O caminho de volta escrita por Night Lover


Capítulo 3
Casa antiga, memórias antigas.


Notas iniciais do capítulo

Muito de mim nesse capítulo (duvido que acertem tudo que é meu). Só vou contar do meu amor por ursinhos de pelúcia que eu aprendi a costurar só para conserta-los (e fazer emendas nas minhas calças, mas isto não vem ao caso).



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Capítulo 3 – Casa antiga, memórias antigas.

– Aqui é o máximo que eu posso ir com o carro. – disse Naruto para mim.

Estávamos na floresta que ficava na parte leste de Konoha, minha casa era ali na entrada da floresta. Antigamente, era possível chegar até minha casa pela estrada, mas agora as plantas haviam crescido ao redor do caminho, bloqueando-o.

Meus pais eram biólogos que amavam insetos então viver perto de uma floresta para eles era a escolha mais lógica e perfeita. Por isso eu cresci dentro da floresta, ela era grande parte da minha vida, ninguém conhecia ou conhece essa floresta como eu, conheço todos seus segredos e ela conhece os meus. Minha mãe me ensinara também sobre as plantas nela desde que eu me decidi em me tornar médica com 7 anos, onde encontrar cada planta, diferir as venenosas das com poderes curativos e também me ensinou a me guiar pelas estrelas para que quando procurasse plantas noturnas e não conseguisse ver a minha volta, soubesse o caminho de casa.

– Aqui está ótimo! Eu consigo passar por entre as plantas e chegar à casa que é logo ali. – dito isso, comecei a sair do carro.

– Você vai ficar bem lá? – ele perguntou abaixando o vidro que estava ao meu lado.

– Ficarei bem, só vou rever a minha casa. Você virá me buscar quando estiver anoitecendo, não é?

– Sim, quando eu for buscar a Hinata, passaremos aqui pra te pegar então é melhor estar aqui ou Hinata irá nos matar. – disse ele com um sorriso na cara.

– Então vá, não quero que se atrase! – respondi com um sorriso.

E ele foi embora, me virei e olhei para o portão. Não consegui evitar um suspiro, faziam 7 anos que não aparecia ali, a última vez foi logo após meus pais falecerem junto com Sasuke.

Eu devia ter vendido ela quando eu pude, mas eu simplesmente não consegui, ali onde passei toda minha infância e também onde meus pais haviam vivido comigo. Então a mantive, porém nunca cuidei dela ou coisa parecida, eu não iria voltar aqui então porque manter a casa arrumada?

Mas agora depois de tantos anos, eu não somente queria vende-la como precisava. Com isso, eu poderia ter dinheiro o suficiente para sair da casa de Sasuke e ir morar sozinha, para ficar desempregada por um tempo já que queria trocar de emprego e também seria bom me livrar dela para seguir em frente. Eu já não era mais uma criança, então não poderia agir como uma e manter a casa como mimo.

Comecei a andar em frente, atravessando as plantas que me arranharam na perna (por que eu fui vir usando uma saia?) e cheguei a casa.

Fiquei espantada, estava pior do que esperava! As plantas ao redor pareciam sufocar a casa e eu não conseguia imaginar como estava por dentro. Será que eu conseguiria consertar isso em um mês? Talvez com uma ajudinha do Naruto, só precisava pedir ao velho pervertido... Ooops, senhor Jiraiya se ele poderia me emprestar o Naruto. Como ele tinha feito cursos de eletricista e de encanador (pelo que ele disse: é o mínimo que um marido precisa saber!) poderia consertar isso e também aparar as plantas mais altas.

Bem, era hora de começar as anotações do que eu ia precisar.

Algumas telhas, tesouras para podar as plantas, adubo, sementes... Fui olhando ao redor da casa e anotando. Isso daria um trabalhão... E agora era hora. Dentro da casa.

Entrei dentro de casa e fui olhando em volta. Estava tudo coberto de poeira, mas nada havia mudado, tudo continuava no lugar onde havia deixado o sofá do meu pai, a mesa de jantar da minha mãe... Nada estava fora do lugar. Ia olhando em volta e anotando quais tipos de produtos de limpeza eram necessários, quais aparelhos funcionavam ou não.

