–----Pov Annabeth----

Acordei de manhã o sol batendo na minha cara. Isso pode ser romântico em filmes, mas para mim isso é irritante.

Levantei e abri ainda mais a cortina, me sentia uma pessoa nova, quer dizer...O corpo continua sendo o mesmo e a personalidade também, porém me sinto diferente.

Isso tem algo haver com Percy? Bem, talvez.

Odeio admitir, mas sinto como se ele fosse a pessoa que me fizesse mais feliz no mundo. Parecia que o mundo realmente havia se encaixado e as peças que eu não encontrava começaram a se colocar no lugar.

Porém estava nervosa, hoje minha mãe voltaria e era dia de ela me buscar e conhecer Percy.

É impressionante como não reconheço mais minha mãe, ela já me machucou tanto e de tantas maneiras que eu sempre tenho um pé atrás com ela.

Meu celular tocou me tirando dos meus pensamentos.

É a Thalia me dizendo que não vai na escola....De novo! Quando essa menina vai tomar juízo?

–Thalia! Se você me dizer que não vai, eu vou...-comecei dando a bronca matinal.

–Annie! -falou alguém que não tinha nem um pouco uma voz de menina.

Sinceramente, as vezes, demoro para perceber que tenho um namorado e ainda mais que ele é Perseu Jackson.

A lerdeza do Percy é realmente contagiosa.

–Você tem que conferir o numero que liga para você! -ele riu -minha voz por acaso é tão irritante quanto da Thalia?

–Na verdade...-eu sorri - é até mais!

–Annabeth! -ele disse

–Que foi é verdade! -eu ri -á que devo a honra do seu telefonema?

–Eu posso ligar para você, sabia? -argumentou

–Serio Percy -franzi o cenho.

–Bem, hoje é o dia...Você sabe -o tom de voz dele era bem serio, como se escolhesse com cuidado as palavras.

–Estava me lembrando disso agora -suspirei -vou ter que suportar, é só mais um dia, afinal.

–Eu entendo Annabeth -ele respirou fundo-nós vemos na escola ok?

–Tudo bem -eu olhei para o relógio -fale para Tyson que eu mandei um beijo!

–E para mim ? -eu podia sentir o sorriso dele

–Para de ser metido, cabeça de alga -eu ri

–Como você quiser, sabidinha -ele desligou

Respirei fundo.

Aquele era só mais um dia....Um dia muito longo.

–---Pov Thalia-----

–Thalia! -minha mãe gritou no corredor.

–Já vou! -gritei

Eu estava muito atrasada,eu corria para porta enquanto tentava calçar o sapato.

Abri a porta e me deparei com os cachos loiros.

–Você não toma jeito mesmo! -ela revirou os olhos.

–Dá um tempo Chase -sorri

–O que você ficou fazendo a noite toda? -ela me analisou

–Fiz a lição de matemática -cruzei os braços.

–Aham -franziu o cenho.

–É serio- procurei na mala e dei a folha.

–Thalia desde quando três ao cubo é um desenho da Sra. Dodds com chifres? -sacudiu a cabeça

–Isso é a mais pura verdade! -argumentei -na minha matemática

–Bem na minha matemática é 27 -ela sorriu -vamos, gênio.

Nos colocamos á andar. Annabeth do nada ficou distante, muda.

–Ok, o que você tem? -eu fiquei incomodada.

–Bem...Hoje é o dia...Dela -ela baixou a cabeça.

"Ela" era a mãe de Annabeth, Atena Chase.

Talvez você tenha ouvido falar dela, famosa arquiteta, péssima mãe. Annabeth não fala, mas sei que ela quer se tornar arquiteta por causa da mãe.

–Annie...-comecei

–Thalia, por favor não! -ela segurou minhas mãos- quanto menos eu ouvir falar, menos vou ficar assim!

–Tudo bem, Annabeth -eu olhei em seus olhos e a imagem de Annabeth criança com chaupezinho de festa, olhando para porta e com uma esperança da mãe voltar a sua vida se tornou real.

