Escudo escrita por Melzinha


Capítulo 18
Capitulo XVIII - "Meu Escudo"




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Escudo

Capítulo XVIII

Meu Escudo

Por Mel

Tumtum...Tumtum...Tumtum...

O barulho de seu coração ensurdeceu seus próprios passos. Talvez essa fosse a sina deles, esse era o grande destino que os esperava. Ficar juntos por alguns instantes, conhecer a felicidade por alguns segundos...e perde-la no momento seguinte. Correu desalinhado, pulando sobre o terreno rochoso. Ralou-se algumas vezes até chegar perto da tenda das mulheres. Nunca um acampamento lhe parecera tão longo. Nunca suas pernas lhe pareceram tão lentas.

“Sakura! Sakura!”- Gritou com o pouco de voz que lhe restava, deixando todo seu medo guiar seus caminhos. Mas a voz rouca e fraca não foi suficiente para obter uma resposta- “Sakura!”.

E lá estava ela, de costas para sua agressora, colocando-se na frente de uma machucada e inconsciente Meyling como um muro de ouro, enquanto a deformada rainha apontava uma flecha diretamente para o seu coração.

“Não acredito que vai se matar por uma... serva”.- Balançou a cabeça- “Patética como sua mãe...”.

“Ela é minha amiga”- Os olhos verdes faiscavam de raiva e determinação, enquanto acariciava os cabelos negros.- “Mas acho que você não entende o significado dessa palavra”- A princesa permanecia de costas velando o sono forçado na amazona.

“Por que não olha para mim?”- Debochou- “Por acaso é medrosa demais para encarar a morte de frente?”.

E lá estava o coração de Li, traindo-lhe novamente. ‘Morte’ e ‘Sakura’ eram duas palavras que ele só gostaria de ouvir daqui no mínimo 100 anos. Com medo de uma reação brusca da princesa ocasionar o disparo, começou a suar. Precisava pensar em algo e rápido. Vagarosamente Sakura virou-se evitando um grito assustado ao ver o estado da ex-rainha. Ela estava queimada, com metade do cabelo faltando, sangrando em varias partes e muito inchada.

“Sayiuri”- Sussurrou com pena. Pena. Aquela mulher vaidosa poderia suportar qualquer coisa, ódio, desgosto, até decepção, mas pena? Jamais. Ouviu os passos apressados de Li e sorriu de lado. Era tão obvio que o cão de guarda viria a socorro da garota que achou a cena um tanto previsível.- “Não se aproxime general”- Ordenou- “Ou eu atiro antes mesmo de falar tudo o que está entalado na minha garganta”.

A princesa que até então permanecera calma, tentando bolar um plano para desarmar Sayiuri, apavorou-se ao perceber que ele estava ali, que ele também poderia se machucar assim como Mey Ling que tentara lhe proteger e agora estava inconsciente no chão. O fato dele estar junto lhe tirava a coragem de uma certa forma, porque diante de si estava o seu mundo e ela poderia perde-lo novamente e aquilo matou sua alma dentro de si. Era como se tivesse algo muito precioso para arriscar...

“Syaoran”- Os olhos verdes arregalaram-se. Suplicava por dentro para ele se afastar, se precisasse morrer para protege-lo, o faria...- “Não”- Terra e mar se encontraram e em uma súplica silenciosa, a princesa pedia para ele se afastar, que ficaria tudo bem, e na mesma súplica ele respondia ‘Preferiria morrer mil mortes, do que perder você novamente’. Ele quebrou o encanto e encarou seriamente a rainha.

“Não vai conseguir sair viva daqui Sayiuri”- Falou entre os dentes.

“Pode até ser verdade, e eu até esperava por isso”- Falou seca observando o céu- “Mas essa princesa de araque também não”.

Então, tudo aconteceu em câmera lenta, a flecha deixou o arco de Sayiuri em direção ao peito de Sakura, os ambares perderam o foco por um instante ao notarem a situação, mas antes que ela pudesse gritar, orar ou pedir ajuda, o corpo de Li estava na sua frente recebendo o ataque que era para ela, como um escudo. Como o seu escudo.

