Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 28
I'm Back


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora. Desculpem mesmo. Me enrolei com as provas, simulado e mais alguns problemas. Anyway, a fic está no fim e eu estou trabalhando em um novo projeto. Espero que gostem do capítulo.



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O corpo de Rebekah havia sido levado pelos médicos. Eles precisavam de alguns exames para atestar o óbito. Por um milagre, a informação ainda não havia vazado.

– E agora? - ela pergunta à Joffrey. Sabia que ele estava em luto, mas eles precisavam agir rápido.

– Agora você revive.

+++

Katerina caminhava de um lado para o outro, nervosa. Havia combinado com Joffrey o que eles fariam.

– Não quero que apenas uma rede de televisão veja. Quero uma transmissão para todo o continente. Nós invadiremos a Manske Square.

Eles contrataram um hacker de confiança para invadir o sistema. Durante o dia, eles vazaram anúncios misteriosos, avisos para que os telespectadores se mantivessem atentos à programação.

E então a hora chegou. O médico legista levou até o palácio a certidão de óbito de Rebekah e disse que o corpo havia sido liberado direto para a funerária da Corte. Suicídio.

– Rebekah não queria morrer pela mão dos rebeldes - Joffrey contou. Ele também havia contado que Melanie foi a enviada de Valentina para matar Rebekah.

– Antes de morrer, ela me disse algo sobre o dia em que Alek morreu.

– O que ela disse?

– Rebekah não conseguiu... mas parecia importante.

– Investigaremos depois dos anúncios.

Katerina se olha no espelho mais uma vez. Está usando um vestido negro longo de mangas compridas. O inverno está chegando e queria mostrar para todos que Rebekah não era a inimiga, apesar de tudo, e que ela estava de luto. Agora não precisava mais da tintura e estava tão feliz por ter seus cabelos ruivos novamente.

Ivna irrompeu no escritório. Apertou firme a maçaneta e fechou a porta antes de desabar no sofá de couro no canto.

– O que diabos está acontecendo?

– Ivna. Katerina está viva.

– Isso eu estou vendo, idiota. Quero saber como.

– Eu morri - Katerina fala - e então um médico do norte me trouxe de volta.

– E você veio para tomar o trono assim que soube que ele estava vago, não é mesmo? Saiba que bastardos não tomam o trono.

– Está na hora de você contar a verdade para ela - Katerina fala olhando para Joffrey.

– Ivna - ele começa. - Rebekah não era a verdadeira herdeira.

– O que você está dizendo?

– Nosso casamento é inválido.

– Nós casamos diante do Papa, Joffrey. Tudo bem que ele já morreu, mas continua válido.

– Eu e Harriet casamos escondidos quando éramos jovens diante de um padre no norte de Frömming - ele conta. - Katerina é nossa única herdeira.

– Você está dizendo que minha filha era uma bastarda?

O tom de Ivna é ameaçador. Ela se segura para não pular no pescoço de Joffrey. Se antes odiava Katerina, agora odiaria ainda mais.

– Você me tirou a minha filha e me tirou o meu trono no mesmo dia! Você sabe que eu não posso ser a czarina da Rússia se não tiver um marido. A Nova Rússia é rigorosa quanto à isso. Minha irmã é ambiciosa. Ela irá fazer de tudo para me destronar, assim como seu marido.

– Então você pode arranjar um marido o mais rápido possível. A volta de Katerina será anunciada em doze minutos.

– Joffrey. Isso é insano. Você perderá seu direito de reinar também, tanto na Rússia quanto em Frömming - Ivna fala. - Vai ficar preso à uma mulher que o despreza mais do que eu.

Aquilo soava como um apelo desesperado. Ivna jamais se renderia daquela forma se não estivesse sensível.

– Sinto muito, Iv. Katerina precisa reviver. Está na hora.

