O retorno de Tom Riddle

(narradora)

Harry e Percy se afastaram da parede de destroços. A ponta acesa das varinhas iluminava fracamente o caminho que dava inúmeras voltas.

No fim do túnel, entalhadas na parede estavam entrelaçadas duas cobras de pedra. As esmeraldas em seus olhos as tornavam ameaçadoras, pareciam estar vivas.

“Abram” o silvo que saiu da boca de Harry fez com que elas começassem a se mover. A parede se dividiu ao meio e deslizou até sumir de vista.

No meio do caminho Harry sugeriu que o amigo fosse pelas sombras, escondido, e aparecesse caso ele precisasse de ajuda.

Quando finalmente chegaram ao último par de colunas, havia uma estátua tão grande quanto a parede. Era um enorme bruxo de pedra, com uma longa barba que chegava quase a barra das vestes. Entre seus pés jazia um vulto de cabelos flamejantes.

Percy se manteve no plano e continuou nas sombras enquanto Harry corria para ajudá-la.

(Harry)

– Gina! – ajoelhei-me ao lado dela. – Por favor esteja viva, por favor...

Ela estava pálida, o calor se esvaia do seu corpo e seus olhos estavam fechados. Se ainda não morrera, o fim se aproximava.

– Ah Harry, ela não vai acordar. – disse uma voz às minhas costas.

Um garoto alto, de cabelos negros, se encostava na coluna mais próxima. Seus contornos eram borrados, como se estivesse atrás de uma janela suja. Mas, ainda assim, é inconfundível.

– Tom Riddle? – ele assentiu. – O que quer dizer com “ela não vai acordar”? Ela não está...

– Morta? – completou a pergunta. – Não, ainda não.

Ele não devia estar lai. Estudara em Hogwarts cinquenta anos atrás, mas parecia congelado em seus dezesseis anos.

– Você é um fantasma? – perguntei, mesmo que ele não parecesse.

– Uma lembrança, - falou orgulhoso. – preservada em um diário por meio século.

O diário que encontrara no banheiro estava jogado no chão perto de nós. Perdi um segundo pensando em como ele chegara ali, mas salvar Gina era a prioridade.

– Tom, você precisa me ajudar. – pedi. – O monstro da Câmara é um basilísco, ele pode aparecer a qualquer momento.

Deixei minha varinha no chão para tentar levantar a garota, mas quando fui pegá-la de volta ela tinha sumido. Tom girava minha varinha entre os dedos, distraidamente.

– Obrigado. – estiquei meu braço, mas ele não me devolveu a varinha. – Olha Tom, precisamos ir embora! O basilísco pode vir a qualquer momento e...

– O monstro não virá até ser chamado. – interrompeu-me

Voltei a deitar Gina no chão. Se não fossemos sair dali imediatamente, não valeria gastar minha energia para segurá-la.

– O que quer dizer? E me dê minha varinha, posso precisar dela. – pedi, tentando não perder a paciência.

– Você não precisar dela. – sorriu.

– Como assim? – estava ficando cansado de frases ambíguas e perguntas sem resposta.

– Sabe, eu esperei muito por isso. Uma chance de vê-lo, de falar com você.

– Teremos tempo para conversar depois, acho que não está entendendo, podemos ser atacados a qualquer momento.

– Nós vamos conversar agora.- Nesse momento, me perguntei onde Percy estava.

– Como Gina ficou assim? – perguntei lentamente.

– É uma pergunta interessante e uma longa história. Digamos que ela abriu seu coração e contou todos os segredos a um estranho invisível.

– Do que está falando? – eu estava realmente confuso agora.

– Do diário, meu diário. Está escrevendo nele a meses, me contando todos os seus problemas, preocupações e como achava que o fantástico Harry Potter jamais gostaria dela. – falou. – É muito chato ter que aguentar uma garota de onze anos, mas fui paciente e gentil. Tenho facilidade em fazer as pessoas gostarem de mim quando preciso. Gina me revelou sua alma, que era exatamente o que eu precisava. Fui ficando cada vez mais forte, muito mais poderoso que a Srta. Weasley, comecei a introduzir alguns dos meus segredos a ela, aos poucos comecei a instalar uma parte da minha alma...

– O que está querendo dizer? – a verdade era que eu sabia, só não queria acreditar.

– Não adivinhou ainda Potter? – debochou. – Gina Weasley abriu a Câmara Secreta, estrangulou os galos, escreveu as mensagens na parede e fez a cobra atacar os cinco sangues ruins e a gata do Filch, aquela aberração.