Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 5
A bonum nocte


Notas iniciais do capítulo

A conversa de Jayme e Angélica continua...
Niko volta pra casa mais cedo...



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Apesar da porta fechada, Félix continuava ouvindo tudo. Ele estranhou a menina não ter saído logo e voltou e encostou o ouvido na porta. Ao ouvir essa conversa percebeu qual era o problema do filho e era justamente o que já suspeitava. Mas, ele não sabia como conversar com Jayme sobre isso, precisava de Niko e de toda sua sabedoria.

Fabrício apareceu lhe chamando e ele saiu de perto da porta com o pequeno antes que Jayme ouvisse e percebesse que ele estava ali. Também saiu antes de ouvir o resto da conversa e o que Angélica respondera a Jayme.

– E você é?

– Não!

– E como tem tanta certeza?

– Como você tem certeza que não é igual a suas mães?

– Eu... – A garota ficou ruborizada. – Eu acho que não, por que... Por que eu gosto de meninos...

– Gosta?

– Gosto! E você?

– Não, eu não!

– Jayme, tô perguntando se você gosta de alguma menina... Ou...

– Não! Quer dizer... Não... Não sei... Na verdade, eu... Eu gosto... Eu acho que gosto de uma menina sim...

– Gosta? – A voz dela soou um tanto decepcionada.

– G-Gosto...

– Ah... Tá... Bom pra ela... Você é bem legal!

– Sério?! – Perguntou com um sorriso.

– É, verdade... Jayme, deixa eu ir agora porque senão vão reclamar dizendo que eu demorei...

– Sim, sim... – Se apressou para abrir a porta. – Então... Depois que eu copiar o jogo pra você eu te mando uma mensagem pra gente se encontrar e eu te devolvo o pen-drive!

– Ok! Tchau, Jayme!

– Tchau... Ah, eu vou com você até a porta!

Os dois desceram.

Félix e Fabrício estavam na sala.

– Já vai, Angélica?

– Já, seu Félix, eu e minhas mães vamos viajar esse final de semana, eu tenho que ajudá-las a arrumar as malas...

– Ah... Boa viagem! Diz que eu mandei um abraço pra suas mães, adoro conversar com a Fernanda, inteligentíssima!

A garota sorriu. – Tá bom, eu mando sim! Tchau!

– Tchau!

Ela saiu e Jayme a acompanhou até o jardim. Félix ficou os observando, disfarçando muito bem depois do que tinha escutado.

Agora, só lhe restava esperar seu carneirinho para juntos conversarem com Jayme. Ele sozinho não tinha confiança para isso, tampouco experiência. Nunca tivera uma conversa com Jonathan quando ele tinha essa idade, e Niko também era pai de primeira viagem de adolescente. Mas, o loiro teve algo que ele não teve: um pai compreensivo, que certamente conversara com ele quando era jovem. Ao contrário de Félix que nunca tivera uma conversa decente com seu papi soberano quando era garoto.

.

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Algumas horas depois, Félix estava com Fabrício nos braços, levando-o para o quarto para ele dormir, quando Niko chegou. Félix se surpreendeu, olhando para o relógio, comprovando que seu marido realmente havia chegado mais cedo como não fazia há alguns dias.

– Que milagre é esse?

– Que milagre? – Perguntou Niko com um sorriso.

– Você chegar a essa hora! O que houve? Não teve tanto cliente hoje?

– Não, até que teve, mas a Jéssica provou ser uma ótima assistente, me ajudou bastante e eu consegui terminar mais rápido pra vir mais cedo pra casa!

– Hum... Que bom! Vem, eu vou levar o Fabrício que já está quase dormindo aqui...

Niko deu um beijinho no filho antes que ele adormecesse e subiu com os dois.

– E o Jayme?

– No quarto!

– Félix... – Baixou o tom voz. – Ele ainda tá daquele jeito?

Félix suspirou. – Não, carneirinho... Ele está um pouco melhor, eu acho... Eu falei com ele, depois a Angélica veio aqui...

– Ah, aquela menina é uma fofa... Eles ficam tão lindinhos juntos né?!