+++

Francis caminhou pelos jardins com seu filho até escurecer. Thierry adorava caminhar para uma criança. Britney o contou que quando aprendeu a ficar de pé, jamais voltou a engatinhar. Francis não acreditava que havia perdido esses momentos.

– Por que você não me procurou antes?

– Eu soube da gravidez quando já estávamos separados. Eu te procurei, para falar a verdade, mas você não estava aqui. Seu pai disse que você estava desaparecido.

Desaparecido. A desculpa de Jean-Pierre para não revelar que seu filho havia fugido com outra rainha para ajudar um grupo de rebeldes.

– E ele não a amparou?

Não parecia coisa do seu pai rejeitar um neto, ainda mais um filho do seu primogênito.

– Eu não contei - Britney havia o dito. - Não queria depender de um homem, seja ele pai ou avô do meu filho.

– E o que mudou? Por que você veio?

– Thierry me perguntou quem era seu pai. Me senti culpada.

Francis pegou o pequeno no colo quando percebeu que ele estava cansado.

– Está na hora de um banho, hein?

O loirinho estava suado e corado. Lembrava a Francis ele mesmo.

– Quando vamos passear fora do palácio, papai?

– Agora é perigoso, T. Mas em breve. Eu prometo.

Francis deixou seu filho com uma das criadas que o levou para o banho. Ele foi para uma das salas de estar e ligou a televisão. Misteriosos anúncios enchiam o espaço das propagandas. Curioso, ele perguntou aos guardas se eles sabiam de algo. Eles negaram.

Ele colocou um sobretudo preto por causa da neve que caia lá fora e saiu. Sem escolta, sem avisar.

As luzes do centro quase o faziam acreditar que era dia. Os telões mudavam de propaganda a propaganda em segundos. As pessoas caminhavam apressadas com cafés e pastas nas mãos, falavam ao telefone ou simplesmente riam com amigos em um bar. Haviam aqueles que iam em chiques restaurantes e outros que se preparavam para a balada. Francis normalmente não tinha tempo para ser nenhuma dessas pessoas e por um momento se viu sentindo falta de algo que nunca teve.

Foda-se, ele diz mentalmente enquanto pega o pequeno projetor de hologramas em seu bolso.

Não podia mais ficar daquele jeito. Só viveria uma vez aquela realidade e iria aproveitá-la.

Mas ela não aprovou a ligação. Katerina não aceitou seu holograma. Sequer o rejeitou, simplesmente ignorou.

Foi então que um dos telões da avenida chuviscou. Passava uma entrevista com um chefe de culinária no telão que foi interrompido. Então aconteceu a mesma coisa com outro e outro e outro até todos os telões estarem apagados. Jamais havia acontecido isso.

E então ela apareceu. Estava com os cabelos ruivos e cacheados novamente emoldurando seu belo rosto branco e rígido como marfim. Sua expressão era séria e dura, mas apesar disso, Francis não sabia quando a tinha visto tão linda.

Deus, não era só amor. Ele adorava aquela mulher. A colocaria em um pedestal se pudesse. Mandaria construir estátuas e palácios em seu nome. Causaria guerras e destruiria nações se ela pedisse. Poderia mandar pintar um quadro do seu rosto apenas para admirá-lo. Morreria por ela, se fosse necessário.

– População manskeniana - sua voz era melodiosa e ele até fechou os olhos para apreciá-la depois de tanto tempo sem ouvi-la -, a rainha Rebekah Archiberz sofreu um acidente e infelizmente não sobreviveu.

Um acidente? Algo estava errado. Teria Katerina matado Rebekah?

Ele reparou na expressão imponente dela. Havia cansaço em seus olhos e até um pingo de tristeza melancólica. Talvez ele tivesse confundindo as emoções em seu olhar, mas realmente parecia que ela estava triste pela morte de Rebekah.

