O fogo estava cessando. Era tão fraco que eu quase nem sentia mais.

- Falta pouco. – ouvi Rosalie dizer.

E foi como em um sonho. Eu abri meus olhos e a primeira coisa que vi foi ela sorrindo para mim.

O tempo não me deixara imune a perfeição de seu rosto. E agora, eu era um vampiro. Eu enxergava milhões de vezes melhor do que antes. Ela era muito mais perfeita aos olhos de um vampiro do que aos olhos de um humano. Seu rosto era realmente branco, seus olhos estavam tão negros quanto à noite, seus cabelos dourados eram brilhantes e caiam em ondas perfeitas até o meio de suas costas, seu corpo era indiscutivelmente escultural e seu sorriso era angelical e transmitia uma paz repentina. Quando eu olhei dentro de seus olhos, de repente, não era mais a lógica explicação da gravidade da Terra que me mantinha no lugar. Era ela. E nada importava mais que ela. Eu faria qualquer coisa por ela... Eu seria qualquer coisa por ela. Eu me tornaria o que ela precisasse que eu fosse. Um protetor, um amante, um amigo ou um irmão. Eu sentia uma vontade inexplicável de protegê-la.

Ela colocou uma mão em meu rosto e eu pude sentir como seu toque, que antes era extremamente gelado e sólido agora era quente e frágil.

- Você está bem? – ela perguntou ainda sorrindo.

- É. Eu vou ficar melhor. – sorri pra ela.

- Já volto. – ela disse e sumiu pela porta. Voltou meio segundo depois com um espelho maior que ela mesma e o colocou na minha frente.

Quando vi a imagem refletida não pude acreditar. O homem no espelho era três vezes mais forte que eu, com uma pele branca e brilhante, olhos vermelhos, cachos negros e um corpo imenso.

- S-Sou eu? – perguntei meio atônito.

- Uhun. – ela murmurou satisfeita.

Eu estava quase tão bonito quanto ela. Quase.

- Ele já acordou. – ouvi Carlisle dizer lá no primeiro andar.

Eu fitava o espelho perplexo quando Carlisle entrou no quarto com Edward e outra mulher de cabelos caramelos atrás dele.

- Essa é Esme, minha mãe para todo caso. – Rosalie apresentou a mulher que sorriu de um jeito materno para mim.

- Olá. – ela falou ainda sorrindo.

- Oi. – respondi.

- Bom Emmett, estamos aqui para te explicar o que nós somos, o que você se tornou e todas as coisas que você precisa saber. – Carlisle disse.

- Carlisle, eu já lhe expliquei várias coisas. – Rosalie falou olhando para seu pai.

- O que você já sabe Emmett? – agora Carlisle dirigiu-se a mim.

- Bem... Rosalie havia me explicado que vocês são vampiros diferentes. Vocês só caçam animais, não matam humanos, mantém o disfarce de humanos, Edward pode ler mentes... – parei por um segundo – E ela me explicou sobre os Volturi.

- Muito bem Rosalie, você explicou quase tudo para ele filha. – Carlisle sorriu para Rosalie e ela retribuiu.

- O que falta explicar e que vai ser bem simples é que para caçar você deve seguir seus instintos. – Esme disse em seu tom doce e maternal.

- Bom, acho que agora ele sabe tudo que precisa saber. Vamos deixá-los á sós. – Edward disse e eu pude ver ele piscar discretamente para Rosalie que sorriu.

- Tudo bem. Se vocês resolverem ir caçar nos avisem. – Carlisle disse saindo com Esme e Edward atrás dele.

- Agora eu sou como você. Não precisa mais se preocupar em perder o controle e me matar ou qualquer coisa do tipo. – eu disse olhando intensamente nos olhos dela.

- Era tão engraçado te ver humano. Tão frágil e desprotegido. Agora eu sou assim perto de você. – ela sorriu.

- E você vai sentir falta de alguma coisa minha humana? – perguntei.

- Vou. – ela admitiu.

- Do que? – eu perguntei me aproximando dela. Ela era realmente pequena, frágil e desprotegida perto de mim, mas eu iria protegê-la.

- Do som de seu coração. – ela disse sorrindo enquanto fitava o chão.

- Isso é uma coisa que eu não tenho como conseguir de volta. Mas se tivesse eu conseguiria, só por você. – falei.

- O som de seu coração era o som mais importante de meu mundo. E mesmo agora, que ele não bate mais, continua sendo. Porque você é o meu Emmett, e sempre será. Humano ou não, é você que eu sempre vou amar e sempre vou querer ao meu lado. – ela sorriu gentilmente – Antes de você aparecer na minha vida eu me sentia muito só. Parecia que dentro de mim era vazio. Eu vivia me perguntando: “porque eu estou tão só, se existe uma alma gêmea para todo mundo? Cadê a minha?” Mas então você apareceu, tocou meu coração de uma forma que nenhum outro jamais fez. Desde o momento em que eu te vi eu sabia que era você. Quando eu olhei nos seus olhos, não era mais a gravidade da Terra que me prendia onde eu estava, era você. Você de repente virou o meu porto seguro. Foi como se toda a dor que eu sentira antes tivesse passado. Você me trouxe um novo sentido pra viver. – ela disse de uma forma sincera e eu inexplicavelmente me perdi na intensidade do brilho de seus olhos.

Antes que eu pudesse me mexer, eu falei sem nem antes pensar:

- Se tudo a minha volta sumisse, e você continuasse a existir, então eu viveria. Mas se tudo á minha volta permanecesse e você sumisse, o mundo ia ficar extremamente sem graça, e eu não teria mais razão pra viver. O único jeito seria morrer. Você é o meu mundo, não posso ficar sem você. Eu te amo minha Rosalie! – ela sorriu e eu mais uma vez me surpreendi com a verdade de minhas palavras. – Eu prometo te amar pra sempre. Prometo que vou te fazer a mulher mais feliz do mundo, a mais realizada. Prometo que quando você estiver triste eu vou te consolar, quando você cair eu vou te levantar. Porque eu sempre, sempre vou te amar. E no final é com você que eu quero estar.

Ela sorriu e aproximou-se. Envolveu seus braços em volta de meu pescoço e eu envolvi os meus em volta de sua cintura. Aproximou seus lábios de minha orelha e sussurrou:

- Eu te amo e sempre te amarei. Você não sabe quanto tempo eu te esperei.

Antes que eu me movesse um centímetro seus lábios encontraram os meus e os moldaram com perfeição, como se tivessem sido feitos para se encaixar. Eu á puxei para mais perto, segurando seu corpo contra o meu. O gosto de seu beijo era o melhor que eu já tinha sentido em toda a minha existência. Era melhor agora do que antes.

- Eu te amo pra sempre e sempre! – falei segurando seu rosto entre minhas mãos. Ela sorriu e eu voltei á beijá-la.

E assim ficamos no primeiro dia da nossa eternidade. Eu e ela, no nosso quarto. No nosso refúgio feliz.