Lua e Sol escrita por Tiny Ms


Capítulo 4
Fim de Tarde - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é um pouco maior que os outros e ainda não está terminado por isso decidi dividi - lo em duas partes. Há muito o que dizer sobre a Sol então espero que entendam!



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Sol, sabia muito bem guardar segredo, desde muito nova era obrigada a ver seu pai agredir fisicamente e verbalmente sua mãe, Augusta. Seu pai era um homem muito bom, rico e muito bem estruturado, porém quando bebia se transformava em uma versão horrível de si mesmo.

Era sábado a noite, Augusta havia chegado de mais um dia de vendas, que fora, como sempre muito cansativo; buscou sua filha na casa de uma amiga e as duas foram andando para casa que ficava dentro de uma trilha próxima a uma praia deserta em Ubatuba. Solange tinha 9 anos, mas se virava muito bem sozinha, era uma criança forte e decidida, e sempre que precisasse protegeria sua mãe, ou pelo menos tentaria. Quando estavam chegando em casa, um carro cinza se aproximou, pela porta do carona o pai de Sol desceu e foi cambaleando, porém muito irritado, para cima de Augusta:

–Sua m-mulher horrível, pobre e nojenta, larga minha filha! Você, você não merece e não tem condição de cuidar de uma criança.- Ricardo cuspiu essas palavras para cima de Augusta.

–Seu canalha, como ousa vir até a minha casa dizer essas coisas na frente da minha menininha? Cai fora daqui!!

–Enquanto eu tiver vida sua vaca, vou lutar pra tirar ela de você! Escreva o que estou falando!!

Então muito alterado voltou para o carro e gritou para o motorista sair dali o mais rápido possível. Nesse momento Solange abraçava a mãe e dizia:

–Mãe não liga pra ele, ele não vai me tirar de você. Eu sou seu Sol, e enquanto estiver viva, nunca vou te abandonar!!

Desde aquele momento, Solange procurou se manter forte. Dividia seu tempo entre estudar, surfar e trabalhar com a mãe, embora sua vida fosse difícil, nunca demonstrava tristeza ou cansaço.

Quando fez 11 anos, sua mãe comprou pra ela uma prancha incrível, quase profissional, juntou dinheiro por meses para realizar o sonho da filha e se tem uma coisa que Sol valorizava, era o esforço de sua mãe de mantê - la bem e feliz.

Em maio de 2006 quando fez 12 anos, decidiu explorar um pouco mais da região próxima a sua casa, por mais curiosa que fosse, nunca tivera explorado as praias vizinhas, mas decidiu ir com seu melhor amigo Gustavo, ou Tavi que era seu apelido engraçado. Quando chegaram a praia viram uma garota sentada na areia com um olhar triste em direção ao mar; ela tinha cabelos longos e castanho claro, olhos azuis como o céu, porém com um brilho acinzentado, que encantou Solange na mesma hora em que os viu. Desde pequena já sabia que gostar apenas de meninos não era interessante, para ela o que importava eram as pessoas e não o gênero delas.

E foi nesse dia que com certeza tivera se apaixonado a primeira vez. Tavi, como sempre, brincou dizendo que ia falar com a menina e pedir para ela dar uns beijinhos em Sol, mas não era isso que ela queria.

Era Lua que estava sentada lá, triste pois faziam três meses que sua mãe partira, mas Solange não sabia disso, na verdade não sabia de nada. Os dois esperaram para ver se a "olhos de diamante" como quiseram a chamar, iria olhar para eles e então eles perguntariam quem ela era. Mas a única coisa que fez foi escrever na areia com o dedo uma frase muito triste e ir embora segurando a bicicleta.

–"As vezes pensar na morte é inevitável, as vezes querer ela também é." - Tavi leu em voz alta. - Caramba Sol, você vai precisar de muitas piadas para fazer ela sorrir!!