– Vocês devem estar se perguntando como eu estou aqui - ela continua. - Bom, informações erradas foram passadas. Eu estou viva e bem. Minha fase de luto pelo meu marido acabou. Vim recuperar o que me foi tirado. Eu sou a verdadeira herdeira do trono de Frömming e qualquer exame de sangue pode comprovar isso - ela olha para trás e Francis vê Joffrey assentir. Ela ainda busca a aprovação do cara, ele pensa. - Qualquer teste de DNA pode provar que Joffrey Archiberz, herdeiro do trono, é meu pai.

+++

– Tudo pronto? - ela pergunta ao hacker, que concorda.

Então ela começou. Contou que viera recuperar sua vida. Contou que Joffrey era seu pai.

– O depoimento dos meus pais será avaliado essa semana ainda. A verdade irá aparecer e vocês poderão compreender. Essa semana será de adaptações e reviravoltas, manskenianos, mas eu conto com o apoio de todos vocês para reestruturarmos nossos países e levá-los novamente para a glória. Muito obrigada e boa noite.

+++

Joffrey olha para Harriet depois de tanto tempo. Assim que Katerina havia perdido o trono, Hattie se isolou em Las Mees. Agora ela era requisitada em Frömming. Intimada a falar a verdade.

Ele a olha por completo. Apesar do tempo, ela não envelheceu. Na faixa dos quarenta ela deveria parecer mais velha, mas apesar do mau humor, estava mais jovem e bonita do que nunca.

– Hattie.

– Joffrey - foi tudo o que ela disse, sem olhá-lo.

– Como tem passado?

– Depois do trauma da minha filha ter sido morta em um esconderijo rebelde ou depois que eu soube que ela estava viva e não me contou?

– Hattie, você tem que entender. Era uma questão de segurança.

– Ou ainda pode ser depois que o corpo dela me foi negado. "O corpo foi entregue ao pai", eles me disseram. Eu perguntei que pai, afinal Kurt está morto. Imagine a minha surpresa ao ouvir o pai biológico. Surpresa por rebeldes saberem de um segredo que nós mantivemos entre nós por anos. Surpresa, pois você nem a registrou como sua filha para sair por aí espalhando que ela é sua filha.

– Eu queria ir embora. Queria ficar com você e Katerina. Você que não quis. Era uma garota vidrada demais no que a Corte poderia oferecer e acabou deixando passar a chance de descobrir o que a vida poderia te dar.

– É claro que eu não quis fugir. Teríamos que renunciar a tudo. Viveríamos do quê? Nós dois e uma criança no mundo. Tinha Hana também. Eu não levaria uma filha e deixaria a outra para trás.

– Você jogou fora tudo o que nós tínhamos no momento em que disse o sim para o meu irmão.

– Você - Harriet aponta para o peito de Joffrey, a mão direita trêmula - destruiu tudo o que tínhamos quando matou seu irmão.

– Você já tinha acabado comigo bem antes disso.

Os dois ficam em silêncio depois disso. Harriet não sabia o que dizer. Sabia que tudo o que Joffrey havia se tornado tinha sido parcialmente culpa dela. Não queria assumir, mas sabia que o monstro tinha sido criado por ela.

– Eu tive que contar para Katerina - Joffrey desvia o assunto. - Pensei que pudesse fazê-la ficar depois da morte de Erik, mas ela fugiu do mesmo jeito.

– É claro - Harriet fala, cheia de ódio. - Se eu fosse filha de um monstro como você, eu também fugiria.

Aquilo o cortou. Pensou que o tempo longe tivesse a feito superar, esquecer. Mas parecia que Harriet jamais o perdoaria.

– Katerina precisa de nossa ajuda para recuperar o trono. Se você negar, vai ser eternamente responsável pelo fato de ela não ter nada - ele rosna, irritado com tanta hostilidade. - Katerina perdeu o marido, o filho e o trono no mesmo dia. Tudo o que ela quer é recuperar sua antiga vida e se você negar isso a ela, Hattie, eu juro que nem o que eu sinto por você vai ofuscar a minha ira.

