Sangue Divino escrita por Bianca Bittencourt


Capítulo 23
Cap. 23 – A Cidade declarada Proibida.


Notas iniciais do capítulo

Vou postar de quarta e sábado agr^^
O cap ficou meio curto, eu ia escrever mais masss minha amiga - aquela em que inspirei a personagem Sophie - me apressou pq qr ir no shopping. Pois, é. Filhas de Afrodite...
Boa Leitura ;*



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Levanto e observo. Parede bege. Piso cinza. Lençóis brancos. Porta branca.

Abro a porta e espio para ver se não há perigo. Pela minha frente, se estende um corredor também branco. Ouço vozes no final do corredor. Hécate nos transportou para a casa de alguém? Se foi isso, onde estão os outros?

Ando devagar até o final do corredor. Estou com as mesmas roupas com que dormi, sujas de areia, ensanguentadas e rasgadas, e não sei se voltarei a ver o barco e meus pertences. Quando chego ao final do corredor uma menininha de vestido verde, de cabelo loiro escuro preso em uma trança e olhos azuis eletrizantes como os de Thalia, aparece, me encara e grita:

– Tia Reyna! Tem uma estranha na casa! – Ela não parece aterrorizada, só curiosa.

Uma mulher sai correndo de dentro do mesmo cômodo de onde veio a menininha e para na minha frente. Ela está de jeans e camiseta azul claro, tem olhos negros e seu cabelo preto escorre liso pelos ombros.

– Não é possível. – Ela murmura colocando a mão na boca.

– Você deve ser Reyna, certo? – Indago.

– Sim, sou. E se não me engano, e acho que não, você deve ser a filha de Percy Jackson. Como veio parar aqui? – Ela questiona.

– É, sou Courtney, a filha do Percy, mas também não faço ideia de como vim parar aqui.

– Eu sou Rose. – Diz a garotinha com voz inocente. Ela deve ter uns sete anos. Me lembro do que Sophie e Thalia disseram sobre a segunda filha de Piper em Nova Roma.

– Você é a irmã da Lola? – Pergunto.

– Isso. – Ela responde sorrindo. As duas irmãs são bem diferentes, não consigo evitar a observação.

– Então, isso quer dizer que... estou em Nova Roma?

– Exato. – Reyna diz. – Inteligente, ehn?

– É, eu também acho que tenho inteligência até demais. – Digo entediada. – Mas você sabe onde estão meus amigos? Não estão aqui, né?

– Não, querida. Sinto muito. Mas... me conte como veio parar aqui, e isso talvez ajude.

– Bom, foi obra de Hécate. Tenho certeza. – Afirmo.

– Se estão em missão, como acho que estão pela condição em que você se encontra, - ela aponta minhas roupas - eles vão estar onde devem estar. Hécate não é lá uma deusa das mais previsíveis, mas...

DING DONG. Reyna contrai os olhos. Deve ser a campainha da casa.

– Rose, pode atender, por favor? – Diz a moça. A menina assente exageradamente e caminha para dentro do cômodo por onde veio. – Como eu estava dizendo, - ela continua - você deve encontra-los logo, não acredito que estejam muito lon...

– Tiiia! - Rose grita. - É a Hazel com o Peter. E o tio Frank. E um menino estranho, alto e bonito que nunca vi antes.

– Nathan, meu nome é Nathan. – Murmura uma voz irritada.

– Nathan?! – Grito sem pensar.

– Marie? – Ele grita em resposta. Oh, graças aos deuses.

Atravesso o corredor desviando de Reyna e entro no cômodo que é visivelmente a sala de estar, e em uma das paredes está a porta de entrada, por onde é possível ver um homem muito musculoso ao lado de uma moça de estatura baixa, usa um vestido preto e branco de cintura alta, é morena e têm cabelos castanhos cacheados, está segurando um menininho no colo. Nathan está ao lado deles. Penso em correr e abraça-lo, mas como isso seria ridículo considerando que vi ele há umas horas atrás, me contento em respirar fundo, aliviada. Reyna aparece atrás de mim.

– Suponho que esse seja um dos seus companheiros. – Diz. Assinto de leve com a cabeça.

– Mas e Sophie? – Indago olhando para o teto.

– Bom, se isso é em torno de você e o garoto foi parar no andar de baixo, a sua amiga deve estar no andar de cima, suponho.

Isso deve ser um prédio...

– Boa suposição. Quem são esses? – Pergunto apontando a porta. - E quem mora no andar de cima?

– Os que moram no andar de baixo são meus amigos, Hazel, o marido dela, Frank e o filho deles, Peter. No andar de cima é a casa de Nico Di Angelo, ele às vezes está, às vezes não... mas acredito que esteja por ai hoje, sim.

– Então vamos até lá. – Peço. - Hécate nos trouxe aqui para poupar tempo, não devemos ficar perdendo tempo.

