Lua e Sol escrita por Tiny Ms


Capítulo 28
Hora do óbito... NÃO!! Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao capítulo que mais mexeu comigo... Mesmo curtinho, imagine essa situação... Ai chorei.
Espero que gostem postarei o próximo em breve.



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"Meu querido diário... Não sei como descrever o que estou sentindo...
Irei para Santa Catarina e talvez nunca mais volte...
Ontem foi o enterro do meu pai... Nunca imaginei sentir tamanha dor; olhar para ele sem vida foi como se a minha vida também se findasse. Solange e eu estamos brigadas, ela não consegue olhar nos meus olhos e isso é pior do que eu posso aguentar... Minha tia Rosa chegou na sexta-feira, mas só poderá resolver as coisas na segunda... O testamento do meu pai dizia que Augusta ficaria com o quiosque e que a casa agora é minha, como não posso fazer nada sozinha, a casa ficará no nome da minha tia e ela colocará para alugar...
Na carta ele me disse " Luana nunca desista dos seus sonhos, mesmo que eu não possa vê - los concretizados"...Mas que sonhos? Eu não sei o que farei agora!! Ficar sem minha mãe só foi menos complicado porque eu tinha alguém para me apoiar... E agora? Morar com minha tia que só vi algumas vezes... Eu não a conheço, terei que terminar o Ensino Médio em outra escola e meus amigos??
Cristina está arrasada, Tavi e os amigos da Sol foram ao enterro e me deram uma força... Ela me olhou com tanto desprezo... Ai diário, se arrependimento matasse... Eu poderia ter pensado melhor e não ter reagido daquela forma. Eu poderia apenas chegar e chorar no colo dela... Poderia ter pedido um abraço ou carinho.
Mas eu queria sentir dor... Queria sentir algo que me fizesse esquecer aquela dor enorme que perder meu pai me causou...
Eu não tinha planos, não tenho sonhos, mas eu queria ver o quiosque crescer, queria terminar a escola aqui, queria ver a Sol ganhar mais campeonatos e se tornar alguém importante, mais do que ela já é...Mas e agora? O que eu verei? Como pedirei desculpas?
Naquela noite, depois que Augusta chegou e nos viu chorando na chuva, Sol me largou e disse para eu nunca mais falar com ela... Disse que eu precisava me tratar e outras coisas que não quero lembrar... Eu não queria nada daquilo... Eu sei que ela me ama, posso sentir isso à quilômetros de distância dela, mas e se ela nunca me perdoar? Irei para o Sul viver uma vida totalmente diferente e ela ficará aqui me odiando por toda a vida?
Sinceramente eu estou sem chão... Me sinto perdida em um lugar escuro e sem saída... Perdi minha luz... Perdi minha esperança...
Estou no meu quarto... O pessoal da mudança já embalou todas minhas coisas e as do meu pai serão doadas... Senti uma dor tão forte ao ver o quarto dele limpo... Como se nunca tivéssemos passado por aqui... Todas as lembranças... Todas as risadas e os conselhos de alguém que precisava aprender a viver... Meu pai foi o homem mais confuso que conheci, mas também o que mais me ajudou a perceber que a vida é sim um mar de rosas, mas rosas tem espinhos e é com esses espinhos que eu devo aprender...
Queria acordar e ser tudo mais um pesadelo ... Queria conseguir vê- lo como via minha mãe... Mas a missão dele fora cumprida... Agora é só eu e meus instintos... Aquele vestido azul nunca mais me trará conforto, porque não haverá alguém que olhe para ele da mesma forma que eu olhava...
Agora eu preciso dormir, enquanto ainda estou aqui... Quero registar minhas memórias felizes de maneira que elas nunca se percam... Mais tarde irei para o aeroporto... Meu voo sairá de madrugada... Mesmo que minha tia fique aqui por uns dias, terei quem me auxiliar lá. Ela disse para eu ficar tranquila que essa semana eu já estarei perfeitamente instalada, matriculada na escola nova e com um closet com roupas novas só para mim... E quem disse que eu quero tudo isso... Eu queria estar agora com minha namorada, rindo a toa junto com meu pai, sonhando com o dia que tudo iria se encaixar e eu não teria mais medos...
Pois é... Infelizmente... Agora tudo o que eu consigo sentir é... medo!"

Luana escrevera em seu diário enquanto chorava e então dormira; por algumas horas esqueceu de tudo aquilo e quando acordou, parecia que nada havia acontecido, porém ao descer as escadas e gritar por seu pai, ninguém respondeu e toda aquela dor voltou mais forte. Era quase onze da noite e sua tia não havia voltado ainda da casa de Augusta. Elas estavam combinando os horários para resolver o mais rápido possível a transferência da empresa para o nome de Augusta. A dor era intensa, mas mesmo assim era preciso ser profissional. Rosa estava acostumada com esse tipo de situação, afinal era empresária há anos, ser forte fazia parte de sua personalidade e mesmo parecendo frieza, era apenas a maneira dela de lidar com a morte.

