinho está querendo se sair de santo se der algo errado, nos entregando para Carlos Daniel e Rodrigo, mas meu recado já foi dado e acho que ele não vai querer voltar a ser um MORTO de fome! - Fez questão de reforçar a palavra "Morto" como indireta.

– Ora, ora Willy, como pode ser tão mal-agradecido depois de tudo que lhe proporcionamos com você fazendo parte da família Bracho? Sabe, muitos gostariam de estar no seu lugar, além disso Estephanie é jovem e pode muito bem arrumar um outro marido assim! - Estalou os dedos.

– Com licença, é meu advogado e vou atender. - Estephanie se afastou.

– Vou para o meu quarto, já ouvi demais por hoje!

– Não esquece que você irá conosco, Willyzinho! - Disse Leda enquanto ele se afastava e riu de seu nervosismo.

*Paulina*

Estes dias passaram tão devagar, perdi até as contas de quantas vezes pensei em me arrepender e ligar para Carlos Daniel, dizendo que esquecesse tudo que lhe disse e assim voltarmos a nos ver, mas eu não poderia, não estava certo e então acabava por desistir.

Despertei às oito, pois às dez eu teria de estar na faculdade, onde era meu primeiro dia e agora já não poderia mais trabalhar para Osvaldo. Já estava tudo pronto, pois aproveitei esses dias para comprar meus materiais de estudo.

Tomei meu banho, me aprontei e fui para cozinha fazer minha refeição matinal, lá estava Osvaldo que logo tratou de me cumprimentar:

– Bom dia, meu amor! Olha só fiz algumas guloseimas para comermos.

– Obrigada. - Agradeci sentando-me.

– Paulina, estou tão feliz, pois hoje farei minha primeira participação numa audiência aqui na capital, é aquela do Senhor Bracho lembra-se? - Oh meu Deus! Hoje seria a audiência de Carlos Daniel e eu não sabia! Como queria ligar para ele, lhe dando uma palavra de apoio...

– Paulina, está me escutando? - Osvaldo me chamou instantes depois de eu ter ficado em silêncio, pois fiquei totalmente fora do ar, enquanto ainda segurava minha xícara com café, pensando no quanto Carlos Daniel precisaria de mim para seguir confiante e ganhar esse processo.

– Está tudo bem, só estava pensando numa coisa muito importante... - Respondi logo depois de seu chamado.

– E o que seria, não gostaria de me contar? Quem sabe eu possa te ajudar? - Aproveitei a oportunidade para lhe dar um aviso.

– Sim, estava pensando na conversa seríssima que quero ter com você hoje. - Olhei bem em seus olhos tentando passar firmeza, pois sentia que essa conversa seria bem tensa e tudo poderia acontecer, mas já estava na hora de dar um ponto final nessa situação.