Hitori ja nai escrita por Shiroyuki


Capítulo 2
For You - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Aqui está a parte 2 da história, finalmente~ Nem vou demorar aqui, sei que todos estão ansiosos pra saber o que será do Kageyama-kun... Só vou avisando que como a one-shot foi dividida, talvez o ritmo dessa parte não seja o mesmo, por que é mais curto...Enfim, não vou me demorar aqui, boa leitura pra vocês~



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Tobio não apareceu na aula no dia seguinte. Passou o dia debaixo dos cobertores, e como parecia realmente mal, sua mãe nem discutiu o fato de que ele devia estar resfriado, embora não fosse obviamente essa a causa da sua indisposição.

Logo a seguir vinha o fim de semana, e ele teria dois dias para pensar no que iria fazer da sua vida. Teria que voltar à escola na segunda-feira, e Hinata estaria lá. Sem falar em quando as atividades do clube retornassem. Como era suposto que ele teria capacidade de treinar junto dele, se mal conseguia pensar no assunto sem se sentir culpado agora? Estava angustiado, cheio de pensamentos que não teria ter na cabeça, e com perspectivas de piorar ainda mais com a passagem do tempo.

Não havia nada que pudesse fazer para se sentir melhor, mas podia ao menos eliminar a ansiedade da sua mente por alguns minutos que fosse, e tentar fazer aquela dor de cabeça ininterrupta diminuir. Tobio só queria esvaziar a sua mente de qualquer preocupação, não era pedir muito, era?

Sendo assim, apesar da garoa fina e absolutamente gelada que caia, e do vento que não dava trégua, Tobio vestiu um agasalho esportivo e saiu para correr. Demorou a se concentrar, mas tendo que tomar cuidado com os movimentos dos seus pés, coordenando-os com a sua respiração, rapidamente, todo e qualquer pensamento inútil foi varrido da sua cabeça. O frio assaltava seus sentidos, e logo ele já sentia os lábios rachando; o nariz, as orelhas e a ponta dos dedos ardiam, regelando, mas isso não era problema. Esperava que dessa forma, também seus problemas amortecessem e congelassem, embora soubesse que nada seria tão simples assim.

Mais algum tempo, e com o movimento do seu corpo, ele já não sentia mais tanto frio. A respiração cadenciada saia em espaços ritmados, esbranquiçada ao entrar em contato com o ar exterior. Kageyama só precisava focar sua atenção nessa ação, e nada mais passaria pela sua mente. Seus pés o levavam para qualquer lugar, ele não se importava, e acabou só se dando conta minutos depois de que estava correndo na beirada do rio. A ponte se erguia alguns metros adiante, e ele corria na calçada logo acima do barranco acidentado, coberto de vegetação, se estendendo por todo o comprimento do rio que passava por Miyagi, que nem era tão grande assim.

Quando saiu de casa, o tempo estava nublado, e o céu cinzento não dava sinal de melhoras, mas agora, olhando para o lado enquanto corria, ele podia perceber que o Sol timidamente lançava seus raios claros por entre as nuvens densas, tocando de leve a água do rio, tingindo-a de um delicado tom de laranja. Laranja, como no uniforme de Karasuno. Laranja como os cabelos de Hinata…

— Uugh…

Olhando para o lado como estava, Tobio não demorou em tropeçar em uma pessoa que estava no seu caminho, e que pelo tamanho só podia ser uma criança, agachada para amarrar os tênis. Em situações comuns, ele teria xingado e dito para que não ficasse atrapalhando o fluxo de passagem, mas sabia que dessa vez, ele era o errado por distrair-se enquanto corria. Já estava pronto para desviar e seguir seu caminho, quando a criança em questão se levantou, e ergueu a cabeça antes encoberta pelo capuz do moletom cinza que usava.

Kageyama travou, ao encarar mais uma vez os orbes âmbar que ele havia decidido evitar. Hinata também o encarava com incredulidade, e até mesmo certo desconforto. O mais alto já ia arranjar uma desculpa para sumir dali em um instante, mas dessa vez, Shouyou foi mais rápido.

— Oi, Kageyama… - ele murmurou, afundando as mãos bem fundo no bolso do moletom. Tobio percebeu que além disso, ele não usava casaco nenhum, e ainda estava com os calções curtos da prática de vôlei. Garoto estúpido, se acabasse doente logo antes de começar os treinos novamente, ele jamais o perdoaria. - V-você não foi à aula ontem…

— Eu não estava me sentindo bem… - ele respondeu evasivamente. Não, Hinata não deveria olhar para ele com aqueles olhos preocupados. Ele não merecia isso, não depois do que havia feito. Já havia aceitado o fato de que não poderia jamais deixar aqueles sentimentos estúpidos escaparem de novo, então Hinata não tinha o direito de confundir seus desejos dessa forma mais uma vez.

