Jar of Hearts escrita por Káh Nady


Capítulo 2
Pediatry Drama


Notas iniciais do capítulo

Aqui vocês vão entender melhor como vai funcionar. Não é bem um crossover. Pois eu só utilizo o universo de Grey's Anatomy, mas mudo muita coisa. Beijim e aproveitem a leitura.



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1ano depois

É impossível descrever o pânico que toma conta de um cirurgião ao ser bipado no meio da noite. O coração dispara, a mente para, os dedos adormecem. É a mãe, pai ou filho de alguém que agora depende de você, porque a vida desse alguém está agora em suas mãos. Como cirurgiões, os pacientes sempre são confiados a nós. Mas quando seu paciente é uma criança... Não apenas confiam em você, você se torna responsável pela sobrevivência dessa criança, pelo futuro dela, e isso é o bastante pra assustar qualquer um.

Mas mesmo assim, lá estava eu, ás 3:30 da madrugada dirigindo até o hospital para atender a uma emergência. Beberiquei meu café que se mantinha aquecido na garrafa térmica e acelerei mais um pouco, eu não fazia ideia de qual era a emergência, mas de forma alguma eu iria chegar tarde demais.

Poucos minutos depois, eu entrava no hospital. Troquei rapidamente de roupa e fui até a sala de emergências. O Chefe de trauma já se encontrava lá, indicando pacientes aos médicos disponíveis. Ao me ver ele apontou para uma das salas.

– Swan, Sala de trauma dois.

Prontamente fui para a sala designada e encontrei um dos residentes fazendo um ultrassom numa jovem mulher gravida que estava à beira da inconsciência.

– Lara Young, grávida de 30 semanas. Acidente de carro. – Dr. James Smith, o residente, rapidamente repassou o caso ao notar-me. – A TC da cabeça mostrou um hematoma subdural. O novo neuro e a Obstetra já estão chegando e o bebê está em perigo.

Lara gritou de dor e colocou a mão na barriga.

– Dói, dói muito. – Ela chorou enquanto se contorcia.

– Cuidaremos bem de vocês. – Murmurei tentando tranquiliza-la.

O Dr. movimentou o instrumento de ultrassonografia pela sua barriga e eu vi algo na tela.

– Mova pra cima novamente. – Ele obedeceu e logo eu reconheci o problema. Fiquei em alerta imediatamente. – Hemorragia no cérebro do bebê. Vamos precisar de um carrinho de parada enquanto o neuro cuida disso. Prepare-se para pegar uma maca e sair correndo.

Rapidamente dei algumas ordens às enfermeiras. Colocamos a paciente numa maca e começamos a correr pelos corredores para chegar até a S.O 5 que já estava preparada. A paciente gritava de dor ao chegarmos lá ela foi movida para a mesa de operações e começamos o parto e os cuidados necessários a ela. Logo o novo Neurocirurgião chegou, já preparado, seu rosto estava escondido pela mascara e seu cabelo estava bem preso debaixo da bandana e da touca. Era a primeira vez que eu o via e algo dentro de mim se remexeu inquieto.

– Qual a situação? – Ele perguntou e sua voz abafada pela mascara parecia extremamente familiar.

– PC e PA da mãe instáveis. - Smith respondeu.

As auxiliares colocaram luvas em suas mãos e logo ele se aproximou da paciente.

– Preparar para uma craniotomia. – Ele comandou.

– Apgar é só de 4. O bebê precisa ir para uma UTI neonatal. – Falei ao examinar o prematuro recém-nascido.

Os médicos no recinto assentiram e logo movíamos o bebê para UTI neonatal.

Uma parte de mim estava feliz por sair de perto do misterioso novo médico que despertava tantas reações estranhas em mim, a outra parte queria ficar e saber quem ele era.

O pequeno paciente foi deitado em uma incubadora e eu comecei a trata-lo através de dois buracos na lateral do equipamento. Ao vê-la respondendo aos cuidados sorri e suspirei aliviada.

– Ela já está respirando sozinha. Que tal retirar o tubo? – Smith sugeriu.

Desviei os olhos da minúscula criança e retirei minhas mãos enluvadas da incubadora.

– Ok. Mas fique atento para eventuais apneias Dr. Smith e acompanhe o hemograma, ainda há muito sangue sendo drenado da cabeça. – Dei as instruções e suspirei levemente cansada. – Que horas são, Smith?

– 08:30. – Ele respondeu depois de consultar seu relógio de pulso.

Suspirei novamente.

– Estou acordada há cinco horas e meu dia nem começou.

Ele fitou a criança e murmurou:

– Péssimo jeito de começar o dia.

Balancei a cabeça.

