Kingdom Falls escrita por Marina Schinger


Capítulo 6
έξι




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Após tirar aqueles malditos sapatos e descer e subir rapidamente todas as malditas escadas necessárias, encontrei-me em um dos corredores do castelo, perdida e ofegante. Eu não sabia para onde ir, eu apenas sabia que não queria ter de encarar Matteo tão cedo, então eu corri. Corri o mais rápido que pude, com os sapatos nas mãos, e desci mais um pouco de escadas. Céus, para que tanta escada em um só lugar?

Corri para fora do castelo, trombando em algumas serviçais e alguns outros soldados, mas sem me importar. Eu só queria sair dali o mais rápido possível. Assim que do lado de fora, respirei fundo algumas vezes e fiquei encarando a imensidão verde em minha frente, pensando no que fazer. Eu precisava ser rápida, antes que Matteo chegasse até mim.

Pisquei rapidamente, tendo uma idéia, e então corri em direção ao estábulo. Eu sabia que estava sendo covarde e idiota, mas eu não me importava nem um pouco. A onde é que eu estava com a cabeça? Beijar Matteo? Droga, Flora.

Como eu pude ser tão tola? Era cedo demais. Era errado demais. E daí que éramos casados? De que importava um casamento se ao menos tivemos uma única chance de nos conhecermos devidamente antes disso? Um beijo? Um beijo era para pessoas apaixonadas. Eu devia beijar quem eu amava. Eu devia beijar Dante.

Dante.

Senti meus olhos marejarem ao pensar no único homem a quem meu coração um dia bateu mais rapidamente.

Deus do céu, eu era uma traidora. Como se já não bastasse ter de me casar com alguém que não era ele, eu também tinha vontade de beijar este alguém. Como eu poderia conviver com essa ideia?

Pensei também em como os pensamentos de Matteo deviam estar no momento - confusos, conflituosos. Éramos amigos. Amigos não se beijavam; amigos se abraçavam e consolavam um ao outro. O que mais havia ali que eu não via?

Era cedo demais para qualquer outra coisa além daquilo que já havíamos imposto.

Ao chegar no estábulo, corri até meu cavalo. Luz. Este seria o nome dela. A minha Luz naquele túnel escuro e interminável que eu corria. Era como se não tivesse fim algum para que eu pudesse me deitar e pensar que tudo havia sido apenas uma fase.

Não me importei em colocar os objetos necessários para cavalgar, apenas me esforçei para montar e então corri dali. Quero dizer, não antes de ver Matteo parado há alguns metros de onde eu estava, olhando-me impassível.

Senti um aperto no peito, como se eu estivesse realmente fugindo de algo inevitável. E talvez fosse isso mesmo que eu estava fazendo. Estávamos casados, eu esperava o que? Cookies e chás da tarde, como eu faria com uma amiga de infância?

Matteo era meu marido. Era o meu futuro rei. Eu era sua esposa. Era o que eu devia aceitar.

Eu devia aceitar Matteo na minha vida como ela o havia me oferecido, mas por que isso parecia tão errado?

Fiz com que Luz corresse ainda mais rápido, a fim de despistar Matteo que eu sabia que já estava atrás de mim, mesmo sem ver.

Eu sabia qual era meu destino, por mais imbecil que fosse a ideia. Matteo me disse, na vez que me levara até o lugar, que a fonte era o local que eu tinha para me livrar de tudo o que me aflingia. Bem, aquele era meu momento, apesar de saber que não duraria muito, já que em breve ele se juntaria a mim.

Assim que finalmente cheguei, deixei Luz próxima a uma das várias árvores e fiz o mesmo trajeto que Matteo fizera no dia em que me levara até lá; subi a fonte, indo até a altura de suas estátuas e sentando-me em uma parte plana, deixando meus pés descalços suspensos.

Antes que eu tivesse tempo para reconciliar meus pensamentos, o som de folhas secas sendo pisadas me alertou, e logo então Matteo estava há um metro de distância de mim, após deixar seu cavalo ao lado do meu.

Seus olhos cruzaram com os meus e então eu senti um aperto em meu peito novamente, como se meu coração pudesse esfarelar-se a qualquer segundo daquele momento em diante. Sua expressão, apesar de ainda impassível, continha um vestígio de preocupação e confusão, seus olhos brilhando em minha direção, como se me questionassem por si só.

