Dois meses já haviam se passado desde da caca a bandeira. Nesses meses eu me concentrei em treinar e não esganar Di Ângelo toda vez que o via. Devo admitir que não sei qual dos dois era mais difícil.

O treinamento estava dando certo, eu estou cada vez mais rápida e conseguindo cada vez mais controlar o meu poder. Já é preciso quase que a cabine de Ares inteira para me enfrentar e poucas foram as vezes em que eu sai com alguma lesão grave da batalha. Tá, admito que uma vez eu fui jogada contra a parede de escalada e fiquei inconsciente por mais de dois dias, mas este foi um incidente isolado. Juro.

Já era quase hora do almoço quando levantei, rapidamente troquei de roupa e sai do meu chalé.

Quando cheguei ao refeitório pude sentir que havia algo de errado. Todos comiam calados, nada de gritaria ou conversas, o lugar parecia tenso.

– O que há de errado? – sussurrei para uma filha de Atenas já que não consegui achar Annabeth.

Por um momento ela pareceu chocada de que eu estava falando com ela.

– Não sei, mas acho que você deveria ir a Casa Grande.

No meu caminho para a casa grande tive o grande prazer de encontrar Di Ângelo pelo caminho. Ele vinha me encarando com uma cara de raiva. Sério, parece que o simples fato de eu respirar já faz ele me odiar. Fiquei com raiva também e assim começamos uma silenciosa competição de quem consegue encarar mais o outro. Fiquei olhando fixamente para seus olhos, que pareciam cada vez mais pretos, como se isso fosse possível. Porém o sol estava muito forte e nos já estávamos parados no meio da grama por uns bons cinco minutos e eu já estava começando a sentir a minha pele queimar.

Dei de costas para ele e segui marchando até a casa, consegui ouvir seus passos me seguindo mas não ousou dizer nada.

Dentro da sala estavam Percy, Annabeth e Jason. Eles estavam em uma discussão de sussurros que logo parou quando entrei na sala.

– Quiron esta no escritório e quer ver você – Percy falou de uma vez só.

– Ok – Ele parecia uma mistura de descontentamento e nervosismo.

O escritório de Quiron ficava no fim de um corredor mal iluminado. Dei duas suaves batidas na porta grande de madeira escura.

– Entre

O lugar era bem iluminado pela claridade que entrava pela janela que ficava atrás da mesa, parecia que cada centímetro das paredes estava coberto com desenhos, quadros ou algum objeto estranho. Terminada a minha analise da sala me voltei para Quiron e uma mulher sentada na cadeira em frente a mesa. A reconheci imediatamente, olhos cinzentos e cabelo loiro. Atenas.

A deusa me olhava com uma expressão firme e também de curiosidade, os olhos encaravam os meus como se quisessem olhar dentro da minha alma. Um silencio constrangedor se passou enquanto ela me analisava, por fim Quiron limpou a garganta trazendo nossa atenção a ele.

– Rebecca, gostaria que conhecesse Atenas.

Gelei. O que você faz quando conhece uma Deusa? Faço uma reverencia? Digo eai tudo beleza? Uma coisa eu sei, não poderia gritar como fiz com Zeus. Pensando bem, gritar com o Deus do Céu não parece uma boa ideia quanto parecia antes, acho que devo ter muita sorte de ainda estar respirando.

– Olá

– Olá, criança – decidi que também não era uma boa ideia discutir com ela sobre eu não ser uma criança – bem como já devem saber, meu tempo é muito limitado pois as Parcas insistem que não passemos muito tempo perto de meio sangues. Minha visita ao acampamento teve um único propósito. Levar você até o Olimpo.

Na hora não sabia o que dizer, a minha mente estava a mil mas nenhum pensamento ousava sair pela minha boca.

– Porque? – foi a única palavra que conseguiu sair no meio da confusão toda.

– Veja, você é motivo de discórdia entre muitos Deuses, alguns concordam que a melhor solução seria te matar – uma bola de algodão seca parecida ter se formado na minha garganta – porém sua avó não gostou dessa opção. Foi escolhido que você morasse no Olimpo, até o solstício de inverno, onde então nós tomaríamos nossa decisão final.