Rosalya ainda envolvia o pescoço de Elsa quando a porta abriu-se com força. Levantou-se instintivamente, usando as costas da mão para proteger os olhos contra a luz que entrava pela porta e, finalmente deparou-se com Anna e Olaf, lado a lado, em expressões determinadas. Arrisco-me a dizer que também foi por instinto que Rosalya fez um movimento rápido com as mãos e voltou a colocar sua coroa. Estendeu as mãos então para atacar a menina e o boneco de neve, mas Anna foi mais rápida.

– Elsa! Sou eu! Viemos te resgatar! Rosa…

Mas ela não conseguiu terminar. Logo estava voando no ar, atingida por uma dos feitiços da prima.

As palavras, entretanto, foram o bastante para Elsa. A irmã não pretendia matá-la para tomar o trono para si, ela viera resgatá-la, Rosalya mentira!

Levantou-se. Lágrimas ainda ameaçavam cair de seus olhos, mas essas novas continham raiva. Antes imaginara que seria péssimo perder a prima, agora só queria que ela morresse.

Estendeu a mão para Rosalya, usando de seus poderes para atacá-la. A prima, porém, não era como Anna. Ela tinha meio de se defender.

Mas Elsa continuou atirando initerruptamente, enquanto o gelo feito por Rosalya servia para defendê-la.

– Você mentiu para mim! – Elsa gritou. – Você quer meu trono! Ia matar minha irmã!

Vendo-se sem saída e incapaz de revidar os ataques de Elsa, Rosalya levantou as mãos e o gelo saiu do chão para guia-la para cima, bem para cima, fazendo mesmo com que o teto se abrisse e a levasse para fora do castelo.

Elsa seguiu-a.

Lá de cima, era possível ver os homens de Elsa – não só os guardas, mas os bonecos de neve gigantes – lutando contra o exército congelado de Rosalya ao redor do castelo. Por dentro, a situação era parecida, mas nenhuma delas sabia disso.

Neve, gelo e frio voaram para todos os lados. A batalha dentre as primas era feroz e as duas davam tudo de si. Elsa em fúria; Rosalya em sua insanidade.

– Você mentiu para mim! – a voz de Elsa era quase como um trovão, saindo do fundo de sua garganta. – Você quer meu trono! Ia matar minha irmã!

– A neve, prima! O frio! O inverno vai tomar todos vocês! Não há como escapar! – Rosalya gritava, rindo-se ao perceber o que Anna devia ter feito.

As vozes se misturavam, os feitiços dançavam. Elas estavam no topo do mundo, apoiadas em blocos de gelo, decidindo o destino de todos abaixo delas.

Não sei dizer quando tempo a batalha entre elas demorou. Não sei dizer quando até que o exército de Rosalya começasse a perder ou quanto até que Elsa atingisse a mão da prima.

A respiração de Rosalya já era ofegante e seu tornou mais ainda depois de ter gritado quando foi atingida. Agarrou a mão esquerda, esta congelada. Elsa parou de tentar atingi-la quando viu que ferira a prima e apenas observou assombrada enquanto Rosalya, sorrindo em loucura, dava um passo para trás e se deixava cair do alto.

O primeiro impulso de Elsa foi tentar pegá-la. Mas Rosalya estava longe demais, não conseguiria pegá-la nem que quisesse. Olhou para baixo, enquanto via o corpo reduzido caindo, imaginando que aquele seria o fim. Mas, ao contrário, viu um dos dragões de gelo aparecer e pegar a prima em pleno voo.

Usou seus poderes fazer o bloco de gelo retornar ao chão e fazê-la voltar para o chão.

Já de volta ao quarto em que estava antes, Elsa correu para o salão principal do castelo, a tempo de ver o dragão com a prima pousar ali. O dragão fora atingido por uma arma de gelo (de algum de seus bonecos gigantes) e morria.

Quando Rosalya levantou, estava rodeada por Anna, Elsa, Kristoff e mais três guardas. Cortara o rosto com a queda e ainda ofegava. A mão já não estava congelada, mas ainda se agarrava a ela.

Anna estava certa, depois de tanto tempo construindo seus soldados, a magia e as forças de Rosalya não estavam tão poderosas. Ela tentou atirar neve nos inimigos rodeando-a, mas os feitiços não foram fortes o bastante para atingi-los, perdendo-se no meio do caminho. A mulher procurava uma saída, mas estava sendo cercada de todos os lados.

– Acabou, Rosalya – Anna disse. – Você perdeu.

– Desista, prima – Elsa acrescentou.

Mas Rosalya não estava nenhum pouco inclinada a se entregar. Continuava tentando lutar, insistindo nos poderes moribundos. Rodava no mesmo lugar, como se de algum jeito fosse achar uma saída.

E seus inimigos continuavam cercando-a.

Ela ainda ofegava quando juntou as mãos e, em um último esforço, fez surgir uma espada de gelo. Então segurou a espada com ambas as mãos e respirou fundo.

A espada enterrou-se em seu corpo reduzido com força. Ela caiu. Anna gritou, os olhos de Kristoff se arregalaram. Mas Elsa não se surpreendeu enquanto via a prima dar seu último suspiro.

Um sacrifício de espada.

Ela conhecia as palavras.

O sangue de Rosalya escorreu pelo salão, manchando os sapatos de Elsa. O vermelho tomando conta do gelo.