O.V Lisa

Primeiro dia de trabalho! Uhu! Eu sou foda minha gente! Depois de anos, finalmente começarei realmente um emprego! / Mas e aquele em N.Y? / Aquele que eu não fazia nada e me ausentava na maioria das vezes? / A Julie te odiava tanto / Não é minha culpa se era muito complicado aquilo! / Você apenas anotava e entregava pedidos, o que tem de complicado nisso?! / Sei lá, vai saber / Nem acredito que ela não te demitiu, você ficava dias sem ir e ainda errava os pedidos! / Uma resposta simples: Sou diva / Aham, pode acreditar, eu deixo.

– Então, quais as regras? – Cat perguntou pela décima vez enquanto eu estacionava a moto.

– Não vou repetir. – Fiz um bico ao tirar o capacete e arrumar meu cabelo. – Você está me irritando.

– Repita! – Tirou se capacete também. – Ou eu vou embora agora mesmo.

Dei um suspiro pesado, odeio quando ela me chantageia.

– Tratar o cliente de maneira cordial, dar atenção ao cliente, usar expressões educadinhas, não fazer comentários sobre a vida pessoal do cliente e de maneira alguma tratar o cliente de forma grosseira. – A encarei irritada. – Feliz?

– Mais do que imagina! Agora vamos, ou quer se atrasar?

Eu odeio essa menina.

Entramos no estabelecimento pela entrada dos fundos, ou melhor, a entrada dos funcionários. O bar que irei trabalhar se chama “Feel La Piña Colada”, tosco, mas é bem famoso e eu ganharei um ótimo salário se fizer meu trabalho bonitinho e sem cometer muitos erros.

– Lisa, vá colocar o uniforme, abriremos em pouco tempo. – Meu supervisor reclamou fazendo cara feia. – E oi Cat!

Maldito! Eu nem comecei a trabalhar aqui e o Cody já não vai com a minha cara. Cody tem no máximo trinta anos, mas age como um homem mal-humorado de quarenta anos. Tenho que admitir, ele é um tremendo gato com aqueles olhos castanhos e cabelos da mesma cor, seu corpo é musculoso e o uniforme dele só o deixa mais bonito. Mas chato do jeito que é, inibe todas as chances de eu pelo menos cogitar gostar dele.

– O que está esperando? Vai logo. – Apontou para o banheiro feminino.

– Estou indo. – Falei mostrando minha bolsa e forçando um sorriso, quando ele virou de costas mostrei meu dedo mediano. – Idiota...

– Disse algo?!

– Falei que estava indo! – Corri para o banheiro.

Vesti meu uniforme rapidamente, ele até que é bonitinho. Esse é um bar mais recatado, não é qualquer um que entra, mas também não é super restrito. A única parte que não gostei é que fui obrigada a usar salto alto, tem uma política de altura para o bartender e eu precisava de mais alguns centímetros para alcançá-la.

Assim que saí do banheiro procurei Cat, mas não a achei. Deve ter entrado no bar e sentado na bancada onde eu ficarei.

– Vai dar tudo certo. – Claro, porque tudo que você faz sai da melhor maneira possível! – Cala boca!

– Lisa! – Cody apareceu da porta que dividia o restaurante da parte dos funcionários. – Venha logo.

Revirei os olhos e fui marchando até a porta, precisaria de paciência para servir clientes abusados, principalmente se fossem irritantes como meu supervisor.

...

Até que não era tão complicado trabalhar em um bar servindo um bando de jovens da minha idade. Tudo bem que eu quase babava ao ver aqueles lindos drinks e não poder bebê-los. Todos sabem que não sou uma alcoólatra, mas tem como negar um Sex on the Beach geladinho e todo bonitinho servido na taça de vidro. Aquelas gotículas descendo pela borda e o belo laranja vivo chama atenção de todos, principalmente pela variação de tons que existe. / Falando assim é uma daquelas pessoas que são ex-alcoólatras e quase tem um ataque ao ver qualquer tipo de bebida / Não sou viciada, mas também não nego que adoro apreciar um bom coquetel / Bem feito, tem todos os ingredientes e faz mais de cinco a cada três minutos, mas não pode beber nem um pouquinho / Te odeio. Maldita.

– Um Aphrodite, por favor. – Pediu um cliente.

– Claro, um minuto. – Sorri para o rapaz.

Suspirei e fui pegando os ingredientes para fazer o pedido, o barulho desse bar é alto e machuca meus ouvidos, principalmente por uma das caixas de som estar perto do balcão e eu ter que aguentar essas malditas batidas eletrônicas que saem dela. Não sou de reclamar... / Não, imagina! É seu primeiro dia e está querendo sair o mais rápido possível. / E lá é minha culpa se não é como eu imaginava?! E pior que a Cat fica sentadinha apenas me observando e tomando bebidas por conta da casa/ Por aonde ela vai arranja alguém apaixonado por ela, não é? / Como assim? / Sério que ainda não percebeu a manada de pessoas que vão arrastando a asa por ela? O seu supervisor irritante está quase se jogando em cima dela.

– Aqui está. – Entreguei para o cliente e ele saiu sem agradecer. – Viado.

Enfim, sério isso? O Cody olhou pra minha loira? / Pessoas de cabelos claros tem uma queda por ela, isso é assustador / Nem diga, pelo menos ela não ficará sozinha enquanto eu estou com o Jake.

– Escrava, mais uma Piña Colada. – Cat estava querendo ficar alterada, mas eu me negava a deixá-la fazer isso. – Vamos.

– Sou suas negas não. – Fiz cara feia para ela. – E acho que já chega de álcool por hoje, Senhorita Houli.

