Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 22
2ª temp. -Jennifer 1.3


Notas iniciais do capítulo

Muitos reclamaram sobre a falta de informação nos dois primeiros capítulos "Jennifer e Leo terminaram? Por que? Como assim?" Então achei justo fazer um capítulo recheado de flashbacks mostrando a evolução das dificuldades do nosso casal. Espero que gostem. E sim, as datas se passam no futuro, já que a história se iniciou em 2014, tendo Jenn 16 e Leo 17, acho justo mudarmos o ano :v
Enfim, boa leitura :)



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~Flashback onn~

Sinto meu celular vibrar no meu bolso enquanto estou lavando a louça do almoço. Desbloqueio a tela e vejo que é uma mensagem de Leo. O sorriso que normalmente pairaria em meu rosto não aparece. Na noite seguinte havíamos discutido outra vez, por outro motivo tosco. Mas nossas conciliações não tinha o mesmo teor de antes. Antes, bastava uma piada idiota dele pra que eu me esquecesse de tudo.

[Leo ♥ 11:47 05/01/17] Precisamos conversar...

[Jennifer 11:49 05/01/17] Eu tbm acho. Tá no trabalho?

[Leo ♥ 11:50 05/01/17] Saio daqui a 10 minutos. Dou uma passada aí.

[Jennifer 11:50 05/01/17] Se é sobre a briga de ontem, acho melhor nem começarmos.

[Leo ♥ 11:51 05/01/17] Não é sobre isso, fica tranquila. Já até esqueci aquilo.

[Jennifer 11:51 05/01/17] Que bom! É o que então?

[Leo ♥ 11:51 05/01/17] Chegando ai te digo. Beijo minha ciumenta.

[Jennifer 11:52 05/01/17] Beijo pra vc tbm idiota.

Eu termino de ajeitar a cozinha e vou até o espelho mais próximo. Ajeito uma mecha de rebelde e vou para a sala, me sentando no sofá e ligando a TV. Alguns minutos mais tarde, escuto o som da campainha e me levanto para atender. Mal abro a porta e ele me puxa pela cintura, me dando um beijo que tira completamente meu fôlego.

—Agora estou oficialmente desculpado? —ele pergunta assim que se afasta e abre um sorriso.

—Mais alguns desse e eu posso pensar em considerar. —digo rindo e o puxando para dentro e fechando a porta.

Nos sentamos no sofá, eu com as pernas em cima de seu colo e ele com o braço a redor de minha cintura. Alguns beijos depois eu me lembro o porquê de ele estar ali.

—Hum, sobre o que precisamos conversar mesmo? —digo o olhando. Ele faz uma breve careta e encosta as costas no sofá.

—Lembra-se daquela faculdade que te falei ano passado?

—A que nossos pais estudaram? —ele confirma com a cabeça. —Lembro. O que tem ela?

—Eles me convidaram para um programa, tipo, poucos sabem disso, e raramente alguém que não terminou o ensino médio é convidado. Seriam três meses nas instalações da faculdade. Tudo isso para que a pessoa, no caso eu, se adaptasse e voltasse no próximo ano como estudante da instituição.

Ele fala isso calmamente, analisando minha reação a cada palavra que pronunciava.

—Isso é ótimo, Leo! Fico feliz por você.

—Você sabe o que significa, não é? Jenn, eu juro que eu não iria. Não quero ficar longe de você, mas meu pai me inscreveu sem ao menos me perguntar antes. Quando reclamei, ele disse que não havia problema, poucos eram aceitos... Mas quando ele recebeu o email todos lá de casa comemoraram e eu... Bom, eu fiquei contente por passar.

—Leo, não precisa me dar justificativas. Eu sempre soube que você era inteligente e estou orgulhosa de você. Não me importo de te esperar. Meses ou anos. Eu vou estar aqui. Não quero que se prenda a mim. É o seu futuro.

—É o nosso futuro! Sério, Jennifer. Eu ainda não confirmei nada. Se eu não gostar, eu volto pra aqui o mais rápido e faço faculdade na mesma que você, como tínhamos combinado antes.

—Como você não iria gostar? É uma das melhores do país. Você vai sim, nem que seja amarrado por mim e sua família.

Ele ri imaginando a situação.

—Você é perfeita, sabia? —ele diz colocando uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha e me olhando.

—Uhum, sabia. —digo concordando com a cabeça e abrindo um sorriso.

—Idiota. —ele ri me enchendo de cócegas.

—Para Leo! —rindo afasto as suas mãos e então ele me enche de selinhos.

***

Os primeiros meses haviam sido fáceis. Leo vinha me ver de 15 em 15 dias. Um final de semana, que ele alternava entre ficar um pouco comigo e um pouco com sua família. Como era apenas uma experiência, tudo se normalizou terminado os três meses e voltamos a nossa rotina de escola.

As coisas começaram a ficar ruins quando o final do ano foi se aproximando. Eu o ajudava a empacotar as coisas para a faculdade. Eu havia conseguido uma bolsa também, porém em uma universidade bem próxima de casa. Tentava tranquiliza-lo de que estava tudo bem e que estava radiante por ele. E realmente estava. Só me sentia triste por deixa-lo ir.

O dia de sua viagem foi de longe o pior. Tudo o que acumulei ao longo dos meses, deixei escapar em lágrimas e promessas antes que ele entrasse no avião.

—Eu prometo que voltarei assim que puder. —ele diz me abraçando forte e alisando minhas costas. —Eu amo você, Jennifer.

—Eu também amo você. —o aperto uma última vez e o solto.