Matteo rapidamente veio até mim, escalando a fonte com agilidade, e sentou-se ao meu lado, da mesma forma que havíamos nos sentado no outro dia, apesar de estar um pouco mais distante agora. Não só física, como emocionalmente. Pelo menos era o que ele parecia demonstrar.

– Me desculpe - Eu sussurrei antes que ele começasse a falar, olhando-o.

Ele, que olhava para um ponto fixo em sua frente, desviou os olhos em minha direção, analisando-me atentamente.

– Está se desculpando por ter me beijado ou por ter fugido após ter me beijado? Ou pelos dois motivos? - Perguntou-me sem nenhum tom acusatório.

Engoli em seco e balancei a cabeça positivamente.

– Pelos dois, provavelmente.

Matteo sorriu sem humor e voltou a olhar o ponto fixo que encarava anteriormente, piscando os olhos lentamente.

– Não há pelo o que se desculpar. - Respondeu, desfazendo-se do sorriso e voltando à sua expressão impassível inicial.

Quis imediatamente saber o que se passava dentro de sua cabeça e, antes que eu pudesse perguntar, ele começou:

– Não sei se sou muito bom em demonstrar o que sinto em relação às coisas, mas sei quando eu demonstro. Eu acho.

Eu o olhei esperando que me olhasse de volta, mas isso não aconteceu. Seus olhos estavam perdidos em um ponto abaixo de nós, suas sobrancelhas agora arqueadas.

– Eu estou sentindo, sabe? Eu não sei o que é, na verdade, eu só sei que estou sentindo. - Ele continuou, perdido em pensamentos, como se falasse para ele mesmo, e não para mim. Como se ele estivesse confessando alguma coisa para si mesmo; como se eu ao menos estivesse ali, ao seu lado. - É meio intenso, para ser sincero. Talvez não seja o suficiente para você, ou talvez até seja cedo demais para que alguma coisa intensa cresça aqui, entre eu e você. Nós dois. Mas eu realmente sinto.

Matteo piscou debilmente e virou o rosto em minha direção, fixando seus olhos, agora objetivos, nos meus.

– Por mais que talvez não seja o suficiente para você, ou que seja mesmo cedo demais...ou que você ao menos soubesse o que eu realmente estou sentindo... - Ele pareceu desconfortável por um momento, engolindo em seco. - Você não tem o direito de fazer isso. Você me beijou, Flora, e eu senti ainda mais.

Pisquei rapidamente, tentando digerir suas palavras. Era como um tapa na cara. Talvez pior. Suficiente.

O que era suficiente para mim? Eu também estava sentindo. Mas o que era aquilo? O que era sentir aquilo?

Sem aguentar, desviei os olhos dos seus, minha visão embaçada por causa das lágrimas acumuladas ali. Bem, eu era uma fraca.

Esquecer seus sentimentos por Dante é o melhor a se fazer, porque assim você abrirá espaço para seus deveres como Rainha e para sua relação com Matteo.

Lembrei-me das palavras de Betta, que sempre sabia o que me dizer. Como eu deveria esquecer meus sentimentos por Dante? Será que, aos poucos, isso já estava acontecendo?

Era como se um grande espaço, que antes vazio, agora era ocupado por Matteo. Devidamente ocupado. Como se fosse uma marcação de território. Talvez eu estivesse fechada e cega, sem ver o que acontecia diante de meus olhos.

Cedo demais.

Era cedo demais. Eu havia estragado tudo. Eu não estava pronta para ouvir as palavras ditas de Matteo, assim como sabia que ele também não estava pronto para dizê-las. Eu havia agido por um impulso sentimentalista e agora havia nos colocado em uma situação tão constrangedora quanto os nossos votos.

– Diz alguma coisa, pelos Deuses - Ele suplicou, a voz aflita.

Engoli o choro com dificuldade, e assim que as lágrimas foram embora, eu o olhei novamente, deparando-me com seus olhos famintos por palavras, cravados em meu rosto.

– Eu já percebi que o que você guarda aí - Matteo voltou a dizer e apontou para meu peito, referindo-se ao meu coração. - pertence a outro alguém. Não quero tomar seu lugar, só preciso de um espaço aí dentro também. Não sei como é sentir isso, mas tenho uma noção de que a partir do momento que sinto, devo pelo menos tentar ocupar um lugar por aí.

Eu sorri fracamente com a escolha de suas palavras e segurei sua mão entre as minhas, apoiando-as em meu colo.