– Eu jamais causaria a desgraça do meu sangue, ao contrário do que você pensa. Ivna, por outro lado, deve estar louca para matá-la.

– Ivna sabe que perderá o trono russo, está preocupada demais para pensar nisso agora. Nada além de Katerina importa agora.

– Finalmente concordamos em algo.

+++

Francis mal consegue olhá-los. Estava envergonhado pela sua atitude, mas que outra escolha tinha? Era isso ou a morte deles e jamais suportaria perder os irmãos.

Hector estava muito machucado. Ainda com febre, Alison o contou. Os machucados nas costas estavam cicatrizando aos poucos, mas ele tinha dificuldade em ficar de pé sozinho. Alison estava com marcas nos pulsos e ela agradeceu ao inverno, pois então podia esconder a parte feia de si.

Havia feito um acordo com os Conselheiros: voltaria ao trono tendo Thierry como seu herdeiro, mas apenas se os irmãos fossem libertos. Henry era um rei com um bastardo e ele era o filho do homem que eles consideravam um traidor, porém tinha um herdeiro legítimo. Alison e Hector, apesar de terem sido perdoados do crime de incesto, jamais voltaria a pisar em Altulle. Seu destino? Apenas os Conselheiros sabiam.

– Eles acharam que a revelação de Katerina era a distração que precisavam para a partida de vocês.

Alison assente. Hector se apoia em uma bengala negra com uma cabeça de gavião prateada na ponta. Francis mandou fazer para ele. O símbolo dos Kionbach.

– Eu garanti que a vida de vocês fosse estável, seja ela em qualquer lugar. Nenhuma dificuldade financeira os abalará. Novas identidades, novas vidas.

Ele observa o mar ao fundo. A nostalgia do tempo em que eram pequenas crianças inocentes soltas pelos jardins do palácio o invadiu. Tudo parecia tão diferente agora.

– Receio que jamais nos veremos novamente e eu sinto muito por isso.

Ele abraça Alison e limpa as lágrimas dela.

– Seja feliz, Alis.

Então abraça Hector, que está calado porque a dor de ficar em pé era grande então ele foi parcialmente sedado. A médica disse a Francis, porém, que ele entendia tudo o que falavam ao seu redor.

– Faça Alison feliz - ele sussurra para que ninguém além do irmão ouça. - Ela só tem você agora, não a abandone.

O navio parte. Quando viu que ele não se encontrava mais na linha do horizonte, percebeu que o porto estava vazio e que ele estava sozinho.

+++

– Ela não está maluca - Joffrey fala pelo monitor. - Pelo contrário, está mais sã do que nunca.

– Ela deveria estar tendo sintomas, assim como você teve, assim como Vincent...

– O único sintoma que ela terá será culpa se você contar a verdade. Katerina voltará a ser rainha. Ela precisa de proteção. Não deve se preocupar com os meios de sobreviver, com o trabalho sujo. Isso eu faço para ela. Os efeitos colaterais estão na minha conta.

– Você sabia os meus métodos e ainda assim insistiu, me dizendo que valia a pena.

– Valeu a pena. Ela está viva.

– A escolha foi inteiramente sua e as consequências também serão.

– Está tudo ótimo, Carrick. Se algum sintoma surgir, eu serei o primiro a ir atrás de tratamento. Não estou reclamando de nada, relaxe. Katerina já provou que é a governante ideal para o nosso país. Apenas confie.

– Eu suporto o peso das mortes. Nunca me importei com isso.

– Foram duzentos mortos em sacrifício para que os Archiberz voltassem à vida. Cem para você há anos atrás, cem para Katerina.

– Eu paguei pelos seus serviços. Não me diga que você não tirou vantagem dessas mortes, pois eu bem sei que os deuses cobram.

Carrick dá de ombros, sabendo que o outro fala a verdade.

