O país secreto. escrita por Apenas eu


Capítulo 32
O duelo


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqq d novo! :3



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Estar aqui, nesse porão antigo e empoeirado é infinitamente melhor que passar meus dias e noites naquela caverna. Os guardiões são geniais, lutam como bons guerreiros e controlam perfeitamente bem seus dons. Não posso dizer a mesma coisa de mim. O fogo não me obedece como gostaria e já fui autora de inúmeros incêndios. Nada que Jayssa não pudesse resolver. Demmie ficou responsável por treinar-nos com armas. E, céus, eles têm um monte delas! Punhais, espadas, escudos, adagas, facas, arcos, flechas e aljavas... Demmie domina tão bem arco e flecha, que parece que foi treinada para isso sua vida toda. Vedir luta muito bem corporalmente. Ele conhece golpes impressionantes, e é como se fosse tão leve quanto uma pluma. Todas as vezes que ele e meu irmão estão lutando, é inevitável cair na gargalhada. Giroy trabalha com nossas mentes. Manipulando nossos sentidos, obrigando-nos a usar nossos poderes... Não de uma maneira má. De uma maneira instrutiva. Já a luta com Jayssa é para aperfeiçoamento nos nossos dons. Nada a atinge, pois ela não é sólida como uma pessoa normal, apesar de parecer. Qualquer feitiço lançado nela, passa direto, por isso podemos investir contra ela sem medo de machucá-la.
Depois de três semanas, fazemos coisas surpreendentes. Somos... Selvagens.

Hellena me encara com fúria no olhar. Seus cabelos estão completamente descoloridos, a pele anormalmente pálida, os lábios arroxeados e os olhos inteiramente negros. Sua roupa normalmente é um vestido vermelho desbotado, mas agora está da cor do gelo. Ela está com aquela aparência, a que geralmente me deixava desconfortável, mas agora não mais. Eu também estou bizarra, sei disso. Assim como todas as vezes que usei meu dom. Os cabelos chamuscam, alterando do vermelho ao laranja e logo ao amarelo. O vestido roxo está faiscando, mas ele nunca queima de fato. A pele está avermelhada, os olhos vermelhos como os de Demmie.

Gelo e fogo em um duelo perigoso.

Os outros formam um círculo em volta de nós, observando atentamente. Tudo o que esperamos é um sinal para começarmos

E Doquo, nosso avô, dá esse sinal. Ele assobia alto o suficiente para nós duas ouvirmos.

Detecto um sorriso maldoso surgindo no rosto cristalizado de Hellena.

– Pronta, priminha?

– Eu já nasci pronta. - Respondo, reunindo uma bola de fogo na minha mão.

Há três semanas atrás, eu teria pensado dez vezes antes de jogar aquilo em Hellena. Contudo, os tempos mudaram. Sem nenhum dó, lanço a bola de fogo.

Ela vai em direção à Hellena, a toda velocidade, mas quando está a centímetros de chocar-se contra seu rosto e desfigurá-lo, ela a para. Estreito os olhos, incrédula. Me surpreendo com o que vejo.

Cristais de gelo envolvem minha bola de fogo e formam uma camada tão grossa e pesada, que ela cai no chão, como uma inocente bola de gelo.

– Fogo não deveria derreter gelo? - Franzo o cenho, pensando alto.

– Você é boba.

Ela investe contra mim. Vem correndo e me dá uma rasteira. Eu caio na grama, matando todas as que toco, mas me levanto com agilidade. Ela já vem com socos e golpes, porém bloqueio grande parte deles. Chuto sua canela, e ela geme. Tenta agarrar meu cabelo, entretando o toque a faz recuar. As chamas ferem sua mão e ela se revolta ainda mais. Com mais energia ainda, Hellena luta ferozmente, corpo a corpo, e no fim é capaz de me imobilizar no chão.

– Você é quente, sardentinha. - Ela murmura aos meus ouvidos. - Mas isso não vai me impedir de machucá-la.

Ela se levante e me dá um chute na perna esquerda. Olho para o lado e não vejo nada além de pés. Uma porção deles.

Levanto-me lentamente e olho para a plateia. Demmie olha distraída para um pedaço de folha em sua mão; Stive me incentiva, sorrindo para mim e formando nos lábios a única palavra: vai; Liam está tentando encaixar uma flecha no arco, sem sucesso; Doquo olha de mim a Hellena, sem saber para quem torcer; os gêmeos parecem muito animados, tanto que seus olhos estão vidrados; Jayssa apenas sorri, como se fosse divertido me ver apanhar de uma garotinha de doze anos- talvez treze; e Larm mantêm-se sério, olhando diretamente para mim.

