Senti meus olhos marejarem. O León estava mesmo terminando comigo?

– É por ela não é? – Acusei a Violetta.

– Ela quem Ludmila?

– A Violetta! Ela quem me afastou de você, ela quem me tirou de você! – Acusei

– Ludmila, não é por ela nem por ninguém! Você que foi se afastando de mim... – Ele falou, mas eu o interrompi.

– Eu que me afastei de você? Totalmente o contrário! Você quem quis se aproximar dela. Queria tanto conhecê-la e acabou se afastando de mim. O que ela tem que eu não tenho?

– Tudo! Começando pela sinceridade e inocência que você não tem. – Ele falou grosso.

– Sinceridade? A Violetta te escondeu durante quatro anos que gostava de você, e agora você vem me falar de sinceridade?! – Achei injusto.

– Ah é Ludmila, ela escondeu isso de mim. Mas pelo menos ela não mentiu durante anos pra mim, como você fez. Eu não sabia dos sentimentos dela por mim, nesse caso, não há porque não perdoá-la. Mas você, que mentia ao dizer que me amava, eu não posso perdoar. – Ele suspirou e saiu, me deixando sozinha. Senti algumas lágrimas caírem sobre meu rosto.

Então é assim? Três anos perdidos? Como ele tem a coragem de fazer isso? Ah, claro! Pela Violetta ele faz tudo. Se eu descobrir que ele terminou comigo por causa dela, eles dois nunca vão viver em paz, ou não me chamo Ludmila! Eu sentia raiva e tristeza ao mesmo tempo, por culpa deles. Mas eu não posso me sentir derrotada. Eles conseguiram me fazer chorar, mas eu não vou deixar isso passar barato.

– Eles vão pagar caro por isso! – Pensei alto. Enxuguei as lágrimas e voltei pra casa.

León:

Acho que tomei a decisão certa, eu não aguentaria passar mais tempo com a Ludmila. Mas não sei, ela parecia realmente mal. E se ela mudar por isso? O que vai acontecer depois? Ah, León para de pensar assim. Você deu milhões de chances para ela mudar, porque ela mudaria só agora? Sai dos meus pensamentos. Eu precisava me distrair, e eu já sabia como. Peguei meu telefone e mandei um sms pra Violetta.

Violetta:

Eu estava tentando criar coragem para ler um dos livros que o León me dera – mesmo não sabendo quais eram – Mas eu só conseguia pensar no quanto a Ludmila estava mal, e também no beijo de ontem à noite. Eu nunca tive tanta certeza do que eu sentia depois daquele beijo. Meu celular tocou. Olhei no visor, era um sms do León:

“Preciso de você!”

“Mas pra quê?” Respondi o sms dele.

“Vai à janela do seu quarto que eu te respondo!”

Mas na janela? Abri a janela do meu quarto e ele estava lá fazendo gestos para que eu descesse. Desci.

– Violetta aonde você vai? - Ludmila perguntou assim que eu abri a porta da sala.

– Você não estava se encontrando com o León?

– Mas eu já cheguei! Aonde você vai? – Ela perguntou outra vez.

– Vou à casa da Francesca, ela já deve está me esperando! – Menti e sai.

Assim que fechei a porta corri até onde o León estava.

– Não vai entrar? – Perguntei.

– Não, porque você vai vir comigo. – Ele falou assim que me viu.

– Mas pra onde? – Perguntei curiosa.

– Só vamos caminhar um pouco, também quero conversar com você! – Ele falou apontando para o portão.

Caminhamos em silêncio até o portão, e ainda passamos mais um tempo em silêncio após sairmos da casa.

– Então, sobre o que quer conversar comigo? – Perguntei quebrando o silêncio.

– É que desde ontem eu não consigo parar de pensar naquele beijo. Não sei, foi tão inesperado. – Ele falou.

– Eu também não. – Falei baixo.

– O que disse? – Ele não escutou.

– Nada, nada!

– O que achou dele? Digo você gostou do beijo? – Ele perguntou.

– Ah, sim! Gostei muito, acho impossível conseguir esquecê-lo. – Sorri e ele retribuiu.

– Por quê? – Ele perguntou curioso.

E agora? Eu falo ou não?

– É que foi... – Não conclui por que fui interrompida por ele.