— Eu queria falar com você… - a voz de Shouyou era fraca, hesitante. Muito diferente do habitual, cheio de energia e vibração. Era desconcertante, para ser franco. Confundia ainda mais a percepção do levantador.

— Eu também tenho algo a dizer… - ele completou, tendo um súbito lampejo. Era isso. O motivo da sua inquietação. Ele teria que se desculpar apropriadamente, e então, aquele peso sairia das suas costas. Ainda assim, não tinha coragem de erguer os olhos e encarar Hinata, pois tinha certeza, se o fitasse mais uma vez nos olhos, a frase errada sairia dos seus lábios.

Tomou ar, para dizer de uma vez.

— Eu peço desculpas!

— Me desculpe.

O coro desuniforme o pegou desprevenido. Ergueu a cabeça finalmente, e notou que Hinata também estava, assim como ele, inquieto, nervoso, quase ofegante. O rosto absolutamente vermelho, as sobrancelhas unidas em aflição.

— Pelo que você está se desculpando? - ele indignou-se - Naquele dia… o que aconteceu... foi tudo culpa minha! Eu incitei você com aquele assunto, e acabei te convencendo a.. b-bem… e depois… me exaltei e perdi o controle, portanto…

— Não, não foi assim! – Hinata interrompeu – Fui eu quem puxou o assunto, e acabei fazendo você sugerir aquela ideia…

— Do que está falando? – Kageyama arqueou uma sobrancelha – Eu não seria estúpido ao ponto de cair em alguma armadilha sua, não é? Não fale como se tivesse orquestrado tudo de maneira calculada! Fui eu quem convenceu você a fazer uma tentativa…

— Errado! Eu que dei um jeito de fazer você querer tentar, pra começo de conversa! E aí tudo ficou estranho…

— Estou dizendo que fui eu quem pensou em tudo e fez com que aquilo acontecesse! – Kageyama bradou mais alto, já irritado com a teimosia do menor. Cerrou os dentes, sentindo a raiva queimar seus músculos e fazer o frio se afastar.

— Não, fui eu! – Hinata teimava, com a mesma intensidade, os olhos em brasas, cheio de determinação em se provar correto para cima do levantador. Os dois se encararam por breves segundos, a antiga competitividade que os uniu em primeiro plano mais evidente do que nunca. Só então, os dois pararam para perceber o tipo de conversa que tinham, e o que haviam acabado de revelar por acidente. O momento de entendimento mútuo foi breve, e os dois se afastaram um do outro como se de repente, até mesmo os seus pensamentos fossem perigosos.

Havia sido assim desde o início, não? Eles mal se conheciam, mas seus pensamentos e suas intenções se encaixavam de forma tão natural que era como se estivessem destinadas a se conectarem. Kageyama sabia dizer onde Hinata estava na quadra, e onde ele alcançaria o ponto mais alto da rede, de forma simples e direta. Hinata entendia os mínimos movimentos de Kageyama, e podia deduzir que tipo de bola ele mandaria, apenas notando a variação do seu humor naquele dia. Apesar de serem completos opostos, conseguiam adiantar a linha de raciocínio sem muito esforço. Eles se encaixavam e acrescentavam aquilo que faltava no outro. Por isso eram a arma de Karasuno, a dupla imbatível…

Mas daquela vez, ao que parecia, eles haviam sido tão óbvios nas suas intenções que nem conseguiram perceber o que estava ali, debaixo dos seus narizes, onde qualquer um podia ver. Levou alguns segundos ainda, para compreenderem exatamente onde é que haviam se metido.

Kageyama sentiu o coração acelerar. Hinata estremeceu com um arrepio que nada tinha a ver com o vento frio. Os dois não sabiam o que dizer, ou o que pensar. Será que dessa vez, haviam deduzido o objetivo do outro da maneira correta?

— O q-q-q-que você quer dizer co-co-com tudo isso? – Hinata gaguejou, apontando escandalosamente para Kageyama, - Está dizendo que q-q-q-qui-quis… me b-b-b-b-bei-beijar?