Hellena percebe que levantei e tenta outro golpe. Seu soco quase atinge meu estômago, mas seguro seu punho e torço-o para a direita. Ela bufa de dor, enquanto eu continuo virando-o.

– Tia Bel não te ensinou? - Dou uma joelhada em sua coxa e ela se encolhe. - Quem brinca com fogo... - Empurro-a para o chão e rapidamente a imobilizo com meus joelhos prendendo seus braços. - Faz xixi na cama.

– Muito bom! - Grita Doquo, aplaudindo. - Continuem assim, amores.

Saio de cima dela e ajudo-a a se levantar. Ela massageia o pulso do braço que eu havia torcido.

– Emma, foi genial. - Elogia-me Hellena.

– Não machucou? - Pergunto, apanhando seu braço.

– Aham - Ela abre a mão e mostra-me a queimadura. - Seu cabelo.

– Vamos ter que colocar gelo aí - Dou-lhe uma piscadela.

– Pode crer. - Ela ri.

Nos dirigimos ao porão. Ao chegar lá, estamos normais. Como duas garotas comuns, do nosso mundo. Eu não diria que essa foi a luta mais intensa que já tive. Três dias atrás foi com meu irmão. Essa sim foi ruim. Ele pode movimentar qualquer coisa, inclusive a mim. Fazia meus braços pesarem uma tonelada e me batia pra valer. Dessa eu saí realmente machucada. Agora lutar com Hellena é mais tranquilo. Ambas não podemos ter muito contato quando estamos transformadas, isso faz com que mantenhamos um certo limite em nossas lutas.

– Eu gosto de lutar com você. - Ela diz, saindo do porão com a garrafa d'água e sentando-se ao meu lado. - Mas confesso que lutar com Jayssa é bem mais interessante.

A vista é bonita aqui. A grama bem verde, as árvores robustas. Mas o melhor é o céu. As mesmas constelações estelares que no meu mundo... A mesma lua pálida e brilhante. As mesmas nuvens esparramadas de um jeito preguiçoso, como manchas de tinta.

– Hellena... - Começo, pegando a garrafa de sua mão e envolvendo-a nas minhas. - Você acha que um dia poderemos voltar?

Não é uma pergunta muito precisa. Minha esperança diminui a cada dia que passo aqui, a cada noite. Um minuto sozinha e as lembranças me invadem. Um minuto sozinha e a choradeira recomeça.

– Quem sabe? - Ela dá de ombros. - Eu não.

Estendo a garrafa para ela.

– Está quente. - Digo.

Ela gira os olhos e segura a garrafa. Dois segundos depois, me devolve e agora a água está geladinha.

– Lastima que te fazem de fogão... - Hellena bufa. - Vocês me fazem de geladeira.

– Não reclama, essa é a sua função. - Digo, bebericando a água.

Nesse meio tempo que estou bebendo água e não vejo nada além do céu e da garrafa, Hellena me chama:

– E-Emma...

Coloco a garrafa no chão e olho-a diretamente nos olhos, com preocupação.

– O quê?

– Eu... Correu para lá, Emma. - Ela aponta para uma moita muito verde.

– Como assim? - Olho para a moita, mas ela está imóvel. - Deve ser porque está de noite... Você tem medo do escuro e...

– Acha que eu estou inventando? - Ela dispara.

– Emma! - Uma voz conhecida me grita ao longe. Está fraca e trêmula. É voz de garota, no entanto de nenhuma das que vivem no porão. Hellena estremece.

– Conheço essa...

– Emma! - Me chama uma segunda vez, suplicante.

Então avisto. Uma garota caminha em nossa direção. Ela parece magra demais, frágil demais, como se cada passo lhe custasse um esforço enorme. Seu vestido azul, além de rasgado, está coberto de lama, seus pés estão descalços, e seu cabelo muito volumoso.

– Não acredito... - Sussurra Hellena, incrédula.

– Dianna? - Pergunto, perplexa.


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Notas finais do capítulo

Oiee gente! Obrigada por ler e acompanhar, mas, principalmente, por não desistir da história. Agradeço os comentários, o carinho. Beijoca!

*A Emma ama vcs*



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