Arregalou os olhos para tentar ver melhor. Inutilmente, claro.

– N-Natsu? - sua voz tremeu um pouco.

Olhou para cada canto que achou possível, mais uma vez, inutilmente. Conseguia ver apenas silhuetas indecifráveis. Aquele maldito breu estava sendo bem inconveniente para Lucy nesse momento.

Cuidadosamente, deu alguns passos à frente em busca de seu companheiro, mas só o que conseguiu foi esbarrar em algumas pessoas que estavam paradas ali devido à escuridão.

Seu estômago dançava dentro de si na mesma proporção que seu coração apertava em seu peito, sinalizando o nervosismo.

Não que ela fosse uma garota medrosa a esse ponto, mas o ultimo incidente a havia deixado um tantinho traumatizada. Ou pelo menos o suficiente para que tivesse medo de se perder Natsu naquele lugar sem luz.

Se passaram cinco minutos no máximo, que só fizeram-na ficar mais nervosa, e cada segundo seguinte só contribuiu para que esse sentimento aumentasse. Até que sentiu um braço envolvendo seu pescoço por trás.

Em uma situação como essa - no completo escuro quando alguém do nada te agarra - a maioria das pessoas ficariam assustadas e ou gritariam, ou saíram correndo - ou os dois. Entretanto o calor que aquele corpo atras dela emanava já era mais do que bem conhecido à Lucy.

Instantaneamente, os ombros dela relaxaram e por um momento quase que suas pernas não aguentam o peso de seu corpo, tamanho foi o alivio que se instalou em seu coração.

– Ei Lucy! - disse Natsu.

Mesmo estando escuro e ela de costas pra ele, Lucy tinha certeza de que ele sorria. E ela não estava enganada.

– Onde você foi?

– Pegar isso - e com o braço que não estava envolto em seu pescoço, ele o apoiou no outro ombro da amiga e estendeu alguma coisa em frente ao rosto dela.

Com a escassez de iluminação que havia ali, ela apenas consegui distinguir a silhueta daquilo que estava quase encostando em seu nariz. Era algo redondo que se apoiava em algo que aparentemente era um palito. Também conseguia sentir um leve cheiro adocicado, já que seu olfato não era nem comparado ao do amigo.

– O que é isso? - virou um pouco a cabeça para perguntar.

– Coma.

Sem mais perguntas então. Ela pegou o que quer que fosse aquilo e deu uma mordida no topo da parte arredondada. Era um tanto duro ao primeiro contato com o dente, mas depois fica mais fácil de completar a mordida. Sem contar que era extremamente doce.

– Maça do amor - constatou Lucy, assim que engoliu o pedaço.

– Sim - ela sabia que ele ainda sorria.

Os dois braços de Natsu estavam envoltos em seu pescoço, e ela não queria soltar-se daquele abraço nem por um instante. Do jeito que estava, apenas estendeu a mão para trás fazendo a maça ficar na frente do rosto dele.

– Quer? - ofereceu.

Ele apenas deu uma mordida.

– Como conseguiu comprar isso? - perguntou ela, dando uma segunda mordida - Digo, está escuro e tals.

– Nunca subestime um Dragon Slayer de fogo - respondeu Natsu todo orgulhoso - Minha visão e meu olfato são centenas de vezes melhor que o de uma pessoa normal, esqueceu?

Na verdade, sim, pensou Lucy um pouco desanimada.

– Sem contar que fogo é luz né... - completou ele.

– Então por que você ainda não acendeu uma chama?! - indagou Lucy virando-se para encara-lo, um pouco alterada e quase engasgando com a maça -Estamos nesse breu a toa!

– Happy pediu pra que eu não usasse fogo perto de você hoje.

– Por quê?

Mas antes que Natsu pudesse responder, um feixe de luz rosa saiu do horizonte e cortou o céu, explodindo instantes depois. Só quando houve a explosão é que eles voltaram-se para o som e puderam ver a luz dispersando-se.

– Fogos de artificio - disseram juntos. Olharam um para o outro e riram de leve.

Natsu se aproximou de Lucy e mais uma vez passou seus braços pelo pescoço dela, dessa vez apoiou seu queixo no topo da cabeça dela.

Um fogo cortou o céu e explodiu em um lindo verde.

– Natsu? - chamou ela, corada. Era um pouco estranho essa proximidade dos dois.

Não que ela desgostasse, claro.

– Hm?

Pensou um pouco no que dizer, mas não achou as palavras certas.

Mais um fogo de artificio exibiu suas maravilhosas cores douradas.

– Não, nada não. - respondeu por fim.

Agarrou delicadamente os braços dele, aproveitando o calor. O mago de fogo apertou de leve o abraço, fazendo com que ficasse mais próximos.

– Obrigada.

– Pelo que, Luce? - perguntou confuso.

– Por me acompanhar hoje, foi uma noite muito legal - sorriu.

Natsu não sabia o que responder. "De nada" não lhe parecia uma resposta certa, muito pelo contrário, afinal, ela fez com que a noite dele tenha sido maravilhosa. Ao ver dele, ele quem deveria agradecer e não ela.

– Obrigada por estar sempre comigo.. - completou ela, afundando o rosto em seus braços com as bochechas em chamas.

O corpo de Natsu enrijeceu de leve e ele soltou-se de Lucy. Sem entender, ela virou-se para encara-lo. Antes que ela pudesse ver seu rosto, ele transpassou seus braços musculosos e definidos por sua fina cintura e enterrou a face na curvatura do pescoço alvo e exposto - parte que o yukata não cobria.

Um fogo explodiu azul no céu

– N-Natsu? - Lucy não conseguiu conter o forte rubor que cresceu em sua maça do rosto.

– Me desculpa - começou - Eu farei de tudo para te proteger. É uma promessa.

Mais dois fogos fogos subiram e brilharam no céu em lindas cores rosa e dourado.

Por mais que quisesse permanecer no calor de seus braços, ela afastou-se e colocou suas mãos no rosto dele, aproximando-se.

– Obrigada. Eu também te protegerei - e sorriu. Sorriu seu sorriso mais belo.

Naquele instante o mundo de Natsu parou e focou apenas naquele maravilhoso rosto a sua frente. Tudo se encaixava tão perfeitamente que até o assustara. As cores que brilhavam atrás dela não se comparariam nem em um milhão de anos com aquele sorriso que ele tanto amava, mas os artifícios que explodiam no céu combinou perfeitamente com toda a ocasião. Seu peito se aqueceu.

Os dois olhavam bem fundo um nos olhos do outro e deixaram-se perder pela profundidade que continham. Estavam tão atraídos e concentrados um no outro, que nem perceberam que se aproximara, as pontas dos narizes quase se encontrando. Estavam tão perto que ela conseguia sentir o hálito quente dele chocando-se contra suas bochechas, bem como ele conseguia sentir o fresco e leve dela.

O coração de Lucy batia desenfreado em seu peito, beirando a dor física. Entretanto, pouco importava pra ela isso, já que sua mente encontrava-se em neblina total. A única coisa que preenchia seu pensamento naquele instante era o nakama à sua frente.

Já o Dragon Slayer, por algum motivo, focou o olhar nos lábios da amiga e uma intensa vontade de experimenta-los cresceu dentro de si. Esse sentimento era novo pra ele, entretanto, passava longe de ser desagradável.

Bem, o forte de Natsu nunca fora se controlar, e não seria dessa vez que isso aconteceria.

Sem nenhum aviso prévio, ele pego com delicadeza o rosto de Lucy e curvou-se um pouco devido a diferença de altura.

E então, selou seus lábios no dela.