Os Portais de Órion Woody escrita por Tedd Brown
Notas iniciais do capítulo
Eu vou dar introdução ao personagem principal: Órion Woody. Contarei como a aventura dele começou muito antes dele saber que teria uma. Espero que gostem.
A casa era totalmente revestida por uma madeira que se parecia muito com o ouro. O tapete central era um desenho de São Jorge, mas ele não matava um dragão, matava uma Quimera grande e medonha, contudo ainda continuava sendo uma obra de arte. Logo no começo da casa uma escada de madeira de bordô dava acesso aos quartos na parte superior e lá de cima era possível ouvir o choro de uma criança, não um bebê, mas uma criança de mais ou menos três anos de idade e este já andava por todos os lados da casa, por esta razão o garotinho de cabelos negros tropeçara no chão e acabou ganhando um belo arranhão no joelho esquerdo. Sua mãe, que tinha os cabelos idênticos aos dele, correra em sua direção e pegou o garotinho no colo começando a mimá-lo para que esquecesse a dor. A campainha da casa tocou e um homem alto e parrudo adentrou, ele tinha cabelos loiros e uma face ainda jovial embora tivesse quarenta e cinco luas.
– Querida, está começando a nevar. – ele berrara na parte de baixo da casa e ouviu os passos da esposa até o quarto do seu filho. A mulher colocou a criancinha perto da janela e mostrou-lhe a neve caindo em meio à madrugada. Os floquinhos caíam ao chão e manchavam toda a rua de branco, o frio adentrava pela pequena greta aberta da janela e a mulher fechou-a. Segurou o seu filho mais forte no colo e desceu as escadas indo em direção à cozinha. A mulher não tinha um corpo avantajado, era esguia e possuía uma pele morena, era realmente bonita com os seus cabelos negros e cacheados, talvez tivesse sido esta a razão pelo qual o homem se apaixonara por ela.
– Circe, você viu aquela minha pasta marrom? – o homem gritou lá da sala de estar.
– Está em cima da bancada, assim como você largou ontem. Eu já lhe disse muitas vezes para não deixar nada espalhado por ai, Jon. –
Circe começou a pegar vários legumes dentro da geladeira enquanto o bebê ficava em uma cadeira de rodinhas apenas observando tudo com os seus olhos azulados idênticos aos do seu pai. A mulher começara a cortar os legumes para o preparo de uma sopa, eles adoravam tomar sopa na madrugada e por incrível que pareça, o bebê sempre comia os brócolis que sua mãe colocava na mistura. Circe se aproximou do seu filho e cheirou o seu pescoço arrancando um riso gostoso do pequeno, ela ergueu a mão e colocou um cubinho de aspargo na boquinha dele que automaticamente começara a mastigar sem fazer careta, muito pelo contrário, ele exibia um sorriso com os seus poucos dentes totalmente verdes.
Jon chegara à cozinha trazendo a sua maleta e sentou-se a mesa quadrada que ficava ali no meio, retirou dos seus bolsos um óculo quadrado típico para leitura e de dentro da sua maleta retirou alguns papéis e fotos. Jon trabalhava em uma empresa de turismo, era ele quem organizava as viagens de todos, o seu emprego não lhe rendia tanto dinheiro e a sua casa era extremamente luxuosa para a sua profissão, coisa que todos os vizinhos estranhavam, mas nunca comentavam. As fotos que o homem tirara da maleta eram de pessoas com as placas de policia tendo a sua identificação de preso estampada, os seus uniformes indicavam que não eram boa gente: Totalmente laranja. Na parte de baixo de cada fotografia continha algumas informações a respeito do meliante. Jon arrastou uma foto até o mais próximo de Circe e ela segurou entre os dedos finos, analisava o nome do rapaz e exibiu uma careta de reprovação.
– É isso que os Caçadores estão contratando agora. – Jon falou em um tom sério olhando para a sua esposa.
– Mas eles são criminosos! – ela disse estupefata.
– Todos os Caçadores são, querida. Contudo nós matamos muitos deles e por isso precisam de mais gente para o seu bando e eles possuem armas o suficiente para distribuir entre si.
– O clã se dividiu, Jon, cada um foi para o seu lado.
Jon segurou outra foto entre os dedos, porém essa não tinha qualquer identificação de criminoso, era apenas a foto de um homem com um grande buraco no peito, estava morto há dias e isso era nítido na imagem, porém sua face fora reconhecida por Circe que expandiu um gritinho de dor ao ver aquilo.
– Me desculpe. – disse Jon pegando a foto de volta. – Mas eu precisava mostrar a você. Crow foi morto há duas semanas, querida, e eu só soube hoje. – ele explicou para ela, também estampava a sua face de tristeza em uma tentativa de mostra para a sua esposa que não estava sozinha.
