Saint Seiya - Flood of Flames escrita por Sieglain


Capítulo 2
Capítulo I - O sacrifício


Notas iniciais do capítulo

O capítulo saiu muito mais longo do que eu esperava - eu acabei me empolgando com as cenas de luta e quando eu fui ver já tava grande pra caramba e não dava mais pra encurtar. Mas eu acho que, como este é um momento-chave da trama, um capítulo grande é necessário. Espero que leiam até o final, xD



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O sol fulgia acima do mar, tornando douradas as ondas que quebravam contra o casco imponente da embarcação que deslizava por sobre as águas. As velas desprovidas de brasão contorciam-se freneticamente pela ação dos ventos fortes que sopravam naquele instante. O navio cruzava o mar com velocidade impressionante.

– Isso é incrível, senhor Aseroth! – disse um garoto. – Jamais imaginei que o mar fosse tão incrível assim!

– Concordo contigo, Kriot. Dentre as incontáveis maravilhas deste mundo, poucas se igualam ao oceano. – respondeu Aseroth. – E tu Elyon, que achas do mar?

Em dois anos, Aseroth tornara-se um amigo inestimável de Kriot e de Elyon. Por ordens do Grande Mestre – a autoridade máxima que governa sobre o Santuário de Atena -, passara a morar com os garotos. A princípio, a vida simples lhe fora desagradável; estava acostumado aos luxos da elite do Santuário. Chegara a cortar a longa barba que antes ostentava, uma vez que já não possuía óleos perfumados com os quais pudesse besuntá-la, e tivera de abdicar de suas vestimentas finas em função da vida na floresta. No entanto, deixara crescer ainda mais os seus cabelos. Por alguma razão, sentia certo orgulho daquele emaranhado de fios vermelhos – fazia sentir-se como um Sansão do século XIV.

– Para ser sincero – Elyon parecia enjoado. – Este balanço me causa náuseas. Embora concorde que o mar é de fato mui belo, estou ansioso para me ver em terra firme...

– Não te preocupes, filho. Estamos quase chegando.

Elyon virou-se e viu surgir no horizonte a célebre cidade grega de Atenas, em cujos arredores estava o Santuário de Atena, incólume aos olhos de humanos comuns. Jubiloso por enfim ter se encerrado aquela viagem nauseante, o garoto postou-se perante a porta ainda fechada da embarcação, disposto a ser o primeiro a desembarcar.

Elyon, ao deixar a embarcação, lançou-se sobre a areia macia, e ali permanecera enquanto aguardava Aseroth e Kriot virem ao seu encontro. Dali conseguia admirar as belezas deste mundo: o mar, as nuvens, o céu, o sol. Pela primeira vez naquela viagem conseguia ver quão bela e perfeita é a criação; sentia sua ansiedade ser arrebatada pelo vento litorâneo e suas preocupações serem lavadas pelas ondas que rebentavam aos seus pés.

Teve de volver, contudo, à realidade. Ao ouvir a voz longínqua de Aseroth chamar-lhe, foi-se ao encontro dele, para que pudessem prosseguir com a viagem.

O trio cruzou a imensa cidade ateniense em um coche que os aguardava no porto. O cocheiro, que trajava as devidas vestimentas de um homem à serviço do Santuário, ia conversando com os dois garotos, ensinando-lhes a respeito das mitologias e da história acerca da belíssima cidade. Mostrava-lhes as relíquias da antiguidade: o Partenon, o Erecteion, entre outras obras de arquitetura da Era de Ouro de Atenas, enquanto glorificava seus edificadores.

Desta forma, sequer perceberam o tempo passar e o destino se aproximar. Logo já estavam perante uma longa trilha que se estendia até onde seus olhos podiam enxergar. O cocheiro não deteve sua língua; com o tom de voz ainda mais inspirado, narrou aos jovens os feitos lendários de inúmeros Cavaleiros de Atena. Contou-lhes sobre Hades, sobre Poseidon, sobre Ares; contou-lhes tudo quanto sabia, e encheu os corações sonhadores dos garotos de expectativas – afinal, naquele momento, o Santuário de Atena era para onde se dirigiam.

Os cavalos agora galopavam com mais liberdade. Não havendo mais obstáculos que os impedissem nem rédeas que os detivessem, corriam livres pelo campo, sem, contudo, desviar-se do caminho. Esta era a razão pela qual o cocheiro sequer necessitava conduzi-los: eles eram atraídos para o Santuário de Atena, como as abelhas são atraídas pelas flores.

Não demoraram a chegar ao sopé da montanha em cujo cimo fora erigido o Santuário. Aseroth e os dois irmãos desceram do coche, e o cocheiro então levou os cavalos para um estábulo no vilarejo que havia por ali.

– Sejam bem-vindos ao Santuário de Atena! – os olhos de Aseroth pareciam brilhar, tais quais os dos dois jovens.