– Como assim?!

– Ah... Eu tenho minhas suspeitas, sei lá... Acho que tem uma paquera entre os dois, não sei... Eu sei que ainda são novinhos, os dois têm a mesma idade, mas, eu sei essas coisas...

– Sabe mesmo... – Félix sorriu balançando a cabeça. – Você é incrível!

– Ah, por quê?

– Você parece que adivinha o sentimento das pessoas... – Eles já haviam colocado Fabrício na cama, dormindo, e saíram do quarto dele. Félix continuou falando em voz baixa. – Essa menina gosta do Jayme!

– Sério?! Como você sabe?

– Eu vi um caderno dela quando ela estava aqui e... Adivinha?!

– Fala, Félix!

– Sabe esses caderninhos de meninas adolescentes cheio de perguntinhas de umas pras outras e desenhinhos? Então... Era um desses... E tinha uma foto dela com o Jayme na escola, uma selfie sabe, e uma página que estava cheia de coraçõezinhos desenhados e no meio tinha o nome dela e do Jayme num coração no meio...

– Ah, que fofinho...

– É, eu fiquei surpreso e depois... Meio enjoado com tanta doçura, mas...

– Ai, Félix...

– Enfim, eu acho que, talvez, o nosso filho goste dela também, mas... Eles não sabem o que fazer...

– Como assim?

– Eles não sabem... Eles... Não entendem como é isso, tá entendendo?

– Não, não tô entendendo!

– Carneirinho, às vezes você é lento, viu... O Jayme tem nós dois, dois pais, a Angélica tem duas mães... Tá começando a entender?! Eles não... Sei lá... Acho que não sabem explicar o que estão sentindo nessa idade, com os hormônios aflorando, e estão confusos...

– Ah! Tô entendendo agora o que você quer dizer... Você acha que esses dois podem estar com dúvidas quanto à sexualidade, sentimentos, essas coisas?!

– Pois é... Carneirinho, se eu era um poço de dúvidas até alguns anos atrás, como eles com treze anos não vão ser?! Eu comecei a me pôr no lugar do nosso filho, sabe... Meu pai tinha orgulho de ser um machão, o chefe da família, e... Eu me sentia deslocado quando era adolescente também, porque o papi era o contrário de mim... Ah, você sabe toda minha história, o que estou tentando dizer é que agora, talvez, o Jayme se sinta deslocado assim! Acredita que ele disse que prefere falar primeiro com o Jonathan antes de nos perguntar qualquer coisa?! E, claro, eu entendi por quê! Por que meu filho é hétero, e assim como o próprio Jayme disse, o Jonathan é a única pessoa mais velha em que ele confia, depois de nós!

Niko completou: - Sei... E para nós ele ao vai falar nada, porque ele quer uma referência... Alguém com quem ele se identifique mais... Entendo...

– E aí? O que você vai fazer? Vai falar com ele...

– Não, eu não! Nós dois vamos!

– Mas, carneirinho, eu já queria te esperar porque não sei o que falar, criatura!

– Mas, amor, o Jayme precisa de nós dois! E quando formos falar com ele, as coisas vão fluir naturalmente, você vai ver! Espera um pouco...

Niko foi para o quarto de Jayme e lhe deu boa noite. Depois foi com Félix para o quarto.

– Eu não chamei para falar nada agora porque ele já estava deitado, estava com uma carinha de sono... Mas, amanhã, se der tempo quando eu chegar do restaurante nós conversamos com ele, tá!

– Ai, carneirinho... Quanto mais eu puder adiar isso, melhor, assim eu vou pensando no que dizer...

– Não, Félix, pelo contrário, quanto antes melhor!

– Mas, carneirinho, eu... Eu até já disse pra o Jayme falar primeiro com o Jonathan mesmo e só depois, se quisesse, falava com a gente... E, quer saber, é melhor assim... – Félix encostou-se à cabeceira da cama com ar de preocupação. – Olha, eu não sei como que o Jonathan se tornou um homem como ele é, assim com a cabeça no lugar, tendo um pai como eu! Eu nunca conversei com ele, carneirinho... Nunca dei conselhos, nada disso... E agora? O quê que eu vou chegar e falar pra o Jayme?! Eu não sei o que dizer?!

