Summers Brothers (Hiatus) escrita por Vine Azalea


Capítulo 2
Coffee and mutants


Notas iniciais do capítulo

Irá aparecer um personagem nesse capítulo que mesmo para aqueles que leem os quadrinhos deve ser difícil conhecer, espero que lembrem quem ele é rs
Espero que gostem do capítulo.



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Depois que eu saí da casa dos meus avós eu decidi ir para o centro da cidade, eu precisava esfriar a cabeça. Estava caminhando pelas ruas quase desertas, a maioria das pessoas ficavam dentro das lojas e departamentos, estava muito frio ali fora. Era melhor assim, eu podia pensar melhor. Ou talvez não era tão bom pensar assim, estava começando a me arrepender, achando que fui duro de mais com eles. Afinal, por que com eles iria ser diferente? Se ninguém aceita os mutantes, não seriam eles que iriam aceitar. Mas de todo modo, era muito cedo para eu voltar com o pé atrás.

Subi na calçada e comecei a olhar as vitrines. Parei na frente de um café, podia me ver sorrindo pelo vidro da vitrine. Eu estava sorrindo por que tinha avistado a garota de cabelos verdes dentro do café, ela estava sozinha mexendo com uma colher a sua xícara. Sem pensar duas vezes entrei na cafeteria, mas para meu azar um senhor de idade se sentou ao lado dela no balcão de atendimento e então eu sentei do lado do senhor, como se nem sequer tivesse visto a garota. Fiquei olhando para ela pelo canto do olho por alguns segundos e depois pedi um mocaccino. Enquanto esperava o café fiquei batendo as pontas dos meus dedos no balcão de mármore e pensando. Por que me senti tão atraído por ela? Acho que foi o cabelo, ela parece uma garota rebelde, do tipo que briga com a família, como eu, pensei. A garçonete em entregou o café e eu agradeci.

– Ei, é você. É Alex, não? – A garota de cabelos verdes disse.

Olhei para o lado, estava com os lábios pressionados e ergui as sobrancelhas, me fingindo de espanto. Soltei um “Oh”, como se estivesse surpreso por ela estar ali.

Oi, é Alex sim. Você é a garota do avião. Loana né? – Apesar de me sentir atraído por ela, não conseguia lembrar seu nome. Sou péssimo com nomes e isso me ferra.

Ela ri, não sei jeito, mas por achar graça mesmo. – É Lorna, Lorna Dane. E então, como foi o encontro com a família?

Por alguns instantes eu tinha me esquecido por que eu estava no Alaska. Balancei a cabeça de forma positiva e disse. – Ocorreu tudo bem.

– Ah que bom, fico feliz. – Disse ela sorrindo. Ela tem um sorriso bonito.

Limpei a garganta e sorri sem jeito. – É mentira, não ocorreu nada bem. Por isso vem pra cidade, esfriar a cabeça. – Esfrego as mãos uma na outra. – Na verdade prefiro me esquentar, não lembrava que era tão frio assim.

– Por isso o café. – Lorna ergue a xícara e depois bebe um gole.

– E você, conseguiu falar com o professor?

– Consegui, mas preferiria não ter conseguido. Ele falou que meu trabalho ficou um lixo, mas em outras palavras.

– Oh, nossa – fico pensando no que dizer, mas nada sai.

– Não precisa dizer nada, acho que faculdade não é para mim. Acho que vou me alistar no exército.

Nós dois soltamos uma gargalhada gostosa e depois eu digo. – Melhor não, é um porre receber ordens.

Ela balança a cabeça enquanto olha para a xícara. – Você tem razão. É, acho que sou um caso perdido.

– Somos dois. – Fico sem o que dizer, então faço uma pergunta idiota. – E a sua família?

– Minha mãe e meu pai morreram quando eu era pequena, aí eu fui adotada, mas não deu muito certo.

Fico impressionado o quanto nossa história se parecem, fico até mesmo desconfiado. – Nossa, que coincidência, eu também fui adotado. – Digo com uma certa animação que não deveria existir. – Você tem irmãos?

– Não. Ainda bem, e você? – Ela pergunta sem muita curiosidade.

– Tenho um irmão. Na verdade eu quero ir procurá-lo. Nós fomos para caminhos diferentes depois da adoção e hoje eu fiquei sabendo uma coisa, que me fez querer falar com ele.

– Legal, Alex. E você já sabe onde ele está? – Ela diz animada.

Balanço a cabeça lentamente. – Para falar a verdade, não. Meus avós disseram que ele veio de São Francisco para cá, mas não sabem para onde ele foi.

Lorna alisa seus braços com as mãos e isso em faz ficar olhando para seus ombros. – Isso é bom, você já tem por onde começar.

Aceno com a cabeça e termino o meu café e percebo que ela já tinha terminado o seu. O senhor que estava entre nós se levanta e antes de sair nos olhos com um sorriso.

– Então, por que você não me mostra a cidade. – Diz ela mexendo nos seus cabelos verdes. Apesar de ser obvio que é pintado, é de um tom verde que parece ser natural, não chama atenção e é agradável olhar para ele. Seus cabelos são lisos na raiz e possui leves ondulações nas pontas, além de parecerem macios. – Você já morou aqui, claro que ha muitos anos, mas ainda deve saber alguns lugares legais.