Kriot e Elyon estavam estupefatos. Sequer conseguiam ocultar a alegria que transbordava de suas almas, pois seus lábios entreabertos e seus olhos arregalados expressavam-na.

Aseroth revelou-lhes uma trilha traçada entre as rochas. Os três se puseram a percorrê-la, e, enquanto seguiam até o cume da montanha, contemplavam a deslumbrante paisagem que aquela posição privilegiada lhes proporcionava. Dali eram capazes de ver Atenas, os montes que a cercam, o golfo que a limita; sentiam-se como os deuses que a tudo vêem.

Até que, enfim, chegaram ao topo. Não puderam conter a admiração e espanto que lhes sobreveio ao chegarem ali. Diante deles estava o lar dos guardiões da paz, da justiça, do amor, da esperança. Ali nasciam os heróis, e ali pereciam os perversos. Aquele era o Santuário de Atena.

– Impressionante, não? – Aseroth não aguardava uma resposta. Sabia que não a teria. – Vamos, vosso irmão deve estar vos aguardando na entrada da Casa de Áries.

Os três cruzaram o imenso pátio do Santuário calma e vagarosamente. Não tinham pressa; quanto mais tempo permanecessem naquele lugar, melhor. Estar ali era como ter ascendido ao paraíso. Desfrutavam do aroma das gardênias, do canto dos rouxinóis, da brisa suave. Era um sonho do qual não desejavam despertar jamais.

Ao chegar à escadaria que precedia a Casa de Áries, viram seu irmão a dialogar com um homem de aspecto nobre, cuja franja esbranquiçada atenuava seu olhar penetrante. Eram olhos azuis cheios de sabedoria, capazes de enxergar além da razão e da lógica humana; olhos abertos única e exclusivamente para a evolução. Por isto aquele homem alcançara o epíteto de “o mais sábio dentre os Cavaleiros”, uma vez que possuía entendimento de todas as coisas; era capaz até mesmo de ler as estrelas, dom reservado aos regentes do Santuário. Aquele era o guardião da primeira casa zodiacal – o Cavaleiro de Áries.

Embora a ilustre presença daquele homem os amedrontasse, Elyon e Kriot não se detiveram e correram ao encontro de seu irmão. Abraçaram-no com ternura, o que fez transbordar de alegria o coração dele.

– Ora, já estava me preocupando. Porque demoraram tanto em chegar aqui?

– O senhor Aseroth estava apresentando este lugar a nós. Irmão, este lugar é como o paraíso! – exclamou Kriot.

– Eu concordo. – ele olhou para o Cavaleiro de Áries. – Oh, perdão Solomon, não te apresentei aos meus irmãos. Kriot, Elyon, este é Solomon, Cavaleiro de Ouro de Áries!

Embora não possuíssem muito conhecimento acerca de assuntos envolvendo os Cavaleiros, conheciam a hierarquia, e, portanto, sabiam o quão grandioso era o homem que estava diante deles.

– Um Cavaleiro de Ouro? – disse Elyon, demonstrando admiração. – Perdão, senhor Solomon, mas poderias incandescer teu cosmo, só por um instante? – Elyon parecia hesitante, incapaz de olhar nos olhos de Solomon ou de seu irmão enquanto falava.

– Ora, mas porque me pedes isto, meu jovem? – respondeu Solomon.

– Desejo ver o quão grande é o cosmo de um Cavaleiro de Ouro, para que eu o reconheça quando alcançá-lo. – Elyon ergue o rosto e olhou diretamente para Solomon.

– Entendo. – Solomon permitiu um breve sorriso cruzar seu rosto, enquanto olhava para o irmão de Elyon. – Posso?

Ele assentiu e postou-se na frente de Kriot. Solomon não se deteve. Seu cosmo explodiu, e Elyon percebeu o quão poderosos são os Cavaleiros de Ouro. O ar ao redor de Solomon se distorcia; se revolvia ao redor dele tão intensamente que se assemelhava a um pequeno furacão. Uma luz dourada emanava do corpo de Solomon. Era uma luz branda, porém assombrosa. Os aspirantes a Cavaleiro e demais serventes do Santuário que por ali transitavam iam parando para admirar aquele cosmo majestoso. Alcançar tal nível de poder era o sonho de cada um deles; esta era a razão de viverem.

Solomon amainou seu cosmo. Elyon não agüentou permanecer de pé; seus joelhos trêmulos cederam e o fizeram prostrar-se perante aquele homem. Não era o poder de um humano qualquer. Era um poder que transcendia os limites humanos; o poder necessário para blasfemar contra os deuses e incitar sua cólera sem temer as conseqüências.

– Satisfeito? – perguntou Solomon, sarcasticamente.

Elyon não conseguia se levantar ou sequer falar. Estava em choque. Solomon, então, estendeu sua mão, e aguardou pacientemente até Elyon retomar sua consciência. Ainda cambaleante, o garoto se ergueu com a ajuda de Solomon, e apoiou-se em Aseroth para que pudesse permanecer de pé.