Foi uma cena de cortar o coração, até para mim.

Eu á abracei e esperei passar todas as forças que ela precisaria.

–Obrigado Thalia -ela sorriu -você é uma boa amiga, de vez em quando.

–Obrigada Loira, você também não é nada mal -eu sorri

Mesmo que Annabeth fizesse qualquer coisa, eu tinha certeza, que estaria ao lado dela.

–------Pov Percy------

–Tyson pare! -eu disse

Eu tentava fazer o pestinha entrar na creche, mas a cada tentativa ele gritava mais.

–Eu não quero! -ele gritou

–A vida não é fácil -eu disse tentando fazer, ele desgrudar do banco do carro.

Todos os pais olhavam em minha direção, como se eu estivesse matando a criança...Bem, eu gostaria....Cadê minha mãe nessas horas?

–Tyson! -eu gritei

–Não! -ele se agarrou ao volante do meu carro e agora a buzina tocava.

Ótimo! Agora todos olhavam mesmo.

–Tudo bem, eu te dou 5 dólares e mais nada -tentei persuadir, errado eu sei.

–Você acha que eu vou comprar o que com isso? Uma bala? -ele riu

Eu respirei fundo, já estava atrasado

–Tyson? -uma menina de cabelos ruivos e olhos escuros se aproximou.

–Ella? -Ele se soltou da buzina e foi para fora do carro.

–O que você está fazendo? -ela franziu o cenho.

–Eu......Estava treinado a força do meu irmão -ele riu -sabe como é, se ninguém faz isso...

A menina riu e ele olhou para mim.

–Tudo bem, acabamos por aqui! -ele se ajeitou e colocou a mala nos ombros.

Tyson então seguiu a menina sem nenhuma palavra a mais.

Olhei para cena perplexo, mas decidi não argumentar.

Afinal nos éramos a família Jackson, e isso significava ser estranho.....

–------Pov Annabeth-----

Estávamos na aula de artes, o professor falava sobre as tintas e mostrava o que queria que pintássemos.

Até agora minha cabeça se concentrava na tinta azul que eu pintava, aquilo realmente era uma ótima distração.

Até que Percy chegou com pressa ao entrar, ele acabou escorregando na tinta de Jason que estava no chão e as tintas voaram e caíram em sua cabeça e na sua roupa.

A sala explodiu em risos, e ok, eu não culpo eles foi realmente engraçado.

–Sr. Jackson? -O professor ajudou ele á se levantar

–Estava fugindo do presídio ou o que? -Jason riu

–Muito engraçado Jason -ele riu irônico.

–Sr.Jackson, porque não vai...Se recompor -o professor analisou Percy.

–Sra. Chase, você se incomodaria de acompanhar o Percy? - o professor olhou para mim

Sacudi a cabeça e saímos da sala.

Percy e eu fomos aos banheiros de educação física, peguei uma toalha e molhei na água quente tentado salvar o preto do seu cabelo.

–Ridículo, hoje não é meu dia -resmungou.

–Talvez olhar para o chão fosse uma boa -eu sorri.

–Você não riu -ele fechou os olhos, enquanto eu molhava o seu cabeça.

–Há algum tempo eu não hesitaria -respirei fundo, me lembrando daquela Annabeth

Ele sorriu.

–Como você está? -olhou para mim

–Bem -eu suspirei

–Não minta -ele me olhou firme

–Percy eu...Estou explodindo ok? -afirmei -não reconheço mais ela, eu penso....Que ela...Se perdeu de mim de alguma forma e não resisti.

Eu olhei para o chão.

