Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 6
Quod ipsum in mane


Notas iniciais do capítulo

O dia começa com lembranças da noite...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517343/chapter/6

... ...

– Félix... – Sussurrava com voz sensual. – Eu quero... Ser seu carneirinho... Essa noite...

– Hum... Quando você faz assim me deixa maluco, sabia?! – Respondeu enquanto Niko tirava sua cueca.

– Depois... – Deu um sorriso lascivo. – Eu viro um leão... Se você quiser! Você quer?

Félix deu uma risada completamente maliciosa e tirou de uma vez a cueca de Niko.

– Ainda pergunta?!

... ...

Pela manhã, Félix começava a acordar sentindo que ainda estava nos braços de seu carneirinho. Inspirou o ar da manhã sentindo o cheiro da pele do seu amado que dormia profundamente. Deu-lhe um beijo no abdômen e foi levantando devagar.

A noite havia sido ótima para ambos. Há dias Félix não acordava tão feliz. Apesar da hora e de saber que Niko brigaria com ele por não acordá-lo mais cedo, ele estava tão relaxado que não tinha a menor vontade de chamá-lo. Seu carneirinho dormia com um semblante tão sereno que Félix sentiu pena de acordá-lo. Apenas o cobriu melhor, vestiu uma calça e o robe e saiu por um instante para ver se os filhos já estavam acordados.

Foi direto para o quarto de Fabrício e o pequeno ainda dormia. O telefone na sala tocou. Félix desceu rápido, mas alguém atendeu antes. Jayme havia atendido. Félix foi chegando, mas o garoto não o viu e continuou falando.

– Acho que ainda estão dormindo... E você, já tá chegando? ... Ah tá... O que eu queria te perguntar? Ah, não, eu... – Ele virou e viu Félix. – Eu pergunto quando você chegar, Jonathan! Olha, o pai Félix acabou de descer! Quer que eu passe pra ele? ... É... Tchau! – Passou o telefone para Félix.

– Oi, filho! Já está chegando? ... Ah! Tá bom! Agora, não espere uma recepção porque sou eu que vou cozinhar... – Félix riu. -... Ah ah...Engraçadinho! Não precisa ir direto ao restaurante, não! – Mas, teve uma ideia. – Ou melhor, quer saber? Vai! Já que você só chega lá pela hora do jantar, vai direto pra o restaurante se estiver com fome e ligue que nos encontramos lá, ou vem pra cá e nós vamos todos juntos jantar com o Niko... – Jonathan perguntou se Niko já estava no restaurante ou ainda estava em casa. – Não, ele ainda não foi... É que... Ele perdeu a hora, mas já vou chamá-lo senão sobra pra mim... ... Sim, perdeu a hora, Jonathan... Não lhe interessa por quê! Ora, pelos véus de Salomé, era só o que faltava eu te dar explicações agora... – Riu. – Tchau, filho! Até mais tarde!

Desligou.

– O seu irmão chega daqui a algumas horas... – Falou com Jayme. – Aí, você vai poder conversar com ele... Perguntar o que você tanto quer saber...

– É! Pai Félix... – Chamou e perguntou. – Por que o pai Niko ainda não foi ao restaurante?

– É... Por que... Ele perdeu a hora, Jayme! Você não me ouviu falar pra o Jonathan?!

– Ouvi, mas... Ele tá muito cansado é? Ele nunca se atrasa...

– É... É, filho, o seu papi carneirinho está cansado, muito cansado hoje...

– Por que hoje ele está mais cansado se ontem ele até chegou mais cedo?!

– P-por que... Por isso mesmo, ele está aproveitando pra descansar mais... Chegou mais cedo, vai um pouco mais tarde...

– Ah...

– Vem cá, filho, porque tantas perguntas, hein?! – Algo dizia a Félix que Jayme já tinha idade suficiente para suspeitar do porquê da demora para acordar do pai.

– Por nada, pai Félix... Só queria saber por que o pai Niko não acordou até agora! Ele gosta de acordar cedo!

– É, ele gosta... Alíás, eu vou acordá-lo logo senão ele briga comigo né?!

– Sim! Pai... – Chamou de novo e Félix logo pensou: Pelas contas do rosário, lá vem outra pergunta! – Porém, o garoto perguntou: - A gente vai jantar no restaurante hoje é?