“SYAORANNNNNNNNNNNN”- Ela gritou apavorada ao ver sangue saindo da boca do rapaz enquanto ele caia ajoelhado incapaz de se mover. Soldados cercaram a ex-rainha finalmente sugando-lhe a vida em meio a uma risada histérica e olhos vidrados no pavor da filha de Nadeshico. – “Syaoran, pelo amor de Deus....Não...”.- Lagrimas desenfreadas deixaram os olhos da garota- “Não...”- Chorou- “Por favor não me deixa”.

Ele sorriu, um sorriso tímido e doce deixou os lábios do rapaz. Tocou o rosto delicado como se pudesse apagar toda tristeza. Como se pudesse afastar as lágrimas. Xingou-se por estar causando toda essa dor nela.

“Vai ficar tudo bem...”- Tossiu mais um pouco de sangue assustando ainda mais a garota.

“Shiiiiii”- Ela falou segurando a cabeça dele- “Por favor...Não fala nada...Não fala nada”.- Olhou para os soldados imobilizados pela cena- “Socorro! Chamem ajuda por favor. Chamem Eriol”- Suplicou vendo os homens acatarem e correr acampamento a dentro em busca do médico.

“Antes eu...”- Respirou fundo tentando conter a dor que lhe dilacerava o peito- “Do que você”- Levantou a mão novamente enxugando as lágrimas dela- “Eu não...su..suportaria”.

Ela o olhou desesperada.

“Eu não permito que você morra, Syaoran! Eu ordeno que fique!”- Chorou- “Eu sou sua princesa, e ordeno que fique! Eu não te dou permissão para morrer, está ouvindo? Não dou!”.

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“Aonde você vai?”- Colocou a mão na cintura. Sempre fazia isso quando estava contrariada.

“Embora, não precisam mais de mim aqui”- Respondeu sentido observando a bela jovem de dezessete anos arregalar os olhos. – “Já está tarde, e se não percebeu, essa festa já acabou para mim”.

“Mas eu sempre preciso de você”- Falou desesperada sentindo um medo enorme de perde-lo. Como se o adeus não fosse apenas um ‘até amanhã’

“Não parecia quando estava...”- Cerrou os punhos- “Dando mole para lorde Ota”.- A encarou nervoso- “É porque ele é rico? Tem títulos? Berço? É por isso?”- Ele praticamente cuspiu a ultima frase.

“Eu nunca dei mole para ele”- Rebateu irritada- “Ele que não para de me cercar! Ele tentou me beijar a força!”.

“Ele o que?”- Arregalou os olhos, que por alguma razão estavam mais brilhantes do que de costume, sentindo a raiva e o ciúmes o consumir por dentro.

“Tentou me beijar a força. Mas eu o empurrei...Eu não permiti! Eu nunca vou deixar que algum homem me toque exceto ...”- Levou a mão a boca freando sua frase.

“Exceto?”- Levantou uma sobrancelha em desafio. Ele precisava ouvir dela que ela não o queria. Não podia mais viver desse jeito. Amando tão intensamente a ponto de explodir. Precisa escutar dos lábios dela que ele era apenas um amigo, sem berço e sem condições de ser rei...Precisava seguir em frente. Precisava ouvir que ela queria um outro alguém...Um homem que a merecesse de verdade.

“Você”- Confessou baixinho o encarando seriamente.

“Eu não passo de um soldado pobre”- Tentou a todo custo evitar que o coração acelerasse diante daquela afirmação, mas não conseguia. Se ela soubesse... Se tivesse a mínima ideia do quanto ele a queria.

“Eu não ligo”.

“Você não sabe o que está falando”- Ele estava se afastando dela. Dando as costas depois que ela havia despejado mais uma vez seu desejo sobre ele. Depois que mais uma vez havia aberto seu coração.

“Syaoran”- A voz saiu como uma súplica – “Não me deixa...”.

Ele virou-se como um lobo que acaba de encontrar sua presa e a encarou ferozmente ficando a milímetros do rosto dela.

“Pede de novo”- Fechou os olhos aspirando o perfume delicado.

“Sou sua princesa”- Falou baixinho- “E eu não lhe dou permissão para ir”- O viu abrir os olhos e quase engoli-la com a intensidade daquele olhar- “Por favor, fica...Não me deixa”.

