“Na primeira página da nossa história, o futuro parecia tão brilhante. Então, isso se tornou tão mal, eu não sei por que ainda estou surpresa. Até os anjos têm seus planos perversos, e você leva isso a novos extremos. Mas você sempre será meu herói, mesmo que você tenha perdido a cabeça."

– Love The Way You Lie (Part 2) - Rihanna feat. Eminem.

POV Marlene:

(Sexta-feira)

Não pense que só porque eu estou em um hotel cinco estrelas, no meio de uma linda floresta, sem fazer absolutamente nada, que o meu dia acordou lindo. Aliás, muito pelo contrário.

Pensando bem, até que ele começou legal. Acordei com os passarinhos cantando, eu estava sem olheiras, na verdade, acho que acordei sorrindo.

Mas aí eu percebi que passarinhos não cantam Nirvana. Mas certos cachorros, sim.

Infelizmente Black estava hospedado no quarto da frente, e o infeliz ainda me resolve acordar ás sete horas da manha. E como se já não fosse o suficiente, ele ainda resolve acordar o restante do prédio com essa música.

– Idiota... – Eu resmunguei tentando abafar o som com um travesseiro na minha cara, mas não deu muito certo.

E sim, eu ainda estou com um ódio mortal dele. Parece que ele tirou o feriado para me provocar.

Já sabendo que eu não vou conseguir dormir de novo, me levantei e fui me arrumar para ir tomar café da manha.

Coloquei uma blusa branca, uma calça jeans azul e um casaco preto, e, claro, meu coturnos.

Terminei de fazer meu rabo de cavalo, eu recebo uma mensagem no meu celular:

Lily: Vc morreu aí nesse quarto? Desce logo, caramba! Beijinhos, Lily.

Quanto amor... Fico até emocionada.

Abri a porta do meu quarto, e a primeira pessoa que eu encontro, é justo a pessoa que eu quero matar.

– Sirius... – Eu grunhi enquanto ele fechava a porta do quarto dele. Ele parecia distraído com alguma coisa. E depois olhou para mim. E claro, abriu aquele sorriso.

– Olá, Marlene. – Ele disse sorrindo de canto. – Vai tomar café, ou estava me esperando? – Ele perguntou.

– Eu estava te esperando sim, Black... – Eu falei me aproximando dele e ele mudou seu sorriso, para um bem malicioso. Eu me aproximei o suficiente para ele poder me escutar. – Só se for para te jogar escada abaixo. – Eu disse saindo.

– Apelou, hein? – Eu o ouvi gritando. Mas eu já estava longe demais.

Quando eu cheguei ao enorme restaurante, eu já encontrei James e Dorcas cochichando um com o outro em um canto do salão, e Remo conversando com um garoto que eu nunca vi na minha vida. Mas que era lindo.

Ele tinha os olhos verdes, cabelos castanhos, meio comprido, e a pele bronzeada.

E aí eu percebi que ele estava me encarando, e sorrindo também. Eu olhei para trás, para ter a certeza de que não era comigo, sabe? E era comigo.

Olhei para onde ele estava, e agora ele estava conversando com Remo.

– Homens... – Eu reclamei mais pra mim mesma, e fui pegar o me café.

Quando estava pegando um café sem açúcar, eu ouvi a voz de James atrás de mim.

– Olá, flor do dia.

– Oi, Potter... – Eu me virei e tentei dar um sorriso para ele.

– O Sirius está lá reclamando na mesa... Ele disse que você quer matar ele. – Ele perguntou despreocupado.

– Ah. Pois é, ainda estou pensando no caso... – Eu disse.

– E sobre... Aquilo? – Ele perguntou se referindo a um assunto que tínhamos comentado antes de vir pra cá.

– Aquilo... – Eu disse pensando. – Estou trabalhando nisso.

– Acho melhor você andar logo, Lenezita... Só temos mais três dias. – Ele disse me apressando.

– James... Não precisa se preocupar. Afinal de contas... Eu sei exatamente do que estou falando. – Eu disse saindo da mesa com o meu café em uma bandeja.

Estava lá comendo minhas torradas com geleia de morango, e tentando me esquentar um pouquinho com um café sem açúcar (pra tirar o sono), que a Lily me chega.

– Até que enfim a senhorita me resolve dar o ar da graça. – Ela disse se sentando na minha frente.

– Ainda estou com sono, se quer saber. – Eu resmunguei.

– Aposto que esse sono vai acabar, assim que eu contar a novidade que eu vi lá fora. – Lilian disse. Certo, agora ela me deixou curiosa.

– O que?

– Tem pelo menos uns oito cavalos selados lá fora. E eu acho que é pra gente. – Lilian falou.

Certo, agora sim o meu dia está começando a ficar bom.

– Então o que estamos esperando?! – Eu disse me levantando e indo para fora do restaurante.