– Diga-me, garoto, por ventura já despertaste teu cosmo? – perguntou Solomon.

– Sim. Mas meu cosmo é pífio perante o teu! – respondeu Elyon, gaguejando.

– Nenhum cosmo é pífio, meu caro. Todo cosmo possui seu valor, contanto que ele ainda queime. – Solomon pousou a mão sobre o peito de Elyon. – Em teu coração, meu jovem, reside uma força incomensurável que não conhece limites. Basta libertá-la.

Elyon sorriu, e uma imperceptível lágrima verteu de um de seus olhos, a qual ele tratou de enxugar sigilosamente (embora Solomon a tenha percebido).

Os quatro, então, se despediram de Solomon e do Santuário para, enfim, volverem a seu lar. A viagem, embora curta, despertara nos corações de Kriot e Elyon uma imensa vontade de se sagrarem Cavaleiros de Atena, e por isto estavam ansiosos para retornar a sua casa e dar continuidade ao treinamento.

Uma vez em casa, Kriot e Elyon foram instruídos por seu irmão para repousarem e recobrarem as energias perdidas na longa viagem, para que no dia seguinte pudessem dedicar-se com todo seu corpo ao treinamento.

Após os dois já terem adormecido, o mais velho dos três pôs-se a conversar com Aseroth.

– Aseroth, creio que já devas ter criado certo afeto por estes meninos, não é?

– Sim. – Aseroth, após ter convivido com os três irmãos por dois anos, já falava com menos formalidades com o mais velho dos três. – Os considero irmãos mais novos, assim como te considero um irmão mais velho.

– Ótimo. – ele sorriu. – Sendo assim, será que poderias prometer-me algo?

– Claro! De quê se trata?

– Aseroth, quando o momento chegar, será que poderás dar tua vida por meus irmãos?

– Mas é claro! Juro-te que darei cada gota de meu sangue por Kriot e Elyon!

– Obrigado, Aseroth. Estou em débito com você.

Aseroth, a princípio, não compreendeu, mas ainda viria a entender a relevância do juramento que fizera.

...

No dia seguinte, os irmãos retomaram seu treino. Elyon era, obviamente, superior ao seu irmão em tudo: era mais ágil, mais rápido, mais forte. Kriot, porém, não se deixava abater por sua inferioridade; pelo contrário, isto apenas o tornava ainda mais determinado a tornar-se mais forte. Por esta razão, demonstrava um crescimento excepcional, ainda maior que o de Elyon. Embora houvesse despertado seu cosmo há pouquíssimo tempo, Kriot já compreendia, com as poucas lições que lhes foram dadas, os fundamentos para se usufruir com excelência e efetividade do cosmo. Já era capaz de destroçar pedras de tamanho considerável com um único dedo e derribar árvores de troncos rijos com apenas um golpe.

Elyon, percebendo quão velozmente evoluía seu irmão, não se permitia relaxar; dedicava-se de corpo e alma àquele treinamento. Se Kriot despedaçava uma pedra, Elyon despedaçava duas; se Kriot derribava uma árvore, Elyon derribava três. Era perceptível a rivalidade – saudável, claro – que nascia entre os irmãos. Aseroth, vez ou outra, queixava-se desta competição que havia entre os dois; porém, o mais velho sempre lhe respondia que “quando há alguém que desejamos superar, nós naturalmente evoluímos mais rápido”.

Por vezes, a rivalidade ultrapassava seus limites e fazia de meros treinos de luta corpo-a-corpo verdadeiras batalhas de vida ou morte. Nestas horas, era necessária a intervenção de Aseroth e suas palavras gentis para amainar os corações dos dois garotos e restaurar a amizade fraterna entre eles.

Entretanto, numa destas sessões de treino de combate, não foi Aseroth a intervir – sequer tivera a chance, para ser sincero. Ao invés dele, um homem de cabelos dourados, trajando uma armadura negra, pôs-se entre os dois irmãos e socou a ambos, lançando-os em direções opostos. Surpresos, Aseroth e o irmão mais velho se deixaram ser imobilizados por outros dois homens que ocultavam-se nas sombras das árvores.

– Bom dia, meus caros.– disse o homem que socara Elyon e Kriot. – Chamo-me Gaius de Manticora, da Estrela Celeste da Singularidade... Estes que vos seguram são Auvers de Gévaudan, da Estrela Terrestre Carnívora e Aureolus de Salamandra, da Estrela Terrestre da Insignificância. Viemos aqui com a intenção de assassinar a vós, sem poupar nenhum. Peço-vos que se entreguem pacificamente; caso contrário, sofrerão mortes dolorosas, e creio que não desejam isto. - o homem foi direto.

– Com licença, mas vocês estão em menor número - disse Elyon, erguendo-se e limpando o sangue que escorria de seus lábios. - Portanto, eu sugiro que vades embora antes que sejam mortos.

– Mas que ousadia! Diga-me, desde quando números vencem guerras?

