Luana era uma pessoa extraordinária, porém gostava de coisas simples, como brincar na areia e admirar a lua, desde neném mostrava uma afeição especial pela lua, talvez tenha herdado isto de sua mãe que a amava tanto quanto sua filha.
Morar próxima a Ubatuba, litoral norte de São Paulo, fez de Luana uma criança calma e feliz, pois convivia com a natureza e as belezas do oceano. Mas com apenas dez anos, viu o casamento de seus pais desmoronar, o que criou nela uma certeza de que a vida de adulto não a interessava e que nunca se casaria, pois não queria sofrer assim.
Sua mãe, uma mulher bonita e inteligente, apaixonada por arte e música, ganhava a vida cantando em bares pela cidade e adorava fazer isso. Luana e sua mãe eram melhores amigas e Lua (como era chamada pelos mais chegados) acreditava que nunca perderia isto. Mas como um problema sempre leva a outros, sua mãe descobriu que estava com câncer em fase terminal e inesperadamente partiu.
Quando o telefone tocou na madrugada de seu aniversário, Luana sabia que não era um telefonema de felicidades e embora parecesse frágil, ouviu cada palavra sem derramar uma lágrima sequer, a única coisa em que pensou foi em sua mãe dizendo que deveria ser forte, pois não gostava de vê-la chorar.
E no dia 18 de fevereiro, com um lindo vestido azul de sua mãe (contrariando o que muitos encaram por luto), Luana foi ao enterro e manteve-se de pé com graça e coragem passando força a todos os amigos e familiares. Na manhã do dia seguinte, seu pai, um homem calado, rabugento e extremamente estressado, parecia um morto - vivo já Lua com certa frieza começou logo a encaixotar as coisas de sua mãe para doar à caridade. Separou apenas o que achava mais importante, como o vestido azul que usará no enterro, os desenhos e o microfone favorito de sua mãe, e colocou-os numa caixa pequena para mais tarde leva-la para um lugar onde aqueles pertences mereciam ficar.
Aos treze anos, Luana se tornou uma garota fria e inclusa, já não via mais graça na vida e sempre que podia pegava um ônibus e se isolava numa praia deserta em Ubatuba, sem ter medo de possíveis maníacos ou pessoas de má fé, chegava a ficar horas sentada na areia olhando para o mar. Seu pai que nunca havia tido uma amizade saudável com a filha não sabia como lidar com aquilo, então a deixava superar do jeito que precisava ser.
Começar uma historia sem ter ideia de como será o final é um tanto difícil, mas um final propriamente dito, não é o que importa para esta historia.
18 de fevereiro de 2008, uma segunda feira comum como todas as outras para Luana, mesmo sendo seu aniversário,este já não era um motivo para se comemorar, fazia exatamente 2 anos que sua mãe fora embora e ainda era difícil citar as frases das canções que cantava. Mas para muitos talvez, a morte de Verônica tivera sido uma injustiça, tudo aconteceu como deveria acontecer.
Estava Luana sentada em sua bicicleta olhando as ondas como de costume, em dois anos envelhecera mais do que outras garotas com a mesma idade, as situações influenciaram seu desenvolvimento, embora com 15 anos, Lua pensava como uma garota de 20 e já não sentia prazer em fazer o que as outras meninas faziam, como ir ao shopping ou falar de garotos. Nunca havia parado para pensar nestas coisas, mas foi a partir deste aniversário que a vida de Lua mudará para sempre.