– Um derrame antes de nascer... Péssimo jeito de começar a vida. – Retruquei.

Ele apenas assentiu ainda observando o pequenino bebê.

Saí dali depois de me certificar que tudo estava bem, ou pelo menos estável, e fui atrás de café.

Passei pela cafeteria e comprei um café. Encostei as costas no balcão enquanto bebericava o liquido quente e logo uma miniatura de gente apareceu quicando em minha frente.

– Te trouxe café! – Alice me empurrou um copo de café, antes mesmo que eu dissesse que já tinha. Dei de ombros, afinal, café nunca era demais. – Então... Sexta é o grande dia e eu já estou organizando tudo pra sua festa de aniversário.

Fiz uma careta pra Alice.

– Brandom sabe muito bem que não quero uma festa de aniversário! – Murmurei exasperada.

Ela habilmente me ignorou e começou a explicar o tema da decoração. Arrg, baixinha irritante.

– Olha, não é Dr. Withlock ali? – perguntei com minha melhor cara de surpresa.

Ela se calou na mesma hora e se virou pra onde eu apontava, rapidamente peguei meus prontuários que estavam em cima do balcão e tratei de vazar dali. Alguns segundos depois uma Alice corada e brava me seguia.

– Muito engraçado. – Ela resmungou.

Pisquei pra ela e me dirigi até a porta da Ala Pediátrica. Os Residentes já aguardavam lá. Por ser um hospital-escola, todo dia era designado um pequeno grupo de residentes para cada Atendente. Eu era Atendente Chefe da pediatria e fiquei responsável por alguns novatos, que como eu disse, já me aguardavam lá. Joguei os copos de café fora e fui até eles.

Estavam parados ali, três residentes: Alice Brandom, Victória Johnson e Emmett McCarty, e dois atendentes: Dr. Carlisle chefe de cirurgia e Chefe de Trauma e a Dra. Rosalie Hale, atendente da ortopedia. E alguns internos que estavam sob a responsabilidade dos residentes.

– Bom dia a todos. – Sorri simpática. Ninguém precisava saber que o sorriso era falso. Só Alice que prendia uma risadinha ao ver meu forjado bom humor.- Ok, sei que esse é o primeiro turno na pediatria para alguns de vocês. Mas quero avisar que sou Chefe da unidade de Pediatria e trabalho um pouco diferente do que podem estar acostumados. Isto não é cirurgia geral em miniatura, como alguns pensam. – Lancei um olhar a médica residente Dra. Johnson que mais parecia um tubarão com um bisturi. – Estes são seres humanos pequenos, crianças que acreditam em magia. Eles fazem de conta que há um pó mágico no soro deles... Eles têm esperança, cruzam os dedos, fazem pedidos e isso os torna mais resistentes que adultos, a recuperação é mais rápida e eles sobrevivem a coisas piores. Na pediatria nós temos milagres e magia, aqui tudo é possível.

Terminei meu discurso e abri a porta fazendo sinal para todos entrarem. Comecei a andar, Dr. Carlisle, Dra. Hale e Alice baixinha irritante Brandom andavam ao meu lado e o restante nos seguia. Alguns resmungavam coisas como “Ela acha que aqui é a Disney”, ou “queria estar na cardiologia...”, outros apenas se empolgavam com os casos que eles poderiam auxiliar. Revirei os olhos e virei de supetão, fazendo-os parar para não esbarrar em mim.

– Quero dar só mais um aviso. Essas crianças são indefesas e precisam de toda atenção que pudermos dar. Se algum de vocês cometerem um errinho se quer, eu vou tornar a vida de vocês um inferno neste hospital. Então atenção redobrada e nada de sarcasmo ou ironia perto deles. – Fiquei satisfeita ao ver o medo em suas pupilas e só então continuei a andar até o primeiro quarto.

Rosalie prendia o riso ao meu lado. Ela, assim como eu, gostava de assustar residentes e internos. Já Carslile parecia extremamente distraído e vagamente me perguntei o motivo.

– Bom dia Dra. Swan!- Um pequeno garotinho negro de óculos de grau falou, era Wallace.

Os médicos ao meu redor olharam surpresos e confusos para ele. Wallace estava em pé ao lado da cama da paciente do quarto em que estávamos, usava um jaleco branco com seu nome, tinha um estetoscópio pendurado em seu pescoço e tinha o prontuário da paciente em mãos. Sorri amavelmente.

– Bom dia Dr. Wallace. Já se apresentou aos pais da paciente? – Perguntei.

A Sra. Boyd (mãe da paciente) sorriu.

– Sim, ele me lembra muito minha Hillary quando tinha essa idade. – Ela olhou preocupada pra filha que estava deitada na cama. – Tão perfeccionista.

