O país secreto. escrita por Apenas eu


Capítulo 59
Eu te entendo


Notas iniciais do capítulo

Oi, bebezões azuis :3

(Não me perguntem por que chamei vcs assim kkkkk acho q porque bebês são fofos e azul é uma cor legal)



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– Há muito tempo atrás, havia um garoto - Recita uma voz logo atrás de mim, me sobressaltando. Me viro no mesmo instante, encontrando Vindre se levantanto aos poucos, com um brilho ainda mais louco nos olhos, e um sorriso psicótico. Apesar de um pouco abalado, ele está surpreendentemente bem para alguém que acabou de levar a pancada de um raio. - Um garoto órfão, que morava em um orfanato bem humilde. Todos esperavam muito dele, esperavam que ele fosse tão poderoso que jamais alguém desconheceria seu nome... E isso se prolongou. - Ele estala o pescoço, depois cada dedo da mão, soltando um grande suspiro. - Até que um lindo dia, alguém se destacou mais que ele: um menininho magricela e pequeno, com um montinho de cabelo ruivo no alto da cabeça. Ele ficou enfurecido por saber que o novato roubara para si todas as atenções e que, mais tarde, ele viria a ser rei... Então lutou para conseguir o que queria. Poder.

Hellena se senta, com uma careta de dor. Eu fico olhando para Vindre como se não acreditasse que ele está ali. Que, depois de toda essa luta, eu teria de encará-lo outra vez. Vindre alarga ainda mais o sorriso, que misteriosamente carrega um arzinho de bondade e perspicácia. Ele se empertiga, caminhando lentamente ao nosso encontro.

– Vamos ver se vocês adivinham quem era esse garotinho.

Hellena se movimenta para levantar-se, e quase não consegue, meio cambaleante.

– Eu sei - Murmura, fraca, com dificuldade em se manter sobre duas pernas. - Eu sei exatamente quem é, e como se sentia. Eu conheço uma história parecida.

Vindre e eu desviamos o olhar para ela: eu, surpresa; ele, interessado. Do que Hellena está falando? Por que os olhos dela estão tristes e compreensivos? Por que ela parece querer consolar Vindre mais do que matá-lo? A verdade é que eu estou muito cansada disso tudo. Eu só quero matá-lo e voltar para casa - é tudo o que preciso. Se eu tivesse forças para lançar alguma labareda, sem dúvidas já o teria feito, contudo estou esgotada.

Hellena anda sobre os livros, tropeçando, parecendo ansiosa para chegar até Vindre. Assim que está para alcançá-lo, ela tropeça e quase cai, mas é amparada por ele.

– Uma menina que vivia à sombra de sua irmã - Sussurra ela. - Para todos, sua irmã era perfeita, era educada, era carinhosa, era a melhor pessoa. E ela... Ela não era nada disso. Era apenas a cópia defeituosa de sua irmã.

Fico boquiaberta, observando Vindre segurar os ombros de minha prima. Confesso que nunca soube que era isso que se passava na mente de Hellena. Para mim, ela estava bem habituada em ser tratada diferente de sua irmã, afinal, ela tratava aos outros de um modo diferente, também. Se eu prestasse mais atenção nas coisas ao meu redor, veria que na realidade ela sempre se mostrou insatisfeita. Eu tratava Luize como minha protegida, já Hellena era mais uma pessoa para conversar. Dianna sempre elogiou Luize, no entanto, quando o assunto era Hellena, ela costumava dar broncas. As únicas pessoas com quem Hellena se dava perfeitamente bem eram William, Stive e Chris, os meninos.

Sinto o chão sumir sob os meus pés, e uma pena enorme crescer no meu íntimo. Vindre afasta uma mecha de cabelo do rosto de Hellena, com seu sorrisinho bondoso.

– Eu entendo como se sente - Ela continua. - Porque eu já me senti assim. As pessoas se esquecem que somos humanos, e temos sentimentos, e nos magoam. Elas deixam claro o quanto não importamos para elas. - Sua voz tem uma nota mais abafada, e suponho que esteja chorando. Não posso ver, pelo ângulo em que ela está, meio de costas para mim. - Às vezes eu me sinto sozinha, ainda que esteja rodeada de gente. Sinto que as pessoas estão se distanciando de propósito, e que eu sou um incômodo para elas. Era assim que você se sentia, não era?

Vindre desliza as mãos dos ombros de Hellena, e se afasta um passo. Ele ainda olha fundo nos olhos dela, mas agora está sério, como que refletindo. Eu continuo jogada no chão feito um trapo velho, me sentindo estranhamente mal por estar presenciando esse momento, escutando essas palavras. Tudo o que eu preciso é achar Annabely e sair correndo daqui.

– Que bom que você me entende - Diz Vindre. - É ótimo encontrar pessoas que compartilham do mesmo sentimento que você. Mas você não precisa sofrer tanto por quem não merece... Eu vou te ajudar com isso.

Ele estende a mão para ela. Por um instante de hesitação, penso que Hellena se recusará a apertá-la, todavia, no minuto seguinte, ela ergue a mão.

– Mais uma coisa - Ela diz. - Me responde uma pergunta.

Vindre dobra os dedos, e posso jurar que algum sinal de raiva passa pelo seu rosto envelhecido.

– O que quiser.

– Por que as pessoas pensam que não temos coração? - Ela toca o peito dele com seus dedos pálidos e compridos. - Será que elas acham que nossos corações são pedras de gelo?

Solto uma exclamação, ao ver a cor se esvaindo do rosto de Vindre. Seus olhos saem do castanho e se tornam azulados e vidrados. Seus lábios assumem um tom roxo doentio, e ele, com um último urro, se torna uma escultura de gelo.

Hellena tomba para trás, quase caindo.

– O seu, certamente, agora é uma linda pedra de gelo.

Gargalho nervosa, com os olhos enormes de medo. Ela vira para mim, e mantém uma expressão dura e impenetrável.

– Vamos encontrar Annabely.

Me pergunto se tudo o que ela disse foi verdade, ou apenas um truque para enganar Vindre e congelá-lo. Olhando-a agora, enquanto ando ao seu lado, posso dizer com certeza que tudo foi muito real. Hellena sempre reprimira sentimentos como esse, assim como eu escondia que sentia uma pontada de ciúmes por Dianna ser sempre a favorita. Ela e eu somos muito parecidas e, talvez por isso, nunca revelamos uma para a outra o que pensamos.

Quando chegamos à escada, eu pigarreio.

– Eu sinto muito.

Ela tranca a mandíbula, e fecha os olhos com força. Seus punhos estão cerrados, seu cabelo loiro-azul tem algumas mechas sujas de sangue. Ela não me responde, apenas para momentaneamente de andar e depois segue seu caminho, comigo logo atrás.


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Notas finais do capítulo

Vcs nem comentam mais :'(
Mas tudo bem kk, eu amo vcs do mesmo jeito



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