–Quero conhecer ela melhor, vou vir todos os dias essa hora e quando for o momento certo eu falo com ela!

–Vai precisar de sorte viu! Boa sorte!! -brincou Tavi.

Passaram - se dois anos e Solange não conseguira se apresentar para Lua. Sua vida em casa estava uma bagunça então não sabia o que iria falar se um dia conversassem. Mas ela tinha um desejo, ver o sorriso de Lua, toda vez que a encontrava ficava observando de longe, esperando incansavelmente apenas um sorriso da garota. "Vamos 'olhos de diamante' sorria, sorria!!", mas era tudo em vão.

Até que no dia 18 de fevereiro de 2008 numa tarde comum de segunda feira, decidiu ir até ela.

Sem saber muito o que dizer, mostrou sua melhor parte a garota. Descobriu seu nome , o motivo de sua tristeza e o melhor de tudo, conseguiu fazer ela sorrir! Para Sol aquilo bastava, mas no fundo queria mais. Luana fora sua paixão platônica por 2 anos, sua inspiração para tudo o que fazia, ela queria muito mais. Talvez devesse ter sido mais honesta ao contar sobre si, porém pensou que Lua sentiria pena dela e não era isso que desejava. Foi assim que descobriu o poder do amor.

Foi para casa pensando em como perdeu tempo antes de falar com Lua. Ela era como um diamante bruto, mas Sol conseguia ver o seu brilho.

Porém quando entrou em casa e viu sua mãe surtando, jogando tudo o que não queria mais no quintal, transformando sua casa num verdadeiro lixão no meio da trilha, toda aquela alegria se escondeu e deu lugar ao desespero:

– Mãe pelo amor de Jah, pare com isso!! -Gritou Sol.

–Solange saia daqui! Ou melhor por favor não saia!!

–O que está acontecendo?? - Ao abraçar sua mãe Solange sentiu um frio percorrendo por sua espinha, algo ruim iria acontecer ela podia sentir - Mãe olha pra mim, me conta o que aconteceu?

–Seu pai veio aqui.

–Ele te violentou ???

–S-sim, filha... - então chorando muito Augusta caiu no chão e ao ver aquilo Solange sentiu algo que nunca havia realmente sentido: Ódio de seu pai!

–Mãe se esse filho da puta aparecer aqui de novo, eu juro que perco o controle!!

–Não minha Sol, não. Você é minha força. Por favor não se esqueça de quem você é. Não vale a pena ! Não pelo seu pai.

As duas se abraçaram e foram dormir, sem jantar e sem arrumar a bagunça. No dia seguinte Sol decidiu voltar a praia, queria ver sua Lua e sentir aquela felicidade que só ela a trazia. Mas ela não apareceu.

Terça, quarta e quinta, nesses três dias Sol foi até a praia na esperança de encontrar Luana. Tavi disse para ela desistir, talvez seja mesmo para ela parar de se iludir. Foi então que cheia de tristeza e já nem se reconhecendo em poucos dias, seu pai voltou no final da tarde de quinta feira.

–Solange minha filha, vim te buscar para ir morar comigo e não estou perguntando se você quer ir. Pegue suas coisas e vamos.

–NÃO - gritou Sol - eu não vou com você, você quebrou nosso trato. Você machucou minha mãe. Você é um... É um... Canalha!!!

A força daquelas palavras fez com que Sol se esfriasse de tal forma que nem o sorriso da Lua poderia a aquecer.

–Ou você vai comigo, ou sua mãe morre. Essa vaca já me tirou tudo mesmo! Você decide querida.- Então Ricardo foi em direção ao quarto onde Augusta estava.

–Não!!! - assustada Solange concordou - eu vou com você, se deixar minha mãe em paz!

–Ótimo estou no carro te esperando. Não demore.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Pretendo postar a continuação no fim de semana! E quem está acompanhando, muito obrigada mesmo!!! Beijos até breve.



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