Diário de uma Paixão escrita por garotadeontem


Capítulo 6
Capítulo 05




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Eu me arrumava para ir para a aula, já estava atrasado, pois tinha dormido demais. Eu teria que correr até a cantina pegar um café e correr para aula. Estava pegando os livros da minha prateleira e jogando na bolsa, quando Eron me interrompeu.

_ Já vai, Niko? – ele tinha voltado do café.

_ Sim, estou atrasado já. Vou perder a pré-aula. – continuei jogando os livros na bolsa e a fechei. Senti a mão de Eron no meu braço.

_ Que foi? – olhei pra ele. Ele estava perto de demais.

_ Sua camisa... está toda torta. – ele arrumou o colarinho e tentou ajeitar a camisa amassada.

O que me incomodava eram seus olhos cravados no meu rosto, me senti desconfortável. Peguei a bolsa e escapei pela tangente. Corri até a porta.

_ Até depois.

Quando a correria passou, eu estava sentado na aula pensando no que tinha acontecido no quarto. Me lembrei de todas as vezes que Félix me pediu para tomar cuidado com Eron. Não que ele fosse um perigo, mas agora eu entendia o porquê. Será que alguma atitude minha o fazia pensar que eu estava afim dele?

A manhã passou rápido, eu estava cheio de trabalhos para fazer, também pudera, eu passava o meu tempo livre com Félix e tinha que ir contra o tempo dos prazos de entrega. Mas, apesar de tudo, eu estava adorando aquela coisa de romance proibido. Mas tudo estava prestes a mudar.

Quando chegou a hora do almoço, peguei um lanche e corri ao nosso ponto de encontro. Percebi que nada estava bem quando ele não desceu do carro, ele dirigiu por alguns minutos em silêncio. Eu queria perguntar o que estava acontecendo, mas eu sabia que ele iria contar de qualquer forma. Sentia como se aquele romance louco estivesse ao fim e eu estava certo.

Félix parou o carro em um lugar deserto, longe do campus, ele respirou fundo algumas vezes antes de me olhar. Seus olhos pareciam mais negros do que eram e estavam inchados.

_ Eu vou me casar daqui duas semanas, carneirinho. – ele expeliu o ar pelo nariz, como se aquilo o tivesse sufocando.

_ Isso... Verdade, Félix? O que...?

_ Eu não podia mais fugir, meu pai já está desconfiando e... Os pais da Edith queriam muito, eu não soube o que fazer, o que dizer, o jantar de noivado foi ontem a noite. Pelas contas do Rosário, meu pai que comprou as alianças, nem fui eu.

Eu segurei em suas mãos que tremiam, a aliança estava lá, coloquei a mão em seu rosto e o afaguei.

_ Félix, eu não sei o que dizer... Eu queria... Eu não tenho palavras pra dizer. – senti minha mão molhar com suas lágrimas.

_ Carneirinho... Eu nunca... Nunca, juro. Nunca amei ninguém como você. Você mudou a minha vida. Eu nunca me senti tão feliz como esses últimos dias.

Aquilo foi como um tiro no meu peito, eu também o amava isso era um fato, eu queria poder fazer alguma coisa para tirar aquele sofrimento do seu peito, mas eu nada podia fazer. Minha visão estava embaçada pelas lágrimas, foi a primeira vez que ele disse que me amava.

_ Eu também te amo, Félix. – mas foi tudo que eu consegui dizer.

Começamos um beijo desesperado, agoniado, cheio de dor e ressentimento. Félix me levou até uma casa abandonada próxima dali, já era meio de tarde quando entramos. Os móveis eram velhos e o chão rangia com nossos passos, ao passarmos pela porta todo o resto lá fora foi esquecido. Nossa despedida começou.

Suas mãos estavam em todo o lugar do meu corpo, no meu cabelo, na minha nuca, na minha cintura, nas minhas costas. Eu sentia nossos corpos batendo de encontro as paredes e móveis, tudo começou rápido, mas depois o ritmo foi diminuindo. Como se quiséssemos apreciar cada segundo daquele momento. Nos amamos no chão da casa.

