A trilha, o tesouro de Nicolau VII escrita por Jean


Capítulo 12
Cap.12-Veneno e papel




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517325/chapter/12

Cap.12- Veneno e papel



Micaelle corria, mas não sabia para qual direção, sentia-se em um labirinto apesar de estar em um imenso campo aberto.

Quase que sentia o coração bater, sua pele estava fria e pálida, suor gélido lhe descia a pele quase morta.

Sua mãe lhe ensinou bastante sobre plantas medicinais, mas de quase nada isso valia, pois estava com a visão danificada, comprimiu os olhos para ver se encontrava alguma planta milagrosa, mas ainda assim não via nada além de borrões.

“Não posso... parar, tenho de continuar... correndo”; mas a fadiga aumentava e o efeito do veneno estava cada vez mais forte, a circulação sanguínea em suas pernas aos poucos parava de agir.

A sua mochila poderia ser sua esperança, já que lá havia um mini-kit de primeiros socorros, mas não conseguia recordar aonde a havia deixado, outra das suas poucas esperanças haviam se esvaído, como desejava voltar ao tempo e não tê-la escondido, ou melhor, voltar ao tempo e conseguir se esquivar da flecha.

Quando parecia que estava tudo perdido, encontrou ao longe o que parecia ser um frasco de vidro, mas logo Micaelle cai bruscamente, se quando a flecha roçou o seu ombro havia doído muito, ela doeu ainda mais intensamente quando Micaelle caiu, que rangeu os dentes de dor, “Não... não me aban-abandonem agora, pernas”, ela então se esforçou para recuperar os movimentos naquela área, até mesmo socou uma das coxas para a circulação voltar, mas de nada adiantou.

Então começou a usar seus braços como suas novas pernas, sentiu-se grata por nenhum animal selvagem ou um humano a atacar, pois estava bastante vulnerável.

Aos poucos era capaz de ouvir as lentas batidas do coração, o frasco estava recostado em um árvore iluminada pelo sol, favorecendo um pouco o campo de visão de Micaelle.

Estava cada vez mais próxima e enfim... conseguiu o alcançar, o abriu e quando o pôs aos lábios percebeu que ele estava vazio. Quase que chega a chorar novamente, a única coisa a fazer antes que a morte chegasse, quando naquela mesma árvore encontrou uma folha de papel, talvez aquilo a ajudasse, apesar de ela não saber como, apressadamente a pegou e com muito esforço nos olhos conseguiu o ler:

“Achei que já estava longe o suficiente daqueles selvagens, principalmente daquele tal do Cupido, maldito seja aquele ruivo! A bosta da flecha doía cada vez mais, com muito esforço e muita dor eu consegui a tirar do meu ombro, sangue jorrou cada vez mais do meu ferimento, então arranquei uma pequena parte da minha camiseta regata, estirei minha jaqueta vermelha e amarrei aquele pedaço de tecido em cima do meu ferimento e aquilo ajudou muito a estancar o sangue e a diminuir a velocidade de minha morte”

Antes de continuar a leitura, Micaelle com muita dor conseguiu arrancar a flecha de seu ombro, rasgou parte da camiseta que cobria o abdômen, para facilitar o ato ela tira a camiseta, mostrando parte de seu formoso corpo escultural, usava um biquíni vermelho, o que realçava ainda mais a beleza ardente de seus seios, atou o tecido no ombro e realmente havia funcionado, e então novamente vestiu a camiseta, e ainda com muito esforço voltou a ler:

“E então eu bebi o frasco e me encostei em uma árvore, aos poucos me senti mais forte, mais vivo e alegre por não ter morrido e estar vivo o suficiente para conseguir salvar Maria, aaah, Maria... o que eu não faria para sentir novamente o aroma de seus cachos vermelhos, os seus risos, os seus beijos...
Olhei a árvore em que eu estava em cima e percebi que era um desperdício beber o frasco com a mina de ouro que era aquela árvore, a seiva daquela árvore tem poderes medicinais”

Logo o semblante de Micaelle brilhou de contentamento, fitou a árvore por alguns instantes e não demorou muito tempo para ela empunhar sua espada e começar a perfurar a árvore.

Lascas de madeira voavam até sua face e ao chão, usava todas as forças que lhe restavam, e enfim depois de muito, seu esforço alcançou um bom resultado, líquido branco começou a fluir da madeira feito uma nascente, então pegou o frasco e encheu-o daquele líquido, quando estava cheio ao ponto de lambuzar sua mão, bebeu, e não era assim tão ruim, era doce quase que como um mel.