–Annabeth -ele pegou meu rosto -você não tem culpa

–Mas, eu nem tentei -sacudi o rosto

–Ela tomou suas próprias decisões, foi ela que se perdeu de você -então ele me abraçou

Eu o abracei com força e por fim disse

–Vamos! Ainda tem muito que limpar -analisei

–Está tão ansiosa para me ver sem camisa, Sra. Chase? -ele sorriu

–Não...Não foi isso o que eu quis dizer -eu corei

Ele riu e me beijou

–Está tudo bem, Sabidinha -ele me beijou de novo

–Eu amo quando você fica vermelha

–---Pov Percy----

Era a hora da saída e eu esperava Annabeth na porta da aula de geografia.

–Ei! -cumprimentou Leo ao lado de Jason

–O que você quer? -cruzei os braços

–Calma! Eu vim em paz -ele ergueu os braços -quero me desculpar

–Pelo?

–Por ter falado de Annabeth, você sabe...Eu não sabia que vocês se gostavam....Me desculpe -ele respirou fundo

–Leo, não vou mentir, você é um idiota quando quer -resmunguei

–Mas, eu sinto a falta do palhaço da turma -sorri

Ele sorriu de volta

–Amigos? -ele estendeu a mão

–Amigos -apertei sua mão

–Bem agora que está tudo resolvido...Nos vamos jantar com a Calipso e a Piper...Quer vir? -Jason perguntou

–Não, eu tenho que fazer algumas coisas antes...-eu olhei para porta de educação física

Jason sorriu e foi embora.

–Está apaixonado mesmo não é? -Valdez brincou -cabeça de alga

–Valdez,você não tem jeito! -eu ri

Ele riu e foi embora, atrás de Jason.

As pessoas começaram a sair da aula e Annabeth abriu a porta, conversando com Thalia. Quando ela me viu, veio em minha direção, ela estava claramente incomodada.

–Pronta? -perguntei, estendendo minha mão.

Ela respirou fundo e por fim pegou minha mão.

–Pronta

Fomos juntos até o lado de fora e do nada uma mulher de óculos escuros gritou:

–Annabeth! -ela então veio em nossa direção e abraçou Annabeth

Já a garota parecia desconfortável.

–Oi...Mãe -ela hesitou na palavra.

–Como você cresceu- a mulher sorriu.

–Mãe...Este é Perseu Jackson- Annabeth olhou para mim

Eu sorri para a mulher. Já ela retirou os óculos e me analisou de forma estranha como se eu fosse um prato que ela queria devolver.

Os olhos dela era cinzas iguais ao de Annabeth, seu cabelo era de um tom castanho escuro e ela parecia chique com roupas de marca, sua postura deixava claro que ela não pertencia aquele lugar á muito tempo.

–Sr. Jackson -ela esticou a mão, o desconforto era visível -sou Atena Chase.

–É um prazer -apertei sua mão

Logo ela retirou- se do aperto e pegou uma sacola que estava aos seus pés.

–Um presente -ela sorriu para a filha -pelo seu último ano

–Obrigada, mas não preciso

–Ah que isso! -a mãe sorriu -seu pai falou que você ia gostar.

Annabeth remexeu na sacola e pegou um retrato de Annabeth bem pequena com a mãe. A garota me olhou buscando apoio e á encorajei com o olhar.

–Preparei um grande dia á sós -a mãe olhou para mim, como se aquela frase fosse clara o suficiente.

–Não -anunciou Chase -Percy vai junto!

–Mas, hoje é nosso dia -gesticulou a mulher para o carro estacionado

–Nada disso! -Annabeth sacudiu a cabeça -se Percy não for, eu não vou.

A mulher suspirou

–Tudo bem -ela se rendeu -vamos

Annabeth passou por ela e foi em direção ao carro.

Enquanto isso Atena me lançou um olhar como se falasse: "Eu não gosto de você, não pense que isso acabou"

–Percy? -Annie chamou

Eu passei pela mulher, seja lá o que eu tenha feito, ela já me odiava com todas as forças.

–---Pov Annabeth-----

O resto da tarde passou tão chata que vou resumir.

Minha mãe me levou á restaurantes, lojas e me comprou todo tipo de coisa, como se o dinheiro ocupasse seu lugar no meu coração.

