A Garota Dos Defeitos escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 36
Funeral


Notas iniciais do capítulo

Gente adivinhem to sem internet... Sim de novo. Sinto muito pela demora, de verdade.Eu estou usando o computador da minha melhor amiga. Obrigada por todos que me disseram tantas coisas doces♥ Vocês são demais ♥3333
Amo vocês
tia Tam



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516873/chapter/36

A água quente escorria dos inúmeros buracos minúsculos do chuveiro. Ergui a cabeça e tentei contar o máximo possível deles, mas a água os deixava os meus olhos sensíveis.

— Suzanne?- Katherina chamou do outro lado da porta.

— Já estou saindo- falei sem a menor pretensão de fazer tal coisa.

Encolhi-me debaixo do jato d’água, até os dedos das minhas mãos e pés se assemelharem a uvas secas.

 Minha lógica era que se eu adiasse, não teria que lidar com o que estava por vir.

Pisei na roupa suja no chão, e usei uma toalha para enrolar uma toalha no meu cabelo e outra para secar meu corpo. Tudo com uma calma que eu não sentia.

Nós estávamos indo coloca-la de baixo da terra.

Abri a porta do banheiro com cuidado já que ainda estava quebrada.

Katherina não estava na sala de estar, ou na cozinha, então o próximo lugar para onde eu fui foi para o meu quarto. Meu palpite estava certo porque eu a encontrei sentada na minha cama calçando seu sapato.

— Oi- disse olhando para cima, encontrando meus olhos.

— Ei – respondi torcendo meu cabelo úmido com o dedo.

Ficamos em silêncio, olhando uma para outra. Cada coisa que dizíamos tinha que ser pensada, ou podia abrir uma nova ferida e nós mal podíamos lidar com as que já existiam.

— Quer que eu trance seu cabelo?- perguntou por fim.

Balancei a cabeça, e movi minhas pernas até onde ela estava sentada, percebendo que eu continuava parada na porta.

Meu celular tocou, e eu o peguei de cima do criado-mudo. A tela piscou e o nome Gabriel surgiu.  Rejeitei a ligação, e desliguei o celular, jogando-o dentro da gaveta com um pouco mais de força do que o necessário. Eu estava sendo novamente egoísta, mas me sentia cansada e confusa demais para falar com qualquer pessoa. Mesmo ele. Mesmo depois de tudo que ele fez, e da forma como cuidou de mim. Após me trazer para a casa ontem, com a descoberta das cartas, eu estava conflituosa demais até mesmo para dizer adeus.

24 horas não tinham mudado isso.

Ignorei o olhar estranho da minha irmã, e sentei em frente a ela. Seus dedos trançaram habilidosamente fio por fio, uma firme trança francesa.

— Obrigada – eu agradeci com um sorriso forçado e cansado. – Ficou bonita.

Fiquei de pé, e calcei um par de sapatilhas largadas perco do guarda-roupa.

— Temos que ir, Suzanne- Kat murmurou suavemente, quando viu que eu estava prolongando de propósito. _ Eu não quero ir tanto quanto você, mas sabe que estão nos esperando.

Suspirei, porque era tudo que eu conseguia fazer nas últimas horas além de chorar e me lamentar.

— Eu sei.

Katherina sugeriu que meus pais fossem na frente, e que nós duas encontrássemos ambos lá quando viu que eu estava adiando tudo ao máximo. Meu cérebro ainda estava tentando dizer ao meu coração que era a última vez que eu a veria, e que precisava me despedir. Meu coração por sua vez ainda não tinha aceitado a ideia, e estava se rasgando aos poucos em rebeldia.

Mordi meu lábio, e abaixei a cabeça disfarçando as lágrimas.

— Vamos. Eu estou pronta – menti.

 Era seu funeral. Sua última despedida.