Eu comecei a viajar em minhas memórias enquanto anotava as coisas. Lembrei-me da comida que minha mãe fazia, tudo natural, não havia nem carne, pois meus pais escolheram ser vegetarianos, as lentilhas que estavam presentes em todas refeições... Meu pai pegando os insetos que ele coletava e brincando com eles na mão... Mamãe limpando a casa e gritando comigo para eu arrumar o quarto... Memórias antigas.

Deixei por último o meu quarto. Entrando comecei a olhar em volta e sem me importar com a poeira comecei a mexer nas minhas antigas coisas. Os meus brinquedos de pelúcia que eu adorava tanto (Não importava a quão velha eu ficasse, continuava amando bichinhos de pelúcia), eu peguei vários desses na rua e nos “achados e perdidos”, levei-os pra casa e costurei-os. Eu sentia pena deles, talvez porque eu me identificasse um pouco, eles eram deixados sozinhos porque ninguém os queria e eu me sentia assim as vezes, as únicas amigas que tive no colégio eram Ino e Hinata e ambas eram difíceis de se comunicar, Hinata era sempre por causa do pai e Ino sempre me trocava pelo atual namorado. E a medida com que fiquei mais velha, meus pais começaram a fazer viagens para lugares cada vez mais longe para conferencias e pesquisas. Enquanto eu ficava sozinha em casa, foi numa dessas viagens deles que eles sofreram o acidente que tirou a vida de ambos.

Após tirar um pouco do pó dos meus amados, vi um agasalho preto jogado no chão e notei que ele era muito grande para mim. De quem era aquilo?

Puxei-o mais perto e consegui sentir o cheiro do dono de leve. Uchiha Sasuke. Estava bem de leve, mas eu reconheceria o cheiro do meu amado em qualquer lugar. Mas por que esse casaco estava aqui? Estava bem empoeirado também como as coisas do meu quarto, então fazia anos que devia estar aqui. Foi quando me atingiu, ele esqueceu esse casaco aqui há sete anos.

Flashback on

Ele me trouxe para casa, o último lugar que eu queria vir. Mas talvez para ele fosse o único lugar possível de ir. Ele tentava e tentava fazer com que eu entrasse na casa, eu não me mexia, não entraria ali.

– Vamos, saia da chuva, precisamos te secar logo. – sem resposta – Você não quer entrar na sua própria casa? - eu simplesmente balancei a minha cabeça.

Ele suspirou, bagunçando os cabelos molhados de tanto tempo embaixo de chuva, eu olhei de canto pra ele. Ele havia saído de Konoha fazia um ano, enquanto eu ainda estava tentando entrar na faculdade de medicina. Mas sua aparência não havia mudado quase nada. Aqueles cabelos negros só cresceram um pouco, sua pele continuava branca, o rosto de um deus grego, sua altura quase não havia mudado, nem mesmo o estilo de roupas. A camiseta branca, a calça preta e o casaco preto eram sua marca registrada. Todas as garotas se apaixonavam pela sua boa aparência, mas eu não havia me apaixonado por ele pela sua beleza. Foram seus olhos, tão frios, distantes e tão solitários, eu me perdia naqueles olhos, eles tinham um poder sobre mim.

Ele percebeu que eu olhava pra ele de canto, desviei o olhar, comecei a ouvir passos em minha direção. Não demorou para que eu sentisse um corpo quente me envolvendo e meu coração disparou quando notei que era ele.

– Sakura... – ele sussurrou em meu ouvido e eu estremeci ao sentir seu hálito quente em minha orelha. – Vamos entrar, por favor. Não quero que pegue um resfriado.

Eu não conseguia pensar direito, não queria entrar, mas não queria negar lhe o pedido. Por fim, resolvi entrar e ele me seguiu, fechando a porta ao entrar. Mas eu não levantei a cabeça em nenhum instante.

– Vá se trocar. – ele disse num tom gentil atrás de mim e me deu um leve empurrão em direção aos quartos.

Eu fui andando até chegar à porta do meu quarto e entrar, deixando ele para trás na sala. Dentro do meu quarto, desabei no chão, eu estava segurando o choro desde que eu entrei no carro dele, mas ali dentro do meu santuário podia chorar o quanto quisesse.

