Laços de Sangue e Fúria escrita por BadWolf


Capítulo 20
Rostos Inesperados


Notas iniciais do capítulo

Sentiram minha falta??
Espero que sim!!!

Capítulo bem curto, mas que tenho certeza que deixará muita gente animada.
Chega, não vou comentar mais nada. Vou deixar você a vontade.

Boa leitura!



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Esther ficou surpresa. Não esperava ouvir essa revelação – e pior, a expectativa do que o estranho evento daquela tarde tinha haver com esse fato novo.

–Eu também fiquei assim, exatamente como você. Bem, o que posso dizer é que meu pai tinha planos para mim. E eles incluíam um casamento arranjado com um amigo dele, um homem chamado Peter Morgan, que era um dos maiores latifundiários de Yorkshire à época, além de ter bons contatos políticos. Creio que meu pai pensava muito em Mycroft quando optou por Sir Morgan como meu “sogro”. – Holmes disse a palavra com repulsa e sarcasmo.

–Então, essa moça... Beatrice...

Holmes sorriu. – Não chegamos a nos tornar amantes de fato, Esther, se é o que está pensando. Afinal, quando eu tinha doze anos, meu pai rompeu o noivado. Nunca soube bem o porquê, e isso me intriga agora. Por que eu não sei as causas desse rompimento? – dizia Holmes, absorto em seus pensamentos.

–O fato de seu desconhecimento sobre o rompimento? Ora, Sherlock, você era um menino!

–Claro, eu estava bem longe de ser o que sou hoje, mas ainda tinha lá certa astúcia e algumas pretensões, que não incluíam um cargo no governo ou no judiciário. Mr. Siger Holmes nutria o sonho de ver um filho advogado... Jamais detetive consultor. – disse Holmes, com certo rancor na voz. – Ainda assim, não é apenas isso que me deixa aturdido com esse jovem e essa sua inesperada revelação, mas sim: como ele soube de algo tão antigo? E o pior: como eu deixei escapar isso na época?

Esther sentou-se, ao perceber a natureza de sua inquietação.

–Sinto que fracassei. – murmurou Holmes.

–Claro que não. Você não é obrigado a saber o nome de solteiro de todas as mulheres que aparecem em seus casos. Isso foi apenas a omissão de uma informação que não teria sido de nenhuma valia para a resolução daquele caso. Não é?

Holmes tentava analisar a questão.

–E se fosse?

Esther franziu a sobrancelha, tentando entender. Holmes hesitou, tentando mudar o assunto.

–Bem, ainda assim, estou surpreso que depois de quase vinte anos isso tenha vindo à tona. E é isso que me preocupa.

Esther tentava acompanha-lo.

–Não entendo...

Holmes sorriu brevemente. – Você não entende, Esther, porque não está a par de todos os fatos daquela época. Pois deixe-me coloca-la agora. De fato, eu estive lá para resolver um caso grotesco de traição. E eu descobri que o amante de Mrs. Beatrice Finnegan era seu cunhado. Aquela não era a primeira vez que eu resolvia assuntos dessa natureza, e em todos, a minha presença mostrava-se perfeitamente dispensada após a “conclusão”, se é que posso chama-lo assim. Mas não naquele caso. O amante amanheceu morto, com uma facada, assim que eu a desmascarei. Mr. Finnegan foi considerado a principal suspeita, obviamente. Decidi, então, cancelar minha volta de trem à Londres e permanecer em Plymouth mais um pouco. Analisei a perícia, e constatei que Finnegan não poderia ter feito a facada. Isso porque...

Holmes segurou uma risada.

–Finnegan media apenas um metro e cinquenta de altura, ao passo que seu irmão tinha quase dois metros. Uma altura maior que a minha, até. E a facada foi na altura do pescoço. Ele teria de subir em um banquinho para fazer tal corte. O fato é que consegui convencer a polícia de que Finnegan era inocente. Mas minha busca pelo assassino continuou, mesmo de graça. Eu encontrei, então, uma luva feminina abandonada, manchada de sangue, no jardim...

Esther suspirou. – Foi a esposa dele.

