POV Daniel

Hoje é 14 de fevereiro. Um dia que eu sinceramente odeio. O dia no ano em que eu sou mais perseguido. Tanto por garotas com quem já fiquei e que me querem de volta – o que não é surpresa, as que provam do doce sabor da minha companhia ficam viciadas – como por garotas com quem eu não fiquei, mas que querem um pouco da minha atenção. Mas, como nada é totalmente ruim, geralmente fico com as melhores garotas nesse dia, mas hoje eu não estava com vontade de ficar com nenhuma delas, eu não queria criar falsas esperanças em ninguém e apesar de achar esse meu pensamento extremamente estranho, resolvi respeitá-lo e evitar danos.

Assim que saí do meu quarto e cheguei na sala, vi uma pilha de caixas de chocolate na mesinha de centro. Esse ano elas começaram cedo, argh! Os meninos estavam sentados ao redor dela e começavam a separar parar cada uma para seu respectivo dono. Mesmo eu sendo o mais cobiçado do grupo, eles também têm as suas admiradoras.

– Bem ao que parece, até o momento o Duda tem 3 caixas, o Adriano tem 3, eu tenho quatro e o Dani tem 5. – Tom falou enquanto pegava suas caixas e examinava a qualidade de cada uma.

– Nathy, Cathy e Tathy. AAAARGH!!! – Adriano reclamou – Essas três malucas me perseguem, parecem três carrapatos.

– Horas, elas são suas admiradoras mais fiéis, aposto que quando a gente ficar famoso, elas vão ser as chefes do seu fã clube! – falei pegando as minhas cinco caixas e me jogando no sofá.

– Ouvi dizer que elas já estão criando um fã clube para você. – Duda falou, já com a boca cheia de chocolate.

– Mary, Kate, Ashley, Karen e Cindy. – falei lendo os nomes nas caixas – Não conheço as três primeiras, mas já fiquei com as duas últimas. – constatei.

Alguém bateu na porta e Duda foi ver quem era, um minuto depois ele voltou com outra caixa de chocolate nas mãos.

– Adriano, atualize sua lista. Agora você tem 4 caixas. – ele falou e Adriano se levantou em um pulo pegando a caixa das mãos de Duda, ele parecia estar com expectativa com alguma coisa.

– Kara K? – ele falou desanimado depois de ler o nome da garota e jogou sua caixa na pilha, junto com as outras que ainda estavam intocadas.

– Por acaso você está esperando uma caixa de alguém especial Adriano? – Tom perguntou e Adriano ficou mais vermelho que um camarão.

– Não me diga que você virou homem de uma garota só?! – Duda falou e quando ele ficou mais vermelho do que já estava, tivemos nossa confirmação. – MEU DEUS DO CÉU! VOCÊ TÁ APAIXONADO? – Duda perguntou aos gritos.

– Não exatamente apaixonado... – Adriano falou envergonhado.

– Quem foi a garota que conseguiu prender um dos nossos? – Tom perguntou curioso.

– Não é óbvio gente? – perguntei e eles me olharam como quem não entende – Dãã, é óbvio que a garota é a Carly, a amiga da Mabel.

– Como você sabe? – Adriano perguntou se entregando.

– Não disse?!

– Você tá apaixonado pela ruiva? Amiga da metida da Mabel? – Tom perguntou.

– A Mabel não é metida! – reclamei.

– Claro que não, imagina se ela fosse! – Ele falou sarcástico.

– Pessoal, eu não tô apaixonado. – Adriano falou exigindo atenção – Bem, na verdade eu não sei direito o que sinto por ela.

– Cara se você tem esperança de que ela te mande uma caixa, pode esquecer. – falei para ele.

– Por quê? – ele quis saber.

– Ela não parece ser uma garota que faça isso. – Tom falou.

– Exatamente. – confirmei – Mas por que você não dá alguma coisa para ela?

– EU? – Adriano perguntou surpreso.

– Não Adriano, sua avó! – eu disse sarcástico.

– Mas eu nunca fiz isso.

– Nenhuma garota fez você ficar assim antes. – Tom falou – Se gosta dela, deveria demonstrar.

– E eu coloco na porta dela? – ele perguntou.

– Não. Você entrega pessoalmente, no festival hoje. – eu disse – Mabel falou que a amiga delas Anna faz parte da organização, então tenho certeza que ela vai estar lá.

– Pessoalmente? – sinceramente, ele parecia um ratinho acuado pela forma como perguntou.

– É, isso mostraria para ela que é importante. – Tom falou.

– Eu concordo. – Duda se manifestou.

– Tá, mas o que eu dou pra ela? – ele perguntou.

– Tem um monte de caixa de chocolate aí perto de você. – Duda falou, que tapado!

– Tá doido Eduardo? Ele não pode dar para menina um presente que recebeu, seria totalmente deselegante com ela. – Tom reclamou.

– Sei lá, compra uma pelúcia para ela. – eu disse – Garotas adoram essas coisas.

– Tá! Eu vou lá comprar. – ele falou pegando as chaves e indo em direção a porta.