Última chamada para o voo 2026.

—Eu tenho que ir. —ele diz com uma expressão triste.

—Boa sorte. Ligue assim que chegar lá.

Ele então dá um breve sorriso e arrasta sua mala para o saguão de embarque. Eu aceno uma ultima vez e com a outra mão seco as lágrimas sobre as bochechas. Ele me manda um beijo de longe e deixo escapar um sorriso.

***

As coisas realmente começaram a complicar quando o ano letivo realmente começou. Nossos horários quase nunca batiam e eu não podia ficar o tempo todo online para conversar com ele. Vez ou outra, entre nossas apertadas agendas, conseguíamos uma chamada por vídeo por Skype. Uma ligação de meia hora. Mas era sempre as mesmas perguntas e as mesmas respostas.

—Está tudo bem por aí?

—Sim e aí?

—Também. Está gostando?

—Muito. O lugar é incrível. Você tinha que vir aqui um dia. Tem uma biblioteca enorme e assim que entrei nela lembrei-me de você. —ele me explicava com detalhes sobre cada pedaço daquele lugar. Eu só conseguia perceber o quanto seu tom de voz estava animado e entusiasmado.

—Eu adoraria ver. Me mande uma foto assim que puder.

—Claro. E você? Já fez muitos amigos? Os professores são legais?

Então eu explicava tudo o que havia repetido há uma semana. E sempre a conversa acaba dá mesma forma:

—Eu tenho que ir. Tenho um trabalho pra entregar amanhã.

—Eu também tenho.

—Sinto sua falta. Eu te amo!

—Sinto a sua também, te amo mais.

Com o passar do tempo, isso foi ficando mais raro. Ocasionalmente, mal conseguíamos nos despedir.

Até que chegou o período das férias de inverno. Leo confirmou que já havia comprado à passagem e passaria vinte dias em casa. Mas eu já tinha tomado minha decisão.

A situação tendia a piorar conforme os meses avançassem e não queria que ele se prendesse a mim nos próximos três anos. Era pedir demais e com o tempo, a relação se desgastaria e isso seria apenas uma consequência. Mas assim que ele voltou, eu não consegui dizer nada. Era tão bom tê-lo comigo novamente. O sentimento de culpa me corroía por dentro. Eu tinha que fazer aquilo.

Então, há cerca de 24 horas antes da partida dele, estávamos caminhando de mãos dadas por um parque perto de casa.

—Precisamos conversar. —digo em tom baixo diminuindo o ritmo de meus passos.

—Eu me lembro dessa fala de algum lugar... —ele sorri de canto, mas ao perceber minha expressão séria, o sorriso se desmancha instantaneamente. —O que há?

—Isso não tá mais dando certo pra mim. —digo encarando o chão e balanço a cabeça. —Não sei se vou aguentar ver você ir embora outra vez. E sei que não será a primeira. São três anos, Leo. Como nós poderemos sobreviver a essas idas e vindas?

—Jennifer, nós conversamos sobre isso antes de eu ir. Você disse que não se importaria de esperar. —o tom dele é de mágoa. —Você prometeu me esperar. Sabe que isso não vai durar pra sempre e eu vou voltar.

—Será mesmo? Será que você vai voltar? E se você arrumar um bom emprego, uma boa casa e até conhecer outra pessoa por lá? Você não precisaria voltar, Leo. É isso que quero dizer. Eu não quero te prender e...

—Eu não acredito que tô ouvindo isso, Jennifer. —ele solta minha mão e junto um leve suspiro. Anda alguns passos apressados, ficando um pouco a minha frente. —É isso que você quer? De verdade? Você acha que eu sou assim? Que eu vou esquecer tudo o que tenho aqui por ambição? —ele diz se virando para me encarar.

—É isso que eu acho melhor pra nós dois. E não é mal querer algo melhor para si mesmo.

—O melhor pra mim? Você acha que isso é o melhor pra mim? Ficar longe dos meus amigos, da minha família, de você? —ele me olha incrédulo. —Pensei que você me conhecesse melhor.

Eu não conseguia mais encara-lo. Olhava para o chão. Respirava fundo controlando as lágrimas que insistiam em encher meus olhos. Desde quando eu estava tão emocional?

—Você não vai dizer nada? —ele diz me olhando.

—Já disse o que tinha a dizer. —murmuro. Então o olho.

A dor é evidente em seus olhos. Ele me olha com aquela expressão de “Eu não acredito.” Mas não podia mais voltar atrás. Estava feito. Era melhor assim.

—Que seja então! —ele vira as costas e sai andando, me deixando ali sozinha com meus pensamentos.

No dia seguinte, não vou até o aeroporto me despedir. E ao julgar minha expressão quando cheguei em casa no dia anterior, minha mãe não precisou de explicações e por isso não insistiu.

Nos meses seguintes, perdemos completamente o contato e ele não havia mais voltado para visitar sua mãe e nem Letícia. Elas mantinham o contato de longe, assim como o pai dele e sua madrasta, Michelle. Com o tempo, nossos amigos perceberam que nossos nomes eram tabu um para o outro e ninguém ousava menciona-lo perto de mim.

Nossas fotografias foram trocadas por outras e as conversas eram como se nunca tivessem existido. Pelo menos tudo fora assim nos últimos sete meses. Mas parecia não ser mais o caso agora.


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Notas finais do capítulo

PS. Os capítulos ainda funcionaram de três em três, ou seja, o próximo capítulo será o Leo narrando.
Beijos amores.
Aguardo os comentários de vocês... Até o próximo!



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