– Dra. Johnson pode apresentar? – Pedi.

Victória olhou rapidamente pro seu prontuário e depois para o menino que estava atrapalhando-a a chegar mais perto da paciente. Com um seco ‘com licença” ela tomou o lugar do menino e apresentou o caso:

– Hillary Boyd, 15 anos, caiu do telhado de sua casa. 52 duas fraturas agudas foram diagnosticadas ao dar entrada. – Todos olharam um pouco abismados para a adolescente na cama. Como essa criatura conseguiu 52 fraturas? Pude ver os olhinhos azuis de Rosalie brilhando. – Uma cirurgia complexa e extremamente difícil foi executada pela Dra. Hale e... – Um sorrisinho sugestivo e malicioso surgiu em sua boca ao pronunciar o próximo nome. – Pelo Dr. Carlisle Masen, hoje cedo antes das rondas.

Carlisle se mexeu um pouco desconfortável, mas logo voltou a sua expressão profissional.

– Obrigado, Dra. Johnson. – Ele falou polidamente.

Rosalie fez um baixo barulhinho de asco. E pigarreou para chamar a atenção.

– Se ela passar o dia bem... Eu gostaria de reparar a fratura subtrocanterica amanhã. – A loira falou olhando para os pais da paciente.

Assenti e olhei para meus “alunos”.

– Qual a dosagem correta de ceftriaxona para crianças? – Perguntei.

– 50g/kg por dia. – Emmett respondeu antes mesmo que Victória e Alice pudessem abrir a boca. Sorri satisfeita e olhei para o pequeno Wallace. – Dr. Wallace, saberia a dosagem certa para uma paciente de 42 kg?

Menos de cinco segundos depois, após rabiscar uma conta no prontuário, ele respondeu com um ar de profissional:

– 2,1 gramas por dia... Se mudar a vírgula de lugar. – Sorri ao ver que ele tinha aprendido o que eu havia ensinado. Pisquei pra ele.

Passamos para o próximo quarto e adivinha de quem era? Dr. Wallace! Ao entrarmos ele rapidamente retirou o jaleco e foi se deitar em seu leito. Carlisle e Rosalie foram cuidar de seus outros pacientes.

– Bom... Quem vai apresentar? – Olhei em volta.

– Eu Dra. Swan. – Wallace levantou a mão, assenti e ele continuou. – Wallace Anderson, 10 anos de idade (quase 11), está no hospital há sete meses, e entre idas e vindas nos últimos dois anos. Sofre de Síndrome do Intestino curto, que significa que ele não absorve nutrientes direito.

Meu coração falhou uma batida ao ver tal situação, mas forcei-me a sorrir.

– Exatamente. Dra. Brandom? - Pedi para Alice continuar, ela tinha os olhos um pouco marejados, mas sorriu.

– Já foram executadas 15 cirurgias intestinais até o momento... Além de um procedimento para aumento do intestino, que ajudou por um tempo, mas recentemente voltou a necessitar de nutrição parental total.

– yummy yummy. – Wallace lambeu os beiços enquanto chacoalhava suavemente sua bolsa de soro.

Fomos interrompidos pela entrada dos pais de Wallace. O Sr e a Sra. Anderson.

– Como ele se comportou esta manhã? – Sra. Anderson perguntou enquanto ia abraça-lo.

– Oh... Fizemos umas conversões algébricas bem complicadas. – Sorri pra ela.

Wallace assentiu.

– Dra. Swan me ajuda nos deveres de matemática e ciências e me deixou fazer as rondas com ela esta manhã. Posso ficar sem dever na sexta já que é meu aniversário?

A mãe dele sorriu.

– Bem... Já que será seu aniversário.

– E Dra. Swan? Será aniversário dela também.

–Bem, acho que não posso ficar sem meu dever de casa, mas prometo que comemoraremos juntos. – Sorri e fiz sinal para os médicos deixarem o quarto.

Virei-me pra sair também.

– Ahn Dra. Swan? – O Sr. Anderson me chamou.

Virei-me pra ele.

– Sim?

– Solicitamos uma reunião amanhã com o Chefe Carlisle e a Diretora Esme. E gostaríamos que estivesse lá também. – Ele estava sério e logo eu me preocupei.

– Tudo bem. – Podia sentir que meu sorriso estava murcho e logo eu saí do quarto.

As palmas das minhas mãos começaram a suar e eu me senti entrando em pânico. Será que eles iriam processar ao hospital? Ou a mim?