Bebeu-o por completo, e não demora muito tempo para sentir-se mais forte.
A sua pele volta ao tom moreno cheio de vivacidade, o calor de seu corpo também, o sol iluminava radiante o esplendoroso céu azul, como estava feliz por ter a oportunidade de ver aquilo mais uma vez, e outras e outras incontáveis vezes, a estrela da manhã iluminava os cachos graciosos da caçadora de tal forma que os castanho-claro pareciam amêndoas e os castanho-escuro bronze refinado, seus olhos brilhavam feito mel, seus lábios abriram um sorriso que pareceu iluminar todo aquele ambiente.

Um arco-íris subiu ao céu, trazendo encanto com seu vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e rosa, os pássaros cantaram e a canção deles era tão bela quanto as canções de ninar que seus pais lhe cantavam.

Aos poucos o conforto consumiu o interior de Micaelle, de tal forma que suas pálpebras começavam a pesar, mas não podia descansar agora, tinha de salvar seus amigos: “Não posso... dormir... meus amigos... estão em... perigo”; era mais fácil lutar com o veneno do que com o sono.

Esta batalha ela perdeu e então caiu em um sono profundo, sonhou que estava montada em um corcel branco e vestia um belo vestido daquela mesma cor, e junto a ela estava seu pai forte, galante e valente e sua mãe, terna, simples e bela, ambos também montados em corcéis brancos, os três corriam em um imenso campo florido, bastante felizes, era tudo tão perfeito, seu pai vivo e eram uma família completa e feliz outra vez.

E então acordou, um tanto triste e decepcionada, aquele sonho parecia tão real, era tudo tão bom que parecia realidade, logo voltou a recordar de seus amigos e começa a ficar preocupada, se perguntando por quanto tempo dormiu e como e onde eles deveriam estar.

Ela se levanta em um salto, embainha a espada, pegou o mapa e quando ia avançar frente lembrou-se da folha de papel, aquele simples objeto havia salvado sua vida, ou melhor o que estava escrito nele, talvez aquilo fosse pertencer aos possíveis sobreviventes, a pegou novamente e disse:

__ Obrigado, seja lá quem for__ e sorriu se sentindo agradecida pelo tal homem, não sabia quem era ele, ou que o tal do Cupido havia feito, mas esperava que o tal homem conseguisse detê-lo e resgatar a tal Maria, parecia que ele gostava muito dela, esperava que ela gostasse dele também e que fossem muito felizes.

E pensou que, se aquele relato foi capaz de salvar sua vida, talvez a ajudasse a salvar seus amigos, e então começou a lê-lo mais um pouco:

“Acho que não vai ser muito útil saber disso, afinal é muito raro alguém se envenenar com uma flecha de algum selvagem”

“Você não faz ideia de como foi útil”; pensou Micaelle, que sorriu outra vez e então voltou a ler:

“Eu então descansei, mesmo desejando muito salvar Maria, a vontade de dormir foi mais forte do que eu, e tive um agradável sonho em que eu estava com Maria em uma cachoeira, mergulhamos no riacho, que era lindo, com diversos peixes e algas, a água era muito limpa e fria, Maria nadava com aquele belo corpo escultural á mostra daquele biquíni, paramos em cima da cachoeira onde a beijei, e novamente sentia o aroma de seus cachos vermelhos cor-de-fogo.
Mas então eu acordei e logo me senti decepcionado e triste, aquele sonho parecia tão real, e minha tristeza aumentou ainda mais ao perceber que estava chovendo, levantei em um salto para tê-la em meus”

E a folha havia terminado, não acreditava nisso, justamente no momento em que ele ia se posicionar para salvar Maria! Além do relato ter cessado na parte mais importante havia gostado da história, e então guardou a folha dentro de seu bolso.

Ela olha para trás novamente e observa a árvore que havia a salvo, então vai até ela, pega um pouco da seiva a depositando no frasco.