– Lene, espera! – Eu ouvi a Lilian me chamando, mas eu já estava longe demais.

Eu meio que voei o salão principal inteiro, só para ver os cavalos. Quando eu digo que amo cavalos, eu não estou brincando.

– Uau...

Era um cavalo mais bonito que o outro, de várias cores...

Tinha um todo branco, outro só preto, um caramelo bem claro, outro marrom, só que o focinho e as patas pretas, e outros dois baios. Mas o que mais me interessou lá foi um todo marrom, bem escuro, com as patas brancas e com uma estrela na testa.

Tinha os instrutores também. Eles estavam mais afastados.

– Srta. Mckinnon? – Alguém me chamou e eu me virei para ver quem era.

– Sou e... – Era o rapaz que estava conversando com o Remo hoje de manha. – Oi. – Eu disse sorrindo sem graça.

– Meu nome é Caleb. Eu trabalho aqui no haras. Prazer em conhecê-la. – Ele disse estendendo a sua mão.

– Prazer... – Eu disse apertando a mão dele.

– Bem, vamos? – Ele perguntou pegando um cavalo.

– Eu acho que vou esperar uma amiga minha... – Eu disse tentando disfarçar.

Apesar de ele ser um deus grego na Terra, eu não poderia simplesmente entrar no meio da floresta que eu não conheço, com ele e mais ninguém.

– Aquela garota ruiva? – Ele perguntou mais interessado.

– Sim.

– Então acho que vamos precisar de mais um cavalo. Pode segurar esse daqui? Esse vai ser o seu. – Ele falou estendendo a rédea de um cavalo baio.

– Caleb... Esse cavalo é lindo. Mas será que eu não podia andar naquele ali? – Eu falei apontando para o cavalo que eu havia gostado.

– Ah, aquela? – Ele disse. – Sinto muito, mas aquela égua já está pronta pro dono dela andar.

– E quem seria o dono? – Eu perguntei mais interessada. Quem deixa uma égua nesse estado deve amar cavalos. Já que o pelo dela está até brilhando.

– Eu. – Eu ouvi uma voz atrás de mim. – Babando na Kiara?

Adivinha quem é?

– Kiara? – Eu perguntei para Sirius. – Não tinha um nome melhor não?

– Ou era Kiara, ou era Etevalda. – Ele disse dando de ombros e indo montar na égua. – Vamos. – Ele meio que me ordenou.

– Não vou com você, vou com a Lilian. – Eu disse convencida. É um defeito meu.

– Por acaso, a Lilian já saiu com o James. Só sobrei eu, morena. – Ele disse sorrindo vitorioso.

– E a Dorcas e o Remo? – Eu perguntei já entrando em desespero.

– Estão passeando pelo jardim. Não querem passear agora. – Ele disse. – Vamos logo?

– Eu não vou com você. – Eu disse montando no meu cavalo baio que Caleb tinha me entregado.

– E eu não vou deixar você ir sozinha. – Ele retrucou claramente irritado.

– Eu não vou sozinha. Caleb vai vir comigo. – Eu disse apontando para ele, que subiu rapidamente no cavalo.

– Então, o que estamos esperando? – Caleb perguntou animado.

– Pode ir na frente, sigo sua trilha depois. – Eu disse sorrindo para ele. – Você vem, Black? – Eu disse o provocando.

– Eu prefiro ir sozinho, obrigado. – Ele disse e saiu trotando em uma trilha qualquer.

Ele pareceu maio bravo. Meio não... Bastante bravo.

Eu fui seguindo a trilha do cavalo do Caleb, até que eu o achei perto de um riacho. Le tinha parado o cavalo dele perto de uma árvore, e estava olhando para os lados, como se estivesse sendo seguido.

– Procurando alguém? – Eu perguntei indo até ele. Admito que estava com medo.

– Você. – Ele disse docemente, e eu quase... Quase abri um sorriso.

– Então vamos. Os outros devem estar nos esperando. – Eu disse retomando a trilha em meio às árvores.

Minha visão da trilha estava pouca, já que a mata estava alta. Mas dava para eu ver que o final dela dava em um vale.

– Vamos. – Eu disse para ele, que começou a sorrir para mim com aquele sorriso “Tenho todos os dentes, viu?”

– Claro, morena. – Ele falou isso e eu freei na hora. Isso porque eu senti uma coisa estranha em mim.

– O que falou? – Eu perguntei.

– Morena. Posso te chamar assim? – Ele perguntou.

– Ahn... Só Marlene, ou Lene se preferir. – Eu disse tentando disfarçar.

Digamos que eu não me senti muito a vontade com esse apelido. Não pelo apelido... Mas ele me lembra o Sirius. E eu não quero me lembrar dele, não agora.

– Mas o Sirius te chamou de...

