O Assassino de Valesco escrita por Felipe Araújo


Capítulo 12
#11 - Divina Morte




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Que sensação horrível era aquela que estava sentindo em meu corpo, aquela salivação que aglomerava em minha boca me sufocava de um jeito agonizante, era um gosto de sangue misturando-se intensamente em minha garganta vindo a me afogar. Estava voltando aos meus sentidos, mas com medo de abrir os olhos, percebia no instante momento que estava preso, imobilizado de uma maneira intensa, pois até mesmo minha cabeça não se movia. Minha vista foi clareando e estava em cima de uma mesa, provavelmente de metal por sentir um gelado em minha costa nua, estava despido de camisa. Meus braços e pernas estavam presos por uma corrente reforçada com cadeados, foi à primeira coisa que percebi a voltar para a realidade depois de parecerem horas que estava desacordado. Levantei com dificuldade a cabeça tentando visualizar onde estava preso, era impossível fugir, voltei a deitar na mesa, não importava gritar ou berrar nada iria acusar minha localização. Estava muito debilitado, acho que chegou meu fim, mas onde está aquele desgraçado? Ele não vai me matar?



Virava a cabeça para os lados, estava no mesmo porão de antes. Observei aquele cenário de um inferno inigualável, revia mais uma vez aqueles pedaços de corpos em estado de decomposição, o cheiro ainda era o que mais me incomodava era um cheiro de uma podridão intensa e devastadora. Meu Deus essas pessoas são doentes e desumanas. O corpo de Marcus já não estava mais no mesmo local, revirei apenas os olhos para tentar achar uma saída, entretanto as correntes estavam tão bem amarradas que seria impossível uma fuga, fechei novamente os olhos e derramei lagrimas. Por que nós tivemos que cair nas mãos deles?

As lagrimas escorriam era inevitável evitar a emoção e o medo que estava explodindo em mim, nada mais importava só ficaria ali para morrer, sabia que não tinha mais jeito, só esperava a hora de minha morte. Lembrava-me de minha mãe e do meu velho pai que me deixou na porta de casa com seu olhar tremulo e preocupante, estou com saudades da Sarah. Queria poder escutar mais uma vez ela reclamando do banheiro logo de manhã, ou a voz melancólica de meu pai me dando aquelas broncas matinais e ver o sorriso de minha mãe me acordando depois de uma longa noite de sono, mas não. Este era o fim de uma vida pouca proveitosa, deveria ter amado mais minha família, ter dito mais vezes para minha mãe que a amava, ter dado mais abraços em meu velhote, sorrir e escutar minha irmã um pouco, tentar compreende-la. Porem nada fizera corretamente, iria morrer e tudo que não fiz nunca poderei fazer. Elisa, sim... Elisa, não tenho palavras... Meu Deus como queria abraçá-la, mas já não poderia estava morto e não sabia. Escutava um barulho aproximando-se com extrema violência e a grande porta de metal se abre mais uma vez, era Frederik.

Ele aproximava-se de mim, meus olhos quase explodiram, o meu corpo estremeceu e jurava que saltara em uma temperatura alta, pois sentia um calor devastador devido ao medo. Ele não dava atenção a mim, ao menos me olhou ou chegara ao meu encontro, foi mexendo em algumas prateleiras parecia procurar algo. E em uma prateleira suja de sangue retirava uma mala e colocava perto de meu peito. Não entendia seus atos, mas não queria descobrir o que estava na parte de dentro da maleta. Antes de abrir a mala me encarou, pela primeira vez via a cor de seus olhos, um dos olhos era da cor negra, e o outro estava com a cor branca em um vermelho sangue devido talvez pelas queimaduras que a mulher gorda mencionou. Estava com dores horríveis em meu corpo, cuspindo sangue e quase desmaiando começava a gritar desesperadamente.

– Me mate logo Frederik, derrame meu sangue, não é isso que tanto quer? – Ele não dizia uma palavra só fixava o olhar, seu rosto era coberto com aquela horripilante mascara, por que não mostrava seu rosto? Queria ver a face daquele que eu tanto tinha medo. Frederik se vira e começava a retirar a mascara em minha frente, parecia que o monstro conseguia ler pensamentos. Estava tão surpreso que me revirava com os olhos esbugalhados ao encontro do assassino.

