– O que é isso?

– Vista-o — respondeu, ou melhor, mandou Happy enquanto voava apressadamente e colocava o tecido em cima de um móvel e saia.

Ele simplesmente saiu.

Lucy encarou atônita a porta pela qual o azulado acabara de sair, sem entender, para depois andar calmamente até o móvel em que ele deixara seja lá o que fosse aquilo.

Pegou cuidadosamente o tecido macio de algodão que havia sido deixado lá e ergueu-o em sua frente. Era muito bem trabalhado. O tom verde claro combinava perfeitamente com os detalhes das flores que possuíam um tom salmão delicado que contrastava perfeitamente com os fios cor de ouro que as acompanhavam, e os contornos de flores verde escuro e os detalhes azuis encaixavam-se no desenho ao todo. A vestimenta acompanhava um obi* branco simples porém elegante. Era um yukata maravilhoso, sem dúvida.

Com um pouco de esforço - sem contar o trabalho de deu -, Lucy conseguiu vestir o yukata. Servira perfeitamente nela, que perguntou-se mentalmente como o gato conseguira achar uma roupa que servisse tão bem nela sem ao menos saber o tamanho certo ou suas medias.

Prendeu o cabelo do jeito que sempre fazia - um rabo de cavalo de lado com o resto solto - com um enfeite que estava junto com a roupa e olhou-se no espelho.

A única coisa que não estava de acordo era a faixa que envolvia seu pescoço devido ao corte ali presente.

Sentia-se um pouco nervosa, talvez por estar vestido aquela roupa, talvez por ser seu primeiro festival, talvez por alguma outra coisa qualquer…. ela não saberia dizer.

Fechou os olhos e respirou fundo. Se acalme Lucy, sua idiota.

Quando voltou a abrir os olhos, deparou-se com Natsu encarando-a pelo reflexo do espelho com as bochechas tingidas de vermelho.

Ela sem duvida está mais linda que o normal. Passou a mão nos cabelos rosas, bagunçando-os. Isso certamente era um sinal de seu nervosismo.

Lucy virou-se para ele e o encarou, parecia que havia milhões de borboletas em seu estômago.

– V-você fica bem de yukata - sorriu ele, um pouco envergonhado.

Diferente dela, ele apenas estava usando seu costumeiro colete azul marinho de uma só manga, bermuda branca e as sandalhas. Ah, e obviamente seu inseparável cachecol.

– Obrigada - sorriu ela de volta, com as bochechas mais vermelhas que a dele.

Por mais que quisesse, ele não poderia - infelizmente - desfrutar daquela beleza por muito mais tempo.

– Vamos chamar o Happy então.

Ambos caminharam até o quarto ao lado. Happy e Natsu estavam ficando naquele aposento para que Lucy pudesse descansar em paz sem ter que aguentar os dois - sabiam o quanto eram barulhentos. Além disso, por alguma sorte do destino, assim que voltaram à pousada depois do tal acidente, um hospede havia acabado de ir embora, Logo os dois amigos puderam desfrutar de um quarto só deles - ou tentaram, já que a preocupação com Lucy não deixava.

Entraram no quarto e viram Happy deitado no futon coberto apenas com um lençol.

– Happy? O que foi? O festival começa daqui a pouco

– E-eu não estou me sentindo muito bem… - disse ele com a voz falhando um pouco

Ambos se aproximaram e agacharam ao seu lado.

– O que você tem? - perguntou Natsu preocupado.

– Minha cabeça… ela dói muito - respondeu o exeed, cobrindo os olhos com as patinhas.

Lucy apoiou a mão no topo de sua cabeça e acariciou de leve.

– Vamos ficar aqui cuidando de você Happy - disse Natsu por fim.

– Sim - concordou a loira, sorrindo e continuou a afagar o gato.

Na verdade, seria mais apropriado dizer que Lucy forçou um sorriso. Já era a segunda vez que perdia a oportunidade de ir à um festival. A garota estava se odiando por estar chateada por um motivo tão infantil e egoísta enquanto, em sua frente, seu amigo estava passando mal. Mas ninguém saberia disso.

Ela estava perdida em seus devaneios quando Happy pronunciou-se:

– Não. Vocês deveriam ir.

– Mas Happy, você está mal então nós temos que ficar com você - e essa foi Lucy, que por mais que estivesse chateada, sua preocupação com o nakama era maior. Ela era egoísta mas nem tanto.

– Por ser um festival muito grandioso, ele só acontece uma vez ao ano, então vocês deveriam ir! - insistiu.

– Mas Happy-

– Vão logo - cortou o gato - e me tragam peixe.

– Ta bom… - suspirou Natsu, dando-se por vencido.

– Tem certeza de que vai ficar bem?

– Aye!

Com isso, os dois viraram-se e se foram. Mal puderam ver que o gato sorria vitorioso por debaixo dos lençóis. Meu plano está dando certo hihihi.

[…]

Lucy olhava o lugar encantada.

Ela e Natsu estavam parados na entrada do templo, que por sinal estava bem cheio.

O festival de Meredes era conhecido também como O Grande Festival de Luzes e acontecia no grande templo da cidade, logo, em toda extensão haviam centenas de luzes formando um teto luminoso e que mesmo assim, não ofuscavam o majestoso brilho das estrelas.

Sem dúvida Lucy estava encantada com tudo aquilo.

– É lindo… Natsu, é lindo! - sorriu ela alegremente.

– É mesmo - ele retribuiu com um sorriso tão alegre quanto o dela - Vem, vamos andar Luce - e agarrou levemente sua mão, arrastando-a pela multidão.

O toque fez com que uma leve corrente elétrica passasse pelo corpo de ambos. Não que nunca tivessem se tocado antes, mas ultimamente cada toque agradava ambos de uma maneira inexplicável.

Não ousaram soltar a mão um do outro nem por um instante, a sensação gostosa ainda estava ali, fazendo-se presente todo o tempo.

Passaram por diversos quiosques, alternando entre brincadeiras - que rendeu Natsu dando um ursinho rosa de pelúcia à Lucy e ela dando um dragãozinho verde de pelúcia para ele - e comida - onde compraram o peixe de Happy, alguns petiscos, e delicioso e macio algodão doce que foi alegremente dividido pelos dois.

Uma noite maravilhosa.A maga celestial até havia esquecido de suas dores, e sentia-se incrivelmente bem com a presença do Dragon Slayer ali, assim como ele sentia exatamente o mesmo com ela ali, feliz e sorridente. Uma noite muito divertida.

Estavam saindo de um quiosque de comida quando as luzes subitamente se apagaram e não tardou para os murmúrios começarem.

– O que será que está acontecendo, Natsu? - estranhou Lucy, fazendo a mesma pergunta que a maioria dos ali presente, sem ao menos conseguir enxergar um palmo à sua frente.

Então, ela então sentiu a mão de Natsu escorregar e se desconectar da dela.

O medo invadiu seu coração de uma forma avassaladora.