Sentiu-se aliviado por não ser o tipo de pergunta que ele pensava. – Vamos... Vamos, é melhor né?! O Jonathan vai vir e podemos ir todos pra lá, que você acha?!

– Pode ser! – O garoto levantou e foi às escadas. – Eu vou pra o meu quarto de novo! Vim tomar água, não tô mais com sono... Vou aproveitar pra copiar o jogo que a Angélica me pediu!

– Tá bom, filho, vai lá...

Enquanto isso, no quarto, Niko começava a acordar. Espreguiçou-se e, antes mesmo de abrir os olhos, um sorriso surgiu em seu rosto ao lembrar-se da noite que tivera.

... ...

– Ah Félix... Você é demais...

– Ah carneirinho... Eu estava com uma saudade de você! – Disse beijando-lhe a nuca.

Niko sorriu e virou. – Amor... – Abraçou-o com pernas e braços. – Me perdoa...

– Por quê?

– Por ter ficado todos esses dias cansado demais pra você... Pra a gente... Eu queria tanto, mas...

– Shh... – Calou-o com um beijo e ainda com os lábios juntos aos dele falou: - Não precisa pedir perdão, meu carneirinho lindo! O que importa é que esses dias acabam hoje, e vamos voltar como era antes... – Beijou-o novamente.

– Hum... Meu amor... Obrigado por me compreender! – Niko beijou-o e deu um sorriso lascivo. – E, por falar em como era antes...

Félix interrompeu: - Não precisa falar mais nada! Sei que meu carneirinho não gosta de ficar por baixo... – Girou com ele. Ambos riram e Félix colou seus lábios nos dele outra vez.

Ao separarem o beijo, Niko perguntou com a voz sensual e olhar de luxúria:

– Agora que você matou a saudade do seu carneirinho... Do que mais você tem saudade, meu amor?

Félix sorriu, passou as pernas ao redor de seu corpo e o puxou para mais junto, respondendo: - Saudade de quando meu cândido carneirinho se transforma num leão!

– Eu já sabia...

... ...

Niko, sorrindo com as imagens da noite que vinham à sua mente, inspirou o ar sentindo a brisa da manhã que adentrava a janela entreaberta e um suave cheiro do perfume de Félix que permanecia nos lençóis. Estranhou o marido não estar no quarto, deitado ao seu lado ou sobre ele como haviam dormido. Esfregou os olhos sentindo-se completamente relaxado e olhou para o relógio na cômoda.

Félix acabava de subir as escadas quando ouviu um chamado, quase um grito:

– Félix!

Correu para o quarto e Niko levantava da cama num pulo.

– Que foi, carneirinho?!

– Félix, diz que esse relógio parou!

Félix olhou para o relógio na cômoda e disse com toda calma: - Não, não parou não!

– Mas... Já viu que horas são?! Por que você não me chamou?! Eu já devia estar no restaurante há mais de meia hora!

– Ai carneirinho, tanto escândalo por isso?! Pelas contas do rosário, eu já vinha te acordar, criatura!

– Já vinha?! E... A que horas você acordou?!

– Não faz nem quinze minutos que eu levantei tá! Fui ver os meninos, desci, o Jonathan ligou, e agora eu vinha te chamar! Sabia que você ia reclamar comigo...

– E porque não me acordou logo, Félix?! Pelo menos, eu estaria um pouco menos atrasado!

– Ah criatura geniosa... Eu não te acordei porque não quis! É que... – Cruzou os braços e fez beicinho. – Você estava dormindo tão lindinho que eu tive pena de te acordar, carneirinho!

Niko logo mudou de olhar, soltando um sorrisinho. – Ah amor... Que lindo! – Se aproximou e segurou em seu rosto, dando-lhe um selinho. – Mas, mesmo assim, você devia ter me chamado!

Félix sorriu. – A culpa não é minha! Você que chegou ontem cheio de segundas intenções e se esqueceu de colocar o despertador do celular como sempre...

Niko também sorria com satisfação. – Eu sei... Eu realmente esqueci... Mas, você também tem culpa...

– Eu?! Olha aqui, Niko, eu te dei direito de escolha, você... Que é guloso!

– Não entendi...

– Não?! Tem certeza?!

