O país secreto. escrita por Apenas eu
Notas iniciais do capítulo
Oiiier meus lindos e maravilhosos leitores!
Eu observara a falsa Dianna por bastante tempo, estudando suas expressões e seu jeito estranho de agir. Preciso ter certeza que a garota de meu sonho dissera a verdade, para então desmascará-la. Algo dentro de mim já desconfia da menina, mas minha insegurança ainda grita mais alto.
A tarde ensolarada é um tanto incômoda quando andamos incessantemente por uma floresta repleta de buzzes. Por não ser muito fã de caminhadas, minhas pernas doem furiosamente e tenho a necessidade de parar vez ou outra e respirar grandes golfadas de ar, até que me recomponho e retomo meu caminho. O coração e a mente experimentam um turbilhão de sensações, e o desconforto é a mais presente. Sem contar com o medo. Medo de perder minha família, ou de alguém já ter morrido e eu não saber. Hellena, embora gaste a maior parte do seu tempo rindo e batendo em Vedir, vejo que está mal. Porém, antes de questionar o que se passa com ela, devo escrever mentalmente uma entrevista completa para realizar com Dianna - ou a réplica dela.
Penteio os cabelos curtos com os dedos e depois esfrego as mãos sujas. Acho que um banho seria mais do que bem-vindo, dadas as minhas condições. Quando eu montava acampamentos no jardim, saía assim que me cansasse, tomava uma boa chuveirada, comia a deliciosa comida da minha mãe, escovava os dentes decentemente e ia dormir na minha maravilhosa cama macia. Dessa vez eu não tenho escolha.
Fazemos parada para comer e descansar quando o céu adquire um tom alaranjado, sugerindo o fim de tarde. O lugar não é dos mais confortáveis, mas para mim está ótimo. Há árvores secas ao redor, um gramado fofo e uma bela vista do pôr-do-sol. Excelente.
– Emma - Larm aponta sua harpa para mim, e sorri. - Não quer vir comigo buscar lenha?
Tento reprimir o sorriso quando vejo o olhar maldoso de Hellena, e sigo com ele de cabeça baixa. Quando tomamos uma boa distância do grupo, ele começa a recolher os galhos do chão em silêncio, e eu apenas o estudo, abaixado e concentrado, separando os melhores galhos e os pondo de lado. Balanço-me para trás e para frente, assobiando.
– Vem me ajudar, meu amor - Ele diz.
Abaixo-me ao seu lado e ajeito o vestido para não aparecer o inapropriado. Acompanho-o na seleção da lenha, o observando com o canto do olho. O suor lhe escorre pela lateral do rosto, seus olhos estão completamente negros - ele os deixa assim para evitar perguntas, e só os põe normais quando está a sós comigo - e o cabelo cai em sua testa e prende-se atrás da orelha. A barba já está na hora de ser aparada, e sua expressão séria me intimida um pouco. Noutra ocasião, eu suporia que um homem como esse nunca se interessaria por uma garota como eu... E talvez seja assim, afinal.
Permaneço quieta, realizando o trabalho monótono, até que ele resolve falar:
– Meu amor, estou te achando estranha ultimamente.
Olho-o diretamente, abandonando o que fazia. Ele, no entanto, nem sequer me lança um rápido olhar.
– Não sei do que está falando - Retruco, embora seja uma grande mentira.
Larm suspira e ergue um olhar cansado para mim. Seu sorriso tarda, mas vem, e logo seus dedos correm por meu rosto e param em meu queixo, causando um arrepio involuntário.
– Percebo que você tem passado muito tempo quieta e quase matando sua prima com os olhos.
– Ela não... - Me detenho. - Isso não é verdade...
Ele se levanta e eu imito o movimento, ficando frente a ele. Se eu olhasse para frente, não veria nada além de seu peito forte, então olho ligeiramente para cima, para seus olhos totalmente negros.
– Você sabe que é, meu amor. - Ele acaricia meus cabelos. - Mas só me conte quando estiver pronta. Não quero que se sinta pressionada.
Sorrio, feliz por ele entender. De qualquer forma, ele saberá quando eu revelar a todos o que está acontecendo. Quando eu disser que Dianna é uma impostora. Muito provavelmente a mataremos após a confissão e daremos um jeito de encontrar a Dianna de verdade. E depois salvaremos Will, Annabely e Chris. E até mesmo Amélia e Júnior, se eles já não estiverem mortos.
Larm me dá um beijinho na testa, apanha nossa lenha e me deixa para trás. Fico parada, com os pensamentos mais malucos rondando a mente, e depois corro atrás dele.
Somos recebidos com outro olhar maldoso de Hellena, o que não nos afeta em nada. Após a fogueira ser montada, atiro uma rajada de fogo na lenha e este rapidamente cresce e aquece a todos nós. O fato é que fogo e gelo mágicos são impressionantes; assim como o fogo é ateado muito rapidamente e apaga quando nos convir, o gelo nunca derrete. É incrível.