– Querida. – Fala a moça morena na porta. - Acho que Rose pode checar se a outra garota está lá em cima. Você e esse menino tem que se trocar e comer alguma coisa.

Observo nossas roupas ensanguentadas e percebo que não comemos faz um bom tempo. Não posso negar que precisamos nos trocar e comer, apenas abaixo um pouco a cabeça.

– Rose? – Chama Reyna. A garotinha sorri e sai correndo animada para fora da casa.

Um homem moreno de olhos verdes entra na sala o por um corredor diferente do que eu saí e se aproxima.

– O que está acontecendo? – Ele pergunta.

– Esse é meu marido, Lucian. – Explica Reyna, ignorando a pergunta dele, que levanta as sobrancelhas. – Essas crianças apareceram do nada por aqui, estão em missão e bem... não sei muito mais que isso, mas elas tem que se trocar, você acha que tem algo que sirva no menino, Ian? Porque o Frank com certeza não deve ter.

O homem encostado na porta sorri e da de ombros.

– Acho que... sim. – Responde o marido.

– Você não tem a tatuagem com contagem de serviço. Não é romano, também nunca te vi no Acampamento Meio-Sangue, mas não acredito que seja um mortal comum. – Diz Nathan para Lucian.

O homem abre a boca, mas parece se atrapalhar e Reyna se intromete dizendo de maneira cortante:

– Existem varias culturas, vários mundos. Lucian não pertence nenhum dos que você conhece, e é só isso que precisa saber.

Nathan levanta uma sobrancelha, mas não questiona. Isso foi realmente estranho.

Alguns minutos depois estamos todos na cozinha, que fica logo depois da sala, tomando café da manhã, e com roupas diferentes, e isso inclui Sophie também, que realmente estava no andar de cima, na casa de um homem alto, magro, pálido e de cabelos e olhos bem escuros que parece bem sinistro. Sophie e o homem, Nico, estavam dormindo portanto, Nico nem percebeu que uma garota estranha estava dormindo no quarto de hospedes dele até Rose chegar e, Sophie nem teve tempo de processar que estava separada de nós dois.

– Você disse que viemos aqui como uma espécie de atalho, né? – Diz Sophie que agora está vestindo um vestido branco com listras horizontais roxas, deve ser de Hazel. - Como estar no Acampamento Júpiter vai nos ajudar?

– Onde estamos geograficamente? – Questiono. Estou vestindo uma blusa preta e calça legging da mesma cor.

– Norte da Califórnia. – Responde Reyna. - Ligeiramente próximos ao litoral.

Sorrio.

– Cruzamos o país, Sophie. Agora podemos seguir praticamente em linha reta para chegar ao Chile. – Digo.

– O que pretendem no Chile? – Diz Lucian.

– Encontrar Nyx. – Respondo com naturalidade.

Nico engasga e me encara com os olhos arregalados:

– Ficou maluca, menina?

– É minha missão. Tenho que encontrar essa deusa maldita que me amaldiçoou. Não é como se eu tivesse muita opção. – Digo.

– Se eu fosse você, ficava aqui e esquecia isso. – Nico diz.

– Fácil para você dizer. Não é você que viu seu sangue escorrer dourado. – Estreito os olhos.

– Você... ? – Nico começa.

– É... é, sobrecarga de sangue dos deuses e blá blá blá. Como se isso já não bastasse para deixar uma garota doida, uma deusa me amaldiçoou antes de nascer para que eu não pudesse viver com os meus pais. Acha mesmo que não tenho motivo para ir atrás dela? – Indago. – Vocês sabem, não sabem? Da maldição? São amigos dos meus pais, devem saber.

– Annabeth não contou para quase ninguém, Courtney. E o Percy nunca falou com ninguém sobre, só com sua mãe. – Sussurra Hazel como se assim todos não fossem ouvir. Ela balança o bebê no colo quase que freneticamente. – Mas, sim, nós sabemos.

– Eu não sei. E Nathan também não. – Diz Sophie. Nathan enterra o rosto nas mãos depois de lançar um olhar afiado como faca para a filha de Afrodite que a deixa sem graça. Ele parece melhor agora que está mais limpo, vestindo um jeans e uma camiseta amarelo claro que Lucian emprestou a ele. Mordo os lábios. – Mas é claro que você não precisa contar agora! – Ela completa.

– Preciso sim. Vocês meus companheiros de missão e... o resto aqui já sabe. Menos Rose. – Digo mesmo que relutante. – Rose vai assistir TV, por favor, querida. – A menina faz o que peço sem questionar nada, deve estar acostumada a pessoas dizendo que ela não pode escutar e apendeu a obedecer sem se desgastar perguntando coisas que ninguém vai responder. - Vocês tem que saber o real motivo pelo qual estou fazendo isso.

Nathan desenterra o rosto, se arruma no assento e passa a me encarar com um olhar vazio.