 ***

Para todo lugar que eu olhava, eu encontrava olhares tristes e falsamente compreensivos. Uma parte feia minha se perguntava se minha família havia aberto suas cartas, toda vez que meus olhos pousavam neles. Quando eu entreguei as cartas aos seus legítimos remetentes, eu não disse que não havia uma para mim, apenas fui para o banheiro, e fiquei lá por um tempo sozinha. Um pouco por vergonha, e um pouco por confusão e até mesmo inveja. Eu ainda não entendia o porquê de não ter encontrado uma para mim. Será que vovó não teve tempo para escrever para mim, ou... Ou será que ela me culpava por não ter podido ajuda-la?  Eu não sabia e tinha medo de perguntar para minha família. Tinha medo da resposta que me dariam.

Ao todo estavam presentes mais ou menos 60 pessoas. Amigos, vizinhos, parentes e conhecidos de antigos empregos – eu não conhecia grande parte das pessoas que olhavam para mim, mas vovó sempre foi fácil de relacionar, isso explicava tantas pessoas com o desejo de se despedir.

Todos que chegavam iam até o seu caixão, alguns sussurram algo, outros não. Enquanto eu observava isso, eu me sentia em uma espécie de bolha observadora. Eu quase podia acreditar que não era eu sentada em um banco marrom de madeira velando minha avó, estava se não fosse pelas ocasionais soluços da minha família.

Com o passar dos minutos eu parei de me forçar sorrir toda vez que alguém prestava condolências a mim, e a minha família. A sensação estranha de entorpecimento que eu tinha sentido pela primeira vez no hospital tinha voltado.

Katherina, meus pais e eu estávamos sentados na primeira fileira de bancos na igreja. Eu era relativamente pequena em relação a eles, porém se eu esticasse meu pescoço apenas um ou dois centímetros teria a mesma visão que eles estavam tendo de dentro do caixão. Não fiz isso.

Embora vovó sempre tenha dito que nunca precisou de uma igreja para ter sua fé, escolhemos fazer seu funeral em uma das igrejas que ela costuma... Costumava ajudar com doações.

Costumava.

No passado.

Em cada uma das janelas grandes havia um bonito vitral colorido. Era um pouco engraçado como minha mente se concentrava em centenas de pequenas coisas, e não que era realmente importante.

Vitrais coloridos.

Bancos de madeira marrons escuros.

A chuva finalmente tinha cessado, revelando um sol hesitante por trás de tantas nuvens cinzentas.

Minha avó está morta.

O som quase inexistente de conversas parou por completo quando o pastor tomou seu lugar atrás do púlpito. Seu tom era gentil e seu cabelo completamente grisalho. João era seu nome. O pastor João começou a contar a todos a pessoa que vovó era. Seus talentos, e qualidades. Aquilo me irritou, porque se ele conhecesse minha avó nem que fosse um pouco, saberia que ela odiaria ser taxada como alguém tão perfeita.

Percebi que seria muito mais fácil se eu continuasse focando em detalhes menos importantes. Menos dolorosos. Movi-me mecanicamente imitando os gestos de todos ao meu redor.

Levantar. Baixar a cabeça. Rezar. Repetir palavras. Sentar novamente. Fingir escutar.

Pouco depois ele chamou minha mãe para dizer seu discurso fúnebre, eu sai do meu estupor a tempo de ouvir suas palavras finais.

—... Ela me ensinou tanta coisa. Coisas tolas como amarrar meus cardaços- mamãe sorriu fracamente como se uma memória dessa época a tivesse invadido. - Me mostrou que devemos aproveitar cada dia ao lado de quem amamos – ela limpou as lágrimas que não paravam de cair, e tentou se recompor. Eu quis correr e abraça-la. - Eu amo você, mãe. Sua partida foi demasiado cedo demais. Você já está fazendo falta.

Todos continuaram em silêncio quando de algum jeito, ela andou de volta até seu lugar.

O discurso de Kat foi ainda mais doloroso de ouvir. De trás do púlpito ela ergueu os ombros, e encarou a todos nós. Diferente de todas as outras vezes, não havia um pingo de desafio em seus olhos, apenas a mais crua das tristezas.

