P.O.V Lisa

Vou matar a Cat, juro por todos os deuses que matarei essa filha da mãe traidora do caramba! / Ui, putz revoltz! / PARE DE ME CHAMAR ASSIM! / Tá bom, putz revoltz. / Acreditam que ela vai sair mesmo eu estando de castigo! Ela vai sair sem mim, me deixando sozinha em meu quarto e em minha solidão... E pior que isso, ela vai sair com o Joey! Não acredito que minha loira está virando amiga daquele traste, tipo, quanto mais bola dermos para ele mais próximo ele vai tentar ficar da gente. Eu já disse que não quero novas amizades, já basta minha bestie, Catherine alguma coisa lá! / Você não sabe o sobrenome de sua melhor amiga? / É complicado, ok? Sei lá, ela podia mudar para Lips. / “Lábios”? Posso saber por quê? / Foi a menor palavra que me veio a cabeça agora, então a partir de hoje ela vai se chamar Cat Lips. / Claro, claro...

– Ei, traidora de merda. – A chamei de meu beliche, ela está pegando as coisas enquanto estou estirada na cama. – Qual seu sobrenome mesmo?

– Houli. – Disse rindo. – Você é ótima para gravar coisas.

– Não é minha culpa se ele é difícil.

– Ele não é difícil, são míseras cinco letras.

– Dane-se, você continua sendo uma traidora. – Bufei.

– Como o assunto mudou de “meu sobrenome” para “traição”? – Arqueou a sobrancelha. – E eu não sou traidora, apenas estou saindo sem você.

–VOCÊ ESTÁ SAINDO COM O JOEY! – Gritei me levantando. –Daqui a pouco estarão de namorico e eu ficarei alone aqui.

Ouvi suas risadas abafadas, pois depois de gritar isso cobri minha cabeça com o travesseiro.

– Baixa a bola Lis, não é por que faço amizades masculinas que vou ficar com o menino. – A porta foi aberta. –Beijos e aproveite o castigo.

– VAI SE FUDER. – Mandei segundos depois de ela bater a porta.

Não acredito que passarei um dia sozinha, no tédio. Quando imaginei meus dias dividindo um quarto com Cat, nós sempre estaríamos juntas, faríamos de tudo juntas, mas pelo visto eu não estava totalmente certa. Não estou realmente irritada com ela, mas estou completamente entediada. Já li todos os meus livros, já fiz meus trabalhos e estudei (Sou obrigada a acordar bem cedo), arrumei minhas coisas, comi e até organizei meu guarda-roupa em cores! EM CORES! / Desocupada, vai estudar / EU JÁ ESTUDEI! Até para a maldita Filosofia eu estudei. / Então vai caminhar pelo território de sua casa / Eu não posso sair, se lembra? Castigo por desacato as autoridades / Vai... Sei lá! / Viu? Estou totalmente frita em relação ao meu final de semana, meu lindo final de semana...

Já que não tenho mais o que fazer! Vou comer! Hohoho, comer, comer... Comer, comer... É o melhor pra você crescer!

Desci as escadas rodopiando e cantarolando um ritmo qualquer, quando estava nos últimos degraus pulei para alcançar o chão. Depois fui caminhando tranquilamente até minha cozinha, provavelmente alguma coisa boa terá nessa geladeira.

A abri e minhas pupilas se dilataram, tinha NUTELLA! Eu simplesmente adoro Nutella! Tipo, é como se existissem fadas, e as fadas chocolateiras deixaram um pouco de seu pó mágico cair no chocolate, o deixando tão gostoso! Ignorei totalmente a educação e tirei o pote de lá, acham mesmo que eu iria pegar um pouco e colocar no pratinho ou coisa e tal? NÃO! Essa Nutella será apenas minha, por isso meu único instrumento é a colher!

Subi trotando até meu quarto novamente, até que foi um bom exercício físico esse. Por falar em exercício físico, preciso participar de algum trabalho extracurricular da faculdade, pois do jeito que o Liam me trata precisarei de muito ponto para passar em sua maldita matéria.

Afundo minha colher bem fundo no pote de Nutella e a enfio em minha boca, nesse exato momento a porta é aberta e Michele entra com uma cara nada amigável.

– Você pegou a minha Nutella? – Perguntou em um tom sombrio enquanto entrava no quarto.

Arregalei os olhos e mirei o potinho, rapidamente o escondo atrás de minhas costas e sorrio sem graça.

– Não. – Falo com a maior cara de pau.

Subiu no beliche e foi se aproximando de minha pessoa.

– O seu nariz está sujo de chocolate! – Apontou ameaçadoramente.

– Pode muito bem ser... Outro tipo de chocolate.

Arqueou a sobrancelha e tirou o pote de trás de mim, sorrindo vitoriosa.

– Ei! Eu estava comendo sabia?

– Sabia, e por isso mesmo não vou dividir com você. – Mostrou a língua, passou o dedo dentro do pote e enfiou na boca. – Hm! Está uma delícia!

Fiz cara feia e bufei.

– Não vai embora não? – Semicerrei os olhos.

– Claro, assim desfruto de minha Nutella sozinha. – Deu uma risada maléfica e se retirou de meu quarto.

