Lua e Sol escrita por Tiny Ms


Capítulo 30
Reviravoltas


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que voltaria rápido. Bom esse capítulo conta muita coisa, me desculpem se ficou confuso. Mas espero que gostem.



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Luana esqueceu- se de suas preocupações do começo do ano, a perda de seu pai passara a doer menos e aos poucos ia se esquecendo de como amava Sol. 2009 fora um ano confuso, onde nem seu próprio aniversário ela comemorou, mas ao chegar ao fim, lhe trouxe uma esperança que ela há tempos buscava. Se formou na escola com honras de melhor aluna da sala, suas amigas novas se orgulharam dela, mas sua tia lhe disse que era obrigação dela ser a melhor, nada daquilo afetava ela, pois estava certa de que precisava ser mais forte que qualquer comentário ruim. Antes do fim das aulas, se relacionou rapidamente com Luiza, mas logo percebeu que não seria bom para ela ter uma namorada tão “relaxada” quando se tratava de ter um objetivo de vida, ela precisava de pessoas que a fizessem querer ser alguém melhor, não o contrário.
Na virada do ano, decidiu que deixaria tudo para trás; entre suas metas estavam :

• Entrar para a faculdade de Administração;
• Morar sozinha;
• Começar a trabalhar em um lugar que lhe desse experiência;
• Não namorar;
• Ser totalmente livre ao fazer escolhas;
• Ter opções caso nada dê certo.

Em um papel escrevera tudo o que desejava, as coisas mais importantes vinham primeiro, mas tinha lugar para tudo o que queria fazer a partir de 2010. Mesmo tendo amigas, preferia fazer tudo sozinha, não conseguia se apegar mais em ninguém.

Sol, que ainda não estava formada, decidiu que seu sonho era se tornar uma surfista profissional, se imaginava disputando com Adriano Souza, Bede Durbidge, entre outros surfistas famosos do Brasil e do Mundo, dedicou – se a treinos cada vez mais profissionais e a cursos que lhe dessem uma visibilidade maior. Sua mãe lhe deu todo o apoio que precisava, porém ela se preocupava com os acidentes; Sol não temia por ondas muito grandes, quanto maior, melhor, ela pensava, mas Augusta não gostava muito disso, até mesmo porque estando grávida suas emoções ficavam ainda mais afloradas; Solange estava empolgada com o novo irmão que nasceria em julho e tudo o que ela queria era poder mostrar para o irmão o quanto ela era boa. Na virada do ano, uma pessoa voltara para a vida dela; Marcos, que havia sumido por uns meses, resolvera de uma vez por todas, junto com seus pais, que morariam em Ubatuba.
Amigos de classe e praticamente vizinhos, era impossível não notar que Marcos não desistiria enquanto não entrasse na vida de Sol de uma vez por todas.

O tempo passou, Júlio Cezar nasceu. Vinícius não poderia estar mais feliz. Augusta se sentia completa, finalmente estava vivendo a vida que sempre sonhou e em menos de um ano, todos aqueles sentimentos ruins foram embora e Sol estava feliz novamente.
Mas como tudo que é bom dura pouco, por conta do surf, Sol não se dedicou o suficiente na escola e infelizmente reprovou o segundo ano. Por mais triste que ela tenha ficado, aquilo fez ela abrir os olhos e perceber que não era a escola que lhe daria oportunidades naquele momento, dessa maneira largar os estudos fora sua decisão, um pouco irresponsável, mas Augusta entendera seu lado. Em novembro, Sol participou de um campeonato nacional para iniciantes no surf, que aconteceu em Ubatuba.
Ficou em terceiro lugar, o que a classificou para a segunda etapa, que aconteceria em dezembro na cidade de Florianópolis, SC.
Luana conseguiu entrar para a faculdade de administração, que ficava no centro da cidade e como sempre, era uma aluna muito dedicada, para não se perder nas atividades da faculdade, olhava o painel de avisos todos os dias, antes de entrar para a sala, mas naquele dia em especial, viu algo que mudou seu humor.

– O QUE? – Disse Luana alto o suficiente para todos a sua volta olhassem para ela.
– Que foi Luana?- Perguntou sua professora Suzana, que caminhava para a sala.
– Por favor, vê se estou lendo certo... Aqui está escrito “ Solange Salles – Ubatuba ( SP), mesmo? – Perguntou Lua perplexa apontando para o cartaz do campeonato.
– Sim minha querida, o que tem de mais nisso?! – Respondeu a professora confusa a levando para a sala.
– Nada... é que ... conheci ela quando morava em Ubatuba... é... fiquei feliz por ela ter seguido o sonho... só isso... eu acho...
– Então vá ver sua amiga Lu, é hoje as 14 horas. Eu vou estar lá por causa do meu sobrinho, se quiser ir comigo.
–CLARO! – Gritou Lua – Claro... desculpa... eu vou sim...

