I Cried Like a Silly Boy escrita por Mardybum


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Olááá, quanto tempo não? Que saudades!
Sábado a noite, percebi que eu não tinha nada de urgente pra fazer, então finalmente consegui um tempinho para vir aqui escrever o/
Estava meio em dúvida sobre o capítulo porque terão que aparecer alguns personagens novos, então eu espero que gostem... Beijooos!!



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No meio da confusão, Gina ouviu um som que a causava aflição. Mas mal podia imaginar que aquilo que antes a atacava, agora estava a seu favor. A favor de todos.

Olhou para frente e viu os mesmos pássaros que a perseguiram naquela manhã, mas agora eles estavam contra os soldados. Mal podia acreditar. Desviou a atenção daquilo e procurou algum rosto conhecido naquela escuridão que a atrapalhava. Achou Juliana e a orientou a aproveitar a distração e sair dali com todos. Virou-se e deu de encontro com Ferdinando, pegou seu braço e correu para a direção que a professora seguia.

Fora do beco a noite estava mais clara, por conta de todas as luzes que iluminavam a cidade. Todos viram se não faltava ninguém e correram o quanto podiam para longe. Ao alcançar uma distancia considerável, diminuíram o passo. Eles se afastavam do centro e se aproximavam dos bairros, causando uma sensação ruim em Gina. Os prédios e condomínios diminuíam cada vez mais e o que surgia era as ruínas causadas pelas explosões. As mesmas explosões que causaram tudo aquilo.

De repente, tudo que podiam ver eram apenas destroços, que um dia foram uma cidade, repleta de habitantes, que não sabiam de nada que aconteceria. Gina se perguntava se onde estava pisando fora sua casa ou a de alguém. Não conseguia diferenciar nada com a noite e tomava o maior cuidado ao passar por lá. Com a adrenalina da fuga se esgotando, eles começavam a perceber o ar gelado da madrugada que os atingiam. Sem ter onde ser rebatido, o vento batia com força e os fazia arrepiar.

Juliana buscou esquentar-se nos braços de Zelão e, ao ver essa cena, Ferdinando não pode evitar olhar para Gina, que trazia consigo um olhar vazio, repleto de pensamentos ligados ao seu passado. Ela olhou para trás e rapidamente desviou ao encontrar os olhos do engenheiro. Pensavam a mesma coisa mas o espantavam da cabeça da mesma forma. Tudo aquilo não passava de uma besteira.

Logo adiante, eles viram que havia uma parte da cidade que não estava completamente destruída. Haviam algumas casas e alguns prédios simples, que Gina sentia já ter visto antes. Mas, novamente, ouviu o som dos pássaros. Achava que tinha se livrado deles mas percebeu que não quando olhou para cima e os viu voar em frente, indo em direção a nova parte da cidade que acabaram de descobrir.
Um deles pousou no chão e começou a caminhar em direção a Gina. Ela ia para trás, mas ele conseguiu alcançá-la. Dessa vez, ao invés de atacar, ele apenas bicou de leve sua mão. Conforme ele voltava a voar, trazia com a expressão de que queria ser seguido.

– Parece que ele quer que a gente vá atrás dele.– Disse Gina, sem esperar uma resposta e correndo na direção do pássaro e sendo acompanhada por todos.

As ruínas começavam a desaparecer enquanto Gina se recordava do local. Era o bairro de sua antiga escola, que parecia ainda estar de pé mesmo em meio a tanta destruição. Eles chegaram no portão e o pássaro entrou dentro do prédio. Então ele pertencia a escola e pelo o que parecia, alguém a queria de volta naquele lugar.

Mesmo com receio, Gina deu um passo para dentro da escola, então ouviu uma voz que esperava nunca mais ouvir.

– Olá Gina. Bem vinda de volta.– Disse uma antiga colega, Lúcia. Ela tinha olhos e cabelos castanhos e naquele momento usava agasalhos azuis, cachecol rosa e um gorro azul marinho.

Ela mal podia acreditar. Vendo todos aqueles que convivera durante a infância e adolescência na sua frente quase a fazia pensar que tudo que viveu a partir daquele dia não passou de um sonho, que tudo estaria normal novamente. Mas ao mesmo tempo ela não queria nada disso. Tudo aquilo estava muito estranho para ela, sua cabeça explodia e o que mais queria era sair dali o mais rápido possível e se esconder de tudo e de todos.