Com suas mãos grandes e sujas ele retirava a mascara que o escondia. Quase desvio o olhar. Seu rosto era tenebroso, cheios de marcas e cicatrizes de queimaduras. Seu nariz era fino com a parte da cartilagem esquerda destruída. Não possuía uma parte do lábio superior, fazendo assim seus dentes e gengiva ficarem a mostra, o fogo parecia ter destruído não só seu rosto, mas o ser humano que vivia dentro dele.

– Olhe para mim. – O que ele falou? - Pensei. Era a primeira vez que ouvia sua voz, era de um grave rouco, sua voz era medonha. Ele tinha dificuldade em falar, pois sua saliva se misturava entre sua bochecha. Babava pelo fato de sua boca não fechar por ter uma parte destruída, poderá ser por isto que ele era calado, mas tentava de todas as formas cuspir palavras tortas e continuou espremendo meu rosto com uma das mãos. - Veja isto, olhe o que passei.

– Mas... – Gaguejei, - nós não temos nada haver com isso, por que você matou meus únicos amigos?

– Você não tinha ideia de o que era a dor, não sabia o que era o desespero, não tinha a noção do que era perder uma pessoa especial, por isso mostrei e apresentei-os a você, mas você não merece a divindade da morte, minha bela mãe já não quer compartilhar o paraíso com você.

– Do que está falando? Você é doente, acha que matando está glorificando as pessoas, o que passa dentro desta sua cabeça maluca, você está causando unicamente a dor e sofrimento as pessoas. – Ele parecia ficar agitado, andava de um lado a outro.

– Mãe, o que devo fazer? – Frederik direcionava o seu olhar para o nada dando a entender que achara que estava acompanhado de uma imagem, ele achava que sua mãe o guiava a matar, realmente este homem é um doente mental.

– Me deixe sair daqui, me deixe encontrar meus amigos e juro que sumirei de sua vista. – Mas minhas preces não eram ao menos notadas, ele não olhava para mim olhava para o nada e parecia falar sozinho.

– Já sei o que fazer mãe, vou mata-lo para ele encontrar Tomas e Torico, ele não ira encontrar você por ter matado minha família.


– FAMILIA? – Gritava cuspindo sangue. - O que você sabe sobre família, eles não gostavam de você, só o usava para os fins financeiros, entenda. Você nunca teve ninguém, depois que sua mãe morreu, eles apenas o chantagearam. A única coisa que você Frederik foi para a sua família, fora uma peça deste jogo doentio.

– O que sabe sobre a mamãe? – Ele se vira e pega um martelo e um enorme prego ele retirava da maleta que tirou a pouco da prateleira, – ela é uma santa, não mato por eles, mato por ela. Dou a dor divina, dou a santidade ao corpo, levo todos para um mundo melhor. – E ele apontava o prego para mim.

– O que você vai fazer? – Ficava cada vez mais em pânico, sabia que a qualquer momento morreria, tentava tirar meus braços das correntes, mas eles estavam muito apertados, já não conseguia me mover. Então Frederik continuava a falar agarrando um de meus braços

– Minha mãe sempre me dizia que Jesus olhava por nós, ele sofreu muito sabia? – E ele agora pegava o martelo e apontava para mim. - Seus pés e mãos foram perfurados por enormes pregos e depois de ser torturado em publico foi pendurado a uma cruz, ele é a verdadeira prova que o sofrimento leva o ser a um mundo divino, a um mundo sem sofrimento.

– Por favor, isto não faz sentido, não... – Ele foi se aproximando com os enormes pregos. Meu corpo soava frio, imaginava o que ele poderá fazer com os pregos, aquela sua filosofia chula sobre a divindade da morte só fazia sentido em seu mundo cruel, ele realmente ira me pregar? Se isto acontecer vou morrer, não aguentarei mais algum ferimento em meu corpo. Mas sim, ele ira me matar perfurando meus braços e pernas, pois agarrara com força meu pulso.

– Vou te dar a mesma dor que Jesus sentiu ao ser perfurado, você dará valor á verdadeira dor, você sentirá a divindade entrar em seu corpo, sentira o prazer da morte.