Ele depositou um beijo carinhoso na testa branquinha e virou-se tentado recompor-se. Como partir e deixar o próprio coração para trás? Se perguntou sentindo todo seu corpo reagir a presença dela.

“Eu nunca vou deixar você”- Foi a resposta sincera de um guerreiro apaixonado.

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Eriol aproximou-se do general afastando Sakura, que não parava de chorar. Deus não faria isso com ela... Ela já havia perdido todos, não perderia Syaoran também.

“Isso não parece nada bom”- Comentou fazendo sinal para os soldados ajudarem a tirá-lo de lá.

Viu em câmera lenta o amor de sua vida ser carregado para longe e o único som que ecoava em seus ouvidos era o grito de dor de seu grande herói, de seu escudo protetor.

Epílogo

Dois anos foi o tempo necessário para a reconstrução total, e recuperação financeira de Tomoeda, com a ajuda de Ueda as terras das cachoeiras finalmente se reergueu das cinzas voltando a sua plenitude e atingindo o auge com o novo reinado. Sakura, agora rainha, revivera um reino a base do amor e respeito pelo povo, assim como o pai lhe ensinara.

Era tarde de primavera e ela passeava pelos balcões observando as pequenas flores das campinas colorir o cenário. Gostava muito daquela época, trazia-lhe lembranças doces, mesmo que as deixava um pouco nostálgica. Suspirou pensando no quanto sua vida mudara. Ser rainha era muito mais do que imaginava, mas não podia reclamar. Ver seu povo satisfeito era sua maior recompensa.

Sentiu os braços fortes de seu marido agarrá-la por trás e a gostosa gargalhada soar em seus ouvidos ao sentir o pequeno coração acelerar.

“Queria saber quando vai perder essa mania boba de me assustar”- Fez um bico encarando os olhos ambares do agora rei de Tomoeda faiscarem em sinal de diversão

“Não resisti”- Disse perto dos ouvidos delicados antes de roubar-lhe um beijo- “Você fica linda pensativa desse jeito”.

Ela sorriu. Aquele sorriso que ele tanto amava, aquele que ele daria tudo para que jamais sumisse.-“Tratante”.- Deu-lhe um tapa no braço sem deixar de sorrir com o elogio furado.

“Se continuar sorrindo desse jeito, majestade, serei obrigado a leva-la aos aposentos reais para uma conversa a sós”.-Ele sorriu abertamente vendo-a corar. Se tinha uma coisa que ela não poderia negar era o quanto o sorriso do marido era lindo e como era sedutor um convite feito por ele daquela maneira.

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Sentia-se dolorido, perdido e um pouco enjoado. Seus olhos ardiam um pouco. Admirou-se ao perceber que não estava em uma tenda e sim em um quarto luxuoso no palácio de Ueda. Remexeu-se percebendo uma faixa branca em seu peito e uma dor aguda invadiu seus músculos o obrigando a resmungar. Um som baixo, mas que chamou a atenção da princesa que lia um livro perto da cama.

“Syaoran”- Ela perguntou receosa se aproximando. O alivio nos olhos verdes ao verem os ambares abertos refletido no brilho intenso que eles emetiam.

“Princesa”- Ele sussurrou tentando levantar o braço para tocá-la, mas logo contraiu-se de dor.

“Graças a Deus”- Ela jogou-se em cima dele e ele a abraçou ignorando completamente a dor. Estar com ela curava-lhe a alma, fechava suas feridas. E a dor, por mais terrível que lhe parecia, lhe dava a certeza de que estava vivo...Vivo ao lado dela.- “Oh, meu Deus! Eu estou te machucando?”.

“Não se preocupe”- Ele se sentou com um pouco de dificuldade enquanto ela se afastava dando-lhe espaço- “Eu suportaria qualquer dor para ganhar um abraço seu”.

Então ela o encarou novamente e as lágrimas desceram livres pelo rosto de porcelana, mas pela primeira vez em muito tempo, não era de tristeza ou saudades e sim de alívio, puro alívio. Ele estava ali, com ela, vivo.

“Hei o que foi?”- Ele perguntou com o habitual tom preocupado- “O que aconteceu minha flor, porquê está chorando?”.

“Eu senti tanto...tanto medo”- Fungou- “Quando eu vi aquela flecha atravessar o seu peito eu pensei que...pensei que...”- Não conseguiu completar o pensamento as lágrimas e os soluços calaram sua voz.