Em seguida avança até onde havia batalhado contra os bárbaros, e no meio do caminho encontra a sua mochila, então sem perder tempo guardou a poção lá, e também o papel, em seguida ouve a voz de Dom:

__ Câmbio, qual o código? Qual o código?

Ela logo pega o walkie-talkie e diz:

__ Nicolau balofo

__ Ufa! Ainda estão todos bem!__ disse Dominique aliviado

__ É, mais ou menos

__ Mais ou menos, como assim?

__ Marcelo, Tony e Alexis foram capturados pelos bárbaros__ disse Micaelle carregando tristeza na voz

__ O quê? Os bárbaros ainda existem?

__ Sim, e são mais horríveis pessoalmente, eu quase fui morta envenenada por uma das flechas deles, mas encontrei as folhas dos sobreviventes e consegui me salvar

__ Eu avisei que a história deles podia ajudar vocês, Sr.Coleman vai adorar saber dessas folhas

__ O Sr.Coleman já está bem?

__ Sim, o médico disse que ele sofre de câncer no pulmão, ele agora está um pouco melhor, mas tem de repousar um pouco antes de voltar a Relic, e também agora tem de tomar alguns remédios, a sua sobrinha vai cuidar dele

__ Ainda bem, pelo menos alguma boa notícia

__ Sim, e os seus amigos, já sabe se eles estão vivos?

__ Eu... não sei, é o que vou descobrir__ em seguida disse determinada:__ e se não estiverem mortos, eu vou salvá-los
__ E... eu posso fazer alguma coisa?
__ Por enquanto não, eu ligo pra você quando estiver mais informações
__ Está bem, tem certeza que não precisa da minha ajuda ainda?
__ Sim, eu prometo que quando eu precisar, eu aviso
__ Tá certo, até mais
__ Até mais

Foi bom ter ouvido a voz de Dom, a fez perceber que não estava sozinha, guardou o walkie-talkie na bolsa, pegou a bússola, em seguida usando ela e o mapa como sua principal referência logo alcançou o seu destino desejado.

E no chão encontrou o relógio de pulso de Alexis, 10:20, ele marcava, não havia passado muito tempo dormindo, sentiu-se aliviada, o pôs então no pulso.
E em meio aos arbustos encontrou o cachecol de Marcelo, um pouco encharcado de suor.

O pegou e o pôs ao pescoço.

Também em meio aos arbustos encontrou algo lastimável, aquele mesmo bárbaro que havia furado o olho, morto, com o olho esquerdo sujo de sangue e com sangue seco parecendo lágrima escorrido naquele canto do rosto, ainda estava com o dardo enfiado naquele lugar, o outro olho estava ainda aberto, arregalado, mas morto e vazio, parte de sua barba estava ensanguentada e sua garganta com um profundo corte, e ainda jorrava sangue daquela parte, ele ao mesmo tempo que morreu sem ar, havia se engasgado no próprio sangue.
Micaelle teve de segurar o estômago para não vomitar, seus amigos não podiam tê-lo matado, pois estavam inconscientes, então só poderia ter sido um dos bárbaros, ficou triste e decepcionada com aquela covardia, com o quão frio e cruel um selvagem poderia ser ao ponto de matar seu próprio companheiro. De certa forma, sentia-se culpada, talvez se não estivesse furado um de seus olhos pudesse ter enxergado o bárbaro prestes a o atacar e conseguido se defender a tempo.

Ela então olhou atentamente e viu que no cadáver havia algo útil, ele tinha um arco e uma flecha cheia de aljava nas costas, ela então tentou o empurrar para pegá-los, mas os bárbaros mesmo mortos eram muito fortes, apesar de ser a força, os seus esforços não estavam adiantando muito, seria mais fácil se um homem estivesse lá para ajuda-la.
Fadigada, desistiu, e então levantou-se e com força tentou o empurrar novamente, mas não conseguiu.

Tentou mais outra, e a até com os pés, e de novo, e de novo, e de novo, mas nenhum bom resultado.

Se perguntou se realmente aquele arco valia tanto a pena.

Em meio aos arbustos observou um enorme galho caído, então levantou-se e o pegou, em seguida o usou para empurrar o corpo, e lentamente o corpo começa a se erguer, e depois de muito esforço conseguiu virá-lo.

Ela bateu palmas e sorriu de alegria, então enfim pegou o arco e a aljava.

Quando tocou no arco sentiu-se mais viva, mais forte e completa, havia muito tempo que não usava um arco-e-flecha, pois tinha de se ausentar nas aulas de arqueirismo por conta de suas responsabilidades como professora, que estavam encobertas de tantas coisas que mal tinha tempo para respirar.

