– Paulina! Por onde andava com este homem?!

Seu olhar era uma mescla de preocupação e nervosismo, a preocupação eu até entenderia, mas seu nervosismo não, será que não confiava em mim o suficiente, ou seria somente ciúmes? Seu ciúmes não tinha porque fazer sentido, pois eu não estava fazendo nada demais, quer dizer... não na hora em que me viu acompanhada de Carlos Daniel, porém esperaria Osvaldo se pronunciar para tirar minhas dúvidas, a preocupação agora era de como iríamos nos explicar para ele.

Olhei tensa para Carlos Daniel, pois não imaginava que esse "flagra" teria a possibilidade de acontecer, ainda mais com o que acabou de acontecer conosco. Ele fez um sinal com a cabeça olhando-me, como se me pedisse calma, e em seguida olhou para Osvaldo e começou a se justificar obviamente com uma mentira:

– Se acalme Doutor Alonzo, sou Carlos Daniel Bracho, seu cliente e antes de subir liguei para seu escritório, porque havia me esquecido onde sua sala se encontrava, então sua recepcionista - olhou para mim irônico - me atendeu e disse que conduziria até aqui. - O olhou de volta. - Eu lhe disse que não precisava, era só ela me dizer, mas ela muito gentil e competente insistiu, então deixei que ela me trouxesse. Espero que não tenha se incomodado, não a prejudique porque ela só me fez um favor, me desculpe qualquer coisa.

– Eu é quem peço desculpas, pois me equivoquei, eu estava a procurando há algum tempo e me preocupei ao vê-la na companhia do senhor, pois ainda não o conhecia pessoalmente, pesquisei sobre sua família, masnão cheguei a identificar o senhor, que agora me recordo na foto colocada na página de pesquisas, onde estava seus familiares. Muito prazer em conhecê-lo. - Estendeu a mão para Carlos Daniel e o mesmo devolveu o cumprimentando. - Venha, por aqui. - Se afastou e abriu a porta dando espaço para que ele entrasse e depois a mim, ficando por último, em seguida entraram na sala principal de Osvaldo e eu fiquei sozinha sentando em minha mesa, onde dei um suspiro de alívio.

Por um momento achei que não escaparíamos dessa e que toda a verdade fosse revelada ali. Agora o homem que eu amo e o homem que me ama estão juntos e um precisa do outro.

*Mansão Bracho*

Adelina estava no jardim conversando com Chico que cuidava das flores, quando vê Leda chegando em seu carro, parando na entrada da mansão e descendo apressadamente de seu carro para entrar.

– A senhorita Leda parece estar nervosa, não acha? - Perguntou o jardineiro regando as flores.

– Sim Chico, deve estar pagando por suas maldades... - Respondeu olhando pensativa para a entrada da mansão.

...

– Estephanie! Esptephanie!

– Ay mais o que foi, por que grita? - Perguntou descendo as escadas.

– Deu tudo errado, tudo! - Afirmou ainda alterada.

– Vamos até meu quarto, para que me explique melhor o que aconteceu e pare de histerias. Lalinha traga um chá para mim e Leda. - Ordenou à empregada que passava pelo hall da casa.

– Sim senhora, já vou providenciar. - Respondeu Lalinha.

Já no quarto Leda sentou em uma poltrona de frente à cama de Estephanie, onde a mesma sentava na ponta:

– Agora diga de uma vez o que deu errado no plano?

– O plano de chantagear Carlos Daniel! Aquele cretino não se amedrontou, porque já arranjou um advogado! - Respondeu protestante.

– O que? Como ele conseguiu? - Questionou Estephanie surpresa se levantando da cama.

– Não sei, mas suponho que Rodrigo tenha o arranjado, já que quando liguei, Carlos Daniel me disse que conversava com ele.

– Rodrigo... Rodrigo, outro traidor maldito! - Irritou-se andando pelo quarto.

– Ah e sabe o que Carlos Daniel me disse? Que se me servisse de consolo ele já estava amando outra mulher! Quero saber quem é essa vagabunda para eu mesma acabar com a raça dela.

– Aqui está o chá, senhoras. - Entrou Lalinha botando a bandeja em uma mesinha. - Com licença.

– E você acreditou? - Perguntou pegando uma das xícaras com o chá e se sentou novamente na cama. - Com certeza ele disse isso para que você não o procurasse mais, está claro como água. - Bebeu um gole do chá.

– Não sei... - Pegou a outra xícara de chá e voltou para seu lugar. - Ele me pareceu muito seguro quando disse isso para mim. - Bebeu pensativa.

– Por favor Leda, acha mesmo que Carlos Daniel arrumaria alguém para AMAR em tão pouco tempo? Ainda mais azarado e fracassado como é para o amor?

– Ele pode muito bem tê-la conhecido nessa maldita viagem que fez! Mas com ela, ele não fica. - Olhou para Estephanie determinada.

– Priminha, que tal sermos sinceras hein?

– Do que você está falando?

– Achou mesmo que Carlos Daniel aceitaria sua chantagem, mesmo sabendo que ele não sente mais nada por você? - Tornou a beber o chá olhando fixamente para a prima.

– Não sei, me diz você que me propôs isso! - Respondeu devolvendo o olhar se alterando novamente.