Syaoran aproximou-se mais dela detestando causar esse medo todo em sua princesa. Só queria vê-la feliz. Só isso. Pegou o rosto bonito entre as mãos e a beijou. Primeiramente na testa, depois os olhos, a bochecha...E cada vez que a tocava repetia a mesma frase- “Vai ficar tudo bem, eu estou aqui, eu te amo” e finalmente capturou os lábios inchados sentindo o gosto salgado das lágrimas dela.

Após alguns minutos rompeu os beijos e apenas a abraçou apreciando tê-la, vê-la, senti-la. -“Eu perdi muita coisa?”- Perguntou após um breve beijo nos cheirosos cabelos mel.

“Algumas”- Sorriu limpando as ultimas lágrimas com as costas das mãos- “Takashi está fora de perigo... Demorou um tempo para acordar, mas ele está sendo muito bem cuidado por Chiharu.”- Riu- “Eles são muito engraçados juntos”- Comentou contente- “Mey Ling também está bem, está com seu pai...Meu avô basicamente a adotou também você sabe...”- Fez uma careta brincalhona arrancando uma risada cumplice do rapaz- “O exercito de Tomoeda se rendeu por completo ao verem que foram enganados todo esse tempo...”- Fez uma pausa o olhando fixamente- “Explicamos em uma assembleia na arena o que havia acontecido ao povo...”- Fungou um pouco- “Os linces das montanhas testemunharam...”.

“Eu basicamente perdi tudo então”- Falou brincalhão antes de trazê-la para perto novamente. Sakura quebrou o silêncio após alguns minutos.

“Eu preciso voltar...”.- Disse com a voz calma.

“Voltar? Do que está falando?”.- Ergueu uma sobrancelha.

“Ajudar a reconstruir nosso reino”- Remexeu as mãozinhas- “Os linces das montanhas têm feito um grande trabalho, mas eu... Agora eu serei a rainha e-”.

“O que quer me perguntar?”.- Virou-a para si.

“Você vai querer ficar em Ueda?”- Perguntou um pouco sem graça- “Eu sei que seu sonho sempre foi ser general e-”

Ele a encarou profundamente. Ela realmente achava que depois de tudo a deixaria? Só poderia estar de brincadeira...

“Se eu bem que lembro”- Syaoran começou seriamente- “Há uma linda princesa que aceitou ser minha esposa, e eu preferiria morrer do que deixa-la partir”.-A olhou com carinho- “A não ser que ela tenha desistido de mim”.

“Isso nunca vai acontecer, Syaoran”- Foi a vez dela beijá-lo- “Nunca”.

“Eu amo você, minha princesa...”-Beijou-lhe o cabelo.- “Aonde você estiver, eu também estarei. Sempre”.

“E eu amo você, meu amor”.- Declarou-se antes de beijá-lo.

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“Nervosa?”- Uma Tomoyo um pouco barriguda entrou no quarto de Sakura. Estava no quarto mês de gestação e a barriga já estava aparecendo. Esperaram um mês depois da guerra para marcarem o casamento. Não havia condições de comemorar em meio a limpeza da cidade e esse também fora o tempo necessário para Li se recuperar totalmente.

“Um pouco”- Confessou se olhando no espelho- “Acha que...Acha que ele vai gostar?”.

“Princesa você é a noiva mais linda que eu já vi. Não tem com o que se preocupar”.- Sorriu docemente.- “Além do mais está mais do que obvio que o Syaoran é completamente apaixonado por você”.

“Eu nunca pensei que esse dia chegaria”- Confessou encarando a amiga- “Passamos por tantas coisas”.

“O amor nunca falha, já ouviu essa frase?”- A viu afirmar com a cabeça.- “Agora vamos antes que o general de Ueda resolva invadir esse quarto”.

A princesa sorriu nervosamente seguindo a desajeitada amiga que abriu a suntuosa porta de madeira, onde o pai de Syaoran a esperava. Shang a levaria até ele, assim como Mey Ling acompanhou seu noivo até o altar.

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“Posso saber no que tanto vossa majestade pensava?”- Perguntou vendo-a virar-se para a campina novamente. Apoiou a cabeça nos ombros delicados. Nunca se cansaria do perfume dela.