– Não, seu doente, saia de perto de mim. – Frederik levanta de onde estava e estica o braço para trás da mesa, fazendo força levanta a superfície de metal que estava preso e fico pendurado. Meu corpo suspende-se na mesa, meu peso parecia ter ficado dobrado pelo fato de eu estar tão fraco, meus braços pareciam que iriam descolar-se de meu corpo, sentia um frio que me arrepiava. Estava com o corpo suspenso, amarrado dos pés a cabeça e vulnerável na frente daquele monstro, será que depois de tudo este era meu fim. Ele pegava o enorme prego colocava sobre minha mão direita, e começava a falar.

– Com essa dor vou purificá-lo, e será perdoado por minha mãe por ser tão importuno – Ele levantava o martelo mirando-o no prego sobre minha mão, flexiono os dedos do pé, retorço o rosto e fecho os olhos já me preparando para a dor, mas no momento que ele ia martelar ouço um toque de telefone. Frederik vira o rosto com violência ate aonde o som vinha, levantando parecia assustado, largando o martelo e falava virando o corpo e já colocando a sua mascara em seu rosto decrépito.

– Já volto para continuar o que estava ara acontecer. – Ele sobe as escadas e some, me deixando em um estado totalmente de pânico. Minha respiração estava acelerada, soava frio e estava tremendo. Esta era a sensação de morte, era a dor que começava a sentir ao presenciar o fim, não conseguiria aguentar por muito tempo, eu estava pendurado e meu peso era tanto sobre meus braços que sentia uma queimação enorme, já não tinha mais nada para fazer e comecei a falar baixo para mim mesmo desviando o olhar para o chão úmido e sanguinário.

– Elisa me desculpe não pude voltar, tinha lhe prometido, mas não pude voltar. – Observei bem aquele porão mais uma vez, era horrível, via uma mancha enorme de sangue no empoeirado chão, fora ali que vi pela ultima vez Marcus. A única coisa que restava de meu amigo era seu sangue seco e escuro esparramado. Perguntava-me quando ele começou a matar. Quando ele realmente pararia de matar, queria dar um fim a tudo isso, mas já não posso mais. Olhei a minha volta tentando dar uma ultima olhada, e avisto os óculos de meu amigo a única coisa que sobrou dele. Os enormes óculos de Marcus estavam sobre seu sangue... Chorei novamente e derrubei minha cabeça a baixo desistindo do que me restava em forças. Mas em meio aquele desespero escuto um barulho de passos, Frederik estava se aproximando e desta vez iria morrer.

– Por favor, me deixe sair... – Falava exausto e sem forças para gritar, mas do lugar de uma voz infernal, escutava uma doce e fraca voz aproximando, não conseguia enxergar direito por estar preso, mas continuei gritando quando percebi que não era Frederik, e em meio às prateleiras encontro a dona daquela voz.

– Alan!

– Elisa estou aqui, estou preso – Não conseguia acreditar Elisa estava aqui mesmo ou eu já estava desfrutando de alucinações? Com dificuldade olhava para o lado não só Lisa, mas Daniella estava em minha frente.

– Alan, você esta... – Elisa quase subia sobre meu corpo em desespero, passava as mãos em meu rosto tentando limpar o sangue que escorria de meu nariz e boca, - você está sangrando muito.

– Lisa não se preocupe, era para você ter fugido com a Dani, mas me explique como entrou aqui, como sabiam que eu estava preso? – Ela parecia desesperada, Dani olhava para todos os lados inquieta passava a mão sobre o rosto tentando entender aquele lugar, Elisa logo me responde tentando retirar as correntes que me prendiam.

– Foi o Hugo um garotinho que nos contou tudo o que aconteceu, com a ajuda dele viemos buscá-lo, lembra que você tinha me dito? – Elisa aproximava-se de meu rosto, - que enfrentaria tudo de novo por mim, é isso que estou fazendo agora, nunca iria te deixar Alan, por você enfrentaria tudo de novo. – E com um beijo ela me socorre, estava realmente feliz em vela, mas não poderia sair dali sem as chaves, já que estava preso por cadeados.

– Não poderei sair daqui, não á meios de seguir com vocês, estou preso a cadeados. – As duas me olhavam com olhos lagrimejados e Dani já falava histericamente procurando em tudo.

– Você acha que iremos lhe deixar aqui ara morrer meu amigo! – Dani decidida em me ajudar impulsionou Elisa a procurar por chaves para conseguirem retirar os cadeados das correntes que me prendiam, mas a situação era precária. Frederik poderia aparecer no porão a qualquer momento, aquilo era torturante não retirava a visão da escada ao meu lado.