– Você não precisa se preocupar com isso. - Murmurei com a voz embargada, olhando-o carinhosamente.

Carinho. Carinho era o substantivo certo para a ocasião, uma vez que ainda não haviam outros para descrever o que havia ali, entre nós dois.

Matteo sorriu timidamente, postando sua mão livre sobre as minhas que seguravam a sua outra.

– Seu nariz fica vermelho quando você segura o choro. - Comentou ele em voz baixa, ainda sorrindo.

Eu dei uma risada baixa, que logo se tornou escandalosa o suficiente para ecoar por entre as árvores do bosque; Matteo me acompanhou, mesmo que mais controlado.

– Você é adorável - Ele disse espontaneamente, entre risos.

Eu parei de rir imediatamente, piscando os olhos rapidamente em sua direção. Ele também percebeu sua espontaneidade e também parou de rir, os olhos fixos em meu rosto. Para meu espanto, não senti minhas bochechas corarem, mas senti o nervoso florescer em meu estômago, surpresa por Matteo ser tão espontâneo e involuntário quanto ao que dissera. Tão sincero.

Ele apertou suas mãos nas minhas e então se aproximou lentamente, os olhos baixos em direção aos meus lábios, mas logo fixos em meus olhos novamente, pedindo permissão quanto ao que vinha a seguir. Pisquei-os debilmente antes de umedecer os lábios com a ponta da língua e também me aproximar, confirmando seu pedido.

Sua mão livre foi até uma de minhas bochechas e a acariciou lenta e delicadamente, seus olhos fechando-se em seguida, assim como os meus. Eu não saberia descrever a sensação que se apossou de meu peito quando seus lábios tocaram os meus de uma forma tão delicadamente carinhosa, como se tivesse medo que eu me afastasse novamente.

Como eu poderia me afastar?

Pressionei meus lábios contra os seus e os entreabi em seguida, permitindo-o que finalmente intensificasse o beijo, como ambos queríamos. Meu coração disparou quando sua língua tocou a minha - tão sabiamente, tão delicada.

Sua mão que antes tocava minha bochecha foi até minha nuca, puxando meu rosto ainda mais contra o seu, como se fosse possível que nos fundíssemos um ao outro.

Cedo demais ou não, naquele momento eu não ligava. Tudo o que me aflingia antes já não estava mais ali.

Os lábios de Matteo eram a minha perdição; meu grito por misericórdia. Eram, agora, a paz que eu procurava quando me encontrava perdida em conflitos internos. Era como se pudessem fazer com que todos os problemas no mundo evaporassem como água. Era como se, a partir do momento em que estavam juntos aos meus, nada ao meu redor existia mais; como se existisse apenas nós dois, flutuando em uma nuvem solitária pelo céu imensamente azul.

– Você é um labirinto - Ele murmurou contra meus lábios após partir o beijo - que me atrai de uma forma que nenhum outro algum dia me atraiu. Um labirinto que me deixa perdido em meus instintos mais desconhecidos por mim mesmo.
Eu sorri, ainda de olhos fechados e com a boca colada na sua.

– Você é um galanteador, Alteza. - Repeti as mesmas palavras de alguns dias antes, fazendo-o rir baixinho.

– Faço o que posso, princesa. - Sussurrou ele e então eu abri os olhos, vendo-o encarar-me intensamente.

Um arrepio percorreu toda minha espinha, fazendo com que minha respiração falhasse por um momento.

– Posso te beijar o tempo todo? Todos os dias? - Matteo perguntou com a voz baixa, depositando beijos delicados em meu pescoço, causando-me ainda mais arrepios.

– Controle-se, Majestade. - Eu o afastei com as mãos em seu peito, sorrindo divertida.

Ele resmungou alguma coisa e se levantou rapidamente, pulando onde antigamente ficava a água da fonte. Arregalei os olhos, surpresa. Era relativamente alto.

– Vai dizer que aprendeu isso com seu pássaro? - Debochei, também me levantando.

Matteo deu uma risada gostosa, como uma criança, inclinando a cabeça para trás.

– Você sabe, antigamente existiam os circos. - Ele comentou entre risos enquanto recolhia as folhas secas do local em que estava, jogando-as para o lado de fora, como se estivesse limpando. - E nos circos existiam os palhaços. Não sei se você sabe, mas eles serviam para entreter o público e fazer com que se divertissem o suficiente para chorarem de rir.

Arqueei as sobrancelhas e coloquei as mãos na cintura, olhando-o desafiadoramente.