“Em tudo”- Começou após um suspiro- “No quanto nossa vida mudou nesses últimos anos...”.- Sorriu- “No nosso casamento. Relembrando momentos, apreciando a paz”.

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Syaoran estava ansioso, andava de um lado para o outro na grande sacada de seu novo quarto aguardando a agora esposa se preparar para a primeira noite juntos. Encheu o quarto de cravos silvestres tentando deixar tudo perfeito. Quando a viu vestida com as túnicas matrimoniais entrando na sala do trono pensou que estava sonhando e que logo acordaria em sua própria cama a desejando em silêncio, como já acontecera tantas vezes. Mas dessa vez era real e a prova disso era o seu próprio coração acelerado e suas lindas lembranças matrimoniais. Escutou um barulho atrás de si e virou-se em reflexo e lá estava ela, linda...Como uma tulipa colorida na imensidão branca das geleiras, o olhando envergonhada coberta apenas por um tecido fino de seda transparente.

Haveria algo mais perfeito no mundo todo? Duvidava... Ele se aproximou a passos largos como se tivesse diante de uma miragem que desapareceria a qualquer momento.

“Você está”- Limpou a garganta- “Linda”.

Ela sorriu nervosa e desviou o olhar. A intensidade que os âmbares lhe olhavam a deixava tocada e constrangida ao mesmo tempo. As mãos calejadas tocaram no rosto de porcelana obrigando-a a olhá-lo novamente. Havia tanto amor e respeito naquele toque que sentiu-se derretida.

“Está com medo de mim?”- Perguntou sentindo-a tremer debaixo de seu dedos.

“Jamais teria medo de você, Syaoran”- Respondeu com sinceridade- “Só estou...”.

O que ela estava prestes a falar foi cortado por um beijo apaixonado. Ele a trouxe para mais perto de si e sussurrou nos pequenos ouvidos.

“Você é minha vida...Sempre foi” Beijou-lhe novamente- “Sabe quantas vezes eu sonhei com esse momento? Nem eu sei”- Desceu o toque para o pescoço feminino sentindo todo prazer estourar pelo seu corpo ao ouvi-la gemer. Deus...Por favor. Se fosse um sonho não queria acordar nunca – “Eu te amo... Vou te amar por todos os meus dias...Para sempre... e além disso”.

“Syaoran”- Ela gemeu incapaz de responder.- “Syaoran”- O nome dele saia como um sussurro, uma prece silenciosa.

“Sakura”- Ele chamou-a pelo nome tocando-a como se fosse algo sagrado e frágil- “Minha flor...”.

E naquela noite mágica debaixo da benção de Deus, jurou amor eterno várias vezes enquanto fazia Sakura sua para todo o sempre. A manhã trouxe consigo o canto dos pássaros. Li estava acordado admirando a pintura do teto enquanto sentia sua princesa se acomodar mais em seus braços. Sentia-se tão feliz que teve medo. Medo de uma hora para outra tudo mudar novamente. Voltou sua atenção para a bela imagem de sua esposa. Sorriu ao vê-la desacordada, descabelada, frágil, coberta apenas pelos lençóis. Observá-la dormir trazia-lhe paz, um paz que nunca imaginou sentir. Sentiu-a remexer-se e voltou sua completa atenção para ela que o saudou com um sorriso doce no lábios. Na sua opinião o sorriso mais lindo que já vira na vida toda, e era todo dele. Todas as manhãs para o resto de sua existência.

“Bom dia...”- Ela resmungou enquanto espreguiçava-se.

“Bom dia”- Ele respondeu depositando um beijo doce na testa delicada- “Espero não ter te machucado”.

A princesa sorriu.-“Doeu um pouco no começo...Mas logo passou”- Riu- “Acho que preciso fazer isso mais algumas vezes para me acostumar”.

“Ah é?”- Os âmbares imediatamente inflamaram de desejo- “E quantas vezes seria isso?”.

“Não sei...”- O encarou- “A vida toda quem sabe...”.- Sorriu.

“Eu acho pouco tempo...A vida é muito curta para eu ter o suficiente de você”- Respondeu já beijando-a novamente. A timidez inicial totalmente substituída por cumplicidade e desejo. Ela era sua e se tinha algo que Syaoran prometera para si mesmo era que jamais, jamais a deixaria partir.