Elyon não respondeu. Cerrou os punhos e avançou contra seu oponente. Era impetuoso como um corcel indomável, e portanto, falava melhor com seus punhos do que com a língua.

Gaius esquivava de cada um dos golpes de Elyon com facilidade, atenuando ainda mais a fúria do jovem garoto, que, frustrado, ataca com mais veemência. Entretanto, não adiantava; Gaius ainda conseguia evadir dos golpes - extremamente velozes, diga-se de passagem - de Elyon.

Quando se enfadou daquela pressuposta luta – a qual sequer considerara como tal -, Gaius preparou-se para desferir o seu primeiro e único golpe. Bastaria apenas um mero ataque para extinguir a vida de Elyon, desprovido de elmo que protegesse seu crânio ou couraça que resguardasse seu peito. O jovem estava totalmente a mercê da crueldade daquele impiedoso adversário, que trespassaria seu coração sem arrependimentos ou hesitação.

Gaius desferiu seu ataque. Os dedos estendidos e próximos um do outro tornavam a mão de Gaius numa lâmina implacável, capaz de perfurar a pele com extrema facilidade. O ataque cruzava o ar com velocidade espetacular; Elyon sequer se dera conta de que estava sendo atacado. Não sendo seu irmão, que se libertara das mãos do inimigo que o prendia e interceptara o cruel ataque de Gaius, Elyon teria sido morto.

– Ora, isto é surpreendente. - Gaius virou-se para o interventor. - Pergunto-me quem devo punir: se à ti ou a Aureolus, que te deixara interromper em meu divertimento. - Gaius fez uma pequena pausa. - Que seja, punirei a ambos!

Gaius desferiu um golpe contra seu oponente, que se esquivou com certa dificuldade. Este, então, se afastou de Gaius.

– Aseroth! Tome Kriot e Elyon e leve-os para o mais longe que puderes. Eu irei eliminar esta corja de Espectros.

– Entendido.

Aseroth, com uma velocidade surpreendente, sem titubear, pôs Kriot e Elyon em seus ombros e desapareceu na densa floresta, deixando o irmão de Kriot e Elyon sozinho com os três Espectros.

– Não direis que és corajoso, pois na verdade, tu não passas de um louco. Percebes que estás apenas adiando a morte de teus amados irmãos, não é? Pergunto-me por qual razão fomos requisitados para assassinar-vos. Vós não passais de um bando de seres insignificantes.

– Tens uma língua afiada, meu caro. Terei de cortá-la.

– Venha. - provocou Gaius.

Aureolus e Auvers avançaram contra seu oponente, que não se deixava abater pela desvantagem numérica. Pelo contrário, permanecia sorrindo, como se se regozijasse naquela rara oportunidade de lutar de verdade. Evadia graciosamente da saraivada de ataques desferidos pelos dois Espectros, que incansáveis, permaneciam a atacar. Valiam-se das mãos, das pernas, dos cotovelos, dos joelhos - enfim, de tudo quanto podiam para atacar seu oponente. Porém, era inútil; por mais velozes que fossem não conseguiam igualar-se à velocidade daquele homem, que dançava entre os ataques de seus oponentes com tranqüilidade.

Aureolus, vendo que não prevalecia contra o oponente, recorreu à sua técnica especial: Cauda Flammea.

Chamas recobriram seus braços, tornando-lhes açoites flamejantes. A princípio, parecia ineficaz, uma vez que não acertava seu alvo. No entanto, o golpe ia gradativamente revelando sua verdadeira força; o intenso calor emitido pelas chamas ia fazendo o oponente se cansar mais rápido, de sorte que era apenas uma questão de tempo até que acertassem seu alvo. Porém, o homem não parecia preocupado com aquilo, embora já houvesse percebido como funcionava aquele golpe.

– Chamas... Perfeito. – o homem agarrou os dois braços de Aureolus, sem se importar com as chamas que neles ardiam. Na verdade, elas sequer o queimavam. – Tuas chamas são fracas. Permita que eu te mostre o que são chamas de verdade.

As chamas nos braços de Aureolus extinguiram-se, e das mãos de seu oponente começaram a sair faíscas, que revolviam ao redor de Aureolus. Logo, as faíscas se tornaram labaredas impetuosas, que envolveram o corpo do Espectro. Aureolus gritava desesperadamente e clamava por socorro enquanto as chamas o consumiam. Auvers, porém, não conseguia salvá-lo; tamanho era o calor emitido pelas chamas que não conseguia se aproximar. Não demorou muito até Aureolus ser reduzido a cinzas que desvaneceram com o vento. Restava ali apenas a sua Sobrepeliz, chamuscada pelas chamas douradas de antes.

– Um já foi. Faltam dois. - zombou o homem.

– Maldito seja! – gritou Auvers, avançando contra o homem. - Gorge Déchirure!