De um lado Lua estava aflita pois veria Sol, do outro lado, Sol estava preocupada, pois viajaria sozinha, ou melhor, com o Marcos, o que não ajudava muito. Mas era uma etapa de sua vida muito importante e ela não tinha ideia que sua ex namorada estaria lá.

Quando chegou no hotel, por volta das dezoito horas da tarde, Sol tomou um banho e abriu uma garrafa de champanhe que havia ganhado para comemorar sozinha sua vitória, não podia beber e nem tinha o costume, mas era cortesia do hotel para os participantes, então não ligariam para aquilo. Marcos ficou no mesmo quarto que o dela, mas quis conhecer um pouco o local antes de se instalar; ao entrar no quarto, viu Sol dançando, bêbada e só de toalha.

– Ei moça, você sabia que eu sou homem e gosto muito de você? – Perguntou Marcos louco de desejo ao ver ela praticamente nua.
– E daí? Eu estou ótima e você não tem autorização de me tocar! – Disse Solange cambaleando em direção a ele. Mas Marcos, desde que a conheceu, esperava por um momento de intimidade com ela. O problema de viajar sozinha ao se ter 16 anos, é que você ainda é pequeno demais para se estar sem supervisão de um adulto e Marcos se aproveitou daquela situação.

– O que você está fazendo? – Disse Sol tentando se afastar de Marcos quando ele a agarrou.
– Estou te mostrando como pode ser bom namorar comigo.- Respondeu Marcos, já excitado, roubando um beijo de Sol, que estava bêbada demais, por ter tomado a garrafa inteira de champanhe, assim não conseguiu se esquivar; acabou o beijando de volta, mas o que veio depois, ela jamais quis ou imaginou...

No dia seguinte, Sol acordou as dez da manhã, atrasada, nua e com dor de cabeça, lembrava pouco do que havia acontecido, na verdade, não queria lembrar... Marcos já havia se levantado e caminhado até o local do torneio, quando chegara lá, de longe viu uma garota que se parecia muito com Lua, era Lua, mas como não tinha certeza, resolveu ficar na dele.

– Que merda você fez comigo ontem Marcos? – Gritou Sol ao chegar no evento uma hora depois dele.
– Calma, foi ótimo e você não parecia se importar! – Respondeu ele com tom de satisfação na voz.
– Não me importar? Marcos, caramba, você me desrespeitou de todas as formas possíveis. Eu jamais iria querer fazer algo assim com você! E se você não percebeu, eu estava bêbada, sóbria nem um abraço você vai ganhar de mim. NUNCA MAIS ENCOSTA EM MIM ESTÁ OUVINDO!!!! – Gritou Sol, caminhando com sua prancha para o local de inscrição.

– Para de gritar, ou quer que todos saibam que você não tem respeito próprio,.. – Antes que ele terminasse, Sol voltou correndo e lhe deu um soco no nariz, tão forte que fez sangrar, mas como haviam poucas pessoas no local naquele horário, ninguém veio interromper a briga, Marcos até tentou avançar para agredir Sol, mas de um jeito estranho, ele gostava dela, não queria feri – la.

– Seu escroto, por mim você ia embora agora. Eu me viro, mas não durmo no mesmo lugar que você... – Gritou Sol se afastando novamente.
– Desculpa Solange, podemos conversar melhor outra hora, por favor!! – Gritou Marcos de volta tentando limpar o sangue, mas Sol ignorou.

Lua ouvindo aquela gritaria, não imaginava o que poderia ter acontecido, quando viu que Sol realmente estava lá, todas suas lembranças voltaram; segurou com força a aliança em seu pescoço e caminhou até ela, porém antes de chegar, notou a presença de Marcos e parou, observou de longe eles discutindo, acreditou que eles estavam juntos como um casal e novamente se entristeceu. Preferiu deixar tudo como estava, só de vê – la, seu coração voltara a doer. “ O passado deve ficar no passado”, repetia para si mesma; decidiu apenas ver o campeonato e ir embora como se nada tivesse mudado, mas mudou.