— Eu sei que muitos aqui amavam minha avó. Sei que todos sentiram sua falta, por saberem o quanto ela foi especial em nossas vidas. Minha avó era uma pessoa incrível, ninguém aqui pode negar tal fato – sua voz vacilou ao usar o passado. Eu a entendia. Senti alguém tocar meu braço, e fiquei agradecida ao ver que era minha mão quem fazia isso, por cima do seu ombro meu pai sorriu fracamente como forma de apoio. Dei um sorriso forçado em troca, e voltei a prestar atenção em Kat._ Mas embora ela fosse tudo isso e muito mais nós todos sabemos que ela odiaria ser elogiada como se nunca tivesse cometido erros, e fosse perfeita – prosseguiu, e eu percebi que isso não fazia parte do seu discurso. Mesmo de onde eu estava notei suas mãos tremendo enquanto ela tirava um papel amassado do bolso do seu vestido preto e desdobrava. Antes que pudesse começar a ler, Katherina começou a chorar, e meu coração se partiu com o som. Eu estava de pé antes, que eu pudesse perceber, indo em sua direção. Katherina olhou para mim, e balançou a cabeça, como se me falasse: tudo bem, eu consigo. Tornei a me sentar, e lancei um meio sorriso para ela articulando com os lábios: você consegue fazer isso.

Uma batida inteira se passou, até que kat encontrou sua voz:

— Lembro-me do meu primeiro ano na faculdade, e de como tudo era complicado e maçante. Eu tinha acabado de sair da casa dos meus pais, e tinha deixado o seguro para trás, eu contei isso á ela, contei das inúmeras vezes em que eu quis desistir. Ao invés de me dizer que tudo ficaria bem, como uma boa avó faria, ela gritou comigo pelo telefone. ‘’ Quer desistir quando acabou de começar? Quer desistir depois de ter lutado tanto por isso? – ela disse. Pensei melhor no que quer da sua vida, ou eu juro que vou até ai chutar seu traseiro – várias pessoas riram assim como Kat logo antes de travar uma batalha contra as lágrimas. _ Na semana seguinte, ela venho me visitar trazendo consigo minha torta favorita, e me assegurou que independente do que eu fizesse daquele momento em diante, ficaria orgulhosa de mim, Esse era o tipo de pessoa que a minha avó era.

***

Alguns amigos contaram velhas histórias de escola, e eu me peguei conhecendo uma nova Angeline além da mulher que fazia biscoitos e tortas para as netas. Quando o pastor voltou a falar eu honestamente mal o escutei. Meu desejo era que tudo acabasse logo, para que eu pudesse ir para longe. Mas então chegou minha vez de falar.

Meus olhos varreram a igreja a procura de mais rostos conhecidos. Eu garanti a Beca e a Caique que não precisariam vir hoje. E quanto a Phil e a Gabriel... Eu não sabia ao certo o que pensar.

Limpei a garganta, tentando ignorar tantos olhares fixos de uma só vez em mim.

Foi como mamãe e Kat se sentiram?

Tudo estava tão silenciosamente que eu pude ouvir novas pessoas chegando. Meus olhos se arrastaram até a porta da igreja, e meu coração voltou a bater normalmente por um segundo, vendo Phil e Gabriel caminhando para o fundo da igreja. Observei ambos sentarem nos lugares vagos algumas fileiras atrás de onde minha família estava sentada. Meus olhos seguiram Gabriel ate que nossos olhos se encontraram e eu desviei.

Katherina franziu a testa para mim, e articulou como os lábios: você está bem? Balancei a cabeça, percebendo que eu continuava parando olhando para o fundo da igreja.

As pessoas continuavam me encarando. Seus olhares afiados de pena esperando que eu compartilhasse algo belo e emocionante. Eu deveria fazer exatamente isso. Eu tinha tantas lembranças. Boas e ruins, mas... Não conseguia. Não queria dividir isso com ninguém. Era tudo que restava.

Vovó não me obrigaria, mas se eu não fizesse, eu iria decepcionar a ela e a todos novamente.

Faça isso por ela – minha mente ordenou acusatoriamente. – Não a decepcione mais uma vez.

Forcei meus olhos para o caixão, e cerrei os punhos.

Todos merecem palavras bonitas.