– Por favor andem logo, Frederik pode chegar a qualquer momento.

– Claro. – As duas começavam a tirar tudo do lugar, estava sempre olhando para cima, Frederik poderia descer sem prévio aviso, as brechas no teto faziam perceber se ele começasse a dar passos pelo fato do teto ser de madeira fiquei a todo o momento olhando fixando o olhar naquele teto decrépito, meu suor escorria em um ritmo exagerado, minha agonia em ver elas desesperadas a procurar algo quase impossível de se achar era terrível. Passou-se alguns minutos e nada, as garotas estavam procurando em tudo, por milagre Frederik ainda não dava sinal de vida no andar de cima, e quando achava que já tinham procurado em tudo Lisa deixar cair uma prateleira, e um enorme barulho e concretizado no porão fazendo um eco enorme.

– Meu Deus, ele pode ter escutado, vamos Elisa. – Exaltada Dani falara, era realmente verdade. Passos rápidos eram percebidos a cima, Frederik estava vindo em grande velocidade, sombra era percebida ao pisar rapidamente a cima no teto de madeira.

– É ele, ele está vindo, rápido garotas. – Foi quando gritava em desespero que Elisa saltara com um impulso de alivio, as chaves estavam em uma gaveta. Tremendo e em um desespero Elisa pegava as chaves com esperanças que fossem aquelas que iriam me salvar, tínhamos que agir rápido, mas Lisa estava muito desesperada suas mãos tremiam de uma maneira frenética o medo que ela estava sentindo em encontrar Frederik não a deixava encaixar as chaves nos cadeados, tinha que fazer algo.

– Elisa olhe para mim, respire fundo só pense que daqui a instantes estaremos longe desde inferno, use as chaves. – Enquanto isto Daniella sussurrava

– Ele esta chegando, rápido – Elisa respirou assim como tinha dito para fazer e por consequência consegue colocar as chaves nos cadeados e por milagre as chaves rodam e conseguimos por fim.

– Rápido Alan, pega a outra chave e abra o outro cadeado do seu pescoço – Com dificuldade e muita dor, abro o outro cadeado. Frederik estava vindo, sentia que estava sua fúria era escutada de imediato mesmo antes de ele chegar ao porão, pois escutava seus gritos ele já havia percebido que as garotas estavam aqui.


Tirei todas as correntes que me prendiam naquela maca gelada de metal, com dificuldade sentindo dores horríveis por todo o meu corpo consegui sair de cima da maca com a ajuda das garotas, que me pegaram pelo ombro e junto andamos com passos rápidos até o outro cômodo. E era neste cômodo que o garoto com o nome de Hugo estava nos esperando. Fiquei imaginando por que um deles nos ajudaria desta forma? Será que a criança era de confiança, mesmo sendo um garotinho não poderia confiar, as pessoas daqui são realmente doentes e até agora ninguém nos mostrou caridade e piedade.

– Vamos Alan, Hugo está nos esperando para fugirmos pela saída. – Elisa sentia o peso do meu corpo, pois ate então não conseguia sentir minhas pernas de maneira normal, elas estavam dormentes, mas quando estávamos saindo do lugar onde estava preso me lembro de algo.

– Não me soltem, tenho que voltar e pegar uma coisa. – Dani quase me agarrou a força

– Você ficou maluco, Frederik esta descendo.

– Não! – Cambaleando para os lados ainda sentindo meu corpo fraco voltei em um instante até a mancha de sangue de Marcus, pegando com rapidez a única lembrança que teríamos dele, seus óculos. Olhei para frente e escutei a porta abrindo, era o maníaco, apertei os óculos em meu peito e voltei correndo.

– Você voltou para que Alan? – Perguntava Dani em um tom de surpresa, não disse nada apenas abri as mãos e mostrei os óculos de Marcus, ela olhava para mim em lagrimas e entreguei a lembrança para ela, Dani não fez outra coisa apenas me encarou e guardando os óculos continuamos.

Chegamos ao outro cômodo do porão, estava ofegante, minha respiração era intensamente aguda. Meu alivio em estar aos braços de Elisa era tanta que por um minuto parei de respirar ao ver seu rosto, queria tanto sair daqui, tanto. Por este motivo ate esqueci que Frederik estava vindo em uma velocidade gigantesca. Ao entrar ao cômodo, o garotinho estava nos esperando, encarei seu rosto sofrido, mas não tive a coragem de alar com ele no momento o desespero para sair daquele inferno era maior. Com a ajuda de Dani Hugo arrastava uma prateleira, que rapidamente dava lugar a uma pequena porta de madeira, era como se fosse uma passagem.