Sol, nervosa demais para se distrair, não viu que Lua estava lá, se concentrou apenas em surfar, mas não estava relaxada o suficiente e em sua primeira onda da competição, ela caiu na água e infelizmente perdeu muitos pontos, sendo desclassificada no final do evento. Um “mix” de sentimentos ruins, percorreram por todo seu corpo, mas indo guardar sua prancha no stande do seu time, seus olhos encontraram com os Lua. Ela não acreditou, pensou ser alguém parecida, mas então lembrou que poderia ser ela, afinal estava em Florianópolis, Santa Catarina e Luana estava em Santa Catarina.

– Lua?
– Solange? – Elas se aproximaram sem entender, a respiração ofegava e paralisadas disseram juntas.
– É você mesmo?
– É você mesmo? – Observaram as correntinhas uma da outra e viram que usavam a aliança da mesma forma, aquilo fez todo sentido, a ligação entre elas sempre seria a mesma. Se abraçaram e o tempo parou. Marcos olhou aquilo de longe e foi embora para o hotel, como o voo não podia ser remarcado, teria que esperar até a noite para voltar para casa, mas não ficaria ali, não era bem vindo.

A saudade era tão imensa que Sol teve que ir para a casa de Rosa, não teve espaço para a decepção de ter perdido o campeonato, Mariana ficou encantada de conhecer finalmente aquela garota e repetiu diversas vezes: “ O destino é louco mesmo”. Passaram a noite juntas conversando sobre como fora o ano delas, Lua adorou saber sobre o bebê e Sol se orgulhou por ela estar realizando seus sonhos. Mas Solange precisava voltar para o hotel, pois seu vôo sairia de madrugada.

– Eu nunca vou me esquecer... Mesmo que nunca mais te veja... – Disse Sol chorando.
– E eu espero te ver de novo em breve... – Lua respondeu dando um beijo na testa.

O motorista de Rosa a levou para o hotel e rapidamente ela arrumou suas roupas na mala e entrou no ônibus da companhia de viajem que levara eles para lá, ao ver Marcos, sentiu nojo, estava feliz demais para sentir aquilo, porém era difícil não sentir. Voltaram juntos no avião sem falar uma palavra sequer; quando chegaram em Caraguá, Sol contou para sua mãe o que havia acontecido, desde o desrespeito de seu amigo e a desclassificação do torneio, até o encontro maravilhoso com Luana.
Tudo continuou na mesma paz, apesar dos pesares. Lua seguiu com seus estudos normalmente até o fim das aulas em dezembro e Sol que não voltaria para a escola no outro ano, estava se planejando para continuar a participar de campeonatos até vencer. Porém algo inesperado aconteceu, aquela noite com Marcos fora completamente desastrosa e desprotegida, antes do natal de 2010, Sol percebera que andava enjoada demais, com tonturas ao longo dia e seu ciclo estava atrasado mais que o normal.

– Solzinha... você está bem? – Perguntou Tavi depois que eles saíram do mar na manhã do dia 24 de dezembro.
– Cara, estou mega enjoada... Acho que estou com virose...
– Você quer que eu te leve no médico... Cara vomita aqui não!!!! CREDO!! – Gritou Tavi ao ver Sol vomitando na areia.
Foram até sua mãe, Augusta deixou o quiosque na responsabilidade de seu marido e foi junto com ela, para que Tavi ajudasse Vinícius se precisasse.
A ficha de Sol só caiu com uma pergunta especifica da enfermeira.

– Mocinha quando foi sua ultima menstruação? Teve relação sexual sem camisinha recentemente? – Augusta olhou assustada para Sol, que se manteve calma, porém estava enlouquecida por dentro.
– Sim... e sim... – Respondeu Solange baixinho, odiando ter que admitir aquilo.
– Nesse caso, vou te dar um exame de urina para ver se é gravidez. Mãe pode auxiliar ela.
Elas se olharam, Augusta queria matar Marcos, Sol não conseguia pensar em nada, apenas via todos seus planos indo embora pela descarga.

– Positivo, mocinha. O médico vai te atender e pedir um exame de sangue completo e logo já poderá começar seu pré- natal.- A enfermeira disse aquilo com uma naturalidade assustadora, mas nem imaginava como Sol preferia estar morta, do que estar ouvindo aquelas palavras.