Auvers evocou seu ataque, e várias cabeças reluzentes de criaturas semelhantes a lobos surgiram. Eram compostas por uma sombria energia de cor azulada – o cosmo de Auvers. As cabeças avançaram contra o seu alvo, com suas bocas entreabertas mostrando o conjunto de dentes afiados como espadas. Aglomeraram-se em frente ao seu alvo e tentaram devorá-lo, mas foram dissipadas por um mero movimento de mão daquele homem.

– Este é teu melhor? Lastimável.

O homem desapareceu por um instante, e ressurgiu detrás de Auvers. De suas mãos gotejava sangue, da mesma forma que sangue vertia do pescoço aberto de Auvers. O Espectro não conseguia sequer gemer; pôde apenas cair morto sobre seu próprio sangue.

– Agora estamos a sós. – disse o homem, dirigindo-se a Gaius.

– Quem és tu? – questionou Gaius, desesperado.

– Não o sabes? – o homem sorriu sarcasticamente. – Eu sou a Morte. – era óbvia a zombaria dissimulada na palavra “Morte”.

Gaius irou-se e avançou. Tentou atacar seu oponente, mas nada adiantava; era incapaz de sequer arranhá-lo. Via-se sem esperanças de derrotar aquele homem; temia ter o mesmo fim que tiveram seus colegas. Não que a morte fosse algo que ele temesse; para ele, era apenas um empecilho temporário. Porém, a desonra em morrer sem antes ter ferido seu oponente lhe seria insuportável. Não poderia encarar seu senhor quando este lhe concedesse nova vida.

– Vamos! Dá teu melhor! - provocava o homem.

– Cale-se! - Gaius recuou. - Eu te matarei! Thorns of Doom!

Das mãos abertas de Gaius irromperam inúmeros espinhos roxos luminescentes. Neles havia um potente veneno capaz de matar centenas de homens em instantes. Bastava que um acertasse seu alvo para inocular o letal veneno em sua corrente sanguínea.

O homem, embora perante uma infinidade de agulhas assassinas, abriu os braços, aguardando que os espinhos o atingissem, e quando estes o atingiram, suspirou, expressando certa decepção. Abaixou seus braços e meneou a cabeça. Os espinhos se despedaçaram, repentinamente, despertando em Gaius o genuíno desespero – sentimento este que ele jamais havia sentido.

– Como isso é possível? Recebeste todos os espinhos! Deverias estar morto neste momento!

– Teu veneno é demasiado fraco. Posso torná-lo inócuo com meu cosmo. - o homem cerrou seus olhos e suspirou fundo. – Bem, creio que seja minha vez.

Antes que pudesse reagir, Gaius já havia sido trespassado pelo ataque. Sangue irrompia das brechas em sua Sobrepeliz, inundando o chão debaixo de seus pés com o líquido viscoso. Gaius ajoelhou-se, incapaz de permanecer de pé, e debruçou-se sobre a poça de sangue que se formara ali. Empalidecia cada vez mais enquanto a vida abandonava seu corpo.

– Mal... Dito... Sejas... No... – Gaius morreu antes que pudesse terminar a frase.

...

Noutro lugar, na choupana onde residiam os três irmãos, estavam Aseroth e os dois mais novos. Aseroth, a despeito do que lhe pedira o irmão mais velho, fora até a choupana para preparar-se para as possíveis batalhas que viriam. Mantinha Elyon e Kriot sempre debaixo de seu olhar, uma vez que seus inimigos ainda os espreitavam.

Aseroth revelara aos jovens um cômodo oculto da casa; era um porão pequenino designado a guardar uma única coisa: uma urna de mármore ornamentada com desenhos de touros.

– Senhor Aseroth, por ventura isto é uma...

– Sim, é. – Aseroth interrompeu o garoto. – Vamos, não temos tempo a perder.

Os três se dirigiram para fora da choupana rapidamente e, uma vez do lado de fora, foram abordados por um homem. Era um rapaz de aparência jovem, cujos cabelos se assemelhavam em cor aos troncos das árvores, e cujos olhos possuíam o refulgente verde de uma folha. Vestia um manto negro, decorado com linhas alaranjadas. A veste lhe conferia um ar religioso, como se ele fosse um sacerdote de alguma seita ou algo do tipo, mas não arrebatava a sua sensualidade.

Aseroth ordenou aos garotos que permanecessem atrás dele e pôs a urna, que já havia colocado em suas costas, no chão.

– És corajoso, estranho, por vires aqui sozinho.

– Não sejas tolo. Sejamos realistas: não havia necessidade de eu vir acompanhado. – cada palavra pronunciada por aquele homem vinha embebida em sarcasmo e escárnio. – Ponhas logo tua Armadura. Não desejo desperdiçar muito de meu tempo contigo.