– Gina? Olha só, não era que você estava certa Lúcia? A mulher-homem está mesmo viva... Era brincadeirinha, não precisa me olhar com essa cara e nem tentar me bater depois, calma ai. - Debochou Eric, um rapaz que sempre a provocava. Mas nunca como Ferdinando. Gina sentia que Eric fazia aquilo por maldade e não se animava nem um pouco em reencontrá-lo.

– Cala a boca Eric! Olha Gina, saiba que você sempre será muito bem vinda aqui. - Ela não tinha muita certeza disso. Lucia era a única que ela podia chamar de amiga entre todos que estudavam junto com Gina, talvez por também ter um pouco de gênio forte, parecido com o da ruiva. - Você deve estar cansada e confusa com tudo, entre e descanse...– Só então Lúcia notou que ela não estava sozinha. Logo atrás estavam todos os habitantes de Santa Fé, que fez Gina lembrar-se de que tinha muito o que explicar.

– Lúcia, eles estão comigo desde que fui presa e já me ajudaram muito quando precisei. São de confiança. - Acrescentou. Não queria ter que abandoná-los e temia que não quisessem ficar ali com ela.

– Então entrem, podem vir também. Se são amigos da Gina, são meus amigos. -Disse Lúcia, estranhando um pouco e não deixando de olhar fixamente para eles, principalmente para Ferdinando.

A escola estava completamente adaptada para ser como um hospital. Ou melhor, um abrigo. No pátio, alimentos estavam estocados, assim como armas, para precaução. Após subirem as escadas, perceberam que algumas salas serviam de dormitório e outras abrigavam feridos que precisavam de ajuda. Enquanto olhavam tudo, Lúcia ia contando como fizeram tudo aquilo.

– Nós já desconfiávamos que isso iria acontecer. Todos estavam tensos, sabiam que o governo estava realizando alguns experimentos muito perigosos. Iriamos atacar, se não nos atacassem primeiro. Com a ajuda dos meus amigos, comecei a estocar comida aqui pois sabia que esse não era um bairro que iria ser atacado. Aqui não morava nenhum inimigo deles.

– E o governo sabe que vocês estão aqui?

– Não, eles ainda pensam que isso é apenas uma simples escola. É verdade que em algumas classes ainda temos aula, mas não é só isso. Aqui ajudamos os feridos e criamos planos. Se lembra de que eu sempre quis cursar medicina? Então, como não consegui terminar minha faculdade por conta de tudo que aconteceu, eu posso fazer o que sempre quis aqui, cuidar de quem precisa.

– Com licença.– Disse Renato, que logo se interessou pela conversa ao saber que Lúcia cursava medicina. - Olá senhorita, prazer, meu nome é Renato. Eu cursei medicina e posso ajudar com o que for.

– Prazer. Olha, eu agradeço, mas se precisarmos de ajuda tenha certeza que te chamaremos. - Respondeu, ríspida, de um jeito que nada agradou o doutor.

Eles chegaram no lugar que era o antigo refeitório. Estava vazio, então Lúcia podia fazer as perguntas que tanto esperava fazer.

– Gina, eu já te contei tudo sobre o que aconteceu comigo, mas não sei nada do que aconteceu com você. Gosto muito dos seus pais, eles me ajudaram muito a construir tudo isso e espero que eles estejam bem.

De repente, Gina sentiu um peso dentro de si. Voltar para aquele lugar a fazia pensar que voltaria para casa novamente, que teria sua rotina normal de volta. Mas não. Nada voltaria ao normal novamente. Se eles ajudaram Lúcia a formar tudo aquilo, então por que não fugiram também? Talvez ainda estivessem vivos.

– Eles... eles estavam em casa comigo quando tudo aconteceu e eu não sei como consegui sobreviver a tudo aquilo, porque eles não conseguiram.

– Ah sinto muito Gina, meus pêsames. Eles eram pessoas maravilhosas. Mas também eram muito teimosos. Insisti para que viessem, mas eles não aceitaram. Sempre diziam que não podiam fazer isso. Eu via uma tristeza nos olhos deles, como se arrependessem muito de alguma coisa... Uma pena. - Depois de um instante de silêncio, Gina continuou.

– Depois disso, apaguei e não vi mais nada. Quando acordei, estava numa prisão, com todos eles. Conseguimos escapar de lá, mas ficamos presos naquela floresta por muito tempo.