– Vamos entrar. – Sussurrando o garoto apontava para uma passagem escura na parede, o que realmente era aquela passagem, não daria tempo de descobrir o garoto já adentrava a escuridão.


– Alan, vai à frente, você está mais ferido, entre com Elisa. – Dani estava decidida, mas pelo meu orgulho, retruco, enquanto Elisa empurrava uma mesa na porta de onde entramos para bloquear qualquer um que queira entrar no cômodo.

– Não, vocês vão pela frente, e vou atrás, para auxiliar a retaguarda.

– Não quero discutir, não temos este tempo, não estou tão ferida quanto você, vá à frente Alan. – Não pude mais falar, Frederik já entrava no porão, após Hugo entrar na passagem, Elisa e eu entramos, logo Dani veio atrás.

Na realidade era um túnel, estreito extremamente escuro, ao menos sabia onde aquilo iria dar, apenas seguia o garoto, nos arrastávamos de quatro ao chão de terra estava realmente preocupado, o que será que estava esperando na ponta do túnel? Achei estranho, o túnel era maciço de terra e no chão dois finos trilhos eram sentidos, pelo arrastar das minhas mãos e joelhos, parecia que era o acesso a um pequeno transporte a trilhos, mas o que poderia ser? Enquanto nos arrastávamos, Hugo começava a falar alto para todos escutarmos.

– Este túnel era o acesso à montanha do bananal onde a família de Frederik colhia as bananas para vender, eles fizeram este túnel para não precisar subir e descer a serra, o túnel acaba bem no topo da montanha onde perto a uma estrada de terra.

– Mas o túnel parece que foi usado há pouco tempo. – falava Elisa, que percebera ao sentir os trilhos quentes, eu apenas escutava, olhava brevemente para trás prestando atenção se não via Frederik, mas apenas via Dani que estava com uma face preocupada. E Hugo responde a pergunta de Lisa.

– Sim Elisa, ele é usado para outras coisas, - o garoto parecia engolia a seco suas palavras e continuou agora com outro tom de voz. - Frederik usa este túnel para trazer as suas vitimas diretamente para o porão, por isso ele não deixa pistas para estranhos, e por isso nunca ninguém presenciou Frederik trazendo as vitimas para sua casa, todas passam por aqui, exceto algumas pessoas que são capturadas por Tomas e Torico , alias Alan foi jogado pelo túnel quando foi raptado da casa de Karolina aquela gorda desgraçada.

– Por isso que ninguém depois de todo esse tempo o descobriu, eles pensam em tudo, em tudo mesmo. – Dani se manifestou na historia do garoto, todos ficamos perplexos com tudo isto, mas em meio aquela discussão uma luz forte começava a clarear todo o túnel, Dani me empurra com um impulso desesperador, indo rapidamente para frente, como um relâmpago doentio Frederik vinha se arrastando de quatro em alta velocidade e em uma de suas mãos levava uma tocha de fogo.

– É ele rápido, vamos ele nos alcançar. – Como Dani era a ultima da fila ficou desesperada, aceleramos ainda mais o nosso arrastar de corpo, mas nada adiantava o fim do túnel ao menos aparecia.

– Falta pouco, vamos galera. – Gritava Hugo. Frederik gritava pelo garoto, estava indignado por ele nos ajudar, queria saber se realmente ele estava nos ajudando, mas não importava só queria sair dali. Era atormentador, o ar estava começando a faltar em nosso corpo, o clima estava tenso, estávamos sendo perseguidos por um maníaco que leva com ele uma tocha em um túnel apertado e sem fim, o que poderia piorar? Aquela situação era eletrizante o clima era pesado era desesperador o modo que corríamos nos arrastando para ele não nos alcançar.

Mas o que poderia piorar começou a melhorar, quando uma pequena luz é avistada, o fim do túnel estava próximo. Frederik vinha em uma fúria intensa, enquanto Dani gritava desesperada, queria ter ido por ultimo, mas não, tive que escutar a garota corajosa, agora já não adiantava o túnel era tão estreito que não dava para passar Dani para frente, Frederik estava cada vez mais perto.