Formamos uma roda de onze pessoas. A partir de mim, no sentido horário, estão Larm, Demmie, Vedir, Hellena, Dianna, Giroy, Jayssa, Stive, Doquo e Liam. Digamos que não é muito legal estar entre os dois caras que gostam de você. Querem sempre chamar sua atenção e... Enfim.
– Emma - Diz Hellena, pouco a vontade sob os olhares de Vedir. - Depois eu posso falar com você?
– Hellena Bouringor pedindo permissão? - Stive diz, com ar de deboche.
– Cala a boca, Enferrujado. - Ela rebate. Vejo o rei enrubescer e ela logo diz a ele: - Nada pessoal, coroa.
Dou uma risadinha, mas ela se perde no ar assim que sinto o braço de Larm pousar em meu ombro. Liam amarra a cara e, consequentemente, Demmie também. Prendo o fôlego, embaraçada com a situação. Não me mexo, não falo, e minha postura excessiva começa a me dar dor nas costas. A tensão fica no ar por constrangedores três minutos, até que Larm retira seu braço e eu torno a respirar novamente.
– Ei, Dianna - Falo para ela, aliviada. Agora eu posso pôr meu plano em ação. - Lembra aquela vez em que houve uma guerra de comida na escola? Foi tão engraçado!
Rio, fingida, pois nunca houvera briga de comida alguma na escola. A minha esperança é que ela diga que se lembra, e que até mesmo dê umas risadas, pois seria impossível alguém se lembrar de algo que nunca houvera. Então tento bancar a atriz por uns instantes. Demmie, que já sabe todos os meus pensamentos, sorri e dá base à mentira.
– Aquela que você me contou? - Gargalha. - Que a Dianna terminou toda coberta de molho? De suas lembranças essa é a mais hilária!
Todos os outros estão confusos, e eu devo prosseguir. Ignoro-os e debato com Demmie.
– Sim, essa! - Rio mais alto ainda. - Não tem como não se lembrar. Você se lembra, Didi?
– Ah, não - Ela responde, e meu sorriso vacila. - Eu perdi muitas memórias durante o tempo ruim com Drafe. Talvez essa tenha se esvaído.
Pestanejo, incrédula. Esta era a minha deixa para desmascará-la! E ela, ainda assim, se recusou a cair em minha arapuca. Demmie me olha, séria, e faz um aceno de cabeça, me chamando. Ela se levanta e vai para mais além das árvores e, quando a alcanço, me segura pelos ombros e diz, olhando em meus olhos com os seus completamente vermelhos:
– Ouça, Emma, tem alguma coisa muito errada acontecendo aqui.
Não respondo, sentindo o pânico se agitar dentro de mim. Demmie, a garota ruiva, alta e esguia, de nariz torto e lábios finos, parece preocupada. E eu nunca a vi preocupada.
– Tem um grande problema, eu sinto - Ela olha para trás, certificando-se de que estamos sozinhas, e quando seu olhar recai sobre mim outra vez, estremeço. Agora, além da preocupação, Demmie está furiosa. - Você sabe que eu sou uma das mais poderosas leitoras de mente do mundo; sabe que, se caso eu não puder ler a mente de alguém, é porque há algo estranho.
Não consigo dizer nada, apenas ouço pacientemente.
– Quando a Dianna retornou, eu comecei a desconfiar. Pois eu conheço Drafe; sei que ele não a libertaria só porque ela quis assim. Então mantive um pé atrás com ela.
Estreito os olhos, e ela aperta ainda mais meus ombros, apressando-se em dizer:
– Eu não consegui ler a mente dela! - Sussurra, com uma nota de indignação na voz. - Achei que fosse por conta do seu estado deplorável, mas não! Quando ela se recompôs, eu repeti o procedimento de leitura de mente e, ainda assim, não fui capaz. Desde então, venho buscando entender o porquê, lembrando-me de minhas limitações...
Seus olhos correm o chão e depois ela me sacode de leve e olha novamente para o meu rosto assustado.
– O que eu descobri me deixou um pouco pasma. Porque só há dois tipos de dons incompatíveis com a telepatia. Dois tipos de pessoas que eu não conseguiria ler a mente nem que tentasse muito. Outros leitores de mentes e... - Ela se cala. As expressões fogem do seu rosto e ela diz baixinho - Os metamorfos.
– Sim - Eu fecho os olhos com força. - Eu sei, ela é um metamorfo, você viu isso na minha mente. Mas se você sabia disso antes de mim, por que não disse nada?
Ela me empurra e aperta a ponte do nariz, para se tranquilizar.
– E se eu fizesse? - Murmura. - Você acreditaria? A Hellena, o Stive? O Liam? Por favor, Emma, vocês estavam tão felizes com seu retorno que se eu entrasse com algo assim, achariam que eu estava louca. Teria matado-a assim que descobri a verdade, mas e vocês? Obvio que me matariam também. Não é uma ideia muito sensata, senhorita.
Dou dois passos em sua direção, com as pernas bambas.
– Muito bem - Suspiro. - Melhor arranjarmos um jeito de mostrar aos outros a verdadeira identidade dela.
Ela assente, ainda frustrada, e depois retornamos aos demais.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Parece que nossa querida Demmie sabia de tudo o tempo inteiro :P