– Se fosse necessário, mataria metade do país para ter Katerina de volta. Não me importo com o preço que eu tenha que pagar para eu ou alguém da minha família sobreviver. Eu pago. Agora não venha bancar o moralista arrependido, porque apesar de você ser meu protegido, acidentes acontecem.

– Uma ameaça... é bem do seu feitio.

– Você me conhece. Não ameaço ninguém, apenas lembro as pessoas da minha influência.

Carrick suspira.

– Se Katerina tiver algum sintoma, me avise. Ela precisará se livrar dele antes que se torne uma besta como...

– Como eu - Joffrey completa.

– Eu ia falar como Vincent, mas...

– A carapuça serviu - Joffrey completa novamente e sorri ao ver que apesar de estar se tornando um homem bom para a sua filha, não perdeu o seu lado mau.

+++

– China? Você quer me casar com um maldito chinês?

– O que você tem contra? A China é, atualmente, o país mais rico do mundo. Sabendo da sua ambição, imaginei que gostaria de saber que eles enviaram a proposta.

– O mundo todo está sabendo que nosso casamento não é válido e eu estou sendo vendida como um pedaço de carne.

– Eu diria que você está mais para um quadro de um pintor famoso em um leilão pelo valor que estão oferecendo.

– Eu jamais o perdoarei por isso, Joffrey. De todo o mal que você me fez, esse foi o pior de todos. Que humilhação! Procurando marido depois de tudo...

– Há outros países - Katerina interfere. - Portugal, Espanha...

– Ambos falidos - Ivna returca.

– Bulgária, Escandinávia...

– Destruídos pela Grande Guerra.

– Lerch.

– O que diabos é Lerch?

– É um pequeno país aqui mesmo em Manske. Fica no extremo norte, acima de Frömming.

– É uma ilha. Rebeldes usam como esconderijo de armas e suprimentos. Há povos antigos no litoral - Joffrey explica. - Bem distante da raça humana, exatamente o que você precisa, Ivna.

– Você quer me mandar para o exílio ou algo do tipo? O que eu farei lá? Uma fogueira com os nativos? Cantarei canções típicas? Pelo amor de Deus, quem sabe eles até pintem a minha cara.

– Na verdade, os povos antigos não existem mais. Quando Joffrey diz nativos, quer dizer os rebeldes mesmo. Ninguém mais ocupa a ilha.

– Por que você não aproveita essas propostas e escolhe um marido para si em vez de interferir na minha vida?

– Eu estou tentando ajudar, Ivna.

– É o mínimo, já que por sua causa eu estou prestes a perder o trono. Kimberly está doida para agarrar a minha coroa.

– Kimberly?

– A mais velha depois de mim. Se eu perder o trono, ela e o marido assumem.

Katerina já havia ouvido falar nas irmãs de Ivna. Kimberly, especialmente, era um nome conhecido. Não só por ser a única filha do czar que não tinha nome russo, mas também porque se casou com um importante homem no norte, quase na mesma época que Ivna. Katerina tinha ouvido as histórias...

– Quem é o marido dela?

– Vincent Fieldmann.

Katerina e Joffrey trocam um olhar rápido.

– Tudo bem. Vamos escolher um bom marido para você - Joffrey fala, se virando para o monitor. - Áustria e Itália também mandaram proposta.

– Melhorou.

– Espere. Chegou algo - Katerina pressiona a tela.

– O que foi? - Ivna se aproxima.

– Alemanha.

Ivna sorri.

– Rússia e Alemanha? Improvável, uma união perigosa. Porém o poder que essa aliança poderia trazer... - ela olha para Katerina. - Não há mais o que pensar. Diga que eu aceito.

Katerina se lembra dos livros que Joffrey lia para ela quando era pequena durante seus estudos. Sobre política. A Alemanha costumava ser uma democracia parlamentarista antes da Grande Guerra. As alianças formadas, as guerras, tudo mudou tanto.

