Ela pegou o arco dourado que enfeitava sua delicada mão e o deixou escorregar lentamente pelo dedo anelar.

-Sabe o que é isso?-Ela perguntou, a expressão tão fria e decidida que ele teve medo de dar qualquer resposta e estragar tudo de uma vez.O homem engoliu em seco e respirou fundo.Inconscientemente ela o imitou,mais pra criar coragem do que mesmo porque precisava de ar

-Não precisa ir embora.Podemos resolver..-Ele ia continuar, mas o olhar dela foi tão gritante que ele apenas baixou a cabeça e ouviu.

-Quando eu deixei que o anel caísse devagar foi pra que você me ouvisse e prestasse atenção em mim, pelo menos uma vez.Porque eu gritei, chorei e implorei, mas você não me escutou!-E Quando o arco de ouro se movimentou no chão antes de finalmente parar, era quase como se fosse ela ali, no passado, lutando pra que desse certo, rastejando e se animando pra que eles não fossem pelo ralo.Ele ficou calado, não tinha o que dizer mesmo, tentar lutar agora só faria tudo pior.-Se eu soubesse que só precisava falar assim, devagar, pra você olhar pra mim, teria me mantido muda desde o dia em que nos conhecemos.Se é esse silêncio que você aprecia tanto, então acho que vai gostar desse apartamento mais vazio, não é?-Ela sorriu, amarga, duas lágrimas tristes escorreram por seus olhos.Ela baixou a cabeça de novo e foi ao chão, buscar a aliança.-Toma.-E estendeu a mão, trêmula.Ele num ato de reflexo estúpido, recebeu e guardou-a no bolso.A mulher riu rapidamente, decepcionada.-Eu cansei de amar por nós dois.

As malas estavam sobre o tapete do apartamento, o que dizia “Bem-vindo” que ela comprara logo quando decidiram viver juntos.Ela pôs o primeiro pé pra fora.E não sabia se sentia-se mais aliviada ou mais triste.De qualquer forma, não estava nem um pouco feliz.Chocado demais pra esboçar qualquer outra reação, ele apenas sussurrou:

-Eu achei que você não fosse ter coragem, eu juro que achei que seria eu a fazer isso.-Ela virou-se pra ele e surpreendeu-se um pouco com a visão que teve.Os olhos de seu agora antigo namorado estavam vermelhos.E queriam chorar, mas ela via sua pose de homem falar mais alto e ele tentava se controlar.

-Em todos esses anos de monotonia, eu tinha que te fazer pelo menos alguma surpresa não é, querido?