Então estirou uma flecha da aljava, levantou-se e pôs a flecha ao arco, estava louca para sacar um tiro depois de tanto tempo longe desta arma que tanto amava, e para ver se estava enferrujada.
Planejava atirar no tronco de uma árvore ao longe, parecia fácil pelo tamanho da árvore mas a distância dificultava bastante, e ainda havia as condições do vento que não estavam muito favoráveis. Mirou bem ao seu objetivo e atirou.

A flecha fez as folhas voarem, outras a seguirem por um tempo e enfim acertou direto no seu alvo, folhas caíram e aves daquela mesma árvore voaram ao céu espantadas. Sentiu-se orgulhosa de si mesma por ter acertado, estava tão hábil quanto antes, então correu até lá para recuperar a flecha e a pôs novamente na aljava.

Estava ansiosa para caçar novamente, capturar um esquilo e devorar sua deliciosa carne, agora sentia-se um pouco arrependida por não ter escolhido esta arma na fortaleza, mas logo recordou-se do motivo e percebeu que tinha sido por uma boa causa, mas agora tinha o arco-e-flecha e a espada, uma perfeita união, uma arma prontificada a combater os inimigos a longa distância, e outra a curta distância.

Naquele mesmo lugar, encontrou escrito em uma árvore em letras vermelhas como sangue: SACRIFÍCIO, 11:00, assustada, se pergunta se alguns de seus amigos haviam escrito aquilo, e quando olha ao chão, encontra uma das anotações, a folha:

“braços novamente, com a minha lança eu corro e encontro escrito em uma árvore, SACRIFÍCIO, 11:00, vejo no meu relógio de pulso e eram 10:30, aquela letra parecia ser de... Maria! Meu pai! 11:00 ela serviria de sacrifício para os deuses nórdicos! Aquele tal do martelo mágico e o pai dele! Eu soube que os bárbaros colhiam as almas de alguém que não pertenciam a seu povo. Vejo se no chão havia alguma pista e encontrei metade de um coração de madeira, que estava em um cordão, eu estava com a outra metade, eu havia dado a metade que encontrei agora no nosso aniversário de namoro para simbolizar que éramos dois corações que batiam como um só, ai que saudades dela.

Eu tinha de salvar Maria com o melhor que eu tinha! Logo andei bastante e encontrei enfim o nosso acampamento, o covarde do Cupido nem seu deu ao trabalho de enterrar o corpo do seu amigo! Até as flechas estavam no mesmo lugar. Quanto mais eu descobria sobre esses selvagens mais ódio eu tinha deles.

Grande parte da barraca havia sido queimada, mas as nossas mochilas por incrível que pareça, estavam intactas, peguei de lá uma bússola e uma lanterna, com o mapa em mão nada mais faltava, vamos conferir: Relógio- confere, bússola- confere, mapa-confere, lança-confere e lanterna-confere.
Com muita determinação então recomeço minha jornada até o caminho mais fácil aos selvagens, a caverna subterrânea, que Nicolau encontrou e fez de saída de emergência, quatro rotas cardeais, e apenas uma verdadeira, a rota norte, talvez eu até os consiga atacar de surpresa, quando encontro um pequeno obstáculo indesejável...”

E mais uma vez a folha havia terminado, e na melhor parte, fosse o que fosse, o importante havia naquela folha, esperava encontrar mais destas folhas, pois elas ajudavam bastante, agora Micaelle sabia a forma mais rápida de salvar seus amigos, e bem a tempo de impedir o sacrifício.

Guarda a folha na mochila, em seguida anda novamente até o país em ruínas.

A caminhada solitária pareceu ainda mais sombria e monótona do que antes, talvez fosse porque Tony não estava lá para animar com sua música do “Cavaleiro Atrasado”.

Tentou cantar e sentiu-se um pouco mais animada, e quando chegou enfim ao castelo, a viagem pareceu mais curta.

Entrou sem esforço algum, pois a ponte levadiça estava completamente quebrada em estilhaços de madeira, as correntes de ferro aquebrantadas, encontrou uma dúzia de cadáveres com armaduras enferrujadas, esqueletos carbonizados, os mortos estavam com armas enfiadas no corpo e queimados,

“Essas pessoas morreram lutando, muitos dos habitantes das cidades além desse castelo nem sequer estão com armas na mão, porque simplesmente estavam desavisados dos ataques dos selvagens”; refletiu Micaelle.

O castelo era enorme, e foi belo enquanto era povoado, mas agora não era nada além de cinzas, ruínas e folhas mortas.