– ADRIANO! – gritei antes que ele saísse – NÃO SE ATRASE PRO FESTIVAL, É NOSSA PRIMEIRA APRESENTAÇÃO COMO THE FIGHTERS.

– EU SEI DÉBIL! – ele gritou de volta.

– Gente, é melhor nós irmos para o parque para verificar os instrumentos junto com os organizadores e garantir que dê tudo certo hoje. – Tom disse.

– Também acho, mas eles só vão fazer isso daqui uma hora e eu tô morrendo de fome. – falei me levantando e indo para cozinha preparar algo para comer.

POV Mabel

Eu e Jordyn tínhamos chegado da passagem de som a pouco mais de uma hora. Depois de colocar todas as flores, chocolates e pelúcias que estavam na nossa porta quando chegamos dentro de casa – apesar de não sermos muito populares, nós temos alguns admiradores -, tomamos banho e agora eu estava checando novamente minha roupa: um vestido cor-de-rosa claro com alguns desenhos abstratos vermelhos que ficava na altura dos joelhos, uma sapatilha com um pequeno salto, vermelha na parte de cima e preta embaixo. Eu faria alguns cachos no meu cabelo e prenderia a parte de cima com uma presilha vermelha em forma de coração, com umas pedrinhas brilhantes incrustadas. Tinha feito uma maquiagem leve, apenas para ficar bonita nas fotos e nas gravações, para minha mãe ver que eu estava cumprindo com suas condições.

Jordyn chegou já arrumada. Estava usando uma saia jeans branca e uma blusa regata vermelha colada que tinha o desenho de uma boca na frente. Seus cabelos loiros estavam soltos e lisos e sua maquiagem era um pouco mais forte que a minha, mas nada escandaloso. Ela estava absolutamente linda. Sexy sem ser vulgar.

– Bel você está linda! – Jordyn falou.

– Você também Jordyn! – respondi.

– Senta aqui, vou te ajudar com os cachos. – ela disse – Você tem que estar perfeita para a sua apresentação no festival, afinal vai ser a apresentação de abertura e o vídeo vai parar direto nas mãos da sua mãe.

– Totalmente sem pressão. – eu disse sarcástica.

– Você vai ser magnífica como sempre! – ela disse animada. Começando a enrolar meu cabelo.

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Ouvimos uma batida na porta. Aposto que eram Carly e Anna vindo nos apressar, o festival começava em uma hora e eu tinha que chegar lá quarenta minutos antes do início, para me preparar.

Jordyn foi abrir a porta e voltou com as meninas atrás, Anna vinha com uma cara furiosa.

– MABEL! – ela gritou meu nome – Como você ousa estar sentada nesse sofá? O festival vai já começar! Você é a primeira a se apresentar!!! – ela falou histérica, mas eu relevei pois ela devia estar bem nervosa com tudo isso, principalmente porque ela faz parte da organização e várias pessoas importantes vão para o festival, é uma oportunidade para todas nós, arrumar um emprego antes mesmo de estar formada.

– Fica calma Anna, eu ainda tenho vinte minutos. – falei, mesmo sabendo que estava só gastando saliva.

– CALMA? VOCÊ QUER QUE EU FIQUE CALMA? – ela falou aos berros – VAI TER O CARALHO A QUATRO DE GENTE IMPORTANTE AQUI HOJE E EU POSSO CONSEGUIR UM TRABALHO EM ALGUM FILME!! MINHA CARREIRA ESTÁ EM JOGO E VOCÊ QUER QUE EU FIQUE CALMA? – ela falou tudo em um fôlego só.

– Quero! – eu disse – Esse nervosismo só vai te prejudicar. – Anna está fazendo cinema, com especialização em efeitos visuais. Diferente de Carly, Jordyn e eu, ela não vem de uma família rica e seus pais fizeram muitos sacrifícios para conseguir que ela entrasse na FAMNY e ela morre de medo de decepciona-los.

– É amiga! Você fez um trabalho incrível e eles seriam idiotas se não te quisessem em suas equipes. – Carly falou a abraçando de lado.

– É verdade, mas para te acalmar nós vamos sair agora. – Jordyn falou me puxando pela mão.

– Tá bom! – falei por fim – Vamos logo.

POV Daniel

Eu estava no meu carro indo para o parque, mais especificamente para o local do festival. Os meninos já tinham ido e eu marquei de me encontrar com eles lá. Haviam várias barraquinhas montadas pelo caminho, com flores, chocolates, ursos de pelúcia, cartões... toda essa tralha que as pessoas compram no dia dos namorados. Eu estava ignorando todas elas como de costume, mas de repente uma delas me chamou a atenção. Não a barraca, mas uma coisa que estava nela.

Um pássaro de chocolate.

Me lembrei do dia no parque, quando eu e Mabel estávamos escutando uma música com esse nome. No dia da briga. Eu não tinha visto Mabel desde então – com exceção de hoje mais cedo na passagem de som, mas nós não tivemos a chance de conversar, então não conta – e eu me sentia culpado pele que tinha acontecido. Decidi que aquele presente seria perfeito para consertar o que tinha acontecido.