Continuei as rondas e quando acabei fui ao quadro ver quais cirurgias eu tinha marcadas para hoje. Parei em frente ao enorme quadro, procurei meu nome e anotei em meu celular as cirurgias. Senti alguém me observando e me virei. Quase tive um infarto ao ver aqueles olhos verdes e aqueles cabelos acobreados. PORR*!

– Isabella Swan. – Ele cantarolou, sua voz rouca entrou pelos meus ouvidos e nem preciso descrever os estragos que fez, né?

Coloquei uma mascara de fria indiferença no rosto e tratei de me recompor.

– Cullen, que prazer. Já estava de saída? Que bom, eu também. – Cuspi ironia e me virei para ir embora.

Ele arqueou as malditas perfeitas sobrancelhas e sorriu de lado, enquanto se colocava a minha frente impedindo minha fuga. Eu estava há um ano sem vê-lo e mesmo assim todas as sensações que eu sentia antes me assombravam agora. Quem ele pensava que era pra sorrir como se nada tivesse acontecido?

– O que você faz aqui? – Perguntei.

Ele deu um sorriso de “você não vai gostar da resposta” e bem... Eu realmente não gostei.

– Sou o novo Chefe da Neurocirurgia do Seattle Grace Hospital. Nós fizemos aquela cirurgia hoje na Lara Young, lembra? Te perdoo por não me reconhecer, afinal também não te reconheci... Você não é mais loira. – A ultima frase foi dita em um tom de acusação.

Minha cabeça trabalhou rapidamente para receber essas informações. Ele era o cirurgião que estava comigo pela madrugada... Céus! Como eu não percebi?

E o pior de tudo... Ele agora era um médico fixo desse hospital... Eu sentia meu mundo meio que desabando e sabia que precisava sair dali ou acabaria explodindo.

– Eu pintei há alguns meses. – Consegui murmurar. – Com licença.

Virei às costas pra ele e quase corri para longe. Esbarrei em uma parede de músculos e quase fui ao chão se não fosse por braços rodeando minha cintura. Olhei pra cima e me deparei com um belo moreno de sorriso grande.

– Oh! Dr. Black, perdão. – Senti meu rosto esquentando enquanto eu me afastava de seus braços, bem torneados (gostosos pra caralh*).

– Ai, estou terrivelmente machucado. – Ele fez uma expressão dramática de dor, e depois sorriu galanteador. – Mas posso perdoa-la se aceitar tomar um drinque comigo no Leah’s Bar.

Quase engasguei com a saliva e meu rosto esquentou mais ao ver Edward passar por nós com uma carranca no rosto. Ciúmes? Pff.

– Ahn... – Tentei pensar numa desculpa, mas nenhuma me veio à mente. Desisti de resistir. – Claro, por que não?

Ele colocou a mão no bolso do MEU jaleco e pegou o MEU celular. Mas que abusado! Sorriu e anotou seu número no meu celular e salvou.

– Prontinho. – Ele sorriu. Ele tinha um lindo sorriso, mas nem se comparava ao do Edward. Merda, porque diabos eu tava comparando?

– Te ligo pra combinarmos. – Falei enquanto pegava meu celular de volta.

– Claro, claro. – Ele disse antes de acenar e sair.

Suspirei cansada e olhei a hora no meu celular. 12:00 em ponto. Hora do almoço! Meu estômago roncou e eu sorri enquanto dava umas batidinhas nele.

– Ora, ora. Vamos te alimentar, meu filho. Calma! – Ri de mim mesma e fui para o refeitório comprar algo pra comer.

Peguei uma salada, um pedaço de filé e uma salada de frutas e fui me sentar em uma mesa no canto mais afastado do refeitório. Aos poucos, meus colegas foram chegando e se juntando à mesa. Alice, Rosalie, Angela Webber (Atendente da Obstetria), Erik York (Marido da Ângela e Urologista) e Emmett (convidado por Alice, já que Residentes não costumam sentar conosco).

Enquanto eles riam sobre o grande dedo de Erik que era o terror de seus pacientes. Eu divagava sobre os recentes acontecimentos: Eu tinha acordado ás 3:30 e não tinha dormido até então, os pais do paciente Wallace marcaram uma reunião com os meu chefes, meu aniversário era depois de amanhã e Alice já tinha convidado até os defuntos do necrotério, Jacob Black, o mulherengo do hospital, queria sair comigo e eu aceitei e o mais terrível de tudo: O desgramado do meu ex estava trabalhando no mesmo hospital que eu e eu não fazia ideia de como iria resistir a ele, mas uma coisa eu garantia a mim mesma... Meu coração não faria parte de sua coleção.


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Notas finais do capítulo

Uii. Como a tapada não percebeu que era ele? Pff kkkkkkkkkkk
Enfim, aguardo a opinião de vcs... SZ



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