Micaelle teve um pouco de trabalho para encontrar o quarto de Nicolau devido aos diversos salões que haviam lá, e quando entrou surpreendeu-se com o tamanho do quarto, ele antes da invasão deveria ter sido uma das salas mais bonitas do país, estandartes rasgados estavam ao chão, a cama acolchoada de penas agora não passava de simples pedaços fofos de cinzas e penas negras como penas de corvo, objetos em pedaços haviam ao redor do quarto, e bem ao canto ao lado de um amontoado de pedras encontrou o cadáver de uma mulher com uma flecha enfiada no coração, ainda podia enxergar as lágrimas através de seu rosto deformado e sem vida, e no chão ao seu lado uma pequena coroa, “A mulher de Nicolau”; concluiu, deveria ter sido uma mulher bastante bonita enquanto era viva, até mesmo depois da morte havia nela um ar virtuoso e nobre.

Antes de revirar o amontoado de pedras, foi até a janela, que antes um corvo estava pousado, provavelmente veio por conta de seu principal aperitivo que era o cadáver da rainha, mas fugiu quando Micaelle aproximou-se da janela, quando chegou, viu o cenário de caos e destruição que era a cidade, como era terrível, começou a imaginar a invasão mesmo sem querer, e logo sente um aperto no peito, sem mais aguentar, ela sai da janela, e vai até o amontoado de pedras, as revira e encontra a porta para o alçapão.

Quando a abre, vê uma escada de tijolos de pedra, então começa a descê-la, e nota o quão escuro era, se não fosse pela luz vinda da porta aberta estaria na completa escuridão, então receando que se afastaria daquela fonte de iluminação e que assim então tinha maiores chances de se perder, vasculhou sua bolsa e encontra nela uma lanterna, sem perder tempo a liga e assim consegue ter uma visão melhor do obstáculo que estava porvir.

Era realmente uma caverna, e quando desceu estava no local onde todos os quatro caminhos se cruzavam, talvez o único lugar onde aquilo ocorria, os caminhos eram bastante semelhantes, se já não soubesse qual era o certo, decerto que se perderia.

Usando a bússola adentra então a rota norte.

A caverna subterrânea era tenebrosa, teias sob as paredes habitavam aranhas com suas refeições, o chão era empoeirado e algumas vezes era capaz de enxergar um rato ou uma centopeia andando por entre pequenos buracos, na parede havia pinturas rupestres assombrosas dos insetos, como aranhas gigantescas comendo pequenos bonecos palito, outros se defendiam e outros corriam, centopeias que aprisionavam suas presas em espirais, formigas que lutavam com os palitos humanos, e pareciam elas serem os únicos oponentes a altura deles, e o mais estranho deles era um escorpião com uma coroa, alguns insetos se reuniam em volta deles e se ajoelhavam a seus pés, Micaelle logo queria saber o que se passava na mente dos homens das cavernas que haviam desenhado aquelas esquisitices.

Depois de tanto caminhar se depara com um muro de emaranhado de plantas que bloqueavam o caminho, quando tentou afastá-los com as mãos se cortou, pois as plantas eram cheias de espinhos. E quando os olhou atentamente percebeu que talvez morreria se tentasse atravessá-los da forma que queria.

Logo empunhou sua espada e começou a cortar o muro e enfim conseguiu romper o bloqueio.

Um pouco mais adiante sente que algo se mexia em seu ombro, quando olhou, percebeu que era uma aranha, logo a afasta rapidamente com a mão, logo observou outra correndo quase que alcançando sua perna, antes que isso acontecesse Micaelle a esmagou com o pé. E logo outras aranhas vieram contra ela, a caçadora então se defende com sua espada matando diversas, outras alcançavam seus braços e pernas, mas a garota as esmagava logo. Todas vinham do muro de plantas, pareciam que tinham consciência, como se achassem que ela era uma ameaça que precisasse logo ser erradicada.

Eram muitas para Micaelle enfrentar sozinha, então correu, porém algo a impediu de continuar, algo estava prendendo um de seus braços e uma de suas pernas, uma corda, não, não uma corda, aquilo era... uma teia!

Aproveitando que ainda podia se mover com sua espada, o cobre cortou as teias que aprisionavam, e conseguiu correr.

Cedo ou tarde se continuasse lá as enfrentando morreria envenenada, por mais que estivesse um antídoto na bolsa não desejava de nenhuma forma ter veneno dentro do corpo outra vez.

