Com tudo o que estava acontecendo, eu precisava ficar forte.

De todos, a que eu pensei que nunca iria despertar recebeu essa dádiva antes de mim.

Tudo bem, ainda não perdi para o Jin…

Eu estava treinando no lago, afinal, desde que descobri meu poder com a água vi que esse era meu ponto forte.

Eu não tinha ideia como aumentar meu poder, não a partir da água.

Eu consigo fazer chover, consigo atirar bolas de água, consigo fazer um escudo de água, até mesmo combar a água do ar com meus golpes.

—O que mais eu preciso aprender? —eu olhava para o lago.

É, eu já até conseguia ficar em pé na água.

—Você pode saber várias coisas, mas ainda está fraco. —ouvi uma voz atrás de mim.

Me virei rapidamente, era uma mulher, mas eu sentia a energia dela de longe, devia ser Cazeaje.

Então, essa é minha chance? Morrer ou despertar.

—Fraco, só se for em outra dimensão. —inclinei a cabeça e sorri.

Na mesma hora a Cazeaje sorriu de canto o que até me assustou, mas não é só com uma cara feia que vai me fazer recuar.

—Então, vamos testar seus poderes. —Cazeaje avançou em minha direção.

Quando percebi a situação, ela estava me prendendo numa árvore, com as unhas fincadas na mesma e a mão no meu pescoço.

—Muito lento. —Cazeaje sorria.

—Eu nem comecei.

Eu nunca vi ninguém mais rápido que ela… Mas eu nunca atingi a minha velocidade máxima.

Sumi da vista dela, o que a deixou confusa pois ela estava me prendendo contra a árvore.

Antes que ela pudesse virar, eu já estava no alto e preparando um chute em seu rosto, mas ela defendeu com o braço.

Com o impulso que recebi por barrar meu chute acabei indo para trás, mas pousei com perfeição.

A distancia entre nós era grande, eu de um lado do lago e ela do outro.

Cazeaje começou a usar magias a distância: flechas vindo de cima e bolas de energia vindas da frente, mas eu desviava com facilidade enquanto corria pela água.

Cazeaje já estava cansada disso e resolveu me atacar de todas as direções enquanto eu ainda estava no meio do lago.

Uma tentativa inútil, apenas me concentrei e fiquei parado, uma técnica especial que desenvolvi. Todos os ataques me atravessaram como se eu nem estivesse ali e eu não levei nenhum arranhão.

—Como…? —Cazeaje falou baixo, provavelmente não sabe algumas das minhas técnicas.

A expressão de dúvida me fazia sorrir.

Logo cheguei perto dela, já preparando um poderoso soco junto de uma explosão de água.

Cazeaje conseguiu cruzar os braços e fazer um escudo em volta da mesma, assim não tomando dano algum com meu golpe.

—Chega de pegar leve. —falamos juntos.

As esferas de água não faziam efeito, muito menos as armadilhas.

A mesma coisa estava para Cazeaje, eu desviava de todos os ataques ou magia dela facilmente.

Era hora de tentar algo mais forte.

Juntei a energia da água em meus pés tentando acertar um chute em Cazeaje. Ela era boa em bloquear, mas também era boa em desviar, o que tornou meu plano inútil.

Juntei mais energia, mas dessa vez em minhas mãos.

Eu não ia atacar diretamente nela, ao contrário usei a energia no chão.

Jatos de água saiam do chão em todas as direções, era quase impossível desviar.

Como eu falei, quase impossível.

Ela consegiu.

—Só isso? Sei que você tem alguma técnica secreta… —Cazeaje provocava.

Será que existe mulher mais irritante que ela?

Só usei isso uma vez na vida… Não sei se estou pronto para usar de novo.

—Vamos! —Cazeaje atacava maniacamente.

Estava mais difícil de desviar, talvez eu não tivesse escolha a não ser usar aquilo.

Fiz um escudo de água numa área suficientemente grande em volta de mim, nenhum ataque de Cazeaje passava.

Juntei toda a energia que pude em minhas mãos, mas em vez de usar a energia no chão, apenas juntei as mãos.

Uma explosão de água e logo começou a chover.

Cazeaje estava encharcada e com sangue saindo pela boca.

