Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 4
Quando a verdade vem à tona...


Notas iniciais do capítulo

Vocês mal andam comentando pessoal. Se continuar assim, vou colocar a fic em hiatus. Só quem escreve sabe como é bom ter comentários, por mais que sejam pequenos, nas atualizações.



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Valerie estava deslumbrante naquele vestido, com as costas à mostra e as tatuagens no seu colo todas expostas. Por alguns momentos, Hector até esqueceu que ela é lésbica e desejou tê-la em sua cama naquele momento.

A cerimônia havia sido rápida, ainda bem. O papa ficaria hospedado no palácio até amanhã, para a coroação. Hector achava tudo aquilo uma besteira sem tamanho e desejou matar Francis por tê-lo deixado naquela saia justa. Se ele não tivesse que se tornar rei, poderia convencer o pai a casá-lo com outra nobre.

– Esse foi o mico do ano - ele disse a Jean-Pierre depois da cerimônia. - O rei que casou com a lésbica. Nunca riram tanto de mim na vida.

– Ué, não é você que se diz o galã?

– Galã, pai, pelo amor de Deus. Nós não estamos no século XIX. É pegador.

– Tanto faz - Jean-Pierre diz. - O que importa é que está na hora de você provar que é homem e fazer Valerie gostar de você.

– As garotas que gostam de homens costumam gostar de mim. Do jeito que ela é, é capaz de me propor para dividir uma prostituta com ela.

– Não seja tão pessimista, Hector. Pense que você está fazendo isso pelo seu país.

– Eu não nasci para isso, pai. Eu não cresci com esse altruísmo dentro de mim, eu não fui criado assim. Eu nasci para ser o irmão do rei, o príncipe que usa da sua beleza e posição para ter tudo o que quer. Eu não nasci para ser o rei.

– Mas está na hora de você agir como um.

A hora do brinde chegou, Hector falou as palavras que ele se recordava do discurso decorado as pressas. Todos beberam champanhe e o jantar começou a ser servido.

Alison nunca pensou que se sentiria tão desconfortável no casamento do seu irmão. Ela sentia o olhar dele sobre si em alguns momentos e pelo canto do olho via Valerie a observando. Depois do brinde, ela se retirou do salão e foi para a adega do pai, pegou um vinho antigo e o abriu. Sempre havia taças por perto, então ela despejou o vinho tinto até a metade da taça de cristal e a virou rapidamente.

Alison bebeu duas ou três taças quando a porta foi aberta e uma Valerie vestida de noiva entrou, a trancando.

– Parabéns pelo casamento - a loira diz, recuando conforme a morena se aproximava. - Amanhã você será a rainha de Altulle.

– Eu fiz pela minha família.

– Eu sei.

Alison bebe mais um pouco de vinho da sua taça quando sente as mãos de Valerie tocando a sua mão livre.

– Vale, por favor...

A morena retira a taça das mãos de Alison e a coloca na mesa, pegando as duas mãos dela.

– Tudo o que eu estou fazendo é pela minha família, mas eu não posso seguir em frente antes de tê-la comigo pelo menos uma vez.

– Vale, você está casada.

– Meu casamento não foi consumado. Não é válido.

A boca de Valerie toca o pescoço de Alison e a loira sente um arrepio percorrendo sua espinha.

– Eu a quero para mim apenas uma vez - a morena sussurra. - Uma única vez.

As mãos de Valerie param na barra do vestido de Alison e a morena olha para ela, pedindo permissão.

Alison pensa no assunto. Uma única vez, ela diz a si mesma.

A loira assente e Valerie sorri.

– Eu te amo, Alis. Você deveria saber disso.

– Eu sei.

Alison a puxa para um beijo caloroso enquanto toca as costas nua da morena. Sua pele está tão quente...

As mãos de Valerie puxam o vestido da loira para cima e ela sente um formigamento no meio das suas pernas e um tremor em todos os lugares em que Valerie a toca.

– Temos dez minutos antes dos seguranças começarem a me procurar.

Alison sorri enquanto suas mãos apalpam os seios de Valerie.

– Dez minutos é o suficiente.

+++

– Tira daí - Francis rosna. - É pessoal. Vamos, tire.

– Sua irmã é destruidora mesmo viu - Josh fala com um sorriso debochado. - Ela teria se dado bem com a velha Melanie. Sabe, quando eu a conheci, ela não era discreta como é hoje em dia.

Valentina o repreende com o olhar e o loiro dá de ombros, apertando alguns botões e mudando a cena lésbica no monitor para uma conversa entre Hector e Jean-Pierre.

– Precisamos de mais vinho - Hector diz. - Uma safra antiga, de preferência.

– Deixe que eu mesmo vou buscar. Tenho uns 2023 maravilhosos.

Francis bate na própria testa.

– Tem como avisar Alison?

– Nossos espiões não terão tempo - Valentina diz. - Seu pai já saiu do salão. Nós não podemos fazer nada daqui que não seja observar.

