Falling In The Black escrita por Hime


Capítulo 11
Capítulo Onze – Perdão.




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Quando eles retornaram, Hermione pôs a mão em frente à boca em um grito mudo. Mesmo assustada, Clair cutucou Hermione para que a morena saísse do choque. A ruiva sabia o que estava causando isso ao Harry e explicava porque Hermione tinha reagido daquela maneira minutos antes.

―Vamos, Mio. Precisamos agir. Klitzy. ―Ele chamou seu fiel servente que apareceu em sua frente carregando ataduras e alguns vidros de poções.

―A Senhora chamou?―Ele perguntou curvando-se ligeiramente antes de entregar tudo à mulher.

―Sim, mas acho que só isso não vai ser suficiente. Quero que você entre em contato com os Evans, nesse momento, eles são nossa melhor opção de médicos. ―Mal ela terminou de falar, Klitzy desapareceu com um aceno afirmativo.

Enquanto Clair organizava as coisas correndo contra o tempo, Hermione foi para o lado de Harry. A morena olhou os detalhes no rosto que sempre a deixou fascinada como o formato quadrado com sobrancelhas grossas emoldurando, lábios finos e cheios, o nariz fino e os mais belos olhos cor de esmeralda que ela já tinha visto. Hermione conteve a vontade de acariciar o rosto dele e tirar alguns fios negros rebeldes que insistiam em cair sobre a testa dele. Mas, não era mais lugar dela fazer isso. Foi escolha de Hermione ter brigado com ele e agora ela estava pagando por isso. A morena não se esquecia de sua conversa com Clair meses antes.

“—E se ele se machucar no treinamento? Ou for ferido em alguma missão.

—Se ele se machucar, que se dane não é problema meu e digo o mesmo sobre ser ferido. Se ele estivesse morrendo hoje, eu não iria me importar. —Hermione disse resoluta olhando para Clair, que suspirava mentalmente antes de dizer:

—Tudo bem, a decisão é sua, só espero que não se arrependa depois. ”

Hermione se arrependeu do que disse e sentiu vergonha do modo como ela tinha agido com ele. Ela engoliu suas palavras amargamente. Como a garota desejou ardentemente que pudesse mudar o que aconteceu, passar uma borracha em tudo e começar de novo. Ela virou-se para Clair esperançosa e perguntou nervosamente:

―Você acha que ele vai sair dessa não é, Clair?Esses Evans podem salvá-lo certo?

―Olha, Mio, eu vou ser sincera com você. Eu não sei, já vi muitos vampiros perecerem por esse mesmo ferimento. Temos doze horas, no máximo. Agora, é uma questão de tempo e teremos que correr contra ele. ―Clair suspirou olhando o rapaz se revirando em espasmos na cama.

Klitzy retornou com um casal jovem, por volta de vinte anos. O homem tinha cabelos ruivos como o fogo e olhos de um verde profundo e expressivo, que pareciam carregar muita sabedoria e experiência enquanto que a mulher possuía o cabelo castanho cacheado na altura do quadril e olhos verde-esmeralda tão intenso quanto os de Harry e de Lílian com o mesmo brilho de sabedoria. Mas Hermione não estava muito preocupada em analisar o casal, mas sim a situação de Harry.

―Trouxemos nosso material. Vai ser longo e doloroso, mas é a única chance dele. Vocês querem arriscar?―O homem perguntou seriamente olhando para eles quando um gemido vindo do rapaz interrompeu o silêncio e Hermione decidiu o que faria.

―Faça o que tem que ser feito pra salvá-lo, doutor. ―Ela respondeu com uma chama de determinação nos olhos.

―Muito bem, preciso de alguém que seja muito ligado e importante pra ele. Precisamos dar energia a ele que as reservas dele estão se esvaindo. ―A mulher disse enquanto sua mão rodeada por um brilho lilás suave traçava círculos sobre o peito dele.

―Hermione vai. ―Clair respondeu enquanto ia buscar seu estoque de poções para caso de necessidade.

Os médicos iam começar o procedimento quando Harry ergueu a mão e com a voz falha de dor, ele chamou Dobby e pediu para que o elfo entregasse o Prevú à Hermione. Dobby desapareceu e retornou com um pacote em mãos. O pequeno servo entregou o embrulho a ela que se surpreendeu com a beleza da jóia e sorriu um sorriso molhado por algumas lágrimas que caíram.

―Eu queria te dar isso, caso algo aconteça comigo durante o procedimento... ―Mas ela o interrompeu:

―Nada vai acontecer. ―Ela assegurou a ele segurando a mão dele, após ter colocado a jóia no pescoço. Harry sorriu antes de acenar para os médicos.

Eles deram anestesia local para o rapaz em uma tentativa de evitar que Harry se contorcesse e atrapalhasse a operação enquanto isso Hermione não largou a mão dele nem um segundo. Quando o doutor Evans precisou abrir mais a ferida para que pudesse tratar do músculo e algumas lágrimas teimosas insistiram em cair enquanto Hermione via Harry tendo que passar por isso. Uma das lágrimas atingiu os colares que ela tinha no pescoço e as jóias foram cercadas por uma aura dourada. Duas cartas apareceram em sua mão, Hermione reconheceu a escrita desleixada do moreno e sorriu com surpresa antes de ler as cartas.

25/06/1996

Hermione,

Eu sou horrível com palavras, você deve saber já que me ajudou nos deveres de Hogwarts, mas eu vou tentar por você. Porque você é minha melhor amiga, então vale à pena tentar.