– Quer chegar em algum lugar com isso, Majestade?

– Bom, você certamente trabalharia em um circo caso vivesse naquela época.

Dei uma risada alta e desci a fonte, dando um tapa em seu braço assim que me aproximei o suficiente dele.

– Idiota!

– Palhaça! - Ele retrucou, rindo ainda mais alto que eu. - Seu nariz ainda está vermelho, a propósito, talvez você tenha nascido para isso, afinal.

Fiz uma cara enfezada, cruzando os braços sobre meu peito.

– Ah, não me venha com essa cara. Na verdade, você fica uma gracinha assim. Não adianta de nada.

Antes que eu pudesse retrucá-lo com algum palavrão que me veio a mente, ele me interrompeu estalando os dedos em minha cara.

– Vamos, Alteza, mexa esse seu corpo e me ajude com isso aqui. - Ele voltou a recolher as folhas e jogá-las do lado de fora da fonte, limpando-a.

– Por que você está limpando a fonte? - Perguntei, sem me mexer, na verdade.

Nós estamos limpando a fonte para vermos se encontramos algumas moedas.

– Vai fazer a feira e o dinheiro está em falta? - Debochei mais uma vez, rindo em seguida.

Ao invés de responder, Matteo revirou os olhos e segurou meu rosto entre suas mãos, colando seus lábios nos meus novamente, surpreendendo-me.

– Você fala demais - Ele sussurrou após se afastar, voltando a sua suposta limpeza.

Fiquei atordoada por um momento, mas balancei a cabeça rapidamente, acordando-me, e então comecei a ajudá-lo.

De momento em momento eu o olhava, todo concentrado no que fazia, um sorriso discreto no canto de seus lábios, talvez percebendo que eu o observava. Não me importei, para ser sincera. Eu queria observá-lo o tempo todo, se possível. Queria observá-lo e esquecer de todo o resto que complicava o que eu vivia agora.

– É o que temos para a feira - Ele falou assim que terminamos, erguendo duas moedas.

Uma delas era a que ele jogara no primeiro dia em que me levara ali. Eu sorri, pegando-a de sua mão e subindo novamente na fonte. Virei-me de costas para o lugar onde Matteo se encontrava, fechei os olhos e, focando todos os meus pensamentos em um só pedido, joguei a moeda para trás.

Assim que o fiz, olhei para o mesmo destino e flagrei Matteo sorrindo carinhosamente em minha direção, satisfeito com minha atitude. Eu retribuí o sorriso, um pouco mais tímida, sentindo meu coração se acelerar mais uma vez.

Talvez, apesar dos pesares, aquele fosse um novo começo. Talvez aquele momento fosse o instante em que nos casamos de verdade.

***

Deitei com uma sensação imensa de alívio, como se um grande peso havia sido retirado de minhas costas.
J

á se passava da meia-noite e eu ainda podia sentir a doçura dos lábios de Matteo nos meus, como se nunca deixassem de me tocar. Involuntariamente, levei os dedos de uma de minhas mãos até a boca, tocando-a suavemente, lembrando de cada segundo do dia. Turbulento o suficiente para fazer minha cabeça uma confusão, mas esclarecedor o suficiente para me deixar de bem. Apesar do que ainda se encontrava dentre o que estava acontecendo, eu me sentia parcialmente aliviada e alegre.

Talvez fosse esse o efeito dos beijos de Matteo. Eu não me importaria se ele quisesse me beijar sempre - isso poderia ser o meu remédio. Meu antítodo para dores de cabeça.

Quando fechei os olhos a fim de finalmente tentar dormir, duas batidas na porta me impediram, e logo Matteo apareceu no quarto, fechando a mesma atrás de si. Ele veio até mim, ajoelhando-se ao lado da cama, seu rosto bem próximo ao meu. Incapaz de me mexer, continuei deitada, debaixo das cobertas, os olhos fixos e presos aos dele.

– Não consigo dormir. - Ele sussurrou lentamente, apoiando os braços na cama.

Com uma breve olhada pude perceber que ele vestia roupas de dormir - uma camisa de flanela branca e uma calça preta do mesmo tecido, seus pés descalços e brancos em contraste com o piso acinzentado. Apesar de escuro, eu podia ver cada detalhe de seu rosto, sem deixar nenhum me escapar. Era como se eu já o conhecesse daquela forma o suficiente para saber tudo de cor.