Katerina toca o ombro de Francis, o apertando levemente.

– Quando voltarmos, você poderá resolver tudo isso.

– Eu não sei como o meu pai vai reagir a isso - o loiro sussurra. - Não sei se ele vai bater em Ali, se vai a apoiar ou se vai mandá-la para a forca com Valerie. Jean-Pierre é imprevisível.

– Ele não mandaria matar a própria filha.

Francis olha para a ruiva.

– Mandaria? - ela pergunta, espantada.

– Às vezes, um rei precisa fazer sacrifícios.

Katerina tranca a respiração por um momento. As coisas sairiam bem erradas.

– Mas o seu pai não teria coragem... eu o conheço desde pequena.

Francis olha para a ruiva.

– Eu o conheço desde que nasci. Meu pai é um homem bom, mas quando as coisas fogem do seu controle, ele enlouquece.

Então ferrou.

+++

Jean-Pierre não sabia como reagir diante daquilo.

Ele havia ido até a adega para buscar uns bons vinhos para o casamento do seu filho. Os 2023 ficavam no fundo, por serem um dos melhores. Ele passou por várias estantes lotadas de vinhos, cada garrafa no seu devido lugar, colocada cuidadosamente de acordo com o ano e separadas por seções de acordo com o tipo. Tinto era o preferido dele.

Até que chegou nas estantes finais e viu aquilo. Ele sempre soube da opção sexual da sua filha, mas nunca havia presenciado uma cena daqueles. Ainda mais com a esposa do seu outro filho...

Jean-Pierre deixa uma garrafa 2021 que ele havia pegado na outra estante. Mais de cinquenta mil reais pagos naquela preciosidade jogados pelo ralo.

Alison, a sua filha caçula, está com a cabeça enterrada embaixo do vestido de noiva de Valerie, que tenta controlar os gemidos. Bom, Alison estava lá, porque quando viu Jean-Pierre, se afastou rapidamente.

– Pai - ela murmurou depois de alguns longos minutos em silêncio.

– Volte para o seu casamento - ele falou para Valerie, a reprovando com o olhar. - A consumação acontecerá em minutos.

– Pai, por favor...

– Você cala boca! - ele gritou, apontando o dedo para Alison. - Conversaremos mais tarde. Agora você vai assistir a consumação do casamento do seu irmão.

Em Frömming, no extremo norte, em Meurer, um loiro chocado assistia a cena pelo monitor de uma sala de controle no subterrâneo chamada Cérebro. Francis estava indignado. Seu pai faria com Alison o mesmo que Joffrey fez com ele.

– Pai, eu não posso assist...

Jean-Pierre agarra a loira pelo braço com uma força brutal. Ela não o reconhece e seus olhos se enchem de medo quando a mão grande do pai envolve o seu braço com tanta força que logo deixa marcas.

– Se tornar uma vadia você pôde, não é mesmo? Então não será problema assistir uma cena de sexo.

Ele olha para Valerie, que está ali parada.

– O que você ainda está fazendo aqui, garota? Eu não mandei você ir para o seu casamento?

– Eu sou a rainha de Altulle agora - a morena tatuada diz. - Esse palácio me pertence.

A risada alta de Jean-Pierre provavelmente ecoou por toda a adega, se não tiver saído da mesma.

– Hector ainda não tomou posse da coroa. Francis renunciou e ele não tem esposa e nem herdeiros, o que significa que o trono volta para mim. Eu sou o rei! - ele grita. - Altulle não tem uma rainha.

– Ainda.

– Em vinte e quatro horas muitas coisas podem mudar, garota. Vamos, ande para o salão. Seus convidados a esperam.

– Eu avisei - Francis sussurra para Katerina em Meurer, que está observando a cena chocada.

– É por causa de pessoas como você que os países não vão para frente. É por causa de pessoas como você - Valerie aponta o dedo para Jean-Pierre - que tudo está na merda. Pessoas preconceituosas ficam sozinhas no mundo. Seus filhos estão indo embora e em breve você não terá nada que não seja essa sua alma vazia.

A mão do homem já grisalho estala no rosto pálido de Valerie.

– Quem é você para me falar de solidão? Quem é você para falar de alma? Você não tem uma, garota. Sua mãe não liga para você e o seu pai a detesta. Você é um estorvo na vida de todo mundo e por isso eles a jogaram nas minhas costas, mas saiba que eu não sou obrigado a aguentá-la. Agora que o divórcio é legal em Altulle, saiba que você não terá garantias alguma contra ninguém aqui.

Ele solta o braço de Alison.

– Eu vou voltar para aquela festa e eu quero as duas lá em um minuto fingindo que nada aconteceu.

Jean-Pierre sai da adega, deixando as duas a sós. Alison corre para Valerie, a abraçando.

– Você está bem? - ela pergunta, a beijando com desespero. - Não liga para o que ele disse. Ele só está nervoso e...

– Está tudo certo - a morena garante, tocando o rosto da loira. - Ele não vai nos separar. Ninguém vai.

– Vale...