– Félix, meu bem, eu também não sei o que dizer... Nada é programado ou ensaiado, as coisas simplesmente acontecem! Acredite, eu também estou aprendendo agora como lidar com essa situação... Minha mãe disse um dia que eu ia sentir na pele como é filho adolescente quando tivesse um, e ela estava certa né?!

– Pois é... Mas, eu já passei por isso, né carneirinho?! O Jonathan já é um homem, mas eu nunca soube o que fazer...

– Sei... Eu me lembro de alguém que até tentou ensinar o filho a beijar...

– Do que você tá falando?

– Não lembra?! Pois eu lembro você lá na casa da Márcia, eu estava chegando pra falar com você, e você estava ensinando o Jonathan a dar um beijo de língua na namorada...

– Ah! Lembrei... – Félix sorriu. - Mas, só isso... Grande coisa...

– Só isso?! Querido, desde que eu te conheci o Jonathan te ama, segue seus conselhos, pelo menos alguns... Te ouve, te respeita... Sempre vem aqui... Foi maduro desde o início da nossa relação, me aceitando... Ele é uma das melhores pessoas que já conheci... Por que você tem dúvidas? Félix, você é um ótimo pai! Foi um bom pai pra o Jonathan e com o Jayme e o Fabrício será ainda melhor, eu sei! Por que o que você deixou de viver com o Jonathan na infância e em boa parte da adolescência dele, você vai viver agora com nossos filhos, e eu também vou passar por tudo isso pela primeira vez... Então, estamos juntos nessa, meu amor! – Niko pegou na sua mão. – Juntos, ouviu?!

– Ah carneirinho... – Félix virou para ele e lhe deu um selinho. – Você é demais!

Niko sorriu e encostou a cabeça sobre o peito de Félix que permanecia encostado a cabeceira da cama.

– É lindo te ver preocupado com nossos filhos, sabia?! Olha, meu amor, eu sei que quanto mais os meninos crescerem mais e mais questões surgirão, mas, ao mesmo tempo, quanto mais amadurecem mais elas vão sendo resolvidas... E é pra isso que estamos aqui, para respondermos essas questões...

– Por falar nisso, carneirinho, não foi só o Jayme que me deu dor de cabeça hoje... O Fabrício está cada vez mais falante, como você, aliás, ele agora está dizendo que vai ser igualzinho a você... Em tudo...

– Igualzinho a mim?! Que fofo...

– É, fofo enquanto ele dizia que queria ser chef, trabalhar no restaurante, fazer barquinhos de peixe, mas aí ele soltou que vai se casar com um homem como eu, acredita?! Eu achei que tinha jogado areia no vinho da santa ceia pra ouvir uma coisa dessas...

Niko começou a rir. – Ai! Não acredito! Esse Fabrício...

– E você ri?!

– O que quer que eu faça? – Levantou um pouco para encará-lo. – Félix, o Fabrício ainda é muito novinho, ele não sabe o que diz! Imagina, você vive dizendo que ele parece comigo, então, ele acha que tem que ser igualzinho a mim, fazer tudo que eu faço, ser como eu sou... Qual o exemplo de família que ele tem? A nossa! Assim, ele acha que é o único jeito, que é assim e pronto!

– Mas... Carneirinho, você não acha que assim ele vai crescer mais confuso ainda?!

– Não, Félix... Não não deve colocar a carroça na frente dos bois! O Fabrício só tem cinco anos, ainda não tem idade nem maturidade suficiente para ouvir mais explicações além do que já dissemos até hoje, que somos os dois pais dele, que os amamos, e que o que importa é que a família seja unida, se ame, se respeite... Assim como o Jayme, o Fabrício também vai ter mais respostas conforme for crescendo! Só é preciso ter paciência, se tentarmos explicar demais, só vamos embaralhar mais as ideias na cabecinha dele!

– É, tem razão... Só serviria para enrolar mais aqueles cachinhos dourados... – Félix enrolou os dedos no cabelo dele. – Mas... Você acha que o nosso Fabrício pode ser... Assim igualzinho a você em tudo...