Percy passou a tarde falando o mínimo possível e desconfortável, coitado, minha mãe tem esse efeito nas pessoas.

No fim da noite ela me levou a um restaurante francês que era esnobe e muito caro.

Minha mãe não me conhece mesmo, eu gosto de coisas simples, gestos simples desde que feitos de coração.

–...Acho que eu prefiro a lanchonete da esquina -anunciei

–Aquela coisa medíocre? Não! -ela riu, como se a minha sugestão em si fosse um absurdo -hoje é nosso dia!

O silêncio predominou enquanto olhava os cardápios evitando qualquer contato visual.

–..Vou no banheiro -Percy se retirou na mesa.

Não devia ter arrastado o menino para esse pesadelo, bem...Compenso depois.

–Você acha que ele é bom o bastante? -minha mãe falou, sem rodeios.

–Como assim? -olhei para ela

–Ele parece tão...Desleixado...Tão inferior -analisou

–Quem você pensa que é para julgar ele? -fechei o cardápio e olhei em seus olhos.

–Annabeth, esse menino vai abaixar seu rendimento escolar -ela me olhou de volta -e quebrar seu coração

–E o que VOCÊ tem haver com isso? -gesticulei

–Sou sua mãe -ela rosnou -e não gosto dele

–Que bom que você não gosta -eu cuspi as palavras -porque isso mostra o quanto somos diferentes.

–Annabeth Chase, sou sua mãe! -ela soou na defensiva.

–Serio? Desde quando você faz o papel? -joguei na sua cara

–O que você está querendo dizer?

–Que a tarde toda você vem me dando presente que eu odeio e tentando me mimar de um jeito que eu não suporto -falei com raiva.

–Mas...Eu...Pensei.... -ela hesitou

–Pois pensou errado -eu fiquei de pé, chamando a atenção do restaurante -você me perdeu a muito tempo

–Mas...Eu amo você -ela lacrimejou

–Então porque você me abandona? Onde estava você quando eu precisei? -eu perguntei algo que estava na minha cabeça desde muito tempo

–Desde daquela maldita festa de aniversario você me perdeu -as lágrimas saíram -desde que você me trocou pela vida de luxo

–E agora você quer que eu largue a pessoa que me tirou da vida miserável que eu estava tendo? -mais lagrimas saiam - que tipo de mãe é você?

–Annabeth...-ela sussurrou

–Me deixe em paz...Se é uma coisa que você me ensinou -eu limpei as lagrimas -é que não quero ser igual á você.

Eu deixei as sacolas na cadeira ao lado e o porta retrato na mesa.

–Annabeth -ela sussurrou novamente.

–Ah! Por favor! -eu deixei a mesa -vá para sua viagem e volte a sua política de não se importar.

–Você é a melhor nisso! -falei enquanto saia do restaurante.

Chovia lá fora e enquanto eu andava, senti uma mão puxar a minha.

–Annabeth? -era Percy -você está bem?

–Eu vi...-seus olhos enxergavam a dor dentro de mim.

Eu não confiava em minha voz, então sacudi a cabeça.

Ele me abraçou e aquilo era tudo que eu precisava a minha vida toda, alguém que se importava.

–Eu tenho orgulho de você -ele olhou nos meus olhos -essa pessoa no restaurante...Foi incrível, sabidinha.

–Eu não me sinto incrível -eu solucei

–Mas, você é -ele sorriu -a pessoa mais incrível do mundo

Ele me beijou

–Agora vamos á lanchonete da esquina -ele riu -porque esse é o nosso dia!

Eu sorri e ó beijei de novo.

–Como você quiser, cabeça de alga.

Eu limpei minhas lágrimas e olhei para o restaurante onde a mulher que devia ser minha mãe estava...Então ergui a cabeça e segurei a mão de Percy.

Eu não posso mudar meu passado, mas posso esquecer e começar meu futuro.