—Nada mal. —ela apenas limpou o sangue e sumiu.

Eu estava cansado, fiquei um pouco parado sentindo a água cair.

—Hm…

Aquilo me relaxava, porém conforme a água caía, sentia meu cabelo crescer.

—Será que eu consegui?

Assim que parou de chover, fui até o lago ver meu reflexo.

É, eu estava com o cabelo maior e um pouco puxado pro loiro.

—Hm, não ficou tão mal…

Eu me sentia bem mais calmo, a chuva realmente me fazia bem.

—Parabéns. —ouvi a voz de Cazeaje.

Me virei rápido e já me preparei para atacar, mas não tinha ninguém.

Me surpreendi que o meu rápido movimento puxou a água do lago, fazendo quase que um escudo em minha frente.

—Hm…

Voltei para onde todos estavam, e como sempre, começaram a falar um monte de cada pessoa que passava pela porta com despertar.

—Há alguma coisa estranha com esses despertares, a Cazeaje sempre está no meio… —Elesis pensou.

Finalmente, alguém falou algo que preste a não ser elogiar.

—Não consigo pensar em nada. —Arme tentava arranjar alguma explicação.

Mari permaneceu quieta e indiferente, isso era normal, mas dessa vez me parecia estranho.

Ela voltou ao laboratório e eu fui atrás dela.

—Mari? —chamei.

—Hm? —ela parecia ter acordado.

Nunca a vi distraída.

—Tudo...bem? —perguntei não sabendo o que dizer.

—É... —notei que ela havia inclinado a cabeça, jogando a franja em cima do olho vermelho.

—Você sabe, né Mari, o que são esses despertares? —a questionei, o que mudou a expressão dela num instante.

—Não muito... —ela não sabia disfarçar.

—O que são esses despertares? —questionei.

—A partir do que Amy disse, é uma ligação com a outra dimensão. —ela se virou para Rey, que estava deitada na mesa atrás da azulada.

—Não sabe mais nada?

—Não...

Pra mim era óbvio que Mari estava escondendo algo.

—Posso fazer uma pergunta? —Mari ainda estava de costas.

—Claro.

—Ainda sente ódio de Jin?

Aquilo me supreendeu, não por ela saber disso, mas supreso por que só percebi quando ela falou.

Meu ódio não estava mais em Jin, estranhamente era outra coisa, uma coisa que eu não conseguia decifrar.

—Já entendi... Tudo bem, esse novo ódio não é dessa dimensão. —arrumava alguns aparelhos que estavam na Rey.

Desde quando ela lê mentes?!

Sai do laboratório um pouco perturbado, mas eu estava decidido: eu iria espionar a Mari.

Esperei a noite para ir atrás da azulada, só eu sabia que Mari estava escondendo alguma coisa.

De madrugada, ela saiu de seu quarto e foi para o laboratório, supeitando do que ela faria, apenas segui.

O laboratório tinha janelas de vidro, assim eu pude assistir tudo o que ela fazia sem ter que entrar.

Controlando as WDW, Mari as posicionou em volta de Rey.

—Não acredito que terei de usar isso, espero que dê tudo certo... —consegui ouvir Mari falar.

Concentrava energia nas armas e logo criou um campo elétrico em volta de Rey.

—O que...? —falei baixo, Mari não ouviu.

Várias coisas passavam pelas paredes do campo, como se fossem cenas, memórias, tanto de uma Rey loira como quanto da Rey de cabelo rosa que conheci.

Aquilo não fazia o menor sentido para mim.

Observei Mari, pude ver o cabelo dela mudar de cor várias vezes, alternava entre branco e azul.

Assim que acabou, seu cabelos permaneceram azul e vi Rey respirar, como se só estivesse dormindo sem nada de errado.

Nisso que eu observava Rey, Mari acabou me vendo e me prendendo com as WDW.

—Não é a toa que o ninja é o Lass... —tentava me soltar, mas sendo impossível.

—O que você viu? —Mari perguntava brava.

—Tudo. —respondi com meu sorriso irônico —agora terá que me contar.

—Não poderá contar a ninguém, ou eu me certifico que não irá sobrar nem suas cinzas.

Eu nunca vi Mari tão séria e brava, estava até me assustando.

—Fechado. —engoli seco.