Lua e Sol escrita por Tiny Ms


Capítulo 7
Chuva


Notas iniciais do capítulo

Demorei pra escrever , mas escrevi logo dois então posto o próximo amanhã cedo. Me desculpem a demora.



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Toda vez que uma porta se fecha é possível abrir uma janela; mas se uma janela se fecha... Sinto muito, a porta pode ser fechada em breve.
O dia não estava muito bonito ou ensolarado, o ar estava levemente seco e as esperanças de Solange estavam quase se findando. Nunca havia ficado tanto tempo longe de casa, longe dos amigos, longe de sua alegria. Aquela ligação na escola, foi a única coisa que a ajudou a não desmoronar. Acreditar que em breve sua mãe viria, junto com sua Lua, era o bastante para não desistir, mas não o suficiente para trazer a sua luz de volta. Depois do primeiro dia de aula, Sol voltou para casa de ônibus, seu pai não cumprira o combinado e deixou ela esperando por mais de uma hora na porta da escola. Marcos seu novo colega, ficou com ela esperando, até que achou melhor acompanhá - la até o ponto, afinal seu pai não havia aparecido e ficaria tarde se esperassem mais. Os dois conversaram bastante, o que deixou Marcos ainda mais interessado; mesmo sem querer Sol era uma garota diferente, cativava as pessoas, mostrava seu brilho sem muito esforço. Uns diziam ser pela aparência angelical, outros apostavam ser sua personalidade forte e incompreensível, de um jeito bom, não entende - la a tornava ainda mais apaixonante. Talvez tivesse sido por este motivo que Luana em tão pouco tempo caiu de amores por ela, sem ao menos senti - la, talvez seja por isso que um rapaz estranho tenha se apaixonado por ela assim tão rapidamente, nem Sol entendia o porque as pessoas a amavam, mas sabia que era amada. Estar tanto tempo com um homem, que se dizia seu pai, mas que não se esforçava para ser bom com ela, a fez acreditar que tudo não passara de sonho, que sua vida simples, porém perfeita, na praia, não fosse tão real como sempre pensou ser.
Enfrentar ônibus na grande São Paulo não foi uma tarefa fácil, preferia andar de bike ou até mesmo caminhar, os ônibus de Ubatuba só enchiam em época de temporada de férias e mesmo não ligando muito para o pensamento alheio, se incomodou com a forma que os paulistanos a encaravam. Ao chegar em casa a porta estava entre aberta, ficou em alerta, pois pensou ser algum ladrão, ao adentrar, viu seu pai semi nu caído no chão, com uma garrafa de "vodka" pura na mão, quase no final. Aquela cena a deixou enjoada, ela sabia do vício de seu pai, mas nos três meses que passara naquela casa, nunca havia presenciado seu pai fazendo algo assim... Tentou levantar ele, mas por ser muito alto e ela magra demais teve que pedir ajuda. Os vizinhos o levaram para o hospital, quando acordou pagou para que eles não dissessem nada a polícia ou até mesmo fofocassem sobre o acontecido. Depois disso, Sol teve certeza que ficar com ele era perigoso demais para ela.
Já em Ubatuba, Augusta, preparava tudo para o " resgate " de sua filha, Sr. Lucio e Luana, haviam ajudado muito e tudo estava dentro do planejado, mas ainda faltava alguns detalhes a serem resolvidos. O Juiz disse que precisava de provas de maus tratos para conseguir que a guarda de Sol fosse restrita apenas a mãe, seu pai perderia o direito de visitas e ainda poderia ser fichado por alguns outros crimes. Augusta precisava que alguém próximo a Sol ajudasse, mas não sabia em quem confiar.
No dia seguinte ao desastre feito por seu pai, Sol foi para escola como se nada tivesse acontecido, decidiu ir de ônibus afinal seu pai não poderia contestar, ela tinha ele nas mãos e ele sabia disso. Ao descer do ônibus viu Marcos caminhando para a escola, ele não era muito bonito ou muito legal, mas Sol não se importou com isso, precisava ser amiga de alguém.
–Marcos!! -gritou Sol.
–Olá loirinha, tudo bem? - respondeu o garoto.
–É... Acho que sim - disse Sol muito pensativa, o que despertou a curiosidade de Marcos.
–Sua vida é meio complicada não é? - Sol acenou que sim com a cabeça - Então porque não aceita a minha ajuda? Sou bem convincente quando quero.
Sol pensou por alguns minutos sem dizer nada e então falou.
–Você podia me emprestar o telefone de novo, seria uma ajuda e tanto!!
–Posso ver com a diretora. Fico feliz em ajudar uma pessoa linda como você.
Era notável o interesse de Marcos, Solange não era inocente a ponto de não entender quando algum garoto ou garota se interessava por ela, mas usar isso para conseguir o que queria era muito injusto, decidiu então que resolveria tudo o mais rápido possível, assim poderia ser mais honesta. Na hora do intervalo, os dois foram até a recepção da escola, onde tinha um telefone que poderia ser usado, enquanto Sol ligava para casa, Marcos sentou e ficou a observando enquanto escrevia algo em um pedaço de papel.