– Eu... – começo – bem, não tem um bom jeito de explicar isso. Meus pais enfureceram Nyx um bom tempo atrás e ela fez o melhor dela para puni-los. Achou que o melhor seria afastar a filha deles e... eu não posso viver muito tempo com meus pais sem adoecer, por isso não me criaram.

– Mas você passou um tempo no acampamento com eles e... – Sophie diz.

– O Acampamento Meio-Sangue é um lugar que funciona como exceção, eu adoeço mais devagar lá. – Explico. - E ainda assim, Sophie, não teriam como criar uma criança frágil com tendência a ficar muito doente em um acampamento de treinamento para heróis.

Ela fica sem palavras. Não acho que tenha algo possível para dizer sobre isso sem ser “sinto muito” e sinceramente não quero ouvir que as pessoas sentem por mim, se eu quisesse ficar sentindo muito eu não estava aqui, tentando mudar isso.

– E acha que pode fazer o que? Negociar com Nyx sobre isso? – Questiona Nico.

– Não faço ideia. Mas não acho que eu tenha chance se não encontra-la. Tem que ter uma saída. – Respondo firme. - E ela não vai cair do céu.

– Encontrar uma deusa como essa é suicídio, é inut... – Hazel ia dizendo.

– Deixem ela em paz, tá legal? – Diz Nathan elevando o tom de voz e agarrando a beirada da mesa. Fico surpresa e minha boca abre ligeiramente. - A missão é dela, o plano pode ter suas falhas, mas ainda assim é a melhor opção. Nós vamos fazer isso.

Acho que nunca vi ninguém me defender dessa maneira. Nico levanta uma das sobrancelhas com o olhar vagando entre mim e Nathan, depois revira os olhos. Hazel e Frank parecem espantados com o surto repentino de Nathan. Sophie sorri orgulhosa. Reyna e Lucian olham para os lados e Rose aparece no cantinho da porta espiando.

– Pessoal. – Digo tentando me dirigir especificamente aos adultos. – Vocês foram muito gentis, principalmente você Reyna, e eu agradeço muito, mas realmente precisamos prosseguir.

O bebê se meche inquieto no colo de Hazel, que o passa para o pai – ou pelo menos suponho que Frank seja o pai – que consegue acalmar a criança em segundos, chega a me dar um pouco de paz ver essa cena tão... cotidiana. Penso nos meus pais e em como eles nunca puderam me acalmar quando bebê desse jeito, nunca puderam cuidar de mim juntos, nunca realmente tiveram uma família... tudo por causa de Nyx, não me interessa que vê-la seja suicídio, ainda assim vou fazer isso.

A campainha toca de novo, e Rose sai pulando de seu “esconderijo” para atender a porta. Um homem entra na casa, Reyna levanta e vai até ele. Ouço entre alguns murmúrios a palavra barco, me levanto também e vou até a sala.

– Estou falando, um barco apareceu do nada as margens do Pequeno Tibre, perto da Colina dos Templos. – Explica o homem.

– Hãm. – Digo. – Desculpem minha intromissão mas... que cor é esse barco?

– É azul claro e tem uma faixa lilás com a palavra “Destino” meio desgastada escrita em tinta escura. – Ele respondo confuso.

– É o nosso barco. – Afirmo à Reyna baixinho. Que alívio, deixamos muitos pertences nele, é como se um peso fosse tirado de cima de mim, não queria que Sophie e Nathan perdessem vários de seus pertences por causa da missão... mas onde será que estão as armas que deixamos ao nosso lado na praia? Tomara que estejam no barco também, precisamos delas.

– Diga aos pretores que não devem se preocupar porque o barco já tem dono e já irão partir. – Ela ordena.

– Sim, senhora. – Diz o homem já se retirando da casa.

– Destino? – Ela indaga rindo para mim. Apenas sorrio em resposta. - Bom, sei que estão com pressa, mas vocês podem seguir com o destino de vocês depois do almoço, acho que ainda precisam se recuperar um pouco e se acharem estão em condições, treinar também seria bom.

Assinto com a cabeça.

– Acho que podemos treinar um pouco, almoçar e depois ir.

Ela passa a mão em meu ombro esquerdo e volta à cozinha, antes que ela fique fora de vista digo:

– Mas primeiro, preciso ver o barco. Se vamos treinar precisamos das nossas armas. – E tomara que estejam por lá.

Reyna está de costas, mas posso apostar que sorri.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham entendido o nome do cap...
É não falei nada sobre quem Nico está namorando ou se ele está namorando, sim isso é intencionaaal. E não especifiquei a qual cultura pertence Lucian, isso mesmo, sejam criativos, existem milhares de mitologias pelo mundo, especulem vocês de onde ele veio ;)
O que dizer a mais? Comentem...comentem...comenteeem! kkkkkkk



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