– Dani aguente firme, – Elisa já demonstrava dificuldade ela tossia já sem ar. – Eu não estou respirando.

– A saída, – e Hugo saia do túnel, já puxando com Elisa. Percebi que Dani estava exausta Frederik estava tão próximo que dava para ver a sua cruel face, ele estava sem sua mascará e babava sem parar, seu olhar era assassino e seu franje de testa amedrontador e quando saiu do túnel, já gritei apressando Daniella.

– Venha Dani, ande logo. – Meus braços estavam doloridos, mas aguentava firme a dor e estendia para a Dani agarra-los, em desespero Dani agarra meus braços. Elisa e Hugo estavam do lado de fora do túnel, Elisa estava fora de si gritava para ajudar sua amiga a sair da mira do assassino, gritava de dor com o peso de Daniella em meus braços, mas puxava a garota para longe de Frederik

– Aguente firme Dani, vou te puxar - Não aguentava gritava com uma intensa e ardida dor, mas eu não desistia puxava Dani para fora, mas algo a atingia com uma pressão gigantesca

– Ah não, meu Deus ele me perfurou com alguma coisa, esta doendo. – Olhei para o túnel e via Frederik, ele havia furado uma das pernas de Dani com um gancho e a puxava com força para dentro do túnel. Elisa entrava em choque, começava a gritar.

– Alan puxe-a, não o deixe levar, por favor, eu te imploro.

– Não vou te largar Dani. – Daniella gritava e chorava de dor, sentia que ela estava fraca, pois sua pele estava ficando gelada, sentia o peso que tinha em minha alma, não iria larga-la nem se minhas mãos desgrudassem de meu corpo, mas em meio ao desespero escutamos uma roca voz.

– Ela vem comigo. – Frederik então falara, atingindo as pernas de Dani com a tocha que levava em mãos, vindo a incendiar as pernas da garota.

– AAAAAAAH! Minhas pernas estão queimando, Alan, Elisa! - A tensão e o pânico tomaram conta do meu corpo, Elisa gritava junto com Dani que estava sendo queimada, minhas mãos machucadas e doloridas se entrelaçam com as dela que apertava meus braços com força, enquanto Elisa chorava tentava me puxar para ajudar Dani.

– Ela vai morrer se não fizermos nada, rápido Hugo me de alguma coisa para acertar Frederik. – O garoto desesperado pegava um pedaço de tronco que estava sobre as folhas secas do lugar. No mesmo instante pego e começava a bater com ele dentro do buraco, tentando acertar o maldito, mas o túnel era estreito e não alcançava, não sabia o que fazer, minha melhor amiga estava sendo queimada suas pernas estavam em chamas, e Frederik puxava seu pé com o gancho cada vez mais para dentro do túnel.

– Alan, Elisa, me soltem! – Gritava ela, seus dedos estavam escorregando sobre os meus, – já não aguento, ele esta me puxando brutalmente, e já não sinto minhas pernas, me soltem.

– Não, não, não, Dani não vou te largar, sem você não conseguirei sobreviver aqui, Dani! – Elisa estava fora de si, não queria soltar Dani ao túnel, mas já não tínhamos força para puxá-la Frederik era muito mais forte, e com palavras doces e agonizantes Dani terminava

– Eu amo todos vocês, desculpem por não continuar. – E seus braços se soltam dos meus braços, seu corpo é consumido para dentro do túnel, sumindo em um segundo. A única coisa que escutava era seus gritos de pânico e dor, não queria, não acreditava, não podia entender. Dani estava morta?

– NÃO DANI! – Elisa quase adentrava novamente ao túnel, ela queria salvar Dani, mas era tarde de mais, tudo o que poderíamos fazer já havia se esgotado. Não poderia acreditar, Daniella estava sobre minhas mãos e deixei que ele o levasse.

– Meu Deus, Dani... – sentei ao chão e chorei, - por que este desgraçado esta nos matando, não...

– Alan, não, ela estava viva quando desapareceu, ela pode estar viva quando a buscarmos.

– Você sabe como Frederik agia com suas vitimas, não temos a menor chance, ela tentou, nos tentamos, não queria que tudo isso estivesse acontecendo Elisa, mas já é tarde.

– Alan tem razão, Elisa, Frederik é um demônio, ele mata sem êxito. – Hugo até então quieto denunciava sua preocupação em questão a Frederik, mas isto não era o suficiente para confiarmos naquela criança. Chorando por causa de Dani o encaro e pego em sua camiseta o erguendo para cima.