– Ah... Ele é muito novinho, Félix... Mas, sinceramente, não acho...

– Por quê?

– Por que se ele é mesmo igual a mim como você diz, bom, na idade dele eu já dava sinais... Pelo menos é o que minha mãe diz...

– Sinais?! – Félix se surpreendeu.

– É! Minha mãe sempre suspeitou, Félix! - Niko riu. - Era o seguinte... Meu pai gostava de comprar daqueles conjuntos de carrinhos para eu brincar, só que como eu só tenho irmãs e elas tinham bonecas, joguinhos de jantar, essas coisas, eu juntava meus brinquedos com os delas e acabava brincando de casinha com elas, eu levava as bonecas delas nos carrinhos para jantar, essas coisas... Era engraçado, por que, pelo que lembro meu pai às vezes ficava rindo das nossas brincadeiras e dizia que ia comprar bonequinhos para eu botar nos meus carrinhos para não ter que pegar as bonecas das minhas irmãs...

– Ai, carneirinho... – Félix ria, mas ficou com um olhar desolado de repente. – Pelo menos, seu pai se divertia com essas coisas... Você tinha que ver o que o papi fazia quando eu chegava perto dos brinquedos da Paloma... Sempre gritava “isso não é brinquedo de menino”, e, uma vez que inventei de pegar o Ken e a Barbie pra pôr num carrinho lindo que a mami tinha me dado... Aí eu pensei que já que o papi não gostava de me ver pegando as bonecas da Paloma, eu podia pegar um bonequinho né?! Quando ele chegou eu estava trocando a roupa do Ken, ele tomou de mim na hora, claro! – Voltou a sorrir. – Mas, pra você ver, eu sempre entendi de moda!

Ambos riram. – É verdade... – Niko voltou a encostar-se nele, com a cabeça em seu peito. – Olha, Félix, a gente já nasce sendo o que é! Ninguém vira nada, nem ninguém muda ninguém...

– Mas, você me mudou, carneirinho! – Falou carinhoso.

– Não, amor, quem mudou foi você! Eu fui só um apoio, mas você trilhou seu caminho sozinho até mim! E por isso, estamos juntos... Juntos pra o que der e vier! E quanto a nossos filhos, também temos que mostrar que estamos com eles pra tudo que precisarem, a todo e qualquer momento... Pra isso somos pais... Pra o que vier... E seja o que for que venha pela frente, enfrentaremos!

Félix suspirou profundamente. – Ah, meu carneirinho... Você é o ser mais inteligente que eu conheço!

Niko levantou de novo a cabeça. – Ué! Pensei que o ser mais inteligente que você conhece fosse você mesmo!

– Gracinha... Claro que sou! – Deu uma risadinha. – Mas, eu quis dizer que você não tem uma inteligência como a minha... Você é sábio! É sensato! É... É incrível! – Seus olhos brilhavam ao dizer. – Você é tudo pra mim!

– Gostei... – Sussurrou Niko dando-lhe um beijo terno. – Você sabe que eu não vivo sem você né?!

Félix sorriu. – Eu sei... Eu vivo te dizendo a mesma coisa! – Beijaram-se apaixonadamente.

Niko tomou a iniciativa de tornar o beijo mais intenso, caloroso. Félix apenas aceitou a iniciativa e o beijou com tanta paixão quanto.

Após o beijo Félix sorriu e disse: - Agora, vai, deita e dorme por que senão não sei o que eu faço!

– Que história é essa de deita e dorme?

– Ué, não é o que você tá fazendo nesses últimos dias, deitar e dormir?!

– Nossa! Félix... – Niko se encostou de novo em seu peito. – Até parece que você nem notou que eu cheguei mais cedo hoje...

– Notei...

– Então?! – Começou a falar com um tom de voz mais dengoso e sensual enquanto ia escorregando uma mão pelo abdômen do marido. – Será que você não vê que eu vim mais cedo pra tentar descontar um pouquinho os últimos dias...

