Lost escrita por Beatriz


Capítulo 10
Razão, coração?


Notas iniciais do capítulo

- Obrigada leitoras lindonas, vocês não sabem como seus comentários me deixam feliz e me motivam à continuar aqui! A minha amiga, até mesmo eu, achou que no capítulo anterior (uahahahaha) careceu de detalhes, mas eu queria mesmo que terminasse daquele jeito, por isso nesse capítulo... Eu não terminarei ehueh'. Leiam com... I Don't want to miss a thing (Aerosmith).



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Eu estava certa. Quer dizer, meu coração estava. Quando se trata dessas coisas se a razão interferir demais vai dar em... ah, merda. Eu pensava demais, eu deixava meus sentimentos tão de lado. Vai ver sou fria por natureza. E o tempo está frio, mas eu não o sinto. E estando com os lábios junto aos deles, tão próxima de seu corpo, é como se eu flutuasse. Nenhuma preocupação. Nada. Apenas nós dois ali, aquele momento. E eu queria que fosse eterno, até parecia que ia ser, se uma gota gelada não caísse em meu rosto.

Ao nos separarmos, aquele sorriso idiota estava mais idiota ainda em seu rosto. Mas eu não me incomodava. Eu sorria também. As gotas continuavam a cair, eu não me importava. Então eu o olhei de uma forma implicante, fazendo com que ele levantasse a sobrancelha esquerda, e eu odeio admitir isso, mas ele ficava bem... hm... bem lindo assim.

– Olha, eu não preciso de um cavalheiro, tá legal? - brinquei, e no sentido de cavalheiro poderia ser verdade, mas interpretando a frase, era mentira. - Eu não sou sua dama em perigo!

– Ahm... tem certeza?! - indagou, rindo. - É melhor irmos, você não quer ficar com pneumonia, quer?

Dessa vez também caminhávamos em silêncio, mas não era um silêncio constrangedor ou tenso. Era convidativo. Ficar ali, nós dois, caminhando lado a lado, relembrando cada detalhe, cada sensação, torcendo pra que, sei lá, Brian não tivesse o dom de ler mentes. Eu não me preocupava com o que tinha acontecido antes daquilo. Nem com as gotas geladíssimas caindo sobre meu rosto.

...

– Você deve trocar de roupa, não é bom pegar chuva nesse frio - recomendou Brian quando entramos em casa. O encarei, irritada.

– Você também, ora - retruquei. - Larga de agir como se fosse meu pai, eu hein, isso não é nada atraente. - Pai... Depois percebi o quão ruim foi o comentário. Pais... dos quais nunca vou me lembrar. Afastei o pensamento negativo da cabeça e tirei o casaco molhado.

– Então eu sou atraente? - perguntou, cruzando os braços.

– Não. Não se continuar com essas babaquices. - E joguei o casaco pra ele. Corri para o quarto e procurei algo para vestir. O aquecedor devia estar ligado pelo visto, então vesti uma blusa com mangas até os cotovelos e fui pra sala. Me joguei no sofá, meio exausta. - Oh, Brian? - chamei.

– Hm... Estou terminando de me trocar, espera aí - gritou do banheiro.

Ele veio e se sentou ao meu lado, pegou o controle, ligou a TV. Olhou estranho para o meu braço. Eu comecei a ficar com vergonha, pensando que estava me olhando assim, sei lá, por causa do beijo. Mas ao olhar para me braço reparei que tinha algumas marcas roxas. Tentei esticar a manga da blusa na tentativa de que ele parasse de olhar, mas ele pegou meu braço, com mais delicadeza do que da última vez que alguém o pegou.

– Ele fez isso com você? - perguntou, tentando manter a calma. Eu dei de ombros. A mão que não estava no meu braço afundava o estofado do sofá. Puxei o braço dele e me arrastei para o canto do sofá. - Que idiota.

– Ah, cala a boca, Brian. São só marquinhas arroxeadas de nada, vão sair. Ele não tirou sangue de mim. - Ele não pareceu ficar satisfeito, mas decidiu por ignorar. Resolvi puxar um papo menos preocupante. Eu sei que iria me arrepender, mas comecei: - Eu já... já tinha beijado? Digo... ahm... antes...

Ele fez que sim com a cabeça, a cara fechada. Isso me irrita um pouco. Caramba, ele me ama demais. Por favor, menos, menos.

– É. - Desmanchou a cara feia e deu uma risadinha baixa. - Mas não porque quis, pois é. É que uns meninos fizeram uma aposta de quem conseguia beijar você. A princesa inatingível e solitária. - Continuou a rir. - Daí o Thomas foi lá e te beijou. Ganhou a aposta. Estava perto do Natal então a gente teve que dividir com ele os doces que deram e ele comeu muitos, muitos doces naquele natal.

– Ai. Meu. Deus. - Eu comecei a rir, e depois de rir mais um pouco em lembrei de ficar brava. - Aposta? Por que ficavam apostando coisas me envolvendo no meio?!

– Eu não participei da aposta, cara. Eu até quis bater neles, mas eu não podia levar mais uma bronca. Eles eram bem babacas, eu sei. Eles irritavam todas as meninas nessa fase de pré-adolescência, e nunca conseguiam te atingir, então você era tipo, o alvo preferido deles.

– Hm, babacas mesmo - resmunguei. - Eu não acredito que eu fui beijada tipo, à força, por esse tal de Thomas. Quantos anos eu tinha?!

– Onze cara, onze... Pois é, acredite. Você pode fingir que o de hoje foi o primeiro se quiser - sugeriu, sorrindo.

– É, por mim tudo bem. Tem algo mais interessante passando não? - perguntei e ele mudou de canal. Já estava quase anoitecendo, eu estava meio exausta. Me acomodei no sofá e fiz um gesto expulsando-o do sofá e ele se sentou no outro. Pois é, parece que não sou muito educada. Primeiro o expulso do próprio quarto, agora do sofá. Ele riu e começou a prestar atenção no programa.

Depois de tudo isso, tudo que realmente precisava era descontrair. Vendo-o ali, gargalhando do programa do qual eu nem sabia do que se tratava, eu queria muito mesmo tira-lo de toda essa atenção. Eu queria muito ter aquela experiência de novo, um segundo beijo. Mas acho que está demais pra hoje, meu coração não aguentaria. E toda a adrenalina passou, agora a vergonha está de volta. Me acomodei e meus olhos começaram a pesar.

Me envergonho de admitir, mas a cena ficava se repetindo na minha mente vezes e mais vezes antes de finalmente dormir, ao som da televisão e de gargalhadas. Eu sei que não podemos ser idiotas o suficiente pra agir sem pensar, deixar o vento levar. Mas acho que ele não é tão ruim assim que eu precise me preocupar. Então... Razão, coração? Eu decidi pelo último, não me chame de ignorante. Só estou tentando perder a insensibilidade. Pelo menos assim eu posso fingir que está tudo bem e ser um pouquinho feliz.


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Notas finais do capítulo

Sobre isso, eu amo suspirar lendo os livros (romântico sem ser meloso). Não tenho muita experiência nisso ehueeh' espero que não fique tosco.