Aseroth, enraivecido, abriu a urna, da qual irrompeu um pilar de luz dourada, sucedido por um objeto semelhante a uma estatueta de ouro com a forma de um touro. Da estatueta emanava uma aura egrégia; para Elyon e Kriot, era como uma brisa cálida, um calor aprazível; para o outro homem, porém, era uma ventania impetuosa. A estatueta, então, dividiu-se em inúmeras partes, que se aderiram ao corpo de Aseroth. A princípio, pareciam meros adornos de ouro, mas logo percebeu-se o que realmente eram: os componentes de uma majestosa Armadura.

A Armadura era, de fato, gloriosa. Do elmo saíam dois grandes cornos, e dos joelhos, ombros e cotovelos saíam cornos menores. A couraça era enfeitada por músculos abdominais nela entalhados, que representavam a força física inumana daquele Cavaleiro. Uma gola alta envolvia o pescoço do usuário e o protegia. Havia algumas aberturas na Armadura - logo acima das coxas e um pouco abaixo dos ombros, mas eram falhas tão insignificantes que poderiam ser despreocupadamente ignoradas por seu usuário.

– Eu não esperava deparar-me com um Cavaleiro de Ouro num lugar como este. Porém, já que estás aqui – o homem sorriu. – Não tenho escolha senão enfrentá-lo.

– Ótimo.

Nas mãos do homem surgiu uma gadanha tenebrosa; a lâmina era de prataria fina, e o cabo era negro como o ébano. Parecia sussurrar, clamando pelo sangue de Aseroth. Elyon e Kriot recuaram um pouco, assustados com aquela arma estranha e arrepiante.

Aseroth não se intimidou. Avançou sem hesitar e iniciou seu ataque. O homem evadia e contra-atacava velozmente, mostrando certa diferença entre as forças de ambos; parecia que o homem era ligeiramente superior a Aseroth. No entanto, logo a vantagem do homem tornou-se maior e definitiva. A cada instante que se passava, o homem parecia tornar-se mais poderoso, e logo a foice conseguiu arranhar a Armadura de Aseroth, o que fez o Cavaleiro de Ouro recuar. Era uma ranhura leve, porém denunciava a superioridade daquele homem em relação à Aseroth.

Aseroth, percebendo que seu oponente prevaleceria na troca de golpes, recuou um ou dois passos e preparou-se para desferir sua técnica especial.

Sua mão direita segurou o lado esquerdo da cintura, enquanto sua outra mão segurou o lado oposto, de forma que seus braços se cruzavam sobre seu ventre. Assemelhava-se a um espadachim que se prepara para desembainhar suas espadas. Repentinamente, Aseroth lançou seus braços para o lado, e o atrito gerado ao resvalarem um no outro concebeu uma devastadora onda de choque que destruiu tudo a sua frente. Uma imensa cortina de fumaça ascendeu no ar, e uma longa e larga trincheira se formou no chão. Mas não havia sinal algum do outro homem; havia desaparecido em meio à fumaça.

Subitamente, Aseroth sentiu uma lâmina perfurar-lhe o abdome. A imagem sorridente de seu adversário ia surgindo conforme a fumaça se dissipava, encarando-lhe com desdém.

– Este é o fim, senhor Cavaleiro de Ouro.

A lâmina da gadanha começou a emitir uma luz arroxeada, gélida como a noite nos desertos, e Aseroth pôde sentir sua vitalidade ser haurida pela arma de seu oponente. Logo não possuía forças para manter-se de pé ou permanecer de olhos abertos; tombou inconsciente aos pés de seu oponente, deixando os indefesos garotos a mercê daquele homem.

O homem começou a andar em direção aos jovens, que se puseram na defensiva. Embora não fossem humanos comuns, dependentes de armamentos, riquezas ou servos para se defender, já que possuíam em seus punhos a força de cem homens, se até mesmo Aseroth, um dos doze Cavaleiros mais poderosos, caíra perante aquele inimigo, quanto mais eles, meros aspirantes à Cavaleiro.

Elyon, tremendo freneticamente, pôs-se a frente de Kriot e assumiu uma postura de luta. Seus punhos soerguidos, embora trêmulos, estavam dispostos a atacar com todas as suas forças aquele oponente invencível; no olhar de Elyon estava expressa a sua determinação em proporcionar, pelo menos, uma oportunidade para que Kriot fugisse dali – mesmo que, para isto, tivesse de sacrificar sua própria vida.

– Saia do caminho. – o homem parecia estar interessado no mais novo.

– Não. – retrucou Elyon.

– Sendo assim... – o homem abateu Elyon rapidamente com um golpe desferido pelas costas da foice. – Eu terei de valer-me da violência.

O homem prosseguiu em direção a Kriot. O garoto, dominado pelo medo, sequer conseguia se mover. Suas pernas estavam inamovíveis, como se estivessem atadas ao chão, e seus braços permaneciam inertes, como que congelados. Seus olhos fitavam com temor o homem que se aproximava, e já não conseguiam desviar-se dele.

– Não temas, meu jovem. Não lhe farei mal algum. – disse o homem, estendendo sua mão ao garoto assustado.