– Mas eu não entendo – ela começou – nós deixamos de ser Jon e Circe Woody e passamos a ser Senhor e Senhora Kellerman. Mudamos de Tenebra para Nebraska e mesmo assim eles continuam a nos perseguir? – uma lágrima descera do seu olho esquerdo. Ela virou-se para colocar a colher dentro da sopa e provar o seu caldo, estava boa como sempre.
O bebê olhava para os dois e virava a sua cabeça tentando entender o motivo pelo qual sua mãe chorava e o seu pai tinha um olhar tão triste, mas ele simplesmente não compreendia já que tudo aquilo era novo demais para ele.
– Isso tudo por quê? Não é mais para a extinção da nossa raça. Eles acham mesmo que Órion, o nosso bebê, é simplesmente o mais poderoso de nós? Isso é muito incoerente. – ela estava irritada e chorosa enquanto falava. Olhava para o seu filho com dó ao lembrar que ele estava sendo caçado daquela forma.
– Eles só acreditam nisso porque Órion nascera no dia do Primeiro, querida, é a imaginação fértil deles. – Jon disse enquanto recolhia as fotos.
Circe suspirou baixinho e enxugou as lágrimas com a manga do moletom que usava. Tirou a sopa do fogão e colocou em cima do balcão esperando que esfriasse para todos comerem. Ela olhou para o marido e tentou expor um sorriso, mas não conseguiu.
– Querido – ela disse em um tom baixo. – Estamos seguros, não é? –
Quando Jon erguera os lábios para lhe dar uma resposta firme de que sim, eles estavam seguros, a porta da sala de entrada fora arrombada em um barulho audível por toda a vizinhança. Cinco caras com armas negras que pareciam bazucas entraram em direção à cozinha. Jon se ergueu da mesa.
– Para o quarto. – ele falou e ergueu a sua mão em um movimento uniforme, automaticamente um portal abriu à frente da sua esposa, era um vácuo que no fundo mostrava o quarto do bebê, a borda do portal era toda amarelada. Circe pulou no portal e apareceu dentro do quarto de Órion.
Jon parou olhando para os cinco homens. Ele reconhecera um: Phillipe Manson. Havia derrotado ele em Londres há alguns anos, mas não o matara por pura pena. Phillipe apontou sua arma para Jon e atirou, porém o homem se jogou para o lado e quando o segundo tiro veio ele abriu um portal em sua frente e o tiro entrou no mesmo, em seguida Jon ergueu a sua mão e um portal apareceu abaixo do segundo Caçador que recebeu o tiro com potência o fazendo vir ao chão já desmaiado.
Jon aproveitou a distração dos outros e abriu um portal para o quarto do bebê, pulando nele no mesmo instante. Lá estava Circe, encolhida na cama e esperando por seu marido.
– Querida, são cinco deles. – Jon disse em uma voz ofegante.
– Não. Mais estão chegando, eu vi pela janela.
E assim que Circe terminara de falar a porta do quarto começou a se arrombada, os Caçadores jogavam o seu corpo contra a porta tentando quebrar a mesma.
– Eu vou cuidar deles. – Jon disse e ergueu o corpo para esperar que eles entrassem. Mas Circe sabia que eram muitos para o marido e que precisavam fazer algo para salvar não a eles, mas sim ao seu filho que não entendia nada do que estava acontecendo ali. Ela colocou Órion em cima da cama e ergueu as suas duas mãos, uma espécie de energia em forma de bola saltou das palmas e bateram na janela do quarto, ali automaticamente se abriu um portal rosa, mas no vácuo do portal estava uma casa um pouco pequena, mas confortável. Circe agarrou Órion e o jogou no portal que logo se fechava, a porta foi arrombada e eram só eles e os Caçadores agora.
– Ele não está mais aqui, babacas. – disse Circe para os Caçadores. A mulher segurou a mão do marido e olhou para ele, aqueles olhos pediam algo que Jon compreendia muito bem. – E nós também não estaremos. – ela completou.
Jon ergueu os seus braços para o alto e um portal enorme crescera em cima da sua casa, aquele portal amarelado começou a descer passando pela chaminé e a levando para o vácuo, não tinha nenhuma imagem depois do portal e este engoliu a casa por completo levando todos dali para o simples nada.
Agora Órion estava em um lugar desconhecido e com pessoas desconhecidas, talvez nem mesmo se lembre do sacrifício dos seus pais e a maneira com que foi tirado dos braços deles, mas de algo ele sabia: Era uma pessoa especial, destinada a fazer coisas grandes e iria honrar o seu papel, pois jamais deveria esquecer que era Órion Woody.
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