Dois dias depois...

Hoje é segunda-feira, significa que hoje tem aula. Argh! Porque existe a segunda-feira? Só para complicar a vida das pessoas, imagino. Meu fim de semana não havia sido um dos melhores. O León não atende as minhas ligações, não responde minhas mensagens, não responde meus e-mails. Eu tinha que falar com ele, mas ele não queria.

Neste exato momento eu estava no Studio, tendo uma aula do Pablo, que no caso, é a última hoje! Eu fazia uma contagem regressiva na minha mente para o sinal tocar, eu queria mesmo sair dali. Quando o sinal tocou, todos saíram da sala, inclusive eu. León passava por ali, mas quando me viu se aproximou de um garoto que nem é da mesma turma que ele. Ignorei e fui pra casa.

(...)

Eu não sabia se o León ainda ia se encontrar comigo, mas mesmo assim resolvi me arrumar. Quando eu estava quase pronta, recebo uma mensagem dele:

“Não precisa ir se encontrar comigo hoje. Pensei em marcar outra data, mas não. Deixa as coisas do jeito que elas estão.”

Sério mesmo que ele fez isso? Senti uma lágrima cair sobre meu rosto. O León está assim por minha culpa. Ele me evita, não atende minhas ligações, não responde meus e-mails e mensagens, e quando responde é para cancelar o nosso encontro. Eu provoquei tudo isso, tenho todo o direito de chorar. O León está certo, é melhor deixar as coisas do jeito que estão. Troquei de roupa, peguei o livro “A Elite”, deitei na cama e comecei a ler.

Eu estava lendo o capítulo 7, em que a família das garotas chegava ao palácio. Uma frase me chamou a atenção:

“O amor é um medo belo.”

Quando me cansei de ler, botei o livro na cabeceira e comecei a pensar sobre o que estava acontecendo. O que eu devo fazer pro León me perdoar? Seja lá o que for ele vai me perdoar? Há dois dias quero encontrar respostas para essas perguntas, mas não consigo. Meus pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu na porta do meu quarto.

– Quem é? – Perguntei com a voz rouca.

– A Ludmila! – Ela disse abrindo a porta.

– Ah, entra! – Falei me sentando.

– Porque ainda está assim? Faltam dez minutos para as quatro, você já deveria está pronta. – Ela perguntou me fitando. – Vamos levanta! Eu te ajudo a... – A interrompi.

– Ludmila não vai ter mais encontro. – Falei com expressão séria.

– O que? Vocês adiaram? – O queixo dela caiu.

– Não, não vamos nos encontrar nem hoje, nem amanhã, nem nunca!

– Mas por quê? O que aconteceu? – Ela perguntou preocupada, ela sentou na minha frente.

– Por nada Ludmila. – Menti.

– Como por nada? Ele nunca foi esse tipo de pessoa, ele nunca faria isso! Vai me fala, o que aconteceu?

– Nada, e o problema é justamente isso, não aconteceu nada!

– Não Violetta, aconteceu sim! Eu sei que ele não terminou comigo só por causa daquilo, também foi por você. – Ela segurou minha mão.

– O León tinha mil motivos para terminar com você, e pode acreditar que nenhum deles era eu.

– Violetta, a mais culpada dessa história toda não é você nem ele, sou eu.

– Como você?

– Se eu não tivesse feito o que fiz, se eu não tivesse brincado com ele, talvez vocês já estivessem juntos faz tempo. – Ela sorriu. Parecia ser um sorriso verdadeiro.

– Ou não. – Baixei a cabeça.

– Como não? Ele gosta de você e só pelo jeito que ele te olha e sorri quando está com você dá pra ter certeza disso. – Ela apertou minha mão.

– Eu pensei que nunca ia te ouvir dizer isso pra mim. – Brinquei.

– Bom, chegou a hora de tratar como minha irmã, não é? - Ela sorriu.

– Obrigado! – Abracei-a.

Depois desse abraço, conversamos mais um pouco e logo a Ludmila saiu. Ultimamente ela tem me tratado com mais carinho, e eu não sabia se isso era bom ou não, mas de uma coisa eu sei, eu tinha que lutar pelo León. Amanhã assim que o encontrar vou falar com ele. Uma vez ele me disse para enfrentar o medo e perder a vergonha, então é exatamente o que vou fazer.

– Já teve um namorado? - Ele sorriu

– Nunca. Mas já gostei de um garoto quando tinha catorze anos. - Falei triste.

– Ah, porque não puderam estar juntos? Ele não sentia nada por você? - Ele não me olhou triste, mas sua voz já indicava tudo.

– Não sei, nunca pude dizer a ele o que eu sentia.- Pus minha mão direita em cima da mesa.

– E o que aconteceu depois? - Ele colocou sua mão em cima da minha.

– Ele tem uma namorada agora. - Sorri fraco

– É preciso enfrentar o medo e perder a vergonha para não perder quem ama.- Ele aconselhou

– Mas eu já perdi, exatamente por isso! - Concentrei-me em nossas mãos.

– Nunca é tarde! Vai chegar o dia em que você vai poder dizer isso, cara-a-cara com ele. - Ele disse

– É mais fácil uma galinha ter dentes e uma cobra ter braços do que esse dia chegar! - Revirei os olhos

Estou determinada a lutar pelo Léon, precisava esquecer tudo o que havia passado. Eu preciso esquecer o que a Ludmila fez e parar de pensar em como tudo aconteceria se ela não tivesse feito.