Kriot, como que enfeitiçado pela voz angelical daquele homem, deu a mão a ele e o seguiu. Parecia um asno sendo guiado por seu condutor. Não havia expressão em seu rosto, nem hesitação em seus passos; era agora um escravo daquele homem, atento apenas às suas palavras e servente apenas às suas vontades.

...

Pouco tempo depois, o mais velho dos três irmãos chegou ao local onde Aseroth enfrentara aquele misterioso oponente. Lágrimas verteram de seus olhos ao ver Elyon caído, com sangue escorrendo de um profundo ferimento em sua cabeça, mas sentiu-se aliviado ao constatar que ele ainda estava vivo. Depois, examinou Aseroth e alegrou-se em ver que este também estava vivo, embora seu corpo estivesse frio como o gelo e branco como a neve.

Em seguida, sondou o local com os olhos em busca de Kriot. Rapidamente percebeu que ele não se encontrava ali, e então, assentando-se sobre a relva e cerrando seus olhos marejados, começou a meditar. Estava, naquele momento, tornando-se um com a natureza; as árvores agora eram seus olhos e o vento seus ouvidos. Alcançava, ligeiramente, a onisciência dos deuses; conseguia ver tudo que ocorria nas dependências da floresta.

Desta forma, não demorou a encontrar seu irmão mais novo: encontrava-se numa clareira, onde também estavam duas mulheres e três homens. Eram pessoas distintas, de formosura transcendental e aspecto divino – não eram meras obras de uma tênue paixão ou de lascívia humana. Eram senão frutos do amor entre divindades, nascidos com o sangue dos deuses e a alma dos imortais, portadores do poder infinito dos mesmos.

O homem rumou para onde se encontrava seu irmão. Cruzava a floresta com a mesma velocidade que a luz cruza o vácuo entre a Terra e o Sol; deixava para trás apenas uma tênue e ligeira cortina de fumaça e pegadas distorcidas em função de sua inimaginável velocidade. Logo estava perante aquele que raptara seu irmão; sem hesitar, lançou-se sobre ele e o atacou. Este, por sua vez, girou sobre os calcanhares e, evocando sua gadanha sinistra, valeu-se do cabo da mesma para defender-se do ataque veloz e devastador.

– Como eu pensei aqueles Espectros fracos não foram sequer capazes de ferir-te. Sendo assim – o homem empurrou o outro para trás. – Eu mesmo deverei eliminar-te.

– Devolva-me o meu irmão. – ordenou o homem.

– Infelizmente, não posso fazer isto.

– Que seja.

O homem incandesceu seu punho com as chamas douradas que anteriormente usara para matar um dos Espectros que tentara assassiná-lo, e golpeou furiosamente o rosto de seu adversário, que foi lançado a metros de distância, caindo ao lado de uma das mulheres que ali estava.

– Queres ajudas, Zagreu? – perguntou ela.

– Não sejas boba. Eu apenas me descuidei. Não voltará a acontecer. – o homem, a quem a mulher chamara de “Zagreu”, se levantou. – Deem início ao ritual. Eu cuidarei deste empecilho.

Zagreu disparou contra seu oponente, tentando acertá-lo com um golpe decadente de sua gadanha. O homem evadiu rapidamente, fazendo com que a lâmina ferisse abruptamente o solo, erigindo uma imensa coluna de fumaça decorrente da força do ataque. Entretanto, o ataque de Zagreu não havia encerrado ali.

Da cortina de fumaça irrompeu o homem que confrontava Zagreu, sucedido por inúmeras estruturas semelhantes à galhos purpúreos que lhe perseguiam fervorosamente. O homem evadia conforme podia, mas os ramos sedentos por sangue não abriam mão daquela refeição; prosseguiam atacando-o incessantemente. Desta forma, os galhos, ao fincarem-se no solo, iam formando uma espécie de jaula que enclausurava aquele homem, privando-o da liberdade e adstringindo seus movimentos.

Dali, imóvel, o homem era capaz de analisar o local onde se encontrava com mais profundidade. Percebia agora que, desenhado no solo, havia um imenso pentagrama, em cujas pontas estavam fincadas cinco lanças, uma em cada extremidade da estrela. Kriot, seu irmão, encontrava-se ajoelhado no centro da clareira, isto é, no pentágono formado pelo cruzamento das linhas do pentagrama – como numa espécie de ritual satânico ou algo do tipo. E parecia que Kriot era o sacrifício.

– O que pretendem fazer ao meu irmão? – questionou o homem.

– Dá-lo a honra de receber em seu corpo a alma de nosso augusto senhor.

– Que há de honroso em ser usado em prol dos desígnios pérfidos de Hades? Não permitirei que façam algo tão vil ao meu amado irmão!

– Mas que poderás fazer para impedir-nos? Uma vez preso por meu Kladía Klouví, não há escapatória. Se te moveres um centímetro, estes galhos estourarão e extinguirão tua vida ignóbil num piscar de olhos.