– Sirius é um idiota.

– Um idiota que você gosta, não é? – Ele perguntou atrás de mim, mas eu não consegui o encarar.

– Caleb, eu...

– Eu já entendi, Lene. Vocês se gostam. – Ele falou parando o cavalo dele do lado do meu. – Eu não vou contar a ninguém, se é isso que quer saber. Eu sei disso, porque aconteceu a mesma coisa comigo e com a minha noiva...

– Noiva? – Eu perguntei o encarando. – Mas você tem a minha idade! Ou quase...

– Tenho dezoito anos. Fizemos nossos votos de noivado semana passada. – Ele disse. E eu aqui toda feliz achando que ele iria dar bola pra mim. – Quando eu a conheci, nos odiávamos demais. E ela vivia fazendo coisas comigo, do tipo... Me humilhando, ficando com outros garotos na minha frente, fingindo ser a pessoa que ela não é...

– E o que você fez?

– Eu mostrei a ela quem ela realmente é. – Ele falou com os olhos brilhando. – Emma nunca me perdoou...

– Porque não fez algo pior com ela? Ela merece! – Eu disse, mas acho que não estava me referindo a Emma.

– Eu não podia fazer algo pior com ela... Porque é ela que eu gosto, e é ela que eu quero bem, mais que tudo no mundo... Me diga, como podemos machucar alguém que amamos? Se você souber, por favor, me diga. – Ele falou sorrindo, e eu percebi que eu estava a ponto de chorar.

– E-Eu... Não sei o que falar.

– Estava querendo fazer alguma coisa com ele, não estava? – Ele meio que adivinhou meus pensamentos.

– Tava tão na cara assim? – Eu perguntei afastando alguns fios de cabelo do rosto.

– Você olha pra ele como se estivesse bolando um plano. Mas eu sei que no final, você não pensou em nada. Porque, no fundo, você não quer fazer nada. – Ele disse colocando sua mão em cima da minha. – Vai por mim, não o faça se sentir ruim porque ele fez sei-lá-o-que com você. Faça ele se sentir especial por ter você do lado dele. E logo, logo, ele vai se sentir arrependido. Eu tenho certeza.

– Nossa... – Eu falei espantada. – Serve para ser psicólogo, sabia? – eu falei divertida.

– Estou entrando na faculdade de psicologia. – Ele disse sorrindo. – Ele gosta de você.

– Como sabe? Aquele idiota é um galinha, cachorro, sonso, vagabundo... – Eu disse com raiva.

– Mude ele, oras. – Caleb disse.

– Mudar como?

– Faça ele ver quem ele realmente é, aí ele vai querer que você o mude. – Ele disse sorrindo. – Agora, a sessão de psicologia acabou. Vamos pro vale, O Sr. Potter já está nos esperando.

– Sr. Potter... O pai do James está aqui e eu não sabia? – Eu disse fazendo meu cavalo andar.

– Não, é o James mesmo. É só que o meu trabalho me pede para ser formal e blá blá blá. – Ele disse fazendo uma careta. – Vamos.

E andamos a trilha toda sem dizer nada um para o outro.

Sim, eu estou me sentindo culpada. Sirius gostou de ficar com aquela menina, eu tenho certeza. E eu estou querendo o fazer pagar porque ele fez uma coisa de que gosta?

Digamos que eu sou um pouquinho egoísta em relação a isso.

Mas eu achava que ele tinha mudado, que ele tinha realmente tomado juízo...

Acho que não custa nada tentar o fazer abrir o olho.

Logo que chegamos ao vale, pegamos outra trilha de volta para o hotel, afinal, já estava na hora do almoço.

No caminho todo eu fiquei quieta. Depois de tudo o que o Caleb me falou, eu não tinha mais paciência para conversar com ninguém. Mas é claro, que a Lilian, como uma boa amiga que ela é, foi conversar comigo.

– Eu percebi uma coisa, Lily... Sabe aquela coisa? – Eu perguntei inclinando minha cabeça para o lado do Sirius, que conversava com uma garota morena. – Eu acho que não vou mais fazer nada com aquela coisa. Na verdade eu vou... Mas quem vai fazer é ele. Entendeu? – Eu perguntei olhando a cara de “Puta que pariu, o que essa menina comeu hoje?” da Lilian.

– Claro, entendi tudo... – Ela disse sorrindo falsamente. E na verdade, era pra eu perceber isso mesmo.

– Você vai saber, fica tranquila. – Eu disse descendo do cavalo, afinal, já estávamos na porta do hotel.

Caleb pegou meu cavalo e se ofereceu para ir guarda-lo nos estábulos.

Eu subi para o meu quarto e fui tomar uma boa ducha antes de ir almoçar. Andar de cavalo me sujou toda.