– Seu primeiro beijo? – Ele perguntou e eu assenti. Ele falou algo, mas foi tão baixo que eu não pude escutar.

– Como? - Perguntei me referindo ao que ele tinha falado.

– Nada, nada!

– E o nosso encontro? – Parei de caminhar.

– Bem lembrado! Só estamos caminhando um pouco, ainda temos um encontro para marcar. Ele me puxou pela cintura e me deu um selinho rápido. Senti minhas bochechas corarem.

– León! – Dei uma tapa no seu ombro, suas mãos ainda estavam em minha cintura.

– Que foi? – Ele sorriu.

– Que tal segunda-feira à tarde? – Falei me referindo ao encontro.

– Perfeito, não tenho aula mesmo nesse horário. – Ele falou debochado.

– Hm, e para onde vamos? – Perguntei colocando minhas mãos por trás de sua nuca.

– Surpresa! – Ele falou e me deu outro selinho.

– León, nós não devíamos fazer isso! – Baixei a cabeça

– Porque não? – Ele perguntou.

– León, você namora... – Não conclui porque ele me interrompeu.

– Nós terminamos. – Ele falou levantando minha cabeça.

– Então só dá um tempo pra ela esfriar a cabeça, porque ela vai querer se vingar. Falo isso porque a conheço. – Pedi.

– Tudo bem. – Ele baixou a cabeça e me soltou. Fiz o mesmo. - Bom, eu te acompanho até em casa.

Sorri fraco.

León fez o que havia dito, me acompanhou até em casa. Ele passou o caminho todo calado, sequer falava alguma coisa. Quando chegamos, ele só deu um tchau, um sorriso fraco e saiu, eu nem pude responder por que foi muito rápido. Eu realmente tinha estragado aquele momento. Ele queria se distrair, queria esquecer o que havia passado com a Ludmila, e eu estraguei tudo!

León:

Eu achava que a Violetta sempre quis ter alguma coisa comigo, achava também que ela não ia se incomodar por eu ter terminado com a Ludmila. Mas aconteceu tudo ao contrário! Ela quer esperar até que a Ludmila esfrie um pouco a cabeça, ou seja, ela não quer! A Violetta gosta mesmo de mim ou só é mais uma invenção da Ludmila? Será que foi um erro terminar com a Ludmila? Eu só vou ter certeza do que a Violetta sente por mim quando ela tiver coragem o bastante para dizer isso olhando nos meus olhos. Ela seria capaz de fazer isso? Meus pensamentos foram interrompidos quando o meu telefone tocou, eu não queria falar com ninguém, então deixei tocando. O celular tocou mais uma vez, deixei-o tocando e sai do meu quarto.

Violetta:

Liguei várias vezes para o León e ele não atendeu. Ele não queria mesmo falar comigo. Eu achava que ele não ia se incomodar, mas ele se incomodou. Ele não é meu, mas eu já o perdi. O perdi porque sou orgulhosa. Pensei mais nas lágrimas da Ludmila do que na minha felicidade. Não sei se o que eu fiz foi certo, mas eu estou arrependida. Então, fui ler um dos livros que o León me dera. Abri a embalagem e era “A Elite”. Como eu não estava nem um pouco ansiosa para ler esse livro, abri-o e comecei a ler.

“Quando vemos as estrelas mais de perto, percebemos que na verdade elas têm cores diferentes”.

– Maxon

Maxon e America estavam observando as estrelas no jardim do palácio, então me lembrei da noite em que eu e o León fazíamos o mesmo.

– O que foi? – Ele perguntou quando me viu olhar o céu.

– Costumo observar as estrelas, elas são sempre as mesmas. Umas costumam brilhar mais e outras são tão ofuscadas que nem se vê. – Voltei o meu olhar ao León. – É como se as estrelas ofuscadas fossem eu, e as mais brilhantes fossem a Ludmila. – Comparei

– Sempre se sentiu uma estrela ofuscada?

– Nunca me senti uma estrela ofuscada, eu sou uma.

– Mas em um lugar muito longe, muito longe, mas muito longe... – O interrompi

– Nossa como é longe! – Brinquei – Continua! – Sorri fraco

– Não existe estrela ofuscada! As estrelas que nós chamamos de ofuscadas podem ter mais brilho do que podemos imaginar.

Sai dos meus pensamentos e voltei a leitura.