Em meio á fuga ouve o som dos passos diminutos dos aracnídeos desaparecendo, e também o som de algo se quebrando, quando olha para trás observa diversos estalactites rompendo-se do teto, caindo e quebrando-se no chão em diversos pedaços.

Quando olha para frente observa um estalactite se quebrando a sua frente, por pouco ela cessa o passo quando a estaca mortal cai ao chão.

Ouve mais uma vez aquele quebrar, o som vinha de cima bastante próximo a ela, receosa então olhou para cima e percebeu que estava justamente acima do próximo estalactite que cairia, então ela arregalou os olhos e quando aquilo caiu, rolou para o lado próxima a parede e conseguiu escapar á tempo da colisão fatal.

Aliviada tocou no seu peito e percebe que seu coração acelerava bastante, ela então lentamente levanta-se do chão e percebeu que mais estalactites á frente ameaçavam se romper, tinha de ser cautelosa, mas ao mesmo tempo conseguir resgatar seus amigos a tempo.

Então sem hesitar correu, correu e correu como nunca antes havia corrido na sua vida.

Foi tão veloz que conseguiu superar a velocidade dos estalactites, o quebrar das estacas a impulsionava a ir cada vez mais rápida, quando algo a impede de continuar...

Um grande e profundo abismo logo á frente, freou então os passos e quase que chega a cair, um grande buraco a impedia de prosseguir no solo de terra firme, porém aquele fosso não era grande o suficiente para não poder ser atravessado ao salto. Ao mesmo tempo um estalactite logo acima de sua cabeça começa a se romper, então cai, Micaelle então se esquiva saltando para a esquerda e novamente escapa da morte.

Levantou-se novamente e fitou seu objetivo, tinha de estar mais leve o possível para realizar aquilo, então guardou tudo o que tinha em mãos na mochila, com exceção da aljava e da lanterna, em seguida arremessou sua bolsa com o máximo de força ao outro lado, e com êxito o objeto conseguiu atravessar o outro lado.

“Sem dúvida alguma eu tenho de que fazer arremesso a distância, eu levo jeito pra coisa”; E logo estava frente a frente com seu obstáculo, um mínimo tropeço e a morte a alcançaria sem fazer esforço para alcançá-la, “Nicolau faz parecer isso tão fácil”.

Segurou a lanterna com a boca, em seguida recuou alguns passos, correu e com o máximo de impulso nas pernas saltou.

Ao ar logo estava próxima do outro lado e em instantes estava caindo e se distanciando dele. Então ela estica ao máximo seus braços e consegue se firmar com o pouco de terra firme que tinha.

Resistia ao máximo contra a queda, puxando com os braços seu corpo para cima, e com muito esforço consegue chegar sã, salva e inteira ao outro lado.
Respirou então aliviada, sentando-se no chão, e em seguida se levantou para prosseguir caminho, quando algo que rastejava e silvava saiu de algum buraco na parede, refletiu com a lanterna e percebeu que era uma serpente.

O animal a fita ávido, Micaelle pega o arco na mochila, uma aljava da flecha e a mirou, prestes a atirar a qualquer instantes, bastava apenas soltar a corda. Mirou cautelosamente a serpente, quando percebe que estava prestes a cair no fosso, logo então avança para frente. Tinha de superar a velocidade do predador, mas acompanhar os movimentos de um animal era difícil.

Mas não impossível.

A serpente velozmente ataca para lhe envenenar com sua afiadas presas e Micaelle atira.

E a flecha venceu no fim das contas, cravou-se na boca do animal, entrando no céu da boca, atravessando o crânio e fincando a ponta na parede cavernosa, os olhos do réptil agora não passavam de órbitas vazias e sem vida feito aquele bárbaro morto.

A caçadora então estira a flecha que agora estava embebida de veneno, Micaelle olhou aquilo com certo fascínio, o veneno que antes era seu algoz, agora era seu aliado, um grande aliado, tinha absoluta certeza que as outras flechas não estavam também assim, então decidiu que aquela seria a sua flecha especial, que somente a soltaria em uma ocasião bastante crucial, encaixou-a na aljava e prosseguiu caminho.

Desta vez não houve estalactites ou outro animal perigoso, mas ainda assim correu, não demorou muito tempo para observar os raios do sol atravessando em pequenas brechas algo, e quando aproxima-se percebe que era uma porta de madeira, não apenas uma porta, mas... a saída!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A trilha, o tesouro de Nicolau VII" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.