– Ah é?! Ah... – Félix se arrepiou quando a mão que acariciava seu abdômen foi para dentro de sua cueca.

Niko continuou falando enquanto o acariciava, numa massagem que já estava fazendo Félix ficar ofegante.

– Será que você não vê que eu estou mais animado, menos cansado e mais disposto?!

– É, é? Disposto a quê exatamente?

Niko deu um sorrisinho e levantou o rosto para encará-lo sem tirar a mão de dentro da cueca.

– Disposto a o que você quiser para te recompensar por esses dias!

Félix levantou uma sobrancelha e sorriu, com a felicidade estampada no rosto.

– Sério?! – Olhou para sua própria cueca e a mão de Niko lá dentro. – Disposto a tudo, né?! Você que falou... – Se ajeitou melhor encostado na cabeceira da cama e pôs uma mão sobre a dele, por cima da cueca. – Eu me lembro de um carneirinho dizendo que ia me fazer uma coisa bem especial para me recompensar por esses dias!

Niko deu uma gargalhada pelo modo como Félix falou. – E esse carneirinho vai fazer sim, uma coisa bem especial... Mas, não hoje, porque hoje só dá tempo para um adiantamento da recompensa... – Piscou para ele.

– Adiantamento?! Tá, ótimo! – Se aproximou para beijá-lo. – Contanto que pague agora!

Agora, de frente um para o outro, as carícias de Niko iam se intensificando enquanto as bocas se encontravam em beijos ardentes. Em meio aos beijos, as línguas e mentes tomavam tempo para formar algumas frases.

– Ah... Não sabe... Como... Eu estava... Com saudade... Carneirinho!

– Eu sei... Eu também... Estava... Félix...

– Eu... Te amo... – Se olharam. – Adorei você ter fechado o restaurante mais cedo hoje! Adorei! – Voltou a beijá-lo, agora pelo pescoço.

– Hum... Mas eu não fechei... Eu pedi pra minha assistente fechar pra poder vir mais cedo...

Félix interrompeu os beijos ao ouvir isso.

– Como é que é?!

– Hein?!

– O que você disse agora sobre sua assistente... Que assistente?

– Ora, como que assistente?! A Jéssica! Nós não a contratamos?! Então...

– Então... Carneirinho, não me diga que você deixou a chave do restaurante com aquela mulher no primeiro dia de trabalho?!

Félix pareceu contrariado e Niko parou o que estava fazendo.

– Ai Félix! Não acredito que você cortou todo o clima por causa disso!

– Mas, você se deu conta do que você fez?!

– O que eu fiz?!

– Você entregou o restaurante que nos deu tanto trabalho nas mãos de uma desconhecida!

– Ai Félix, que exagero! Não é nenhuma desconhecida, você mesmo foi entrevistá-la ontem e hoje ela provou ser uma ótima assistente e além do mais...

– Além do mais, Niko, ser uma ótima assistente não quer dizer que ela seja uma ótima pessoa!

– Ai ai... Eu ia dizer que além do mais eu precisava dar um voto de confiança para ela, já que ela vai ser a responsável por esse restaurante, ela deve ter a chave né?!

– Ah carneirinho, só você viu... Como pode ser tão inteligente pra umas coisas e tão burrinho pra outras?!

– Ai Félix, não me chama de burro! Há dois minutos disse que eu era o ser mais inteligente que você conhecia!

– É o mais inteligente, mas o menos esperto! Niko, não se pode ir dando voto de confiança assim, você deveria saber muito bem disso... Aquela tal Jéssica não me inspirou confiança desde que eu a vi...

– Pois a mim sim! Ela me inspira confiança...

– Pois a mim não! Ela só me inspira desconfiança! E dar votos de confiança demais pra quem não merece é igual a votar em político brasileiro, fazem cara de bonzinhos e depois acabam roubando a gente!

Niko girou com os olhos e foi para o outro lado da cama.

– Ah Félix, não sei por que você não confia no meu sexto sentido! Eu sei quando uma pessoa é boa ou não...

– Ah sabe... Sabe tanto que aquela que achava que era sua bondosa melhor amiga era uma fura-olho que quase rouba seu filho!