Niko logo se tocou do que ele estava falando. – Ah! Sim... Mas... Por isso mesmo, ora! Eu sou o único culpado por acaso?!

– Não! Mas, você deveria saber que, depois de tantos dias no zero a zero, eu não deixaria nosso joguinho acabar com menos de quatro gols! – Piscou.

Niko ficou ruborizado, mas não podia deixar de estar contente.

– Você está inspirado hoje, hein?!

– Estou! – Respondeu Félix com um sorriso de felicidade.

– Ai Félix... Olha, quer saber, amor, porque você não prepara um suco pra mim enquanto eu tomo um banho rápido pra ir pra o restaurante?!

– Tá! Eu vou, só pra você não brigar mais comigo!

Antes que saísse do quarto, Niko chamou:

– Félix...

– Oi? – Virou pra ele.

Niko sorriu. – Foi bom pra você?

Félix deu uma gargalhada. – Ainda pergunta?! – Foi se aproximando sem desviar o olhar. – Não vê como estou feliz, carneirinho?!

– Te deixou tão feliz assim essa noite?! – Perguntou carinhosamente. Ambos já se encaravam.

– Cada noite com você, meu carneirinho, é como ver a escadaria para o céu, mas ir direto de elevador!

Niko riu. – Você está mesmo inspirado hoje, né, amor?!

– Tenho a melhor inspiração... – Respondeu, usando seu olhar mais sensual.

Com seu sorriso apaixonado, Niko lhe fez um carinho no rosto, sussurrando:

– Eu te amo tanto...

– Eu também te amo, carneirinho! Eu não vivo sem você...

– Quantas vezes você já me repetiu isso, hein?!

– Não sei... Perdi a conta!

– O homem das contas perdeu a conta de quantas vezes disse que não pode viver sem mim? – Perguntou brincando, mas Félix foi sério ao responder.

– É que... Ainda não descobriram um número que vá além do infinito!

Aquelas palavras fizeram Niko perder suas palavras, seu fôlego e sua noção de tempo. Emocionou-se, emotivo como é, e encheu os olhos de lágrimas. Olhos que não paravam de fitar os daquele homem à sua frente como que hipnotizados, e, que logo se fecharam para deixar as bocas serem as protagonistas. Beijaram-se num beijo que justificou a noite e deu boas vindas ao novo dia.

Logo após o beijo, o hipnotismo daquele amor foi quebrado pelo despertar da consciência. Já era mesmo tarde. Niko precisava correr. Provavelmente, já havia perdido boa parte da clientela da manhã.

– Ai Félix... Olha a hora, olha, eu vou tomar um banho... Me ajuda?

– Quer que eu te dê banho, carneirinho? – Perguntou com um sorriso.

– Não, Félix, não me faz uma proposta dessas comigo atrasado do jeito que estou! Por favor, escolhe uma roupa pra mim e depois faz um suco, um sanduíche, sei lá, qualquer coisa pra eu comer aqui mesmo ou no caminho...

– Tá, carneirinho, vai tomar seu banho que eu vou pegar sua roupa, hoje você vai mais bem vestido que nunca pra aquele restaurante! Depois eu desço e preparo um lanche pra você!

– Ah, obrigado amor! – Niko lhe deu um selinho e correu para o banho.

.

.

Ao sair do banho, Niko vestiu a roupa que Félix havia escolhido e deixado em cima da cama. Foi ver Fabrício que ainda dormia e em poucos minutos desceu.

– Félix, querido, porque essa roupa?

– Ah carneirinho, você fica lindo de azul...

– Ah, mas eu nunca vou com essa camisa para o restaurante...

– Eu sei, mas por isso mesmo, tem que mudar de vez em quando né?! Você só usa roupas quentes, mesmo no calor daqui de Angra... Não sei de onde tira tanto frio, porque eu sinto um calor terrível só de ver os seus casacos!

Niko se aproximou rindo e falou baixinho ao seu ouvido: - Sente calor de ver os meus casacos ou de me ver tirando eles? – Deu-lhe um beliscão nas nádegas, surpreendendo-o.

– Carneirinho! Ousado! É claro que sinto muito mais calor vendo você tirando os casacos né?! Aliás, tirando tudo...

Jayme ia chegando e Félix parou de falar.

– Oi, pai Niko! Pensei que já tinha ido... – Foi sentando numa cadeira.