– Nossa. Mas pelo menos, você está novamente aqui. - Lúcia hesitou, mas continuou com as perguntas.– Desculpe minha curiosidade Gina, mas de onde os seus amigos vieram?

– Nós viemos de Santa Fé. Desculpe não me apresentar antes, meu nome é Ferdinando Napoleão.

– Santa Fé...? Onde fica esse lugar? Ah desculpe minha falta de educação, acho que você já deve ter ouvido, mas mesmo assim, meu nome é Lúcia.

– Prazer senhorita. - Disse o engenheiro, beijando sua mão.

– O prazer é todo meu, estou encantada em conhecê-lo. - Respondeu, provocando uma certa raiva de Renato, por não ter sido tratado assim e de Gina, por motivos que ela mesma não podia explicar. Só sabia que não era pra se sentir assim, afinal, ela era sua amiga, não era?

– Ieu poderia explicar onde fica mas não sei se a senhorita entenderia, afinal eu mesmo me sinto encafifado com esse lugar.

– Mas será que... Não pode ser. Mas deve ser... Disseram que estavam todos mortos... – Disse, surpresa, mais para si mesma do que para os outros.

–Não pode ser o que? - Perguntou Gina.

– Gina, eu preciso ver isso melhor ainda, não tenho certeza. Já está tarde, eu acho melhor conversarmos amanhã, tudo bem? Nos banheiros tem chuveiro, se vocês quiserem tomar banho. Também tem roupa limpa aqui. Eu vou providenciar um lugar para vocês dormirem, acho que não vou conseguir um quarto, mas vou colocar alguns colchões em algum lugar limpo, se vocês não se importarem. Gina, não se preocupe que amanhã mesmo eu consigo uma cama para você no quarto que eu e as meninas estamos dormindo. Aposto que vocês vão adorar se reencontrar.

– Espera Lúcia. Como sabia que eu estava viva?

– Te vi no shopping alguns dias atrás com o Ferdinando. Depois disso, pedi para Eric mandar os pássaros te encontrarem. Mas percebi que ele pediu que te atacassem, então briguei com ele e mandei eu mesma. Boa noite a todos. - Disse, subindo as escadas.

Ninguém sabia muito o que dizer. Gina precisava tomar um banho, então foi em direção aos banheiros sem dizer nada. Tinha que tentar reunir toda aquela informação senão ficaria maluca. No chuveiro, pensava em tudo que aconteceu. Como seria sua vida agora? Antes, como estava sozinha, sabia que seguiria seu plano, tinha pelo menos a noção do que faria. Mas agora, será que poderia continuar ajudando todos a voltarem para Santa Fé ou terá que seguir qualquer plano que a impuserem? Essa não era uma opção que gostaria de seguir. Mas já não tinha a menor ideia do que faria de sua vida depois que tudo voltasse novamente ao normal. Era melhor que estivesse morta, assim como seus pais.

Ao sair, deu de cara com Eric. Tentou desviar e não arrumar nenhum tipo de confusão, mas sabia que isso era quase impossível só de olhar para sua cara.

– Olha só que ironia. Justo você, encontrar quem todos estavam procurando.

–Me deixa passar Eric senão eu meto um tapa nessa sua cara e você vai ter que ir correndo pra ala hospitalar. Eu não to de brincadeira.

–Olha só Gina, nervosinha como sempre. Garanto que você quer ajudar seus amiguinhos a voltarem para casa, pena que isso nunca vai acontecer.

– Ara o que tá acontecendo aqui? Gina, ocê ta bem? - Disse Ferdinando, que ouviu a voz da ruiva e correu para ver o que era.

– Hahaha chegou o seu amiguinho, ou seria namoradinho? Se eu fosse você tomava cuidado Gina, eu vi o jeito que a Lúcia olhou pra ele. Ah, me esqueci que você é mulher homem. - Depois de ouvir isso, Gina correu para cima dele para lhe meter a piaba, mas Ferdinando foi mais rápido e segurou a ruiva.

– Gina, não suje suas mãozinhas com quem não merece nem sua atenção. E ocê fique esperto, porque ieu segurei dessa vez mai num seguro duas. Boa sorte, ocê vai precisá.

– Quem vai precisar de sorte é você. Porque eu tenho certeza que você e essa sua gente esquisita nunca vai conseguir voltar pra esse seu mundo de conto de fadas mais esquisito ainda. - Respondeu Eric.