Parei o carro e comprei o pássaro. Eu sabia que não ganharia nada de Mabel – afinal ela não tinha motivos para fazer isso -, mas mesmo que ela tivesse dito que não estava chateada comigo, eu me sentia na obrigação de consertar tudo aquilo. Depois da compra voltei para o carro e segui meu caminho.

POV Mabel

Eu e as meninas chegamos no parque e assim como durante todo o trajeto, vimos várias barraquinhas vendendo coisas para o dia dos namorados. Mas em uma delas tinha alguns cartões que não eram de namoro. Como eu ainda tinha vinte minutos até a apresentação, fui até ela e examinei os cartões.

Um deles era um cartão com um pedido de desculpas.

Me lembrei da forma como tinha tratado o Daniel depois da briga e resolvi comprar o cartão para consertar as coisas entre a gente. Assim que comprei o cartão Anna me chamou para checar mais uma vez meu violão e o microfone, pois em dez minutos o festival ia começar.

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Anna estava fazendo o discurso de abertura do festival e dava para perceber que todos estavam empolgados com a ocasião e também estavam satisfeitos com toda a decoração – que estava mesmo deslumbrante. Tinham balões em formato de coração vermelhos, brancos e cor-de-rosa espalhado por todo o lugar e também várias toalhas de piquenique espalhadas para que as pessoas se sentassem e aproveitassem o show e por fim do lado direito do palco – contrário ao que dava acesso aos bastidores -, mas um pouco afastados dos outros, estavam as lanternas flutuantes que seriam acendidas depois dos shows, quando tivesse escurecido, aguardando para serem acendidas.

Dois garotos entraram atrás dela e colocaram um banco alto, um apoio de pé e o suporte para microfone no palco, na frente dos outros instrumentos – que provavelmente seriam usados pela banda de Daniel e as outras -, já que minha apresentação era acústica. Quando eles terminaram, Anna começou a me anunciar:

– Para dar início a nosso festival – elacomeçou – tenho o prazer de chamar ao palco minha grande amiga Mabel Oliver!! Cantando a música “ Valentine “ da Kina Grannis. Vamos recebê-la com uma salva de palmas pessoal!

Todos começaram a aplaudir loucamente e eu subi no palco, me posicionei no banco, ajeitei o microfone e comecei a cantar:

Love, it's a special day

( Amor, é um dia especial )

We should celebrate and appreciate

( Devemos celebrar e apreciar )

That you and me found something pretty neat

( Que você e eu encontramos algo bem bonito )

And I know some say this day is arbitrary

( E eu sei que alguns dizem que este dia é arbitrário )

But it's a good excuse to put our love to use

( Mas é uma bos desculpa para usar o nosso amor )

Baby I know what to do, baby I will love you

( Baby eu sei o que fazer, baby, eu vou te amar )

I'll love you, I'll love you

( Vou te amar, vou te amar )

Comecei a música e imediatamente as pessoas começaram a gritar e a bater palmas, quando comecei a cantar elas começaram a me acompanhar alguns ainda batendo palmas no ritmo da música e outras com as mãos balançando de um lado para o outro. No meio da multidão eu pude ver Daniel assistindo a apresentação e sorrindo pra mim.

Love, I don't need those things

( Amor, eu não preciso dessas coisas )

I don't need no ring

( Eu não preciso de nenhum anel )

I don't need anything

( Eu não preciso de nada )

But you with me, cause in your company

( Apenas você aqui comigo, porque na sua companhia )

I feel happy oh so happy and complete

( Sinto-me feliz, oh tão feliz e completa )

And it's a good excuse to put our love to use

( E é um abos desculpa para usar o nosso amor )

Baby I know what to do, baby I will love you

( Baby eu sei o que fazer, baby, eu vou te amar )

I'll love you, I'll love you

( Vou te amar, vou te amar )

A essa altura da música, a maioria das pessoas já estava de pé dançando e cantando loucamente e eu sorria para todas elas, nesses momentos eu tinha certeza absoluta de que tinha escolhido a carreira certa, tinha certeza de que era o que eu amava fazer.

Yeah, it's a good excuse to put our love to use

( Yeah, é uma boa desculpa para usar o nosso amor )

Baby I know what to do, baby I will love you

( Baby eu sei o que fazer, baby, eu vou te amar )

I'll love you, I'll love you

( Vou te amar, vou te amar )

So won't you be my honey bee

( Então você não quer ser minha abelhinha? )

Giving me kisses all the time

( Dando-me beijos o tempo todo )

Be mine, be my valentine

( Seja meu, seja meu namorado )

So won't you be my honey bee

( Então você não quer ser minha abelhinha? )

Giving sweet kisses all the time

( Dando-me doces beijos o tempo todo )

Be mine, be my valentine

( Seja meu, seja meu namorado )

Terminei de tocar que todos ficaram em pé e me aplaudiram, alguns até mesmo pulando de alegria com a minha apresentação, eu estava com um sorriso de orelha a orelha. Me levantei e vi quando Daniel saiu da multidão e se dirigiu aos bastidores, sua banda era a próxima a se apresentar. Fiz uma reverência e saí do palco dando de cara com Jordyn, Carly e Anna que me abraçaram e elogiaram minha apresentação.