— CALA A BOCA, IDIOTA! – Kageyama gritou. Um casal que corria pelo lado da calçada, tranquilamente com seu cachorrinho, encarou-o depois do grito, atônitos – Pare de ser tão indiscreto, ok? – ele baixou a voz, escondendo uma das mãos no bolso do casaco, e puxando parte da franja com a outra, inquietamente. – D-diga, Hinata… você t-também estava pensando nisso? A-antes de eu sugerir, digo…

Hinata coçou o rosto, virando a cabeça para o lado, e olhando para o rio, para Kageyama, de volta pra o rio, mais uma vez para Kageyama…

— Talvez?

Kageyama avançou contra Hinata, e acertou um belo golpe bem no meio da sua cabeça, fazendo-o curvar-se de dor.

— Seu idiota‼ - ele ignorou novamente a própria premissa para não ser indiscreto, e teve que se conter para não empurrar Hinata barranco abaixo direto no rio – Fazendo eu me preocupar esse tempo todo, por nada! Se você estava pensando nisso desde o início, devia ter dito! Hinata idiota, imbecil, tapado! – ele segurou o garoto pelos ombros, chacoalhando-o enquanto falava – Por que você me dá tanta dor de cabeça, hein! Por que faz a minha mente ficar toda embaralhada? Você devia ter sido direto sobre isso muito antes!

— Mas você também não foi direto, não é? Se queria tanto me beijar era só ter pedido, sabe? – ele murmurou entredentes, bem baixo, achando que Kageyama não ouviria, mas é claro que ele percebeu. Apertou os ombros de Hinata com mais força, a sombra medonha caindo sobre seus olhos, e fazendo o ruivo ter certeza de que encontraria os portões do inferno abertos a qualquer instante.

— Nanico convencido, eu nem sei o que faço primeiro com você! – ele rosnou entredentes, ameaçadoramente. Ergueu os olhos azuis, tão escuros que eram quase negros, e ao fitar Hinata, amoleceu quase que imediatamente. O semblante dele, assustado, mas ainda curioso em saber o que aconteceria dali em diante, era demais para ele aguentar. O aperto dos seus dedos nos braços dele cedeu, e ele se sentiu fraco demais para continuar, de repente. Deixou sua cabeça cair, apoiada no ombro do mais baixo. – Quem é que deu a você o direito de pensar que pode fazer isso comigo?

— E-eu não fiz nada! – Shouyou sobressaltou com aquela inesperada aproximação, mas não fez movimento algum para se afastar. As mãos de Kageyama ainda eram firmes nos seus ombros, e ele sentia a testa dele quase em seu pescoço.

— Fez sim, idiota. – sua voz mal passava de um sussurro, e Hinata sentiu outro calafrio ao se dar conta do quão próximos estavam, mais uma vez, e do pequeno fato de que podia sentir a respiração quente do levantador contra sua pele. – Fez tudo isso. Bagunçou a minha vida, colocou ela de pernas pro ar. Agora arrume essa confusão, dê um jeito nisso. Será que você ainda não entendeu o que fez? Eu vou ter que dizer tudo para você?

— Seria bom… - ele resmungou, por que embora já pudesse ter uma ideia do que acontecia ali, não podia deixar de duvidar dos próprios sentidos. Kageyama só continuou com aquilo por que dali de onde estava, ouvia nitidamente os batimentos acelerados do coração de Hinata. Então, ele não era o único a ficar nervoso com essas situações… de alguma forma, essa constatação o deixava mais tranquilo.

Ele se afastou, com o seu usual semblante sério. Nenhuma dúvida, hesitação ou possibilidade de engano poderia ser visto ali. Era a hora de dizer aquilo que esteve em sua mente aquele tempo todo, e que ele não tinha coragem para colocar em palavras nem mesmo em pensamento. Respirou fundo, da mesma maneira que fazia antes de sacar a bola, durante uma partida. Precisava se concentrar, e tudo correria bem. Ele só precisava dizer. Três palavrinhas. Simples, direto, eficaz. Como um saque viagem. Como uma cortada.

Era só levantar e…

— Hinata, eu…

— Eu gosto de você.

Literalmente, Hinata o cortou. Tinha um sorriso matreiro na face corada, e sorria como quando, nas manhãs antes das aulas, conseguia vencê-lo na corrida até a quadra. Seus olhos brilhavam tanto que Kageyama se sentiu tonto.

— Idiota! Por que me interrompeu? Eu ia falar primeiro! – ele gritou, irritado, tentando a bater mais uma vez naquela cabeça ruiva até ele aprender a se controlar. Hinata ria sem reservas.