– Eu a amo e eu sei que você também sente algo por mim, Alis. Não há mais como negar - ela sorri de canto. - Eu a amo.

Alison puxa Valerie para si e quando a beija, sente um gosto salgado. Primeiramente ela pensa que é por causa das suas lágrimas, mas então percebe que Valerie também está chorando.

– Nós vamos dar um jeito.

– Eu fiz tudo isso pela minha família, Alis. Agora que Erik se foi, Leona precisa de mim... Meus pais não se importam, Jean-Pierre está certo, mas minha irmã gosta de mim, eu sei disso. Ela se importa.

– Vamos ajudar sua irmã. Prometo.

– Eu preciso manter esse casamento - a morena diz. - Eu preciso ter mais um país nos apoiando agora que Hahle...

– Florence não vai aguentar. Uma guerra vai eclodir em breve. Nossos países podem juntar forças.

– Nós estamos tentando fazer isso, por isso o casamento apressado. Nós precisamos de Altulle agora que Rebekah está com o poder em Frömming. Nós não temos mais nada.

– Tem Las Mees.

Valerie dá uma risada.

– Branka não quer nos apoiar. Só se por acaso alguém casasse com Petrus, mas ele é um anti-social e...

– Eu conheço Petrus - Alison fala. - Nós brincávamos quando pequenos quando íamos visitá-los ou eles vinham aqui.

Valerie olha para a loira e percebe o que ela está propondo.

– Alison, eu não posso pedir isso a você.

– Eu estou dizendo que eu faço - ela diz. - Eu me caso com Petrus.

– Você faria isso por mim?

Alison assente.

– Eu faria qualquer coisa por você.

+++

– Eu pedi a transferência de Heron, mas não será possível - o Primeiro Conselheiro diz a Florence. - Ele está em coma em Frömming. Se tentassem movê-lo do hospital, ele poderia morrer.

Florence costumava ser uma mulher linda. Alta, com os cabelos sedosos pintados em um tom de creme, perceptíveis por causa da sobrancelha bem tirada, porém em um tom mais escuro e natural, os grandes olhos azuis esverdeados, sempre com um lápis neles e os grandes cílios brilhando, com seus vestidos exuberantes, deixando a mostra o seu corpo de dar inveja em qualquer mulher na sua idade.

Hoje, bom, ela estava um pouco derrubada. Sem maquiagem, com os olhos grandes em um tom de verde musgo, meio mortos, seus lindos olhos brilhantes que costumavam ser tão cheios de vida, haviam se perdido quando soube do que aconteceu ao filho e ao marido em Frömming, as olheiras fundas se acumulando abaixo dos olhos e até a raiz do seu cabelo estava ficando escurecida, pois ela havia deixado de ir ao salão para pintá-lo novamente.

– Pelo menos Jacques foi enterrado com os seus - ela resmunga. - Aquela garota abusada teve a coragem de devolvê-lo.

– Era o mínimo que ela poderia fazer depois de deixar a bastarda matar o nosso bom Lorde Jacques - outro Conselheiro diz. Ele é barbudo e careca, uma combinação estranha.

– E Fleur?

– Está desaparecida desde que o ataque aconteceu no dia do casamento da rainha Rebekah.

Florence balança a cabeça.

– Eu temo tanto que ela tenha algo a ver com isso.

De repente, as portas da sala de reuniões são escancaradas.

– Você tem razão, mamma. Sempre teve - uma garota que lembrava muito Florence há uns quinze anos atrás aparece na porta. Apesar das roupas estilosas e da beleza, seu olhar é triste -, mas não há tempo para ressentimentos agora. Eu vim para pegar o que é meu de direito.

– Fleur - a mãe a reconhece, levanta da cadeira correndo para abraçá-la. - Meu Deus, eu pensei que você estivesse morta.

Ela segura a mãe pelos ombros.

– Eu vim colocar ordem nesse lugar, mãe. Eu vingar a morte do meu pai.

– E como você pretende fazer isso, querida?

Ela olha para os Conselheiros. A hora é essa, ela decide.

– O Senhor de Meurer, Vincent Fieldmann, é nosso aliado agora. A verdadeira guerra acontecerá no norte de Frömming e juntando os nossos exércitos, derrotaremos aqueles malditos rebeldes e mataremos Katerina.

– Filha, mas temos levantes com os quais lidar - Florence fala. - Hahle está um caos.

– Daremos um jeito nisso antes de partimos - Fleur olha para a mãe. - Eu vim para pegar o trono e eu quero olhar nos olhos daquela vadia enquanto corto sua garganta.

A mãe se espanta com a violência da filha.

– Fleur, isso não é jeito de se falar. Nós temos soldados para isso. Eu te dei educação, por favor. Onde você esteve?

– Os nortistas são mais selvagens do que parece, mãe. Eu aprendi muitas coisas lá - a loira sorri. - Eu quero sentir o gosto do sangue bastardo de Katerina quando a matar.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam dos meus comentários. Xoxo.



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