– Não, meu filho, eu vou agora! Já estou atrasadíssimo... E você, tudo bem?

– Tudo!

– Que bom! - Niko observou o filho e ficou feliz por ele também. Jayme parecia estar de melhor humor. Talvez a fase ruim tivesse passado, mas no fundo Niko sabia que as dúvidas ainda existiam e precisavam ser solucionadas.

– Oh filho, eu vou fazer o possível pra chegar mais cedo hoje de novo, e aí, nós vamos ter uma conversa, tá?!

– Conversa?

– É, Jayme! – Olhou rapidamente para Félix que lhe entregara um suco e continuou: - Olha, meu filho, eu sei que você tem vontade de saber, entender, perguntar algumas coisas e seu pai Félix já disse que você queria falar com o Jonathan primeiro, mas, se você quiser falar com a gente, antes ou depois de falar com o seu irmão, não importa, nós vamos te ouvir e responder tudo que você quiser, viu!

Desviando o olhar, Jayme apenas respondeu um tanto envergonhado: - Tá pai... – E mudou o assunto. – Ah! E o Jonathan vai chegar à noite e a gente vai jantar lá no restaurante com você!

Niko novamente olhou rápido para Félix, pois os dois notaram que o filho tentou mudar o assunto.

– Ah que bom, filho, vai ser ótimo! Dependendo da hora que forem talvez já possamos vir todos juntos né?!

– É... – Jayme levantou da cadeira e foi de novo em direção às escadas.

– Vai de novo pra o seu quarto? – Perguntou Félix.

– Vou, pai Félix, eu deixei copiando o jogo no pen-drive da Angélica, vou ver se já acabou!

Félix só balançou a cabeça, mas Niko não segurou a pergunta que queria fazer. – Jayme... Você está gostando dessa menina?

Félix o olhou já prevendo o que poderia acontecer. Na escada, Jayme parou e ficou claramente constrangido com a pergunta repentina do pai.

– Q-quê?

– Perguntei se você está gostando da Angélica!

– E-eu? – Virou, mas não olhou para Niko. – N-não... Não, pai...

– Não mesmo?

– Claro que não! – Falou mais convicto, porém mais nervoso.

– Calma, Jayme, também não é pra ficar chateado, foi só uma perguntinha boba...

– Foi, boba mesmo! E eu não tô chateado, que coisa!

– Tá bom, filho, tá bom, não falo mais... Mas, olha pra mim... – Ele levantou ligeiramente o olhar para o pai. – O que quiser falar pra mim ou pra o seu pai Félix, pode falar! Seja o que for! Sem problema! Ouviu?!

– Ouvi... – Subiu, então, as escadas e foi para o quarto, nervoso, porém não com raiva como quando discutiram.

Sozinhos de novo, Niko apenas confirmou antes de sair.

– Félix... Acho que nosso filho está passando por mais fases do que a gente pensa... Ele está vivendo a primeira paixão!

– Você acha, carneirinho?

– Certeza!

Niko acabou de tomar o suco que Félix havia preparado, deu-lhe um beijinho e saiu. Mas, um minuto depois voltou para dentro de casa com uma expressão de decepção.

Félix ainda estava na cozinha, começando a preparar seu próprio café.

– Ué, que foi?

– Meu carro não quer pegar de novo!

– De novo?! Mas, o que deu nele? Eu levei semana passada pra a oficina e ficou bom...

– É, eu sei, mas agora não quer ligar de novo! Me leva, Félix! Eu já estou quase uma hora atrasado...

– Mas, Niko, eu estou morrendo de fome...

– Ai Félix, em cinco minutos você está de volta, quando chegar toma o café da manhã, vem...

– E os meninos?

– O Jayme fica de olho no Fabrício, não leva cinco minutos, Félix... E também, já já a Adriana chega!

– Ai, tá... – Suspirou e levantou. – Espera, deixa pelo menos eu vestir uma roupa decente né?! Não quer que eu te leve assim de robe quer?

– Vai, Félix, anda logo... Eu vou avisar ao Jayme!

Depois de tudo, Félix o levou. Ao parar o carro em frente ao restaurante, Félix percebeu algo e segurou o braço de Niko antes de ele descer apressado.

– Que foi, Félix?

– Niko... A porta do restaurante está aberta!

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tandem Felix" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.