— Mas é que… você estava fazendo uma cara tão séria de repente! Eu não resisti! – ele respondeu, tomando fôlego entre a risada – Mas eu não estou brincando, eu realmente gosto de você!

Aquela sinceridade inabalável era um problema com o qual Kageyama tinha dificuldades em lidar. Hinata o encarava, e com a mesma convicção que ele dizia coisas como “eu quero vencer” e “eu vou acertar o seu levantamento”, ele também dizia aquelas palavras, sem nem vacilar. Há quanto tempo Hinata já sabia disso, e disfarçava tão bem, que ninguém notou? Ou será que era evidente o tempo todo, mas só Kageyama não enxergava? Ele se sentia tão tolo, agora, por se preocupar com algo que, na verdade, nunca havia sido um problema real.

— Eu também… - ele franziu o nariz, resmungando de uma maneira que obrigou Shouyou a se aproximar para poder entender. Crispou os lábios, desviando o olhar ao notar o ar de interesse e leve expectativa que emanava dos olhos dourados – Também gosto. De você, eu digo.

Hinata riu. Sua felicidade por finalmente ouvir aquilo era tão genuína, que contagiou Kageyama, e um riso escapou em meio a um suspiro de alívio. Era tão bom, se ver livre daquele peso em seu coração, finalmente dizer em voz alta aquilo que há tanto tempo, já estava cravado na sua mente. Ele tinha esse hábito antigo, de complicar demais aquilo que na verdade não era tão difícil assim. E parecia que Hinata sabia como desfazer nós como ninguém, já que a mente dele era tão simples por si só que ele não pensava demais nas coisas. Era bom ter alguém assim ao seu lado.

Tobio esticou o braço, e percorreu com as mãos ligeiramente trêmulas, o caminho até o rosto de Hinata. Ele ofegou, surpreso ao sentir o toque hesitante, e então os dedos longos e calejados de treino do levantador percorreram o caminho pelas suas bochechas, finalmente calando-o de vez.

— Se isso significa o que eu acho que significa, então, a partir de agora, as coisas mudam? – ele indagou, não querendo fazer a pergunta que realmente pensou, por puro orgulho.

— Acho que não… afinal, nós ainda vamos ser uma dupla, não é? – Hinata riu fracamente. Dupla, casal, tinha realmente alguma diferença? Eles continuariam a jogar como sempre, ir a algum lugar, frequentar a casa um do outro, da mesma forma. Só que agora ele podia beijá-lo sempre que tivesse vontade. Aah, pensamento idiota, saia daqui! Você não é bem-vindo. – Me desculpa… por ter fugido naquele dia… É que eu fiquei tão surpreso por você ter feito aquilo, que não conseguia te encarar. E também, fiquei tão feliz… por que… eu pensei que nunca ia poder dizer como eu me sentia, para você, então nunca iria poder fazer uma coisa como aquela…

— Você é um… um…

— Idiota? – Hinata completou a frase, sorrindo. Kageyama sabia bem que seu repertório de adjetivos direcionados à Hinata não era muito variado, mas nada disso importava, por que ele simplesmente não conseguia pensar em nada melhor. Um idiota era um idiota, afinal. Acabou desistindo, suspirando pesadamente, enquanto deixava de lado também a sua racionalidade sobre aquele assunto. Desde quanto pensar muito, quando se tratava de Hinata, funcionou para ele? Nunca. Sendo assim, ele terminou com a distância que ainda os separava, e enlaçou a cintura de Shouyou com o braço direito, enquanto a mão esquerda ainda repousava em seu rosto, deslizando lentamente até os cabelos vívidos – Oe, Kageyama, o que está fazendo? Estamos na rua… tem pessoas aqui…

— Não tem nenhuma pessoa que eu conheça, e pra falar a verdade, eu não dou à mínima. Você já está me enchendo o saco. – ele rosnou irritado. A facilidade com que aquele garoto conseguia manipular seus sentimentos podia irritar quase tanto quanto a personalidade agitada dele. Tudo o que Kageyama queria naquele minuto, era silenciar Hinata, fazê-lo ficar constrangido e sem ação, da mesma maneira que ele ficou no dia anterior.

Sem mais pensar, ele fechou os olhos, e impeliu o rosto na direção do menor, selando seus lábios bruscamente. Estavam ásperos, por causa do frio, e gelados também. Sentiu Hinata estremecer pela surpresa, e então, lentamente, relaxar em seus braços. Ao perceber que ele correspondia, relaxou também, aliviando a tensão nos músculos. Seu toque ficou mais carinhoso, e Hinata ergueu a mão, segurando-o pelo seu casaco.