– E você, qual é o motivo de nos ajudar? – O rosto do garoto mudara em um segundo, quase a chorar ele começava a falar.

– Eu, eu... – Ele gaguejava, Elisa completava olhando para todos os lados desnorteada pelo que acontecera com Dani.

– Ele é igual a nós Alan, não faz parte deste circo dos horrores. – Larguei a gola da camisa do garoto o colocando no chão, no mesmo instante ele começava a me explicar.

– Minha família passava por aqui e o carro bateu, não lembro o que aconteceu apenas acordei e já estava na cabana de Frederik, depois disso nunca mais vi meus pais, e passei a morar com aquela gorda e sua família, tenho esperanças em ver meus pais outra vez sãos e salvos, mas sei muito bem o que Frederik pode ter feito a eles.

– Sinto muito Hugo, mas por que não fugiu antes?

– Por que eles sempre estavam me observando, sempre. – E Elisa ainda em estado de choque me abraçava e falava alto.

– Vamos sair daqui, Frederik pode voltar. – Começamos a correr em direção a parte mais alta da floresta. Não conseguíamos tirar Dani da cabeça, tudo o que estava acontecendo era horrível, ela havia sido capturada e provavelmente estava morta, não só ela, mas Geovana também não fora encontrada, o que estes monstros fizeram a elas, meu Deus será que Geovana ainda esta viva.

Aquela parte de floresta era precária, galhos e troncos de arvores misturavam-se de uma forma que quase não dava para se locomover, o solo era montanhoso cheio de rochas e pedaços de pedras em meio à folhagem ao chão, não parava um segundo de pensar em tudo o que estava acontecendo, Hugo parecia conhecer o local, pois nos levava em uma linha reta. Elisa ainda chorava


– Dani era minha única e melhor amiga, ela era como se fosse minha irmã. Por que teve que ser levada por ele? Quero tanto ter ela perto de mim Alan. – As lagrimas de Elisa eram tantas, que já estava me sentindo desesperado, Dani realmente não merecia. Meu medo e ódio misturavam-se, e a única chance que estava a aparecer, foi uma estradinha de terra que avistamos de cima da parte alta da floresta.

– A estrada que estava falando. – Hugo apontara para a estrada, meus olhos chamuscavam esperança, Elisa gritava instantaneamente ao avistar alguma coisa na pista.

– Uma moto? – E corremos morro a baixo. – Sim é um cara de moto, vamos Alan, vamos. – Minhas forças já sumiram a muito tempo, porem resistia bravamente ao meu destino incerto minha ultima chance parecia chegar em disparada.

Invadimos a estrada, estava mancando puxando um de meus pés, Elisa acenava com desespero estampado em seu rosto e o homem de moto chegava em alta velocidade, a única coisa que conseguia era gritar, pois não coseguia acenar, pois minha mão direita abraçava a esquerda pela dor intensa que sentia. De alguma maneira acreditava que ele iria parar, naquele momento a única coisa que pensava e acreditava era que ele pudesse nos ajudar.

O homem se aproximou com a moto, mas para a tristeza de todos nós ele passou reto, passou por mim e por Elisa, deixando para trás uma criança em uma estrada deserta, o que este desgraçado estava pensando, queimando pneu e levantando uma arda poeira devido a terra da estrada ele nos deixava. Não aguentava tudo aquilo e caia de joelhos colocando as duas mãos debilitadas ao rosto chorava, não acreditava que o homem havia partido sem parar. Elisa me levantava e apontando o dedo para frente ela sorria.

– Ele esta voltando Alan, esta voltando – Olhava para frente e me deparei com o pneu da moto em minha presença, parada. O homem descia da moto, e já ia retirando o capacete.

– Desculpem, passei reto achando que poderia ser um assalto, mas resolvi voltar quando vi o estado físico de vocês, o que realmente esta acontecendo, vocês estão muito feridos, e está criança?

– Ele vai matar todos, vai nos matar. – Gritava Elisa puxando o braço do homem.

– Quem vai matar vocês?

– Você tem algum celular senhor, por favor. – Gritei. – Rápido antes que ele chegue.