– Aaah, mas estava tão gostoso. – Reclamou fazendo bico. – Eu só tomei uma Piña Colada, chega a ser bullying!

Sua cara era tão fofinha que tive vontade de entregar mais uma bebida, mas não poderia correr o risco de ter que levá-la para casa em um estado mais... Desnaturado. Entreguei a ela uma taça enfeitada com gelo e corante, mas tinha apenas água. Vou tentar enganar seu cérebro o quanto puder, para que as coisas não piorem.

– Te amu! – Sorriu para mim.

– Claro, claro. – Revirei os olhos e voltei a me concentrar nos clientes que poderiam vir.

O lugar estava animado, estamos em uma sexta feira à noite e vários grupinhos de amigos se reúnem aqui pelo visto. As maiorias das pessoas devem estar na faixa-etária dos 18 a 25 anos, mesmo que alguns adultos também estejam para se divertir. Sorrio bobamente me lembrando da festa de 15 anos de Michele, a primeira vez que experimentei bebida alcoólica foi lá, mas não pense que me embebedei e dei à louca! Apenas tomei dois copos de coquetel, nada demais. A loira sorria tanto e se divertia junto de seus amigos, nunca irei esquecer de como foi divertido vê-la feliz daquele jeito junto de pessoas que se importavam com ela.

– Lisa, acorde. – Cody apareceu com sua cara neutra/irritante. – Não te pago para sonhar acordada.

– Entenda. – Segurei suas mãos e olhei em seus olhos. – É meu primeiro dia, e você ainda não me pagou merda nenhuma. Não cobre nada de mim em meu primeiro dia.

– Tsc. – Soltou-se de mim. – Por que eu te contratei mesmo?

– Porque eu sou bonita, gente fina e sei preparar vários drinks. – Pisquei para ele e ri. Recebi de volta um olhar gelado. – Calminha! Porra, é meu primeiro dia e já estamos com essa implicância.

– É seu primeiro dia, deveria estar focada e não ser relaxada na frente de seu supervisor. – Alfinetou.

– Relaxada?! Diga a verdade cara, eu tenho planos de trabalhar aqui durante um longo tempo, por que iria fingir ser uma pessoa recatada em meu primeiro dia? Nos outros você perceberá que sou mais da paz... – Fiz sinal de “paz e amor”.

O castanho revirou os olhos e olhou ao redor para observar os clientes.

– Concentração, Lisa. – Disse antes de sair.

Respirei fundo e fechei meus olhos. Observei o balcão e percebi que estava com alguns sujos, peguei um pano e comecei a passar para limpar minha área.

– Concentração, Lisa. – Fiz uma imitação idiota de sua voz. – Completamente injusto, esse dia ele devia ser gentil e me ajudar com minhas dúvidas. E não chegar me criticando. – Joguei o pano com força no balcão e coloquei as mãos na cintura. – “Não te pago para sonhar acordada”! – Engrossei minha voz e fiz cara feia para um ponto insignificante. – “Deveria estar focada e blá, blá, blá!”

– Como ser uma boa bartender com Elizabeth Anice: Falar mal de seu superior e ainda falar em voz alta sozinha. – Abbie apareceu se sentando a minha frente. Me mostrou um sorriso. – E aí gatinha, pelo visto o primeiro dia é ótimo.

Sorri para a castanha e estalei os dedos.

– Super divertido. – Fui trocando as luvas. – Estou aqui faz horas, as pessoas são grossas e a Cat deve estar mexendo em seu telefone, já que eu sou entediante, segundo ela.

Olhei para minha amiga e percebi que Joey estava balançando seus ombros, logo a loira sorriu e cumprimentou o loirinho.

– Joey. – Cumprimentei acenando.

– Beth, minha flor. – Deu um de seus sorrisos e eu revirei os olhos. – Pelo visto, Cat ainda não bebeu tanto quanto queria.

– Como conseguiu controlá-la? – Abbie beliscou alguns amendoins que tinham no balcão. Todos sabemos que quando a Houli quer algo, não desiste.

– Eram muitos clientes de uma vez, aí quando ela tentava me falar apenas dizia “shiu”. – Dei de ombros. – Por falar nisso, querem algo?

Abbie se apoiou no balcão e olhou para as várias garrafas.

– Quero um... Blue Lagoon. – Pediu apontando para a vodka. – Sempre que eu tomo eu me lembro de Percy Jackson!

– Hã? – Perguntei enquanto pegava os ingredientes.

– Sabe, a cor azul... O Percy... – Foi justificando. – A cor favorita dele é essa, aí qualquer alimento dessa cor me lembra o livro.

– Maluca. – Zombei. – Engraçado, que eu estou tão avoada que nem percebo essas coisas.

– Isso acontece porque você é noob. – Disse como se estivesse explicando um trabalho de seu curso. – Pessoas noob como você não deveriam frequentar os mesmo lugares que pessoas fodas como eu!

Neguei com a cabeça pela sua inocência.

– Filha, eu sou a única foda aqui. – Entreguei o copo. – Eu mando nessa budega. É como diz a música. – Fiz suspense. – “I’m a boss-ass bitch”!

Rimos juntas.

– E você, Joey, quer alguma coisa...? – Perguntei.

Quando olhei para o loiro vi uma cena um pouco estranha e completamente traumatizante para uma pessoa inocente e filha de Deus como eu! / Lisa, eles estão apenas... / Apenas o caramba! Os dois estão se beijando! / Ah não, de novo? Já deu esse surto na festa da Michele e vai dar outro agora?! / Vou acabar com essa festinha agora mesmo!