Depois de enviar pessoalmente um recado para o rei alemão, Katerina observa Ivna se retirar do escritório.

– Ela está certa, sabe - Joffrey começa.

– Sobre a união com a Alemanha?

– Sobre você casar novamente.

– Pai...

– Não quero pressioná-la, sei que é recente, mas os Conselheiros a obrigarão a casar de novo, é melhor que você tenha propostas até lá e que possa escolher ou eles acabarão escolhendo por você. Não importa que haja Corte e Família Real, quem realmente manda no país são os Conselheiros. O sistema parlamentarista nunca deixou de existir.

– Eu não quero casar agora.

– A troca de uma rainha por outra é algo frágil. Ainda mais uma rainha viúva por outra. Mesmo que eles gostem de você, Katerina, Frömming precisa de um rei e de herdeiros.

– Eu tenho um filho.

– Eu sei. O mundo sabe. Traga o pequeno Erik para casa, mantenha a aliança com Ahnmach. Erik é o herdeiro direto, jamais nos esqueceremos isso. Porém em meio a uma guerra, podemos usar seu casamento para novas alianças. Precisaremos muito agora que Vincent está na corrida pelo trono russo. Não é simplesmente Ivna casar e pronto. Kimberly e Vincent irão recorrer, nós sabemos disso.

– Eu sei que temos interesses políticos, mas eu não sou Ivna. Você não pode me leiloar. Eu não dependo de você para ter o meu trono.

– É aí que você se engana, minha amada Katerina. Você só tem o seu trono porque eu testemunhei ao seu favor.

– Contando a verdade.

– Eu poderia ter mentido. Não sou adepto a sinceridade, você sabe disso. Além do mais, você precisa de mim para aconselhá-la. O povo a adorava, mas você morreu há três anos. Não é simples voltar dos mortos e reconquistar todos em um piscar de olhos.

– Eu não preciso de nenhum homem ao meu lado. Posso muito bem reinar por conta própria.

– Você é uma excelente rainha, Katerina. Ninguém está questionando isso. Eu aposto em você. Porém sem amigos, conexões... sem influência você não é nada. Sem um marido, você perderá o trono antes mesmo de ter o gosto de sentar naquele estofado vermelho novamente.

+++

Katerina olha para o monitor. O soldado entregou a escopeta para Rebekah.

– Esse homem traiu não só a rainha, mas ao país - ela falou ao público com ódio nos olhos. - Ele conspirou com rebeldes as nossas cabeças e comprometeu o futuro de toda uma nação. Um rei verdadeiro jamais deveria fazer isso com a sua pátria.

O povo começa a vaiar Alek.

– Suas últimas palavras? - ela sussurrou.

Silêncio.

– Ninguém virá te ajudar - ela murmurou. - Vamos acabar logo com isso.

– Banco Nacional de Frömming. Cofre 315, usuário Alek Richmanoff, senha 2112.

– 21 12... - ela repetiu. - É o dia do solstício de inverno.

– É o dia do nosso casamento - ele disse.

Rebekah ficou em silêncio e se Katerina já não soubesse o destino de Alek, diria que ela recuaria. Ela pensou nisso, ela conseguia ver. Rebekah realmente pensou em desistir do plano. Ela olhou ao redor e viu que era tarde demais. Não tinha como desistir.

Olhou na lupa, mirou e atirou. Uma vez apenas, no peito. O matou.

A filmagem acaba com o corpo de Alek sendo arrastado pelos soldados enquanto o povo grita de alegria.

– Mande preparar o carro e os seguranças. Quero cinco soldados comigo só por precaução. Diga ao meu pai que requisito sua presença.

– Imediatamente, Majestade.

Katerina sorri diante das palavras. Majestade. Por tanto tempo ansiou ser chamada assim novamente. Eu estou de volta, pensou.

– Diga a ele que iremos ao Banco Nacional de Frömming desenterrar alguns segredos.


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Notas finais do capítulo

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