– Tudo bem, aqui está. – Ele sem evitar me entrega um celular em minhas mãos. Meus olhos brilhavam, estava prestes a pedir socorro, então ligo sem esperar um segundo para meus pais. Disquei os números e coloquei o celular a minha orelha, mas o telefone deu apenas um toque e caiu na caixa postal.

– Que droga, não consigo falar com meus pais. – E o homem ressalta falando comigo.

– Este telefone só faz chamadas locais garoto, não sou desta região, mas por estarmos aqui, ele apenas fará ligações a esta cidade os aconselho a chamarem a policia. – Que merda, mas ele tinha razão porem pensei em ligar no exato momento para aquela maldita fazenda, e ao mesmo tempo me perguntava por que eles não sentiram nossa falta. Disco o numero da fazenda que por mais de vezes decorava durante o ano de tão animado que estava para chegar à formatura. O telefone começa a chamar – atendeu.

– É da fazenda onde esta acontecendo a festa da formatura do colégio de Sorocaba?
– Sim, é da fazenda. – Respondeu uma voz de um homem, parecia um senhor.
– Por favor estamos perdidos, e nossos amigos mortos.
– Garoto pare com estes trotes.
– Não senhor não é trote, chame algum professor rápido.
– Não tem professor.
– Como assim? E a festa?
– Não teve festa, devido a chuva o riacho de Valesco transbordou e cancelaram o passeio, alias alguns alunos nem ao menos chegaram aqui, acho que esta festa não é tão importante.
– Ele capturou vários alunos, eles nos capturaram.
– Garoto sou apenas o zelador desta fazenda, algumas pessoas ligaram aqui procurando por alguns alunos, mas mandei ligarem para a policia, e é o que aconselho a você.
– E o telefone é desligado, fiquei perplexo ao escutar o que ele acabou de me falar.

– O que aconteceu Alan, o que disserem? – perguntou Elisa preocupada e respondendo o que ela me perguntava e ao mesmo tempo já discando o numero da policia indago palavras de puro temor.

– Os malditos não fizeram a festa.

– Como assim?

– A festa estava cancelada há muito tempo, nunca teve formatura, não éramos para estar aqui, mas nossos familiares estão nos procurando Elisa, ligaram atrás de nós logo vamos sair daqui. – O senhor da moto então falava, ainda sem entender a situação.

– O quem esta acontecendo aqui, quem matou seus amigos, quem os machucou.

– É uma longa historia. – Hugo o responde, e o telefone é a tendido, conseguimos enfim falar com a policia.

– Central de Policia boa tarde. – E uma moça atende, e em desesperado já respondia..
– Rapido, mande viaturas, todas que puder ele matou todos.
– Acalme-se, e me explique o que esta acontecendo.
– Ele matou todos os meus amigos, e esta atrás de mim e da minha namorada, ele vai nos matar.
– Qual é a sua localização.
– Não sei ao certo, mas estamos em Valesco, em uma estrada de terra.
– A central já foi acionada para este local por outras denuncias, as viaturas estão rondando a ponte de Valesco desde ontem, a ponte que separa o vilarejo neste momento, vão para este local é o mais seguro, estou encaminhando todos os possíveis.
– Mas moça você não entende, não conseguiremos chegar ate lá.
– A policia esta sobre aquela área, tente chegar ate lá, ou pelo contrario demoraremos achá-los.
– E desliguei o telefone, o homem sem saber o que dizer fica exausto em ver o nosso desespero e perguntava mais uma vez.

– Eu não sei o que esta acontecendo, por que estão machucados assim garoto, ligou para a ambulância?

– Ambulância não adianta, ligamos para policia, eles vem nos salvar.

– Vou procurar ajuda em minha moto, não saiam daí.

– Obrigado senhor pela gentileza. – Falava Elisa, e o homem sobia em sua moto, e no momento que ele virava-se para colocar o seu capacete, uma atrocidade é vivenciada em nossos olhos, uma flecha é atirada e cravada em sua cabeça, passando por trás da mesma e parando em um de seus olhos, o homem caia morto ao chão instantaneamente deixando a moto cair.

E no alto do morro o nosso pior pesadelo é avistado, armado com um arco e flecha, Frederik apontava aquele pedaço de navalha amarado a um fino pedaço de vara, fazendo assim uma flecha mortal e certeira. Ele havia acabado de matar o homem que parou para nos ajudar, e estava pronto para nos matar também.

– Olhem para a moto, não se mecham, ele vai atirar.


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