Eu queria começar pedindo desculpas por todos os problemas que ser minha amiga te causou e não me refiro somente ao ano passado, mas aos anteriores também. Quero que saiba que eu não me arrependo de ser seu melhor amigo por mais que você possa estar me odiando e não querendo ver minha cara nem pintado de ouro pelo que aconteceu no Ministério, eu realmente sinto muito por isso e você tinha razão, aliás, como SEMPRE.

Se pudesse ter um jeito de voltar no tempo sem criar um paradoxo caso nossos “eu”s do passado nos vissem, acredite, eu faria num piscar de olhos, mas não tem e isso torna tudo pior.

Eu vou tentar não deixar minha carta longa porque se você ler, eu vou me sentir o mais sortudo de todos, mesmo que você queime depois. Só pelo fato de você ter gastado seu tempo com esse idiota que é seu melhor amigo ou era. Me perdoa por tudo que aconteceu?Eu quero MUITO que as coisas voltem a ser como era antes.

Com carinho, Harry.”

28/10/1996

Hermione J. Granger,

Nossa, eu realmente não esperava ter que escrever uma carta implorando seu perdão novamente, ainda mais tão cedo. Mas aqui estou eu pedindo humildemente que me perdoe por ter te condenado a essa vida, ou o que quer que seja chamado isso que fazemos todos os dias agora. Eu queria que você soubesse que eu NUNCA quis te fazer mal, eu não queria ter te separado da sua família ou destruído seus sonhos e eu respeito sua decisão mantendo distância por mais que doa em mim.

Sei que você deve estar muito magoada e com razão, Regulus me disse que faz parte da nossa natureza, nós vampiros sentimos com muita intensidade qualquer emoção. Mas tenta entender que ver você pálida jogada no chão sangrando era como se o que aconteceu no Ministério tivesse voltado pra assombrar e eu estava impotente novamente.

Eu tinha falhado de novo em proteger você, eu não consegui impedir que você se machucasse e você acabou se envolvendo por MINHA culpa. Que tipo de melhor amigo eu era que não podia nem impedir você entrar no fogo cruzado?Eu me senti um lixo e fiquei tão furioso.

Eu tinha acabado de perder o meu padrinho o mais próximo que eu tive de família em toda minha vida, não podia arriscar perder você também. Você É muito importante pra mim, Hermione, é a minha melhor amiga e praticamente uma irmã. NÃO existe Harry Potter sem Hermione Granger.

Espero que um dia me perdoe, eu sei que não devo estar merecendo muito por ter te magoado tanto, mas a esperança é última que morre.

Com carinho, Harry J. Potter.”

Ela reconheceu as datas das cartas como sendo, respectivamente, a data da leitura do testamento de Sirius e pouco tempo antes da missão. Hermione se sentiu tão culpada por tudo que disse antes, quando a expressão doutora Evans mudou e a morena perguntou preocupada:

―O que aconteceu?

―Ele não parece estar reagindo aos estímulos. Tem algo errado com a ferida, ela já deveria estar se curando e começando a cicatrizar. ―A médica explicou enquanto o outro tentava realizar alguns feitiços de diagnóstico.

*Dentro da mente do Harry*

Era um lugar estranho e inabitado, porém, algo parecia chamá-lo para mais fundo. Tudo era tão escuro que Harry não enxergava um palmo na frente dele. Ele não sabia como não havia tropeçado ou caído em alguma coisa. Foi quando ele sentiu algo gosmento e grudento aos pés dele e uma sensação de areia movediça. Harry tentou se soltar, porém, quanto mais ele lutava, mais preso ele se tornava.

“Merda... Eu tenho que sair daqui.” Ele pensou procurando freneticamente por uma saída.

Então, ao fundo ele escutou a voz de Hermione dizendo: “Bem, é claro que eu sabia que você não tinha se inscrito.” e lembrou-se da alegria que sentiu ao saber disso. Lembrar-se do rosto dela sorrindo pra ele com aquele ar de “Eu acredito em você”. Uma fresta de luz dourada surgiu em meio às trevas e Harry agarrou-se com força ao sentimento. Mais luzes começaram a surgir e gritos saíram da coisa grudenta. Então, Harry ouviu uma voz feminina dizer:

―O poder do perdão.

De alguma forma, a voz dela era familiar para ele. Um eco dessa voz foi ouvido e Harry reconheceu a voz. Era sua mãe. Mas ela estava morta, como ele conseguia ouvi-la?

A realização o atingiu como um raio. Ele congelou temporariamente e se assustou pela primeira vez em anos, Harry não queria morrer. O rapaz desejava conseguir o perdão da Hermione, se livrar do Voldemort e assim, aproveitar o resto da imortalidade em paz.

Outra luz prateada surgiu e vozes surgiram, ele tentava focar em alguma delas sem conseguir. Porém, quando estava prestes a desistir, ele escutou.

―Harry, por favor, não faz isso comigo. Fica comigo, você não pode morrer. ―Hermione implorou chorando. ―Me perdoa Harry. Por tudo que aconteceu. É o que eu te peço. Por favor.

*Fora da mente do Harry*

―Eu te perdôo Mio. ―Ele sussurrou fracamente acariciando sua mão com o polegar e ela sorriu um sorriso aguado pelo choro, mas dessa vez de alegria.

Quem que tivesse a visão superior à maioria iria perceber a aura de luz ao redor das mãos deles, como um elo de união.


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