– Mãe, por favor me esculta, estou na escola e o intervalo é curto. -disse Sol para sua mãe pelo telefone, sem dar chance de resposta continuou falando, um pouco mais baixo - Ontem o Ricardo teve uma recaída, cheguei em casa e encontrei ele bêbado no chão, por favor mãe, vem me buscar. Cada dia que passa, uma parte feliz de mim se vai.
– Minha filha, Lua e eu estamos fazendo tudo que podemos para ir resgatar você, mas você sabe como seu pai é bom em convencer as pessoas, tenho medo de piorar tudo se chegarmos ai sem ter cartas boas na manga. Só te peço uma coisa, se ele aprontar de novo ligue para a polícia! -respondeu Augusta com voz de choro.
–Polícia ?? - exclamou Sol.
–Sim assim teremos como alegar que ele não faz bem para você.
–Tudo bem... Eu farei isso! Mande um beijo para Lua e diga que eu estou desesperada para vê - la, fale ao Tavi que as ondas daqui são cinzas, ele vai entender.
–Eu direi minha filha. Por favor se cuide enquanto não posso cuidar de você. -
–Eu te amo mãe!
Então desligou o telefone. Marcos só conseguiu ouvir o que Sol disse e pensou que para ela pensar em polícia o caso era grave mesmo. Escreveu no papel o telefone da mãe de Sol, ela tinha a mania de falar tudo o que escrevia ou o que digitava em celulares e telefones, assim ficou mais fácil para Marcos arrumar as respostas que ela não dava. Por outro lado, pensou em desistir, sabia que Lua não era uma simples amiga para Sol e que dois dias era pouco para se apaixonar, mas continuou com seu plano de ajudar a amiga nova.
Um dos talentos de Solange era desenhar, ela desenhava muito bem, expressava suas emoções em seus desenhos e nas duas últimas aulas passara o tempo inteiro desenhando Lua e seus olhos de diamantes. Como era possível amar alguém que nunca sentiu? Como era possível admirar de longe alguém por tanto tempo sem ter coragem de falar com essa pessoa? Tantas coisas passavam pela mente de Sol que por algumas horas esquecia de sua vida ruim e sonhava com o dia que poderia abraçar seu amor e dizer o que sentia.
Algumas pessoas dizem que amores adolescentes não duram, mas para Sol a idade era só um número, o que sentia era muito forte para acabar.
Acabou a aula e Sol foi caminhando em direção a saída, seu pai estava na porta da escola, mas sua feição não era das melhores. O que ela não sabia era que Marcos havia ligado para sua mãe, que acabou contando mais ou menos a sua história, ele mentiu conhecer Sol há apenas dois dias, afinal a mãe dela nunca contaria a ele se soubesse a verdade, sabendo o que havia acontecido, ao ver Ricardo, o garoto se irritou e disse que ele pagaria por tudo o que tinha feito, então o pai de Sol quis avançar no rapaz, dizendo que ele era uma criança tola e que ia se arrepender se fizesse algo contra ele, Marcos ameaçou ligar para a polícia se ele fizesse algo para machucar Solange, nessa hora Sol apareceu na saída da escola, seu pai fingiu que nada estava acontecendo, mas não soube disfarçar a raiva que sentia. Ao entrar no carro, quase forçada, ouviu Marcos dizendo:
–Se fizer algo a ela eu conto para todo mundo o que você fez!!
Sol não entendeu nada.
–Você nunca mais vai falar com esse moleque, entendeu Solange? -Ricardo cuspiu essas palavras com um certo tom sarcástico que Sol não gostou.
–Esse moleque se chama Marcos e eu falo com quem eu quiser. - falou Sol com a voz baixa, porém firme.
–Vamos ver quem ganha esse jogo, garanto minha filha, que você não vai querer ser minha inimiga.
O clima pesou dentro do carro. Se tinha uma coisa que ela detestava era negatividade, aquilo não a fazia bem.
Ricardo passou o resto da tarde ligando para pessoas que Sol não conhecia, ela só conseguiu ouvir algumas coisas antes de ser trancada no seu quarto. Seu pai era um homem de negócios, mas Sol sabia que não era o mais honesto. Teve certeza ao ouvir um pedaço do que seria uma briga por algo que envolvia muito dinheiro.
–Eu sei que estou começando a perder, mas juntos podemos ganhar muito mais que isso...Não minha filha não vai contar nada, minha vida profissional não diz respeito a ela. Precisamos marcar logo essa reunião... Só um momento por favor- parou de falar quando viu que Sol estava olhando para ele, fechou e trancou a porta do quarto da filha, o que a impossibilitou de ouvir o restante da conversa.
Ao deitar na cama, sentiu seu corpo todo tremer e sabia que não era de frio.
Seu pai estava metido em algo muito errado, seu novo amigo não sabia com o que estava lidando e ela sabia que ele não iria parar enquanto não a chamasse a atenção. Cada dia conturbado que passava em São Paulo, sentia mais falta de Ubatuba, mas agora já não queria mais chorar, pois sabia que aquela seria sua última prova.
Sua felicidade estava próxima,sim. Mas é como dizem :" para ver o arco íris é preciso enfrentar a chuva".


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, até mais com o próximo capítulo que será sobre a Lua!! Beijoss



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