Já era começo de noite quando Félix acendeu um cigarro, estávamos deitados no chão. Nossas pernas entrelaçadas e eu passava os dedos pelos seus cabelos úmidos de suor, estávamos sem roupa, mas eu não sentia frio algum. Eu só queria eternizar aquele momento, queria que ele nunca fosse embora dos meus braços. Depois de alguns tragos, ele me deu um beijo na testa, seus dedos acariciavam meu braço.

_ O que você está pensando? – ele disse. A luz ali era precária, mas ainda conseguia enxergar seu rosto.

_ Eu queria que você nunca fosse embora, que esse momento fosse pra sempre.

_ Eu também, carneirinho. Eu também, eu sinto muito... – ele disse, conseguia ver a tristeza lhe tomar a feição.

_ Então, é isso? Nunca mais vamos nos ver.

_ Eu não vou conseguir ficar longe de você, criatura. – eu acabei sorrindo. – Sempre vou dar um jeito de te encontrar.

Foi então que tudo aconteceu. Ouvimos o barulho de um carro parando do lado de fora, Félix levantou desesperado e foi até a janela com os vidros trincados. Ele procurou suas roupas pelo chão e eu fiz o mesmo, seu rosto estava mais do que pálido, estava totalmente branco, tomado pelo medo. Quando as luzes das lamparinas invadiram o lugar, tínhamos vestido as calças e ele tinha colocado a camisa, mas ela permanecia aberta. Eu não precisava conhecer o homem que vinha na nossa direção para saber quem era, Félix tremia de medo e eu comecei a temer por sua vida.

_ Pai... – ele se colocou a minha frente.

Eu só consegui ouvir o barulho do tapa e o rosto de Félix se virou para o lado.

_ Eu sabia! Seu viadinho de merda! – o homem gritou pra ele.

Eu me aproximei e me coloquei a sua frente, encarando o senhor imponente. Ele não estava sozinho, tinha pelo menos dois capangas armados atrás dele.

_ Não, Niko. Não. – Félix me empurrou e eu acabei caindo no chão. – Você... – ele apontou o dedo para o pai. – Não vai fazer nada com ele. O que tiver que fazer, faça comigo!

Meu coração estava tão disparado que meus ouvidos tiniam, me levantei de novo e voltei ao seu lado.

_ Ah, que lindo. O casal de moiçolas. Como você pode se rebaixar a isso, Félix? Eu sabia que seus trejeitos te entregavam, mas não pensei que ia ter coragem! Você é patético! Eu tenho vontade de te matar! – ele gritou. – Mas eu tenho uma reputação a zelar!

Ele deu um tapa, depois outro, depois outro no rosto e nos ombros de Félix, que se encolheu diante da imponência do pai, acabei me intrometendo.

_ PARA! PARA COM ISSO! – gritei, meus olhos estavam cheios de água. O rosto de Félix estava com a marca dos tapas.

César só fez um sinal para que um dos capangas se aproximasse de mim, eu tentei desviar mas o soco me acertou em cheio no meio do estomago. Fiquei sem ar e tonto pela dor, e depois senti outro impacto no meu rosto. O gosto de sangue na boca. Eu estava no chão, a cabeça zunindo, Félix gritava alto, mas eu não conseguia entender. Senti suas mãos no meu rosto, mas quando consegui focar minha visão, eles o levaram.

Só consegui me levantar quando a dor diminuiu, cacei minha camisa no escuro da casa, limpei o sangue da boca que ainda insistia em correr. Quando sai os carros já tinham partido, mas eu sabia onde ele morava, caminhei devagar, as pessoas me olhavam com estranheza pelo caminho.

Quando cheguei a casa do prefeito, fui para os fundos onde eu sabia que era o quarto de Félix, me admirava a vizinhança não fazer nada, eu conseguia ouvir seus gritos. Me sentei próximo a janela, ele apanhava, seus gritos de dor invadiam a minha cabeça e parecia que eu sentia sua dor, as lágrimas corriam pelo o meu rosto e eu fiquei ali, pelo o que parecia uma eternidade, até que tudo se aquietou. As luzes se apagaram e eu podia ouvir seu choro, aquilo me destruiu por inteiro. E foi quando eu prometi que nunca mais ia machuca-lo daquela forma.


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