Era tudo tão injusto! Por que eles tinham que morrer e me deixar sozinha?! Por que eles não ficaram em casa como eu havia pedido antes deles irem? Por que eu era tão má sortuda? No mesmo dia em que meus pais morrerem, eu tinha que reencontrar meu antigo amor e mostrar todo meu lado mais fraco. Eu me sentia perdida, como eu iria sobreviver agora? Teria que desistir do meu sonho de virar médica e trabalhar. Tudo que eu havia planejado, tinha sido tirado de mim.

Perdi a noção do tempo, continuei chorando e chorando até que alguém bateu na porta do meu quarto.

– Sakura? Você já se trocou? Está demorando demais! – eu tinha esquecido que ele ainda estava aqui e ele parecia irritado.

– Eu já vou sair! Me de apenas alguns minutos! – gritei com a voz ainda chorosa e comecei a arrancar as roupas molhadas.

– Você está chorando? – a voz dele passou de irritado para preocupado.

– Eu já vou sair! – gritei outra vez colocando a primeira roupa que vi que eram uma camiseta rosa e uma calça preta.

Ele entrou enquanto eu estava terminando de por a camiseta, provavelmente já cansado de esperar tanto. Foi quando vi que ele estava todo molhado também e era culpa minha.

– Ah... Suas roupas! Eu vou pegar algo do meu pai e já volto! – sai correndo pela porta, atropelando um Sasuke que não parecia nada contente com a maneira que estava sendo tratado.

Peguei uma camiseta velha preta do meu pai (era a única que não tinha um inseto como estampa) e corri para meu quarto. Quando cheguei, pra minha surpresa, vi um Sasuke sem camisa, segurando um dos meus ursinhos.

– Você tem muitos ursinhos. – ele disse enquanto examinava o ursinho que possuía um grande laço.

– Ahm... Aqui a camiseta. – disse desviando o olhar dele.

Ele pegou a camiseta, vesti-a e disse:

– Agora que estou vestido, pode olhar pra mim? Você parece que tem uma aversão a isso.

Eu olhei pra ele instintivamente, mas já ia desviar o rosto ao lembrar que meus olhos estariam inchados. Mas ele segurou meu rosto, impedindo-me.

– Olhe pra mim. – e eu direcionei meu olhar pra ele. – Bem melhor. Agora me diga, você estava chorando por quê? Seus pais, não foi?

Eu fui abaixar a cabeça, mas ele me impediu de novo. Ele estava certo.

– Não é o fim. – ele me disse e eu olhei diretamente em seus olhos. – Não vou mentir dizendo que a dor vai sumir, mas ela diminuirá. Mas... – eu abaixei o olhar. – Pode chorar agora. Eu não me importo, mas não vá chorando escondida pelos cantos.

Eu voltei a olhar pra ele e senti meus olhos se encherem de lágrimas de novo. Então eu deixei que elas caíssem, estava tudo bem chorar na frente dele...

– Sakura? – ele me chamou e, por meio das lágrimas, olhei pra ele. – Posso te beijar?

Eu senti-me corar, mas apenas dei um breve aceno com a cabeça. Então ele me puxou para perto e juntou nossos lábios.

A princípio não sabia o que fazer, simplesmente tentei seguir os movimentos dele mesmo que de um jeito desengonçado, foi estranho beijar pela primeira vez alguém. Mas depois de um tempo, quando eu comecei a aprender e sentir mais confiante, pude viajar no beijo. Aproveitar a textura dos lábios dele, suga-los, sentir as pequenas mordidas que ele me dava...

Nós perdemos a noção do tempo naquela pequena dança intima e acabamos dormindo abraçados naquela noite.

Flashback off

Era o casaco que ele tirou quando dei a camiseta a ele. Aquela foi nossa primeira noite juntos e nosso primeiro beijo de verdade. Os meus sentimentos não haviam mudado, qualquer sombra de dúvida que eu tinha sobre isso havia desaparecido. Eu continuava apaixonada por Uchiha Sasuke e era por isso que eu precisava sair de perto dele o mais rápido possível.

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– Você entendeu sua missão? – um vulto encoberto na escuridão disse a outro.

– Sim, essa aqui é a garota?

– É.

– Ah... E eu achando que ela devia ser uma bruxa, mas ela é bem bonita. Vai ser divertido...

– Só não se esqueça da sua missão. Temos que fazê-lo cooperar o mais rápido possível, senão será muito tarde.

– Pode deixar, chefe, não vou esquecer e também irei me divertir com isso.


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Notas finais do capítulo

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