– Agora já chega, tá! – Deitou de costas para ele. – Estava tudo bem até você começar com suas paranoias! E ainda tinha que lembrar a Amarylis! Mas, não adianta reclamar mais comigo porque eu já deixei a chave com a Jéssica mesmo! O que você quer que eu faça agora?!

– Bom, pra começar, amanhã faça o favor de verificar o caixa, a dispensa e a cozinha e ver se não falta nada!

– Tá dizendo que ela pode roubar alguma coisa?

– Estou! Nunca se sabe! O seguro morreu de velho! E vou logo te avisando, se faltar alguma coisa... Eu nem sei o que faço...

– Tá, tá bom! Mais alguma coisa que você quer que eu faça?!

Félix o olhou de costas, deitado, só de cueca, ele também só de cueca e por um instante se arrependeu de ter interrompido o que começaram. Suspirou e falou bem mais calmo.

– Carneirinho... Eu só sou assim, por que... É pra o seu bem, criatura! Eu não quero que ninguém te faça mal! E, se alguém te fizer mal, eu... Olha, eu nem sei... Eu acho que eu esgano, eu mato... Eu... Eu te amo muito, meu carneirinho! Eu não sei viver sem você! Não suportaria se te perdesse! Eu só quero te proteger!

Niko virou o rosto para ele e um sorriso surgiu.

– Tudo bem, Félix! Eu sei que você é assim mesmo, sei que é pra o nosso bem... – Fez um carinho em seu rosto. – Eu também te amo muito! Vem, deita aqui comigo, vem, me agarra...

– Já que insiste... – Félix sorriu, deitou e eles ficaram abraçados, deitados de conchinha, até que Félix sussurrou em seu ouvido. – Ei... Vai ficar quieto? Não era isso que você queria fazer agora há pouco...

Niko riu. – Ah, e você ainda quer? Pensei que tivesse cortado todo o clima...

Félix encostou todo seu corpo no dele, sussurrando outra vez em seu ouvido: - Será que o clima foi cortado?!

– Hum... Já percebi que não...

Félix começou a distribuir beijinhos em seu pescoço enquanto Niko, de costas, voltou a falar com voz dengosa.

– Ah não Félix... Agora não quero mais...

– Carneirinho, tá fazendo manha é?! – Félix o abraçou mais forte. – Duvido que você não queira...

– Não... Não quero...

– Sei... – Rapidamente a mão de Félix que estava no abdômen dele escorregou para dentro da sua cueca. – Não quer né?! Vamos ver...

– Félix... – Murmurou e nada mais disse, apenas começou a gemer baixinho.

A mão grande e habilidosa de Félix estava levando Niko à loucura. Ele já estava com o rosto todo rosado, quando, outra vez, Félix sussurrou ao seu ouvido:

– Diz que não quer, mas seu corpo não condiz, não é carneirinho?!

– Ah Félix... Não dá mais...

– Não?! – Mordeu de leve sua orelha. – Então, já sei como você vai começar a me compensar...

Niko virou para ele de uma vez. – Ai... Como?

Félix estava com um sorriso extremamente feliz e malicioso. Chegou bem perto do ouvido de seu carneirinho e sussurrou:

– Eu te deixo escolher... Quer ser um carneirinho ou um leão essa noite?!

Niko virou, deu um sorriso e mordeu os lábios.

– É? Se eu escolher ser o carneirinho?

– Estou aqui pra isso...

– Ah... E se eu quiser ser o leão?

Félix o agarrou com as pernas e o girou para ele ficar por cima.

– Pode vir quente que eu estou fervendo!

Niko deu uma gargalhada. – Adoro! Mas, olha, querido, só hoje não vai dar pra compensar todos esses dias...

– Sem problema... Começa hoje... Continua amanhã... E depois... – Iam aproximando cada vez mais os rostos. – E depois... E depois...

– Félix... Eu ainda tenho que acordar cedo amanhã...

– Não estraga esse momento... Shh...

Calou seus lábios num beijo apaixonado, quente, sensual.

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Notas finais do capítulo

Continua...



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