– Nem eu. - Sussurrei de volta, ajeitando-me na cama de forma a olhá-lo mais confortavelmente.

– Eu poderia ser um clichê e te levar até o jardim para observar as estrelas - Sussurrou brincalhão, um sorriso divertido dançando em seus lábios. - Mas está muito frio. Você pode adoecer.

Dei uma risada baixa, encolhendo-me na cama, sem nunca desviar meus olhos de seu rosto - meu calmante. Era hipnótico, na verdade.

Matteo tinha uma beleza completamente diferente de todas as outras que eu já havia encontrado em algum garoto na vida. Não era um beleza comum e banal, como as que costumavam encontrar por aí; era diferente, exótica. Naturalmente fascinante. Cada detalhe de seu rosto era uma mina de fascínio, assim como seus olhos eram um abismo de intensidade. Cada olhar, cada brilho adotado ali, era intenso. Eu estava tão encantada quanto um lobo ficaria com uma bela lua acima de sua cabeça, chamando-o para a noite.

– Flora? - Sua voz, ainda em um sussurro, chamou-me parecendo distante.

Pisquei os olhos rapidamente, focando-os nos seus. Matteo riu baixo, apoiando o queixo nas mãos.

– Eu já disse que você se distrai muito fácil? - Ele perguntou com um sorriso nos lábios, seus olhos viajando pelo meu rosto.

Concordei vagamente com a cabeça, sorrindo timidamente.

– Por que você veio aqui, exatamente? - Indaguei baixinho, querendo me aproximar um pouco mais, mas controlando esta vontade.

Era um clima estranho, um território desconhecido, apesar de confortável e aconchegante. Era um paradóxo infinito, confundindo cada pedacinho de minha cabeça, mas acelerando cada mero batimento do meu coração.

Matteo sorriu maliciosamente divertido, erguendo as sobrancelhas, fazendo-me abafar um riso com as mãos.

– Não consigo dormir, já disse. - Respondeu ele.

– E aí resolveu vir me atrapalhar?

– Pelo o que eu bem ouvi, você disse que também não está conseguindo dormir. Você é bipolar, por acaso?

– Francamente, você veio aqui me insultar? - Sussurrei entre risos, meus olhos ainda fixos nos seus.

Era como se tivessem sido feitos para ficarem presos uns aos outros, em um cela de intensidade. Um arrepio repentino tomou conta de cada pedaço de meu corpo, e eu me encolhi ainda mais.

– Vim com a intenção de fazer muitas coisas. Te insultar não é uma delas. - Ele murmurou, seus olhos obtendo um brilho diferente; um brilho desejoso, como uma chama.

Senti minhas bochechas queimarem, assim como um calor queimou meu peito, inflando-o.

– Mas a verdade é que eu nem posso entrar aqui. Não sem a autorização de meus pais. - Confessou ele, aparentemente desapontado.

Ergui as sobrancelhas, confusa.

– Como assim?

Matteo fez uma careta e se sentou no chão, ainda com os braços apoiados na cama e o queixo apoiado nas mãos.

– Aparentemente, de acordo com as regras, nós não podemos ter relações sexuais até que sejamos Rei e Rainha. - Respondeu ele calmamente, como se testasse minha reação em cada palavra dita. - Palavras de meu pai.

Arregalei os olhos, desconfortavelmente constrangida. Relações sexuais? Bem, talvez fosse isso o que ele esperava de mim, no final das contas.

Engoli em seco, remexendo-me desconfortável na cama.

– Isso não quer dizer que eu vim aqui para transar com você, Flora. Não pense assim. - Ele me repreendeu, apesar de sorrir suavemente. - Só estou dizendo o motivo pelo qual não posso dividir o quarto com você.

– Você quer dividir o quarto comigo? - Perguntei antes que pudesse me controlar, um fio de voz.

Matteo sorriu largamente e se levantou, parado ao lado da cama, dando-me a entender que eu lhe desse um espaço para deitar ao meu lado. Foi o que eu fiz, sem hesitação alguma. Ergui o cobertor para que ele se deitasse, sem me importar com a camisola que eu vestia.

– Agora mais do que nunca. - Ele murmurou, olhando em meus olhos.

Sua mão colocou uma mecha de cabelo atrás de minha orelha e acariciou minha bochecha e meus lábios em seguida, fazendo com que eu fechasse os olhos involuntariamente.

– Mais do que nunca - Repetiu em um sussurro quase inaudível, colando os lábios nos meus.


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