–Exatamente. Mrs. Finnegan tinha um metro e setenta, razoavelmente alta para uma mulher, mas era de fato alta. Desde... Desde os tempos de menina. – deu-se conta Holmes. – Mas enfim, eu consegui atestar sua culpa, usar a luva que encontrei como prova, e ela foi presa.

–Mas aquele rapaz disse que ela...

–Sim, ela se suicidou. Isso aconteceu na cela, uma noite depois de sua condenação. Ela seria mandada à forca, de qualquer maneira. Talvez só quisesse privacidade na hora da morte.

Esther suspirou profundamente, tentando digerir tal história.

–Céus... E o que você acha que esse rapaz irá fazer?

Holmes de mais uma baforada lenta. – Vingança, talvez. De todo modo, eu deixarei que ele dê o próximo passo. Quero ver como ele irá agir.

–Sherlock...

Holmes a deteve. – Não, Esther. Por favor. Isso é assunto estritamente profissional, sendo nada mais que consequência de meus trabalhos.

–E pessoal, não deixa de ser! Ao menos, para esse rapaz! Afinal, como você mesmo disso, você já foi noivo dessa mulher uma vez, não foi?

Holmes levava as mãos à cabeça. – Sim, fui... Mas há muito tempo atrás. Aliás, se eu troquei palavras às sós com essa menina duas ou três vezes, teria sido muito. Eu me lembro de encontra-la o tempo todo brincando com Catherine e...

Esther ficou surpresa. – Catherine?! Mas quem é Cath...?

Holmes não deixou que ela falasse o nome, que ele deixou escapar. Seu semblante tinha se torno obscuro, tanto quanto no momento que ele ouvira falar de Beatrice, depois de tanto tempo.

–Esther, por favor... Estou cansado e desejo dormir.

Esther assentiu. Já o conhecia bastante para perceber quando a conversa, para ele, estava encerrada.

–Tudo bem. Eu vou me deitar. E por favor, fique longe dessas malditas drogas...

Holmes olhou para Esther, com um olhar divertido.

–Mesmo que isso custe uma madrugada ouvindo Wagner?

–Pois que toque Wagner! Contanto que poupe suas veias dessa maldita cocaína, eu pouco me importo... – ela sorriu brevemente. – Isso me faz lembrar quando você ensaiava no quarto, em Montpellier. Como era o nome daquele inquilino que batia forte na porta quando você ensaiava música irlandesa?

–Domenique.

Os dois sorriram. – Exatamente. Ele mandava você parar com essa música devassa. – ela disse.

–E eu não poderia tirar-lhe a razão. Você sabia o que significava as músicas irlandesas que eu tocava? Ah, mas é claro que não, porque o irlandês não faz parte de suas habilidades. Enfim, um punhado de rimas sobre bebedeiras e mulheres... Coisas de irlandês.

–Curioso... Ele não era irlandês, mas sabia que as músicas eram devassas...

Holmes riu com a astúcia de Esther. – Eu não disse nada. Você é que está supondo algo malicioso a respeito dele.

–Mas é uma forte evidência de que, talvez, ele não fosse o homem íntegro que aparentava ser.

–Evidência circunstancial. Um dia vou explicar-lhe mais sobre isso.

–Estou esperando, Mestre Holmes.

Esther, que já estava de pé, perto da porta, deixando Holmes sentado sobre a cama, com um cigarro entre os dedos, decidiu se mexer. Aproximou-se dele, e beijou-lhe a testa.

–Tenha uma boa noite. – ela disse, com seu queixo encostado sobre o topo de sua cabeça, ao redor de seus cabelos negros sempre alinhados.

Quando já passava pelos aposentos de Holmes, de maneira discreta, Esther decidiu conferir, rapidamente, a pequena gaveta da sala, onde ela sabia que ficava o retrato de Irene Adler, e também sua maldita seringa. A gaveta estava trancada, entretanto. Ela não dera sorte desta vez em dar com a gaveta aberta, em um dos raríssimos descuidos de Holmes.

Andando a passos leves, quase sem fazer barulho, Esther já se encontrava descendo as escadas, com a mesma leveza de antes. A ausência de Watson e o sono pesado de Mrs. Hudson lhe dava mais segurança, mas ainda assim ela não se sentia á vontade para abusar tanto.