Voltaram pra casa e Sol correu para a casa de Marcos.
– Nossa pensei que nunca mais íamos nos falar... – Mas antes que Marcos terminasse de conversar, Sol foi para cima dele o batendo com a maior força que ela tinha. Ao ouvir os gritos de Sol, Betânia, mãe de Marcos, correu para ver o que estava acontecendo e tirou Sol de cima do seu filho. Augusta chegou logo em seguida e pegou Sol pelo braço.

– Vamos conversar sobre isso como pessoas adultas ouviu?
– Eu não sou adulta! Eu não queria ter feito isso! Eu não quero nada que venha desse imbecil! – Gritou Sol.
– Como assim?! Alguém me explica o que está acontecendo aqui?! – Disse Betânia.
– Simples, seu filho me estuprou enquanto eu estava bêbada e agora eu estou grávida. Minha vida acabou porque seu filho não soube controlar a porra do pintinho dele!
– Olha a boca Solange!! Vai pra casa, lá a gente conversa.
A mãe de Marcos ficou chocada com tudo aquilo, enquanto o filho limpava o sangue do nariz quebrado, Augusta tentava concertar a situação. O parecia um problema grande, se tornou ainda maior, Marcos não queria assumir que ele fizera aquilo sem a permissão de Sol, todos acreditavam apenas que Sol queria na hora, mas depois se arrependeu. Durante a primeira semana, ouviu os piores comentários que uma pessoa poderia ouvir sobre aquilo, até Bea sua ( até então), melhor amiga, virou a cara para ela, dizendo que ela não passava de uma vagabunda que dizia ser lésbica só pra chamar atenção e agora estava grávida. O Natal e o Ano Novo daquele ano fora ainda mais confuso, Sol se sentiu sozinha, julgada e desiludida. Nada que sua mãe lhe dissesse, faria ela querer aquela criança ainda não nascida, mesmo depois do primeiro ultrassom, Solange não voltara atrás, iria dar a criança para alguém que quisesse realmente, mas nunca mais teria contato com Marcos.

O primeiro trimestre havia passado depressa, o aniversário de Lua estava chegando e Sol queria muito falar com ela, só a voz de Lua poderia acalma - la. Mas ela estava mais preocupada com a sua nova casa, afinal havia arrumado um emprego excelente em uma empresa grande de Florianópolis, seu salário era o bastante para conseguir alugar ou até comprar uma casa. Sua tia nos últimos meses, se tornara ainda mais insuportável, todos os dias arrumava um pretexto para reclamar, mesmo quando não havia motivos; a empregada fora a primeira a apoiar Lua em sua decisão de sair de casa e assim foi. Antes de seu aniversário, ela já havia achado a casa perfeita, perto da faculdade, não muito grande, mas incrivelmente feita para ela. Seus pensamentos passavam por Sol uma vez ou outra, mas nada grande o suficiente para pegar o telefone e ligar.
No dia 16 de fevereiro de 2011 no entanto. Sol estava desesperada, não aguentava mais aquela pressão e pensou estar em depressão; procurou em todos os documentos do quiosque, o telefone de Lua e o encontrou, precisava desabafar e dizer o quanto ainda a amava. Porém ao sair de casa naquele dia para telefonar de um telefone público, sentiu fortes dores no abdômen; seu médico havia lhe dito para correr ao pronto socorro se sentisse qualquer dor, então na mesma hora, mudou de ideia e antes de telefonar correu para o hospital. Dizem que quando a mãe não quer o filho, ele sente, talvez todos aqueles pensamentos ruins que Sol tivera, fossem o motivo do seu aborto espontâneo. Ao ouvir do doutor, que não teria mais a criança, Sol chorou, pois não queria que o bebê morresse dessa maneira, não queria ser responsável pela morte de um ser, todo aquele estresse havia matado seu bebê, mas era melhor assim, pensou. Augusta se encarregou da burocracia e Sol apenas dormiu, afim de tentar esquecer toda aquela dor. Betânia fora no hospital junto com Marcos para ver como Sol estava, mas o olhar frio e vingativo dela não deixou que eles ficassem por muito tempo. Aquela foi a última vez que Augusta falou com Marcos e Betânia, em poucos meses eles se mudaram novamente, sem dizer pra onde iriam.

A partir daquele dia, suas vidas mudaram, Sol não procurou mais por Luana, que fez o mesmo... e acabaram seguindo caminhos opostos.
Mas o destino é imprevisível...


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Notas finais do capítulo

Até breve e se tiverem alguma sugestão de algo que pode ser mudado na escrita, eu agradeceria. Assim vocês me ajudam a melhorar cada vez mais.
Obrigado a quem está acompanhando



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