Fechei meus olhos por um segundo e comecei a cantarolar os versos favoritos da canção de ninar que eu passei a infância ouvindo. Vovó a cantava para minha mãe, e ela cantava para mim e para Katherina. Nos provavelmente cantaremos para os nossos filhos.

Que as borboletas te elevem mais longe.

No ano passado eu tentei preparar cookies para vovó e acabei explodindo massa pela parede inteira. Nós duas passamos quase duas horas limpando tudo.

Que o vento te faça mais leve.

Pouco antes de um mês atrás, fomos assistir a um filme de terror no cinema e gritamos tanto que fomos expulsas de lá.

 Que as estrelas te façam brilhar.

Ela era a única que conseguia desembaraçar meu cabelo, além da minha mãe e Kat.

Durma meu pequeno sol.

Quando Renan me traiu, nós comemos sorvete, e quebramos coisas no quintal gritando sem parar o quanto detestávamos os homens.

E que os anjos te façam sonhar.

Eu disse que a odiava.

****

Gabriel Wolf

Ela não queria abrir os olhos, mas seu rosto e corpo mostrava sua luta interna. Os lábios selados e franzidos, os punhos cerrados, as lágrimas jorrando mesmo através dos seus olhos fechados.

A igreja inteira estava silenciosa, mas de certa forma mesmo se houvesse uma banda de rock tocando solos de guitarra, eu ainda seria capaz de me concentrar apenas nela, e no meu coração batendo acelerado contra a minha caixa torácica.

Eu não deveria estar aqui, hoje era o dia em que eu oficialmente começaria meu primeiro dia do estagio que meu pai arrumou para mim na empresa em que ele trabalha como havia ameaçado em uma das nossas brigas, mas ele saberia que não haveria chance alguma de eu estar lá e não aqui.

Houve um dia, nos vários em que Angeline esteve internada em que ela pediu para me ver, isso me deixou surpreso, mas não deveria. Angeline era impar em quase tudo.

Quando cheguei ao seu quarto hospitalar um enfermeiro estava regulando sua dosagem de remédios, instantes depois ele se retirou me avisando para não demorar ou cansa-la. Pareceu-me tão estranho ouvir aquilo, porque Angeline sempre me pareceu inquebrável. Ate então eu costumava pensar o mesmo dos meus pais, e tudo que foi preciso para acabar com essa teoria estúpida de criança foi um maldito acidente.

Enquanto eu andava até ela, não pude deixar de lembrar as inúmeras vezes que fui chamado até a sala do diretor por ter me metido em confusão. Arrastei a única cadeira do quarto para mais perto de sua cama, e sentei.

— Esses remédios sempre me deixam sonolenta, não se julgue entediante se eu cochilar no meio de uma frase.

Balancei a cabeça, inesperadamente rindo.

— Eu me sinto exatamente assim nas aulas de história.

— Como tem passado Galetinho?- perguntou, e riu. O som foi frágil e me um aperto estranho no meu peito._ Suzanne me mataria por lhe chamar assim.

Franzi as sobrancelhas sem entender.

— Prometo que guardarei esse segredo com honra.

Desejei saber o porquê de ela ter querido me ver, mas mesmo curioso não quis perguntar.

— Como Phil e você se sentem?

Dei de ombros.

— Bem. Estamos bem.

— é difícil estar aqui, não é?

Meu corpo ficou tenso, e eu abaixei meus olhos para os meus coturnos.  Lutei para ficar ereto e confortável, mas eu era estupidamente maior que a maldita cadeira. Era irônico que eu sentisse miseravelmente pequeno.

Este mesmo hospital foi onde eu fiquei internado logo após o acidente que matou a minha mãe há quase cinco anos atrás. Eu não tinha o reconhecido num primeiro momento, mas logo depois tudo venho.

’Sua mãe não sobreviveu’’- meu pai me disse anos atrás.

Se era difícil? Como o inferno!

Eu iria embora? Quem sabe, arrastado.

— Meu pai tem estado quieto nesses corredores. É difícil para ele. Ele não me diz nada, mas eu o conheço bem o bastante para saber que é.