Troquei de roupa, e coloquei uma calça preta, com uma camiseta azul, e uma sandália de pedrinhas brilhantes. Assim que saí do meu quarto, trombei com Sirius.

Mas ele estava diferente, ele me encarou, mas depois saiu como se ele não tivesse realmente me visto. Sem nenhuma brincadeira, nenhuma cantada, nenhum sorriso. Nada.

No restaurante, preferi me sentar com Dorcas e com o Remo, já que a Lily estava ocupada demais almoçando com o James.

Mas eu não a culpo. Ela gosta dele do jeito que ele gosta dela, ela só é sonsa demais pra perceber. E, aliás, o meu plano pra fazer do James um cara “namorável” para a Lily está dando certo. Já que os dois estão se aproximando.

– Lene? – Dorcas estava me chamando. – Você está estranha hoje, o que aconteceu naquele passeio a cavalo?

– Nada... Eu só estava pensando em como eu vou... Você sabe... – Eu cochichei para ela.

– Entendi. – Ela disse. – Se quer saber, ele está na piscina. – Ela piscou pra mim e eu arregalei os olhos.

– Ele não estava aqui almoçando? – Eu perguntei preocupada demais até pro meu gosto.

– Não. – Remo entrou na conversa. – Ele disse que estava sem fome, e que ia pra piscina.

– Eu vou lá ver o que está acontecendo. – Eu falei me levantando.

Dorcas falou alguma coisa pra mim, mas eu não ouvi.

O motivo por eu estar preocupada?

Sirius NUNCA nega um bom almoço, a não ser que alguma coisa muito grave tenha acontecido.

Eu entrei no clube e encontrei ele lá. Aliás, só ele estava na piscina. O clima está frio, mas ele não pareceu se importar. Ele estava de costas, com os braços apoiados na beirada da piscina.

Que costas, meu pai do céu...

Digamos que o Sirius tem o dom de se bronzear. Ele nunca fica vermelho igual a Lily na praia. Apesar de estar frio, suas costas estavam mais morenas, mas nada exagerado.

Como se ele já não fosse lindo o bastante, pensei.

– Todos querem saber por que você não foi almoçar. – Eu disse me aproximando dele. E ele olhou para trás e me viu.

– E te pediram para que me chamasse? – Ele perguntou se virando de costas.

– Sirius... Vamos lá almoçar. Você deve estar com fome. – Eu disse me sentando perto dele.

– Marlene, para de fingir que se importa comigo! – Ele explodiu e eu me assustei.

Ele estava bravo, com os olhos soltando faísca, e seus ombros estavam duros, o que fazia seus músculos saltarem, o fazendo ficar um pouco maior do que ele realmente é.

– Eu me importo com você, Black. Por que acha que estou aqui se eu não me importasse com você?! – Eu falei brava.

– Talvez só pra me mostrar que você nunca vai me perdoar! Que você nunca vai voltar a querer ter nenhum tipo de contato comigo! Que você só finge se importar comigo! – Ele disse e eu percebi que fui me afastando lentamente dele.

– Sirius... – Eu disse e percebi que meus olhos ardiam.

Ele nunca ficou daquele jeito comigo. Ele pode ter até ficado bravo, mas nunca desse jeito.

– Você faz de tudo pra me provocar, e não se importa com o que eu penso ou sinto em relação a você. Você nunca se importou com isso. Eu vi você e aquele sujeitinho de mãos dadas, e depois eu sei muito bem o que aconteceu... Isso sempre acontece. – Ele disse saindo da piscina em um pulo.

– Sirius... Me ouve. – Eu disse indo atrás dele.

Eu sei, eu sou teimosa até pedir pra parar.

– Marlene! Sai! – Ele disse. E eu achava que nunca iria viver para ver ele negando uma mulher.

– Eu preciso te falar uma coisa. – Eu disse decidida. Eu iria ouvir Caleb.

– Eu não quero saber de nada. – Ele falou pegando uma toalha em uma cadeira.

– Sirius, eu...– Mas eu fui interrompida por ele.

– Eu cansei, Marlene! – Ele disse se virando bruscamente. Mas o que o energúmeno não percebeu, é que eu estava bem atrás dele, e ele virou e esbarrou com força em mim.

E eu acabei tropeçando em uma toalha caída, e, obviamente, caindo. Mas o pior está aí.

Eu caí e bati minha cabeça na quina da borda da piscina.

– Ai... – Eu gemi colocando a mão na minha testa, e eu percebi que estava sangrando, e bastante. E eu percebi também que a minha testa começara a latejar.

Droga.

– Marlene... – Eu ouvi Sirius falar em cima de mim. Ele estava se aproximando, mas minha visão começou a ficar turva.

– Sai! – Eu o empurrei, e percebi que estava chorando. – Vai embora! Some! Sai... – Eu falei, e depois eu não vi mais nada.