O homem aquietou-se e permaneceu calado. Sabia que seu oponente não blefava, e, com efeito, sequer havia necessidade de um ato tão desesperado; afinal, seu oponente possuía poder semelhante – ou até mesmo superior – ao seu próprio poder, e, portanto, poderia cumprir com o que dizia.

O outro, por sua vez, sorriu e virou-se para Kriot. Estendeu seu braço esquerdo para frente, e na palma de sua mão, voltada para Kriot, brilhou um pequeno pentagrama purpúreo. Os outros dois homens e as duas mulheres imitaram o gesto, e pentagramas fluorescentes surgiram em suas palmas. O pentagrama gravado no chão começou a reluzir de forma similar, e em pouco tempo a clareira havia sido tomada pelo cintilo diabólico. Pilares de luz irromperam das extremidades da lança, e um largo pilar luminoso envolveu Kriot, que gritava como alguém que está sendo consumido pelo fogo. Tudo que era tocado pela luz ia perdendo a vida, de sorte que toda a vegetação e vida animal nas redondezas da clareira foram exterminadas.

Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto do irmão de Kriot e cair sobre a relva morta. O homem não conseguia conter o desespero que consumia seu coração; estava presenciado o fim da existência de seu irmão, e não podia fazer nada a respeito. Podia apenas clamar aos céus pelo auxílio divino e aguardar que um milagre ocorresse.

Repentinamente, um dos pilares pequenos dissipou-se, e os demais pilares começaram a luzir descontroladamente. A luz dos mesmos tornava-se instável, oscilando entre a tenuidade e a intensidade. Quanto ao pilar maior, sua luminosidade não se tornara variante, embora houvesse se alterado; não era mais uma luz branda – era agora uma luz veemente, que ofuscava a majestosa Lua suspensa no firmamento. Kriot urrava e se contorcia, deitado sobre o solo em posição fetal, enquanto a luz que o envolvia se tornava ainda mais intensa.

Zagreu olhou para o lado e viu a razão de todo aquele alvoroço: Elyon havia retirado uma das lanças e quebrado-a ao meio. O jovem se encontrava num estado deplorável. Sua face estava irreconhecível devido ao sangue e à sujeira, e seus olhos, outrora determinados, estavam agora semicerrados e langorosos. Para Elyon, apenas permanecer de pé era um esforço extenuante.

– Salve... O... Kriot... – clamou Elyon, antes de desmaiar.

Seu irmão comoveu-se com sua determinação inexorável e com sua prece desesperada, e renovou-se nele a esperança que desvanecera perante as circunstâncias. Já não via mais aqueles galhos como uma prisão, nem temia a força incomensurável de seus inimigos; estava disposto a suportar a cólera dos deuses se necessário fosse para que pudesse salvar Kriot.

Ele, então, despojou-se da própria vida e incitou os galhos a explodirem, surpreendendo Zagreu, que, perplexo, observava a fumaça ascender no céu noturno. Um fugaz sorriso cruzou seu rosto, demonstrando quão sádico e indiferente ao valor de uma vida era, mas logo se dissipou quando um vulto saltou de dentro da fumaça e invadiu o pilar maior. Imerso na luz do pilar, o irmão de Elyon abraçava-se à Kriot, sussurrando no ouvido do garoto o que quer que fosse. Conforme ele recitava aquelas palavras inaudíveis à Kriot, a luz do pilar ia se distorcendo. O pilar assemelhava-se agora a um colossal tornado luminescente, que destruía tudo ao seu redor. Árvores eram lançadas no ar como se fossem bonecas de pano, e raios despenhavam sobre a terra.

E então, repentinamente, tudo cessou. As nuvens se dispersaram, os ventos se amainaram, as árvores voltaram ao solo; o silêncio reinava no local. E percebeu-se que algo mais além das estrelas e da Lua haviam desaparecido: os cosmos de Kriot e seu irmão já não existiam.

No lugar onde antes estavam os dois irmãos, estava agora uma estátua, feita de uma espécie de pedra arroxeada, de um anjo e um diabo a abraçar-se com afeto. Da estátua emanava uma aura esquisita, que beirava tanto a malignidade quanto a bondade; era uma energia oscilante, que ora enojava aqueles que a sentiam, ora os satisfaziam.

– O que significa isto? – questionou um dos homens, de cabelo prateado.

– Não podemos afirmar com exatidão no momento. – respondeu um homem de cabelos loiros. – Vamos retornar ao submundo, por ora.

Uma espessa névoa encobriu os cinco e, ao desvanecer o denso nevoeiro, já não se encontrava ninguém ali. Havia apenas restos de troncos ressequidos, folhas apodrecidas e o corpo de Elyon.


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Notas finais do capítulo

Se tiverem lido até aqui, xD, espero que tenham gostado. Gostaria que comentassem sobre o estilo da escrito, e sobre o resto. Critiquem, opinem, elogiem - enfim, ajudem-me a melhorar.



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