Já perto de sua porta, Esther ouviu uma batida. Fazia uma chuva forte, de modo que certamente ninguém escutaria o chamado da pobre pessoa. Ela se aproximou cautelosamente da porta, e ouviu o chamado de uma voz feminina, se destacando entre os trovões e o som forte da chuva.

Esther observou pelo olho mágico (invenção de Holmes, que ele tentara chamar de “dispositivo de observação”, mas que acabou prevalecendo a de Watson, chamando “olho mágico”) e percebeu uma mulher, sozinha. Certamente, era uma cliente de Sherlock Holmes.

–John! John! – chamava a voz misteriosa.

Uma cliente, chamando por John?

Quando Esther abriu a porta, arrancou daquela belíssima jovem, de cabelos castanhos claros e olhos espertos, um suspiro, talvez de susto, mas talvez de alívio por finalmente alguém escutá-la no meio daquela tempestade.

–Oh, muito obrigada por abrir! Eu realmente estava me perguntando se havia alguém em casa!

Antes que Esther pudesse esboçar qualquer reação, a moça foi logo adentrando, sem cerimônia. Esther tentou impedi-la, mas a moça começou a caminhar passos rápidos, deixando Esther cada vez mais aturdida.

Ainda mais ao perceber malas na calçada.

Mas o que está havendo?

–Saberia me dizer onde está John, criada? – ela perguntou, com arrogância na voz.

–Eu não sou criada! – respondeu Esther, irritada. – Sou uma inquilina, assim como ele.

–Realmente? A julgar por seu semblante, poderia dizer que era.

Ao perceber os olhos verdes da moça sendo lançados contra si, Esther percebeu que não estava vestindo uma de suas melhores camisolas, além de vestir um robe simples e bastante velho.

–Eu estava dormindo!

–É o que se espera de uma mulher direita, a uma hora dessas. Mas perdoe-me, agora dou-me conta. Você deve ser a esposa de John, Mary.

–Mary? Mas eu não...

A jovem parecia ignorá-la, como se falasse um discurso pronto.

–Peço perdão por confundi-la com uma empregada, Mary. Não estou no melhor dos meus humores. Perdoe também essa minha falta de modos, definitivamente terei de me adaptar à essa terra. – ela disse, agora observando o seu redor. – Mas essa casa precisa de uma decoração... Nem em Dallas fazem-se decorações assim, tão... Demodé...

–Será que dá para me dizer quem é você?! – explodiu Esther.

A moça ficou visivelmente chocada. Seus olhos verdes como esmeralda se arregalaram, mas foi tudo muito rápido.

–Ora, e você me diz que é inquilina como John, com tais modos... Depois nós, americanos, é que somos os selvagens... Francamente...

Esther levou suas duas mãos à cintura.

–Parece, Senhorita “Sem Nome”, que eu fiz uma pergunta. E espero uma resposta. Ou terei de chamar a polícia?

A jovem riu com o último termo. – Polícia?! Evidente que não. Pois parece que meu primo John jamais contou a respeito de mim por aqui, não é?

Esther franziu uma sobrancelha.

–Primo?


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Notas finais do capítulo

*música de suspense*

Se bem que nem precisa de tanto, né?
Enfim, vou perguntar porque é praxe...

Alguém sabe quem é essa moça que apareceu na calada da noite em Baker Street?

Acho que vocês já sabem quem é... Nem vou mencionar o nome, rs.

Então, estão com boas expectativas a respeito da entrada da Miss Watson? Algo me diz que ela vai aprontar muito... E se cuida, Esther, porque não pode dar mole para ela...

Espero que esse cap tenha deixado vocês animados para o que irei postar sábado.
Então, não percam: no próximo cap, teremos a revelação da identidade da moça (ninguém sabe, não é mesmo?) e a reação de todos os moradores de Baker Street com sua chegada repentina. Será que Watson reagirá bem a chegada da prima? E o que Holmes pensará de tudo isso? E a Estherzinha? RS, Já vimos que as duas não se bicaram logo no primeiro encontro, então... Promete!!!

Um grande bj, galerinha, e até sábado!!! Deixem reviews, quero saber o que estão achando!!

Obs.: E o que acharam do noivado de Holmes com Beatrice? História esquisita, não? Sem falar na tal da Catherine, que a mera menção fez ele se calar rapidinho... #falonada



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