Respondo que sim e então saímos do café. Ela segura o meu braço, enrolando o seu no meu e guardando sua mão no bolso do casaco. Coloco minhas mãos que estão gelados no bolso da calça de moletom e então caminhamos. Vamos em direção ao um parque, com arvores mortas, apesar de serem fúnebre elas são bonitas, ainda mais ao contraste com a fina camada de geada sobre ela e o chafariz congelado. Lorna admira a praça, e comenta que nunca tinha visto neve e que esperava que nevasse até ela ir embora da cidade. Enquanto conversávamos, somos interrompidos por um grito. Nós dois ficamos assustados, eu me lembrava de Anchorage como uma cidade calma, Alaska inteira era tranquila na minha memória. A garota aperta o meu braço com força e então ouvimos palavras em meio aos gritos.

– Peguem essa aberração! – Diz um homem. – É um mutante? – Grita uma mulher assustada. Um garoto com gorro tampando o rosto corre pelo parque e passa por nós. Seu cachecol voa e Lorna o pega e o segura firme. Eu olho para ela e depois para o garoto. Três homens, aparentemente vendedores correm em direção ao menino. Um deles olha para nós e diz. – Não fiquem só olhando, é um mutante e um ladrão, ele nos robou.

Ranjo os dentes, mas tento disfarçar para Lorna não perceber. Então ela me cutuca e diz perto do meu ouvido: – Precisamos ajudar o garoto, eles vão matá-lo. – Fico pensando no que ela diz, e eu não pensava que uma humana fosse querer ajudar um mutante. Concordo com ela e então corremos atrás deles. O garoto acaba encurralado em um beco na lateral de um restaurante. Antes mesmo de nos aproximarmos ouvimos o choro dele e os xingamentos dos humanos.

– Fique aqui Alex, deixe isso comigo. – Ela diz, com a mão sobre o meu peito.

– Você está louca, eles vão matar você junto com o garoto.

Nós dois entramos no beco, e vemos um dos homens chutar o garoto nas costelas. Fico sem saber o que fazer, ajudar o garoto com meus poderes e mostrar que eu sou um mutante para Lorna, ou sair no soco com esses três brutamontes e acabar apanhando.

– Deixem ele em paz! – Ouço a Lorna dizer e fico espantado com a coragem dela. Mas fico mais espantado ainda ao ver uma latas de refrigerante que estavam no chão voarem na cabeça do homem que chutava o menino mutante.

– Desculpa Alex. – Diz ela sem jeito. Percebo que ela esta com o braço esticado em direção aos homens. Foi ela, pensei que tinha sido o garoto, mas foi ela. Ela também é mutante?

Um outro homem a acusa de mutante e joga um taco de basebol em nossa direção, Lorna grita e eu fico imaginando por que ela não faz o que fez com latinhas. Sem pensar, lanço uma rajada sobre o taco e o parte em pequenas lascas. Ela me olha espantada, também não imaginava que eu era mutante, mas parece feliz. O garoto se levanta e ri. – Agora vocês vão se ferrar, meus amigos mutantes vão acabar com vocês.

– Vamos sair daqui. – Diz um dos humanos, puxando o seu amigo caído e os três saem correndo. – Não irão escapar. – Digo com raiva e os derrubo com um raio de plasma. Dois conseguem fugir, pulando a cerca do peco, mas um fica. O que chutou o garoto. Lanço novamente uma rajada, usando toda a minha força e raiva. Sinto algo me balançar, Lorna?

– Para Alex, você vai matá-lo. Não podemos fazer o que eles pensam que somos, não somos monstros. – Eu paro de atacá-lo, mas pelo visto ele está morto. Fico sem jeito e me viro de costa. – Desculpa. – Estava pronto para sair quando ela me puxava e me abraça. Fico sem reação, olho para o garoto que tira o gorro da cabeça e mostra a sua cara. Possui a cara de peixe e eu me seguro para não rir. – Ta tudo bem, você estava com raiva e você nos salvou. – Diz Lorna.

– Vocês são demais. Isso foi incrível. Primeiro a verdinha atacou o grandalhão na cabeça, aí você derrubou todos eles com esse raio vermelho. Isso foi espacial! – Diz o garoto todo empolgado. Lorna ri, mesmo dando para ver em sua cara que ainda esta chateada pelo humano morto.

– Onde estão seus pais, garoto? – Pergunto a ele.

– Não me chamo garoto, me chamo Sammy. Eu não tenho, estou sozinho no mundo.

– Como nós. – Diz Lorna.


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Notas finais do capítulo

Deixem seus comentários, preciso saber a opinião de vocês, se estão gostando.
Para quem não conhece o Sammy (Samuel Pare): http://img3.wikia.nocookie.net/__cb20131109174621/marveldatabase/images/2/26/Samuel_Pare_(Earth-616)_from_Uncanny_X-Men_Vol_1_410.png
http://static.comicvine.com/uploads/scale_medium/0/77/134051-157379-sammy.jpg
No próximo capítulo vai aparecer um outro mutante, um mais conhecido e vai ter quebra pau.