–Rosa... Lua ficará bem? -Perguntou Augusta - Se preferir ela fica com a gente, não será difícil cuidar ela...
– Eu prometi pro Lucio que cuidaria dela Augusta... Acho que com alguém da família ela não se sentirá tão deslocada... Sem ofensas, mas e se elas não voltarem a se falar? - apontou com o olhar para Solange.

Sol que estava ignorando as conversas, apenas remoía aquele sentimento ruim... Embora não houvesse vontade de perdoar Luana, ela lembrou de uma carta que recebera com o lembrete:" Leia quando me odiar". Por mais que ódio fosse algo que Sol não gostava de sentir, ela não podia negar que estava com raiva de Lua por ter usado ela e talvez a carta a ajudasse. Assim que Rosa fora embora Sol procurou o papel e então o leu:

" Amor, eu sei que nesse momento você ainda deve estar se perguntando " Porque amo tanto essa garota?", mas eu te respondo :Também não sei!
Talvez seja aquele amor sem explicação sabe?!
Tantas pessoas tentam nos separar, mas eu acredito que quando duas pessoas estão predestinadas a ficarem juntas não existem impedimentos fortes o bastante para separá - las.
Eu te amo e amarei mesmo quando odiar você. E eu te peço que faça o mesmo. Não sei mais viver sem olhar para seus olhos castanhos maravilhosos com meus olhos de diamante ( sim eu não vou me esquecer ).
Me falta o ar só de imaginar que quase te perdi por uma besteira dessas. Mas sabe... Eu não quero... E eu não vou ficar sem você.
Então por favor, esqueça qualquer coisa que eu tenha feito, eu sou falha... Meu pai sempre me diz para não cobrar de mim tantos acertos; espero que ele viva tempo o bastante pra que eu aprenda isso!!
Eu sei que agora você pode estar pensando nos motivos para estar comigo ou voltar a falar comigo e eu te entendo, as vezes nem eu mesma quero a minha companhia. Porém Solzinha... Eu te amo... E minha vida não será mais a mesma sem você. E pela milésima vez... Não me deixe!!
Ps.: Espero que agora você me odeie menos. Mas se ainda não resolveu, por favor volte e me dê um último beijo para que eu sobreviva com a lembrança de que tive você por alguns minutos a mais".

Sol ao terminar de ler a carta decidiu que queria ver Lua antes do avião partir. Porém o que ela não imaginava era que o avião levantaria voo as quatro da manhã e Luana já estava colocando as malas no carro para viajar até o aeroporto de São Paulo.

– Mãe!!! - Gritou Sol - Preciso me despedir da Lua. Eu preciso ver ela antes de ela ir embora!!
– Mas filha ela já deve ter saído...- Respondeu Augusta triste. - O Tavi está vindo dormir aqui pra não te deixar sozinha.
–Não mãe eu preciso fazer isso. Eu fui uma idiota. Eu preciso pedir desculpas!!
– Eu te levo carinha, vamos lá! -Disse Vinícius saindo em direção ao carro.
– Por favor amor, não corre muito! Boa sorte filha!!! -Gritou Augusta preocupada vendo eles entrando no veículo.

Solange aflita balançava as pernas sem perceber, a cada semáforo vermelho seu coração se apertava ainda mais... "Eu preciso beijá - la . Eu preciso abraçá - la" pensava Sol. Vinícius como de costume, corria com o carro o mais rápido que era permitido, porém ao chegarem não havia mais carro, as luzes da casa estavam apagadas e as portas trancadas.

–Não!! Não!! - Gritou Sol tentando abrir as portas em vão. - Luanaaaa! Gritou Sol, um grito de dor e desespero. Seu amor partiria para sempre e elas não iriam se comunicar nem por telefone... Solange caiu no chão aos prantos. Uma garoa fina e gelada começara a descer pelas nuvens; Vinícius a abraçou em uma tentativa falha de lhe consolar...

Luana que chorara por horas o dia todo, naquela hora já havia se conformado, minutos antes de Sol chegar ela entrara no carro desolada, "Adeus casinha, adeus Ubatuba", ela dizia em pensamento.
Sua tia percebera a tristeza que ela estava sentindo e mesmo com todas as palavras mais linda conforto, nada ajudaria.

Ao se direcionarem a serra, Luana sentira um aperto no coração, tão forte que soltou um grito. Sua tia assustada apenas pedia que ela se acalmasse. Mas ela não conseguira suportar a dor de se afastar de todos que ela mais amava...

Sol tentou se despedir e mesmo com sua mãe pedindo para Vinícius a levar para casa pelo telefone celular, Solange não se mexeu, ficou sentada na frente da porta da casa vazia, segurando os joelhos e desejando que Luana desistisse de ir embora e voltasse para seus braços... Mas infelizmente era tarde demais.

As quatro horas da madrugada do dia 19 de janeiro de 2009, Luana fora embora deixando para trás àquela que ela sempre iria amar.


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Notas finais do capítulo

Bom... Até o próximo capítulo.



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