Como é que por tanto tempo ele pode acreditar que o que sentia não fosse real, ou que poderia não estar certo? Estar com Hinata, fosse da maneira que fosse, era tão natural quanto respirar para ele. Desde o primeiro momento, não restavam mais dúvidas… Ele só conseguia se sentir muito frustrado por não ter percebido muito antes que nenhuma das suas preocupações tinha fundamento.

Quando se afastou, percebeu que mais uma vez havia deixado o meio de rede completamente embaraçado e sem palavras. Afastou-se dele, afundando as mãos nos bolos, puramente por não saber o que fazer com elas, e olhou ao redor, disfarçando o constrangimento que também sentia.

— E então? – a voz de Hinata ainda estava fraca.

Essa era uma questão que resumia bastante a situação. E então? Você gosta de mim, e eu de você. Nós vamos ficar juntos? E namorar? É isso mesmo? Tudo tão repentino, e nenhum dos dois conseguia dizer coisa alguma. Na verdade, não havia necessidade de palavras, e diálogo nunca foi mesmo o forte deles. Com apenas um olhar, ou um gesto, eles facilmente desenvolviam uma linha de comunicação, e qualquer coisa além disso se tornava desnecessária, havia sido assim por bastante tempo já. Eles fitaram um ao outro mais uma vez, e por um breve segundo, entenderam ao mesmo tempo o que havia acontecido ali, e o que significava. Sorriram, tão infimamente que olhos não treinados jamais perceberiam. Sim, estava tudo bem, da maneira que devia estar.

— Sabe o café que fica na rua de trás? – Kageyama indagou, olhando para a direção que indicava. Hinata assentiu rapidamente – Vamos até lá. E quem chegar por último paga a conta. – Mal ele disse essas palavras, começou a correr. Hinata saltou no mesmo instante, e não demorou a alcançá-lo.

— Injusto, Kageyama! Você saiu na frente! – ele reclamou, embora logo tivesse pegado o ritmo da corrida de Kageyama, como sempre. – Mas… isso é um encontro?

Tobio hesitou, e ele aproveitou essa oportunidade para passar na frente.

— E se for, qual o problema? – ele replicou, aumentando a velocidade.

Hinata apenas riu, e com o vento batendo nos seus cabelos, era como se ele tivesse criado asas e começasse a voar a qualquer instante. Kageyama gostava de ver a maneira como Hinata parecia quase tocar o céu cada vez que pulava. Era mágico. Ele parecia realmente ter asas. Como um corvo, varrendo os céus velozmente, com seu objetivo definido.

Ele havia passado tanto tempo sozinho no topo que mal podia reconhecer aquele sentimento, quando passou a jogar em Karasuno, mas agora, já era familiar a ele. A sensação de não estar sozinho, de ter alguém em quem confiar. Alguém que vai estar lá sempre. Alguém por quem ele vai querer estar lá também. Todos os seus colegas de time eram importantes, é claro que eram. Quem está do seu lado da rede, é seu aliado. Mas Hinata é – sempre foi – especial. Havia sido ele a ensinar isso para Kageyama em primeiro lugar, e isso o cativou de uma maneira que ele nem imaginava. Era meio bobo, se apaixonar por algo tão simples… porém, irremediável. Kageyama se acostumou com a sua condição, e agora, não se arrependia.

Ele ainda queria o topo. Mas estar lá sozinho, não faria sentido nenhum.







… e então, o Rei Egoísta e o Pequeno Corvo viveram feliz para sempre! Brigando muito, se divertindo às vezes, discutindo sobre qualquer coisa…



… e é claro, jogando vôlei.




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Notas finais do capítulo

E então, pessoas, o que acharam? Lendo de novo, percebi que como essa segunda parte ficou mais curta, a resolução dos problemas ficou rápida demais, mas como é uma oneshot, acho que estou perdoada, não é? XD Espero que tenha gostado do resto do seu presente, Lorea-chan!!! o/

E como você é uma aniversariante muito exigente, vai ganhar de brinde, um bônus! Pediu pegassaum, vai ter pegassaum XD Vou providenciar um epílogo aqui na fic mesmo, com um "o que aconteceu depois com eles", ok? Só não sei quando sai... mas tenha paciência!

Entãaaao, a todos que leram essa oneshot, e gostaram, ou não gostaram, enfim~ deixem aqui seus comentários, eu sempre fico muito feliz com todos :3

Até breve o/