Eu tinha ouvido uma parte de uma conversa com os pais da Suzanne enquanto achavam que eu estava dormindo noutro dia como confirmação.

— A amizade do meu pai com Fernando nunca deixou de ser sincera, apesar dos anos sem se verem.

Ao contrario da relação que eu tinha com meus antigos amigos, e colegas da escola. Meus amigos vizinhos tinham se mudado, e os poucos colegas que eu encontrei por acaso pareciam estranhos ao me ver. Eu me senti da mesma forma. Tudo isso trouxe lembranças. Lembranças em sua maior parte ruins.

Sorri.

— Concordo senhora.

Um leve bufar venho dela a seguir.

— Me chamo Angeline.

— Angeline- repeti com um floreio.

— E sobre você? Porque está aqui?

A pergunta me pegou desprevenido, mas eu fui rápido em responder.

— Me importo com ela. - Eu odiava o lugar o suficiente para querer quebrar alguma coisa, mas não era sobre mim, era sobre Suzanne.

—Uma resposta simples, porém verdadeira. Gosto disso. Sem complicações. - Com o que pareceu um esforço sobrenatural gesticulou com o indicador para eu me aproximar. Suas próximas palavras soaram de forma conspiratória._ Já que estamos compartilhando segredos, diga vocês se conheciam antes daquele jantar não é?

A coisa conversa começou a me lembrar de um interrogatório. Eu vacilei sem saber o que dizer. Suzanne obviamente não havia contado a verdade por um motivo.

— Ah vamos meu rapaz que mal há em compartilhar?

Lembrei-me do que o enfermeiro disse sobre cansa-la, e como se lesse meus pensamentos ela rolou os olhos petulantes como alguém da minha idade. Doente ou não Angeline Walker tinha personalidade.

— Em um banheiro de um shopping- contei com uma risada lembrando o desespero da Suzanne tentando fugir de Fernando.

Contei a história omitindo algumas coisas e me deixando um pouco mais heroico do que eu realmente fui fazendo-a rir.

— Era tudo que eu queria ouvir, meu jovem.

— Por quê?

— Consigo ver quando alguém nutre um sentimento verdadeiro por alguém. Um sentimento além da amizade.

Não soube o que dizer para ela. A mulher nunca deixaria de me surpreender, decidi. Eu não corri para longe de suas palavras como teria feito dias atrás.

— Pode me fazer um favor?-indagou após uma pausa constrangedora.

Apesar do sorriso sincero em seu rosto, uma melancolia penetrou seus olhos.

— Basta dizer Angeline.

— Cuide bem dela.

Apesar de não ser nada dela além de um conhecido, tudo em mim chacoalhou em uma perda que não me pertencia realmente, mas que eu era incapaz de ignorar.

— Você mesmo fará isso- eu disse, mas nada na minha voz ou no meu rosto mostram qualquer tipo de credibilidade.

— Sabemos que meu tempo está no fim­- mesmo com tais palavras ela sorriu e seus olhos enrugaram um pouco nos cantos. Sua voz estava mais séria e mais solene do que durante toda nossa conversa._ Se eu pudesse eu cuidaria dela. Cuidaria dela de Kat e de todos, mas não posso. Não posso mais cuidar nem mesmo de mim. Eu estou pronta para ceder esse papel para outra pessoa. Você. Consegue fazer isso?

— Eu lhe dou minha palavra.

Minha mente me trouxe de volta ao presente. Imaginei-me no lugar dela. O que eu diria em homenagem a minha mãe?

 Que tipo de coisa eu faria para estragar tudo?

Cerrei os punhos, pensando nisso. Minha mãe havia morrido há quase cinco anos, e ainda era uma ferida exposta. Para a família Walker, e principalmente para Suzanne era um pesadelo real.

Minhas pernas assumiram o comando, e eu estava caminhando até ela sem me importar com os olhos se deslocando dela para mim.

— Ei, - eu disse baixinho não querendo erguer minha voz. Ela parecia tão frágil que tudo que eu queria era abraça-la e protegê-la de todos os olhares cravando em nós._ Abra os olhos, Formiguinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Garota Dos Defeitos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.