–O que é isso aqui? Eric, enquanto você estiver aqui eu não permito que trate Gina e seus amigos mal, nem que seja por brincadeira. - Disse Lúcia, que percebeu a confusão e veio para acabar com ela.

– Mas eu não tava fazendo nada. Eu ein, vou dormir que ganho mais.– Disse, indo embora, mas com um sorriso debochado na cara. Percebeu que Ferdinando tinha ficado mal com seu comentário.

– Gina, Ferdinando, desculpe qualquer incomodo. Eu já arrumei um lugar para vocês dormirem e acho que seus amigos já até passaram pro sono. Eu acompanho vocês até lá.

– Agradeço sua gentileza, mas não precisa. Eu já vi onde fica, posso acompanhar Gina até lá. Boa noite. - Disse Ferdinando. Após ouvir o que Eric disse, achou melhor se afastar de Lúcia, para não criar qualquer mal entendido.

– Ah tudo bem então.– Respondeu, visivelmente chateada. - Boa noite pra vocês.

O lugar não era muito longe dali mas eles precisavam atravessar um corredor, não muito longo. No caminho estavam silenciosos, mas Gina achou que precisava falar algo.

– Eu agradeceria você por ter me segurado mas eu ainda acho que aquele um merecia levar uns tapas na cara.

– Ara Gina, ieu num queria que ocê fizesse nenhuma besteira. - Respondeu o engenheiro, rindo.

– E nem queria fazer também. Porque depois do que aquele porqueira falou de você, eu já tinha acabado com ele. Mas você é um covardão mesmo, então nem fez nada. - O comentário de Gina acabou fazendo os dois se lembrar do beijo que Ferdinando roubou dela. Não tinham como esquecer. Se não estivesse chateado, o rapaz até tentaria aquilo de novo, mas acabou apenas se aproximando da ruiva e dizendo em seu ouvido:

– Mai ocê sabe mais do que ninguém que eu num preciso disso, porque eu tenho outra maneira de provar procê que eu num sô nenhum covarde. - Gina sentiu-se arrepiar ao ouvir isso. Estavam muito perto. Mas acabou se afastando.

– Você num venha com essas conversa pra cima de mim agora Ferdinando, eu to cansada e quero dormir. - Respondeu brava, assim como estava quando tentava escapar de Eric. Mas sabia que com Ferdinando era diferente. Podia sentir.

Os dois chegaram em um grande espaço, que estava repleto de colchões. Podia reconhecer todos que dormiam ali. Com eles se sentia em casa. Os únicos dois colchões que eram vagos estavam lado a lado. Teriam que dormir um do lado do outro.

– Você fica longe de mim Ferdinando e eu fico longe de você. - Disse Gina, enquanto se acomodava. Mais por dizer, pois não sabia se era mesmo o que queria no fundo.

Mas percebeu que ele apenas a respondeu movendo a cabeça, aceitando. Reparou que ele estava abatido, chateado com algo. Ele se virou para o outro lado, mas sentiu Gina pegar em sua mão. Virou-se novamente e encontrou seus olhos castanhos, atentos.

–Eu não acredito que você vai ligar mesmo pra o que aquele um disse. - Não recebendo uma resposta, Gina continuou, sussurrando. – Eu não acho nem você e nem Santa Fé esquisitos. Eu acredito nocê. E tenho certeza de que ocê vai conseguir voltar pra lá algum dia. Nós vamos.

Após isso, adormeceram juntos. De mãos dadas.


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Notas finais do capítulo

É isso gente, muita treta a partir de agora muhahahaha.
Eu gostaria muito que vocês comentassem o que acharam, principalmente dos personagens novos que tenho certeza que ninguém gostou hauhsahush.
Mas, infelizmente eles são necessários pra fic, porque senão ia ficar igual Caverna do Dragão, eles nunca iriam conseguir sair de lá e a estória não andaria.
Tive muitas ideias pra fic hoje e não podia deixar de escrever. Estou até com medo que alguma acabe sendo meio contraditória com os outros capítulos, afinal escrevi faz um tempinho e não me lembro direito. Mas fiquem tranquilos que irei explicá-las direitinho ao decorrer da fanfic. Só sei que agora a estória está mais clara para mim e tentarei deixá-la mais clara para vocês também. Afinal, muita coisa precisa ser explicada. Aguardem os próximos capítulos!! E não se esqueçam, dúvidas ou sugestões, comentem!
Beijooos!!



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