Eu estava em pânico, primeiro ouvi gritos, depois Lucca havia sumido, e na cama onde ele deveria estar tinha apenas um bilhete que dizia: "Agradeça a Lucy." Otimo agora a gótica metida a superior havia raptado uma criança, UMA CRIANÇA, o quão louca esse garota consegue ser? Como pode ser tão sem noção, se não fosse a Katrine eu provavelmente já estaria na casa daquele ser a enforcando, a cortando em pedaços e a tacando num rio onde jamais seria encontrada.
Entrei no meu quarto batendo a porta com força, e gritando o mais alto que podia, eu não ligava se acordasse alguem da vizinhaça, queria mais que todos se explodissem. Me taquei no chão enquanto algumas lágrimas caiam silenciosamente, primeiro o garoto que fazia aula de música comigo havia me dado um fora, mas eu não desistiria, o Nicolas seria meu, depois um dos apanhadores morreu, parece que ele arranjou briga com uns Hibrídos de alguma coisa qualquer que eu não lembro agora, depois eu entro na minha casa com a pior das sinfonias, e me deparo com um membro a menos. Eu estava decidida, eu iria trazer o Lucca de volta, mesmo que eu tivesse que ir sozinha até o covil da bruxa.
Paguei o táxi, e fiquei encarando a mansão antiga que estava na minha frente, meu coração parecia que ia sair pela boca, eu estava tremendo e suando frio. Fui até a porta quase correndo, bati na porta várias vezes usando o máximo de força que meu estado atual me permitia usar, meus olhos estavam inchados de tanto chorar e meu nariz igual a da rena do papai noel, mas eu não ligava. A porta foi aberta lentamente e me deparei com uma garota de longos cabelos castanhos e cacheados com as pontas tingidas de verde limão, de pele clara mas não tão clara como a de Lucy, ela tinha vários piercings, um vertical labret, uma argola preta no nariz e um alargador que parecia ter uma aranha cristalizada dentro, só de olha-la meu coração falhou uma batida, os olhos verdes dela me encaravam com desprezo.
–O que você quer aqui carnerinho?-Sério isso? Até alguém que eu não conhecia me chamava de carnerinho!?
–Vim buscar o que me pertence.-Acho que isso soou estranho.-Vim buscar o Lucca.
Ela me encarou como se eu estivesse falando grego.
–Ah faça me o favor! Você sabe! O menininho ruivo, pele clara.-Parecia que eu estava falando com uma criança, e parece que a garota a minha frente não gostou disso.
–Você está falando do filho do dêmonio?-Agora eu a olhava confusa.-Você sabe que ele já deve ter pelo menos 50 anos né...-Ela me encarava como se eu fosse a pessoa mais desinformada do mundo.
–C-certo, posso entrar? Preciso falar com a Lucy.-Minha voz me deixou na mão como sempre.
–Duvido que ela vá querer falar com alguem tão sem importância como você.-Ela me olhou de cima a baixo como se eu fosse apenas um inseto que deveria ser esmagado imediatamente.
Ela me conduziu até a sala onde tinham algumas criança brincando, mas elas pararam assim que eu adentrei o local, largaram os brinquedos e me encaram feio enquanto se retiravam. A garota estranha subiu as escadas me abandonando ali, sozinha com o Angelo, que por acaso era o homem mais lindo que já vi na minha vida, a versão masculina da Lucy, mas que ao invés do olhar ameaçador tinha um olhar sedutor, minutos depois a garota estranha desceu sempre me encarando, se posicionou atrás da poltrona onde Angelo estava sentado, se inclinando chegando bem perto do ouvido do mesmo, sussurrando algo enquanto seus olhos acompanhavam cada movimento meu. Assim que ela disse o que queria se retirou em direção a cozinha, voltei minha atenção pra o Angelo que me fuzilava com aqueles olhos de um castanho quase vermelho.
–Olha só, a que devo a desagradavel presença de vossa majestade?-Ao ouvir aquela voz, minha atenção foi automaticamente dirigida a escada onde um ser com um sobre-tudo preto por cima de um top branco, um short preto com correntes penduradas, meia sete oitavos, all star preto e um cabelo preso num rabo de cavalo perfeito deixando apenas a franja ter sua liberdade descia as escadas majestosamente, parando na minha frente fazendo um delicada mensura, que não combinava nem um pouco com o olhar sádico que era estampado em seu rosto.
–V-vim b-buscar o Lucca.-O nervosismo não me permitia falar com clareza.
Ela revirou os olhos, fazendo uma cara de tédio em quanto se sentava no colo do Angelo.
–Eu o devolvi aos pais, e não pretendo te ajudar em nada que você me peça, aliás você escolheu uma péssima hora para vir a minha humilde residência, sabe nós não estamos lá muito felizes hoje... Acho que te matar aliviaria o clima, mas nos proporcionaria tédio por anos.-Ela falava aquilo como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Ela se levantou do colo do irmão depositando um beijo na bochecha do mesmo, o que eu sinceramente achei estranho, ela se dirigiu até a porta, assim que ela chegou perto da mesma a garota estranha e um garoto loiro de posicionaram de forma perfeita atrás dela, ela abriu a porta me encarando, até que eu senti mãos em minhas costas e percebi que estava sendo arrastada em direção aquele ser sádico.
Antes que eu colocasse o pé para fora daquela residência, eu senti aquelas mãos geladas tocarem o meu rosto, uma mão em cada lado, ela puxou minha cabeça em sua direção o que me surpreendeu, até que eu senti a boca do meu estômago ser acertada em cheio me fazendo cuspir um pouco de sáliva com sangue, eu elevei meu rosto para encara-la, o olhar dela era frio, eu sentia meus órgãos internos congelarem. Ela pegou meu pulso e me arrastou até a rua, onde me tacou agressivamente no meio da mesma, a minha sorte é que eram 3 da manhã e nem um carro passava por ali.
–Não volte mais aqui, você não é bem-vinda, da próxima vez não serei tão compreensiva.-Após ter dito aquilo ela, a menina esquisita e o menino loiro atravessaram a rua passando pelo bosque.
Eu estava em choque, meu estômago doía muito, minha cabeça parecia que ia ser esmagada pela força da gravidade, eu me sentia tonta, quase como se eu fosse desmaiar a qualquer momento.