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“Como foi o acordo de paz com o reino de Miyagi?”- Perguntou para esposa sem deixar por um segundo de abraça-la.

“Tenso...Acredita que eles ainda acham que Tomoeda não cumprirá com sua parte por causa do reinado de Sayiuri?”- Suspirou- “Tive que oferecer alguns benefícios fiscais para a importação de vinhos e tecidos”.- Sorriu- “Mas depois de um tempo tudo foi resolvido, e você? Muito trabalho com o exercito hoje?”.

“Takashi e Mey Ling estão se saindo maravilhosamente bem como generais”- Falou orgulhoso- “Creio que temos o melhor treinamento de todos os tempos.”.

“Isso é ótimo. Sinto falta do meu treinamento”.

“Você ainda treina duas vezes por semana”- Levantou uma sobrancelha- “É mais do que suficiente para uma rainha”.

“Ser princesa era bem mais fácil”- Disse sinceramente- “Mas menos gratificante. É ótimo ver o reino crescendo, o povo prosperando. Os nosso celeiros estão tão cheios que tivemos que doar a comida para os reinos vizinhos”- Olhou para o rio- “É como se as águas tivesse, nos abençoando”.- Observou que ele a olhava encantado- “Que foi?”.

“Como pode cada dia eu te amar mais?”.- Perguntou para si mesmo em voz alta.- “Pensei que era impossível”.

Deu um tapa no braço forte.

“Você é impossível. Eu estou falando sério e você brincando com tudo”.

“Impossivelmente louco por você, minha rainha...Desde sempre”.- declarou-se novamente. Era tão fácil se declarar quando aquilo vinha do fundo da alma. Sem resistir mais beijou a esposa com carinho, sentindo o sabor dela mais uma vez. O seu vício, sua alegria, sua Sakura. Foram interrompidos por um grito eufórico.

“Dinda”- A voz angelical da pequena menina invadiu o castelo. O casal virou-se para a doce criatura que sorria abertamente correndo na direção deles.

“Nadeshico”- Sakura abaixou-se com os olhos brilhantes- “Você está cada vez mais bonita”.

“Nadeshico?!”- A voz abafada e preocupada de Eriol soou atrás da porta- “Oras! Ai está você”- Sorriu observando os amigos- “Majestades”- Fez reverência.

“Ainda me pergunto quando você vai perder essa mania boba de se dirigir a nós dessa maneira”- Syaoran disse divertido colocando as mãos nos ombros do rapaz.

“Força do hábito”- Riu- “Afinal sou apenas o médico real”- Brincou.

“Engraçadinho”- Sakura rebateu a brincadeira do amigo. Se estava lá sã e salva devia a esse bravo homem e sua esposa.

“Bom de qualquer forma, Nadeshico queria muito ver os padrinhos”- Comentou vendo a menina sorrir mais ainda e pulando nos braços do rei.

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“Cansada?”- Syaoran perguntou observando a esposa caminhar pelo quarto com o rosto abatido. O dia fora longo, tratados de paz com reinos vizinhos, supervisionar o exercito e o novos Generais Takashi e Mey Ling, mas ainda assim a sentia diferente.

“Não”- Comentou- “Na verdade estou um pouco indisposta...”.

“Indisposta?”- E lá estava aquele olhar preocupado de anos atrás- “Comeu algo diferente?”.

“Não... Pães de uva passa e ovos, como de costume”- Deu os ombros.- “Não deve ser nada demais Syaoran, não precisa se preocupar”.

“Eriol te examinou?”- Perguntou sentando-se ao lado dela.

“Meu amor”- Pegou o rosto bonito do marido entre as mãos- “Eu já disse, não precisa se preocupar”.

“Não gosto de te ver doente”.- Admitiu.

“Não estou doente, estou indisposta... São coisas diferentes”- Revirou os olhos.- “Não tenho febre ou tosse, simplesmente meu estômago está diferente...”.

Sem falar nada, ele se levantou e foi até a porta. Trocou duas palavras com os guardas do corredor e voltou-se para a cama. Na pressa uma parte da túnica cedeu mostrando o peitoral bem trabalhado. A cicatriz da flecha era bem menos visível, mas ainda estava lá. Sakura levou os dedos a tocá-lo no lugar da ferida.