– Só propus, porque era uma possível maneira de ele perder tempo e ficar sem saída, mas estava muito obvio que este plano poderia não dar certo justamente pelos fatos, e também porque meu irmão não é do tipo submisso a mulheres, ainda mais sendo você não é Ledinha? - Ironizou.

– Então você sabia que ele não iria aceitar?! - Levantou-se bruscamente indignada.

– De certa forma sim, mas calma porque agora poderá se vingar dele e também se ele arrumou um advogado de última hora, este não deve ser um eficiente, vai ver que perderá o caso assim. - Estalou os dedos argumentando tranquilamente.

– Ótimo, porque se ele não for meu, não será de ninguém! Isso eu garanto. - Arqueou uma de suas sobrancelhas com a expressão maléfica.

*Carlos Daniel*

De alguma forma eu imaginava que um possível "flagra" fosse acontecer, por isso não foi difícil inventar uma desculpa para me justificar, o mesmo não aconteceu com minha preciosa Paulina, que se assustou de imediato.

Entrei tranquilamente em seu escritório, indo em seguida para sua sala particular. Eu não sabia ao certo como me sentir, pois aquele que agora me defenderia é namorado da mulher que eu amo e isso me causava certos conflitos, mas deixei minhas incertezas de lado, resolvendo focar em explicar meu caso.

Contei tudo o que havia ocorrido, e ele escutou atentamente, vez que outra fazia algumas anotações e depois disse-me suas possíveis soluções:

– Bom senhor Bracho, eu analisei rapidamente seu caso e acho que tem algo que pode ser muito fundamental para sua inocência.

– Pois então diga doutor. - Pedi empolgado

– A ligação que seu irmão fez para você, pode provar que ainda não estava presente antes de sua avó falecer, pelo horário em que ela foi feita, assim te livrando de qualquer suspeita, pois só na hora em que você chegou, ela veio a falecer, ou seja o senhor não teria tempo de fazer nada para que isso ocorresse.

– Mas é claro! - Exclamei estalando meus dedos. - Doutor essa é a prova mais forte que eu poderia ter para a minha inocência ser provada.

– Sim, mas não podemos nos animar tanto, pois não sabemos quais serão os argumentos deles e nem se terão também provas concretas. Ainda tem o registro da ligação de seu irmão no seu celular?

– Tenho! - Peguei meu celular e o mostrei na lista de chamadas. - Aqui está!

– Perfeito e aqui tem a hora e a data que enfatizam tudo o que acabei de lhe dizer.

– Bom doutor, então acho que isso já é o suficiente além do depoimento de meu irmão.

– Na verdade eu preferiria que houvesse mais provas, não gosto de trabalhar em cima de uma única possibilidade, mas acho que com isso temos grandes chances! - Respondeu sorrindo esperançoso.

– Estou confiante de que tudo irá dar certo! Quando será nossa próxima consulta?

– Você me passa o seu número, e somente ligarei para o senhor para lhe dar algumas orientações antes da audiência e em hipótese alguma deixe alguém mexer em seu celular para que descubram o registro de chamadas.

– Pode deixar doutor, aqui está meu número. - Anotei em um pequeno cartão em branco que havia na mesa em quantidade com uma caneta que estava ali também e lhe dei.

– Certo, até mais senhor Bracho. - Levantou-se me estendendo a mão

– Até doutor, muito obrigado! - Devolvi o gesto sorrindo satisfeito.

Saí da sala tão feliz e esperançoso que até havia me esquecido que minha amada estava ali, quando me dei conta, a vi pensativa enquanto segurava uma caneta apertando o botão que travava e destravava a ponta, me perguntei se ela ainda estaria assustada com o que aconteceu hoje quando chegamos aqui.

me aproximei cautelosamente para não assustá-la ainda mais e peguei a caneta de sua mão, em seguida anotei meu número de meu celular nela:

– Ligue-me para que tenhamos contato, meu amor. - Falei baixo em seu ouvido.

– Nossa, você me assustou! Pronto, agora que já anotou, vai embora antes que aconteça de novo. - Se afastou e olhou meu número anotado em sua mão, ficando de costas para mim.

– Se acalme preciosa, está tudo bem. - Peguei em seus ombros suavemente para que relaxasse. - Por favor, promete me ligar? - Me inclinei para olhar em seu olhos.

– S-sim eu prometo. - Murmurou nervosa com nossa aproximação e levantou-se rapidamente, abrindo a porta e disse. - Agora vai!

– Está bem, tchau minha princesa! - Lhe roubei um selinho e saí.

Fui para casa correndo de felicidade, hoje foi um dos melhores dias da minha vida, encontrei meu grande amor e meu caso já havia uma solução, vou chegar em casa e compartilhar minha felicidade com Adelina que sempre torceu para que tudo desse certo.

Cheguei na mansão parando o carro na entrada como sempre, quando percebi que o carro de Leda estava lá, e irritado desci do carro, subi as escadarias rapidamente, porém quando abro a porta dou de cara com uma pessoa que saía ao mesmo tempo em que eu entrava e minha irritação só cresceu, substituindo na mesma proporção a felicidade que eu sentia a momentos atrás, e ali eu fiquei fuzilando a pessoa com o olhar como se queimassem feito brasa, pensando no que faria.