Isso é tão injusto! Ela nunca passa um tempinho comigo, e quando passa é apenas para roubar a minha comida! NINGUÉM ROUBA COMIDA DOS OUTROS! Isso é crime, vou ligar para a polícia. / Que tal em vez de você fazer esse showzinho, não aproveita que está no tédio e fica com a Michele? / Hm... Até que é uma boa ideia! Valeu Leste! / To aqui para isso né.

Saí de meu quarto meio vacilante, até passei algum tempo com Michele nas férias. Saímos juntas, mas nunca tivemos um momento NOSSO. Sempre que íamos para algum lugar, ou Cat ou meu pai estavam juntos. O único momento que passei sozinha com ela foi em Nova Iorque, antes de saber que iria vir para Vancouver. Nem me lembro direito como conversar com ela, como andam seus gostos e coisas e tal. Perdemos nosso contato há tantos anos que...

– O que você está fazendo parada na frente da minha porta? – A loira perguntou cruzando os braços.

Michele estava com fones de ouvido em seu pescoço e me olhava tentando me analisar. Agora percebendo, ela trajava um roupão bege e calçava pantufas de ursos, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo firme.

– Não vai responder? – Questionou.

– Ér... Eu vim passar um tempo com você! – Sorri mostrando os dentes.

– Sério? – Deu passagem para que eu entrasse.

Adentrei em seu quarto e me espantei. Ele era tão estilo Sharpay Evans! Frufrus, fotos dela, cores meigas, acessórios patis... Realmente, minha irmã é uma completa patricinha! Por sorte ela não é uma puti, apenas pati. (Notas finais estará o quarto)

– Seu quarto é tão...

– Lindo?

– Assustador, eu diria.

Sentei-me na cadeira violeta que tinha ao lado de sua cama e ela foi para a mesma. Ficamos nos encarando durante um tempo, até que resolvo dizer alguma coisa.

– Então... Fala aí! Como vai a faculdade? – Falei a primeira coisa que me veio à cabeça.

– Esse é o assunto que vai puxar? Tão ta então... Vou bem, eu detesto estudar, mas vou bem.

– Você também tem aula com um tal de Liam? – Perguntei só por curiosidade.

– Nossa! Ele é meu professor favorito do mundo inteiro! As brincadeiras dele deixam a aula incrível.

Fiquei com uma cara de tacho para ela. Só podia ser, ele tem marcação apenas com a minha bela pessoa! Por isso mesmo estou planejando minha vingança contra aquele homem.

– Me conte mais sobre sua vida Mich, quero saber tudo! – Cruzei as pernas.

– Bem, – Coçou a garganta. – não tenho muitas coisas. Faço aula de violão, gosto de cantar, saio muito com meus colegas, sou meio que popular, sou taxada como nerd...

– Pera! Você é popular e nerd ao mesmo tempo?

– Yep, apenas sou gente fina e estudo pra caralho. – Deu de ombros. – Enfim, minha melhor amiga é a Liara, ela é totalmente o meu oposto, mas mesmo assim nos damos super bem. Ela que me fez gostar de certas bandas de rock.

Isso eu não sabia. / Família serve para isso! Para você não saber porra nenhuma e ainda cobrar que ela saiba. / What the fuck...

– E você Lisa? – Questionou lixando as unhas com uma lixa que nem sei de onde saiu. – Como vai o seu namoro a distancia?

Dei um longo suspiro.

– Complicado, é difícil não poder vê-lo pelo menos uma vez na semana. Sinto muita falta do Jake, achei que nós íamos ficar juntos durante bastante tempo. – Desabafei. – Pode parecer pensamento de uma garotinha de doze anos, mas para mim ele é o amor de minha vida.

– Você ainda irá se apaixonar várias vezes tem apenas dezessete anos.

– Dezoito. – A corrigi.

– Sério? Puta merda, você cresceu filha. – Riu. – Mas voltando, acho que ainda terá outros namoradinhos até achar o “amor de sua vida”. Eu, por exemplo, ainda não encontrei ninguém que me fizesse realmente pensar ‘esse será o pai de meus filhos’.

Ri dela.

– Michele, você acha certo nós dois ficarmos com esse namoro virtual? Acha que devo deixá-lo livre?

– Não sei, isso é uma decisão que cabe apenas a vocês dois. – Admirou as unhas bem feitas. – Eu não conseguiria ficar desse jeito, não poderia aguentar passar tanto tempo sem alguém e ainda assim o intitular como meu.

Ficamos em silêncio.

– Esse é mais um quesito em que somos opostas, irmãzinha. – Pisquei para ela. – Mesmo sendo nova, o que sinto pelo Jake é... Indescritível. Não o trocaria por nada. – Suspirei novamente. – Você já sentiu esse sentimento de querer passar todos os dias ao lado de alguém, saber que ele também quer, mas não podem fazê-lo?

A loira piscou os olhos verdes para mim e deu um sorriso de canto.

– Sim, senti isso desde o dia em que você ficou em Paris e eu não. – Revelou.

– Aaaaah! – Falei ao pular em cima dela e dar-lhe um abraço. – Senti sua falta Mich.

– Você já falou isso mil vezes. – Riu.

– Eu sei, mas falarei isso até querer te mandar para China dentro de uma caixa.

– Não tente roubar meus planos.

Ficamos abraçadas e rindo durante um longo tempo.