“Não..não...não...minha flor”- Levou as mãos dela até sua boca beijando em seguida. – “Não quero ver esse olhar triste. Se o tempo voltasse mil vezes eu ainda sim tomaria a mesma atitude...Eu nunca me arrependeria de salvar você...Essa é a marca mais preciosa que eu tenho. A marca de que eu não falhei com você novamente...Agora me da um sorriso...”.- Beijou-lhe rapidamente- “Por favor”.

Um barulho na porta chamou a atenção do casal.

“Eu não acredito que você foi incomodar Eriol...”- A expressão de triste mudou para inconformada em segundos.- “Está tarde...”.

“Eu só quero cuidar de você...Só isso”- Abriu a porta em um meio sorriso- “Entre meu amigo, ela disse que se sente indisposta”.

Eriol sorriu observando o rei. Já deveria estar acostumado, mas ainda sentia vontade de rir toda vez que ele se desesperava por pouco.

“Vamos ver o que a nossa querida rainha tem”- Disse indicando a cama para que ela se deitasse.

“Eu só estou indisposta”- Comentou contrariada.

“Não custa nada eu olhar você”- Disse sabendo que o olhar do amigo estava sobre ele. Li não o deixaria sair de lá sem um diagnostico de qualquer maneira.

Minutos depois, Syaoran ainda estava parado ao lado do médico observando tudo com extrema atenção.

“Aconteceu alguma coisa?”- Perguntou ao ver que ele demorava mais do que normal. Então um sorriso genuíno atingiu o rosto de Eriol.

“Eu não sei como dar essa notícia”.- Sorriu mais ainda ao ver Sakura que até agora estava tranquila se contrair na cama. Havia realmente algo? E Eriol informaria nessa felicidade?- “Mas é melhor ser direto. Vocês vão ser papais. A nossa querida rainha se sente indisposta porque está grávida...”

“Grávida?”- Começou a contar com os dedinhos- “Faz realmente duas luas cheias que minhas regras não vêm... Eu, estava tão ocupada que nem me toquei...”- Começou a falar sem parar.- “Meu Deus”- Olhou para um Syaoran completamente em choque- “Vamos ter um bebê”.

Parabenizando o amigo, Eriol saiu apressado dos aposentos reais, não queria estragar o momento de casal. Desde a notícia, Li não falara nada. Nem sequer movera um músculo.

“Syaoran...amor, por favor fala alguma coisa...”- Sakura pediu aflita começando a pensar que ele não queria a criança.

“Eu não sei o que falar...”- Disse sinceramente- “Um bebê... nosso...Isso é uau! Muito, muito mais do que um dia eu poderia pedir...”.- Beijou carinhosamente a barriga da esposa- “Eu não sabia que havia um jeito de amar mais você...Mas acabei de descobrir que tem”.- Disse emocionado.

“Você vai ser o melhor pai do mundo...tenho certeza”- Fez carinho nos belos cabelos rebeldes do marido.- “Agora o que você acha de comemorarmos?”- O olhou travessa puxando-o para si.

“Eu não quero te machucar, minha flor”- Falou sinceramente.

Ela revirou os olhos e subiu em cima dele.

“Quero ver você resistir...”- Falou perto no ouvido másculo sentindo os pelos dele se arrepiarem de baixo de sua pele.

E nisso ela tinha razão, não havia como resistir a ela. Nunca houve... No momento seguinte estavam se amando novamente e ele sabia no fundo de sua alma que a amaria por todos os seus dias, que a protegeria por toda a eternidade, como um escudo. E gerações posteriores contariam essa linda história de amor. Um amor tão forte que foi capaz de romper as barreiras do tempo, classe social, vida e morte. Um amor tão intenso que destituiu e instituiu reis, transformou impérios, mudou a vida de um povo.

Escudo

Fim


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Notas finais do capítulo

Acabouuuuu!!! Ai meu Deus do céu que coisa triste... ;( Mas eu mesmo tempo estou grata de ter passado por essa jornada e me senti acompanhada por todos vocês. Quantos comentários esse capítulo merece??? Vejo vocês na próxima estória!



Beijosssss



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