Arte escrita por Lee Westwood


Capítulo 5
Escola


Notas iniciais do capítulo

Eu recomendaria ler esse capítulo escutando "Another me 'In Lack'ech", da minha banda preferida: Epica. Boa leitura.



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 Eu queria gritar qualquer coisa ininteligível, desde que eu gritasse. Nunca senti isso antes, de querer se libertar. Estranho, não? Eu nunca tive um aniversário, nunca se importaram de mostrar um mínimo de carinho ou afeto comigo, e ontem, tudo aquilo deve ter mexido comigo e com minhas lembranças.

 

Contudo, tudo que antes me irritava agora não tem efeito sobre mim. O que é esse tudo? Bom, vou contar. Essa escola é insuportável e as pessoas daqui também são. Os professores são mais inseguros que os alunos e quase ninguém os respeita. Quero fugir dessa incapacidade de alegrar-me com a gostosa sensação de aprender. As pessoas não se aquietam ou simplesmente fazem questão de atrapalhar o próximo. E o que me consome de raiva é saber que todos estão acomodados com essa situação.

Porém, o que tornava o dia tão alegre e me retirava abruptamente das trevas da minha mente era a esperança contida em meu coração que foi plantada por Louis e o Sr. Grag. Eu devo a eles tudo o que terei daqui para frente, até a felicidade.

 Envolto de boas esperanças e memórias, algo me traz a realidade. O sino irritante acabou de ser balançado e seu barulho lancinante chega aos meus ouvidos. Em dois tempos de 50 minutos, eu consigo pensar apenas no apadrinhamento do Sr. Grag em relação a mim, e o tempo parece que voa quando estamos tão radiantes.

O sino anunciava à hora do almoço, e com isso faltava mais três tempos para chegar à aula de Artes.

Quando chego ao refeitório apertado e abafado, todos me olham, pois minha calça está suja de tinta amarela. Meu pai me avisou sobre isso, mas não dei ouvidos pois essa quebra da tristeza me deixou muito aéreo nesse dia.

         Enquanto isso, eu comi uma refeição habitual que preparo todas as manhãs, e ela me satisfaz mais do que qualquer outra coisa que coma de manhã.

         O sino é tocado mais uma vez, e todos encaram, irritados, o zelador da escola que, coitado, não tem culpa pelo barulho reproduzido.

 

~ Três tempos depois ~

 

Sou afagado por uma doce nota dez que cai levemente em minha mesa. A professora olha para mim orgulhosa e pousa sua mão gentil em meu ombro e diz numa altura que somente eu pude ouvir:

- Tu és o melhor aluno que temos aqui. Continue assim! No final da aula eu converso contigo – e sorriu docemente. Aquele mesmo sorriso que eu tanto adorava – está fazendo muito barulho e aposto que mal consegue me ouvir.

E ela se foi, deixando-me ansioso. Eu gostava da professora Rosane. Ela era bonita, tinha uma voz doce e seus olhos sempre me atraíram. Sim, eu já tive uma paixão boba de aluno por ela, mas nunca passamos do Bom-dia.

         Louis estava ali, me olhando com aquela expressão de “eu sei o que você quer”. A única coisa que fiz foi esconder a minha face que naquele momento estava rubra.

 

         Final de aula e a classe ia embora com passos rápidos e pesados. Muitos estavam ali apenas por obrigação paterna, outros para ganharem pontos em matérias que necessitavam. Era para isso que servia as matérias extras naquela época: Encher o saco e ajudar a descomplicar o boletim escolar. Porém, alguns gostavam e até se divertiam nos únicos 50 minutos silenciosos que havia naquela localidade nos terrenos escolares.

         Enquanto todos se levantavam brutamente, eu esperava sentado a algazarra acabar para ir falar com a professora.

         Depois de terminado o esvaziamento da sala, eu me conduzi até a mesa da professora e ela introduziu antes mesmo que eu pudesse sentar na cadeira em frente a ela:

         - O pai de teu amiguinho Louis me contou o que ele vai fazer contigo e tenho que dizer que fiquei muito contente por tal atitude. – E sorriu docemente. – Pouquíssimas pessoas da nossa conturbada sociedade desses loucos anos 30 fazem coisas assim.

         - Estás certa, senhorita Roxanne. – E seus olhos azuis como o céu encontraram os meus, e eu senti meu rosto arder de vergonha.

         - Bom, Pinocchio... – ela deu um risinho sem graça ao me ver virar o olhar para a esquerda com um sorrisinho bobo em minha face. – Eu dou aula na Michael Davis e o Sr. Grag contara o quanto tu queres passar para lá. Estive pensando em como realizar esse desejo teu. – Nesse momento meus olhos brilharam visivelmente. – E eles aceitaram testar-te no final de semana, o que tu pensas sobre isso? Se quiseres tempo para pensar, tenho um horário livre amanhã de tarde. Tu podes dizer-me a resposta e no final dessa semana, nos encontramos em frente à Academia Michael Davis.

         Eu não sabia muito bem o que dizer, a única coisa que consegui fazer foi levantar-me vagarosamente e, com passos arrastados, chegar até a ela e abraçá-la.

         Foi o abraço mais espontâneo, mais sincero e mais intenso já dei para alguém. Eu simplesmente comecei a amar Roxanne naquele momento.

 

         “O Caminho da Felicidade começava a brilhar para mim e puxava-me como se fosse dente-de-leão em dia de ventos.” 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem.



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