Diário de uma Paixão escrita por garotadeontem


Capítulo 7
Capítulo 06


Notas iniciais do capítulo

O capítulo é super curto, mas é o que eu tinha planejado pra ele mesmo. Enjoy.



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Os dias se passaram e eu não tive notícias de Félix, ele não tinha ido mais a faculdade, mas fiquei sabendo pelo Eron que ele estava bem. O boato que corria é que ele tinha se envolvido em uma briga de rua. Como se você tão simples. Eu estava voltando de uma aula e vi seu carro parado no local de sempre.

Ao entrar não falamos uma palavra sequer, eu mal podia olhar pra ele, mas quando olhei quase me arrependi. Seu rosto ainda tinha a marca da surra, assim como o meu que tinha a marca do soco próximo a maçã do rosto, só que o dele, estava por quase todo o rosto.

_ Félix...

_ Não... – ele me cortou. Não me olhou, continuou olhando pra frente. – Eu estive pensando nesses dias e... Eu não quero te machucar mais, eu... vou me casar com a Edith. – ele engoliu em seco. – Eu quero que você siga a tua vida, Niko.

_ Acabou? – eu disse, a garganta fechada em um nó.

Félix só assentiu, eu ainda o olhava, mas ele não se virou pra mim. Meu coração tinha se partido por milhares de pedaços, mas no fundo, eu sabia que era o certo a se fazer. Sabia que aquela história não duraria pra sempre, jamais duraria, não naquelas circunstâncias. Não houve beijo, não houve toque, nem sequer um olhar de despedida. Sai do carro pisando firme, com raiva de mim mesmo, não tinha raiva dele.

Parece que quando uma coisa assim acontece, tudo acontece ao mesmo tempo. Duas semanas depois, recebi uma ligação da minha casa. Meu pai havia falecido, uma parada cardíaca. Lembro que arrumei minhas coisas, o sonho da faculdade tinha acabado, e eu preferia assim. Estar naquele lugar só me deixava pior, me trazia aquelas lembranças torturantes dele. Pior era vê-lo andando com a noiva por aí e ela agindo como se ele fosse um troféu. Todos estavam animados com o casamento do ano, eu só queria fugir. Eis que surgiu a oportunidade, teria que voltar e ser o homem da casa.

Os dias após o enterro do meu pai foram todos cinzas, minha mãe estava super abatida e eu tentava tirar o peso da perda de seus ombros, mas não conseguia. Ele tinha sido um companheiro maravilhoso pra ela.

Já fazia duas semanas que eu tinha voltado pra casa e ainda tentava juntar os pedaços de dois corações despedaçados, o meu e dela. Era noite, minha mãe fazia o jantar e eu limpava a sala, quando bateram na porta. Ao abrir senti meu coração gelar no peito e logo sai, fechando a porta atrás de mim, para que minha mãe não escutasse. Eram os capangas de César, eles tinham viajado horas pra vir atrás de mim?

_ O que vocês querem? – me surpreendi com o tom firme na minha voz.

_ Um recado do César, apenas, rapaz.

Mas eles não chegaram a falar nada, só me bateram e dessa vez, foi pra valer, ouvi os gritos da minha mãe, porque meu corpo tinha ido de encontro ao chão. Mas o que ela podia fazer contra três homens armados?

_ Nunca mais volte pra lá, tá ouvindo? – um deles disse após a surra. – Você tem sorte de não estar morto.

Mas eu quase estava. Eu mal conseguia me mover no chão.

Foi difícil de explicar pra minha mãe o porque tinha apanhado daquele jeito, inventei milhões de desculpas. Ela acreditou quando disse que tentei impedir um assalto. Fraturei três costelas e o braço, o meu corpo doía tanto que eu fiquei na cama por dias. Eu precisava arrumar um emprego pra ajudar em casa, mas precisava me recuperar primeiro.

Eu passava os dias lendo e tentando me esquecer do que aconteceu, mas as dores me lembravam de cada momento com ele, cada sorriso dele, cada piada, eu ainda me lembrava da voz dele. Acho que aqueles homens deviam ter me batido com mais força na cabeça.

Todos os dias de manhã, minha mãe me trazia o jornal pra ler, estávamos no interior, mas pelo menos, isso chegava até aqui. Aquele dia o destaque na capa do jornal era o casamento do filho do prefeito com a filha do bancário.

“Félix Khoury e Edith Sobral se casam em cerimônia aberta a população na igreja matriz”

O sorriso dele não mostrava os dentes, era apenas um sorriso de lado, arranquei a página, cortei Edith da foto e guardei no meio de um livro. Pelo menos, eu teria uma lembrança dele, até que a foto ficasse desgastada o bastante.


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